O Entregador de Estrelas escrita por Beatriz Azevedo


Capítulo 11
Meus fracassos




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“Olha, eu nao quis te afastar”

“Nao? Claro, esqueci que seus bracos se mexem sozinhos. Que seus sentimentos sao escolhidos por outras pessoas. Que nao e’ voce que escolhe se vai me falar a verdade ou nao.” Victoria respondeu fechando a porta e me encarando com os bracos cruzados. Sua voz era ciumenta e rouca.

“Eu preciso de um tempo, okay?”

“Nao seja grosso” Ela respondeu e depois seu olhar ficou mais suave “Por que esta indo para Nordstrand?”

“Uma palavra: Matilda”

Seu rosto ficou vermelho e eu a encarei impasivel.

Mordi o labio e ela me encarou com os olhos semicerrados. A encarei serio por mais alguns minutos.

“Voce me ama?”

“Eu nao sei o que e’ amor”

Ela suspirou, colocou a mao na testa, fechou os olhos e susurou ‘Eu realmente mereco isso?’

Mordi o labio e suspirei.

“Voce acha que me ama?” Ela falou lentamente como se estivesse a poucos segundos de gritar comigo.

A encarei e tentei disfarcar meu olhar asusstado, eu pensei por varios segundos, a verdade e’ que eu nao tinha a minima certeza se amava a Victoria. Talvez eu a amasse, talvez nao, como eu saberia algo queninguem consegue explicar?

“Hey, nao se sinta mal.” Ela sorriu “Sua cabeca da voltas e voltas e mais voltas, so espero que em algum momento encontre um lugar para parar.” Ela parou de segurar meu rosto com seus dedos palidos e frios e beijou minha bocecha. “Voce tem duvidas sobre o que sente por mim.” Ela se abracou. “Mas eu nao tenho a minima duvida sobre o que sinto por voce.”

Continuei a encarando.

“E eu tenho tanta certeza do que sinto por voce que sei que voce vai abrir os olhos em algum instante. Pode demorar, mas voce vai abrir.”

“Victoria, eu nao –”

Ela colocou um dedo no meu labio.

“Va carteiro, conheca o mundo. Voce vai voltar.”

Ascenei e caminhei ate o portao olhando para tras discretamente onde Victoria ficava me encarando. “Eu sei que vai.”

~~~~~~//~~~~~~~

O porto ficava perto da fabrica, uns 30 minutos de cavalo e eu sorri ao sentar no banco de couro com a Mary e o Sr. Samson depois de colocar minha mala com as unicas roupas que eu tinha e o passarinho escondido entre minhas meias dentro do meu sapato. Mary se sentou do meu lado com seu vestido rosa claro com desenhos de flores. Me afastei o maximo possivel para perto da parede e ela me encarou confusa. Sr.Samson entrou na carrugagem depois e sorriu para nos enquanto se sentava no banco paralelo.

“Interessante...” Sr. Samson falou alguns minutos silenciosos depois enquanto o cavalo andava e eu evitava parecer muito impressionado com a imagem de um cavalo me levando para outro lugar como antigamente. Mary e eu simultaneamente levantamos nosso olhar em sua direcao esperando que ele continuasse a frase “Nunca tive um empregado na charrete.”

Asenti e ele olhou para outro lado. Queria fazer perguntas por exemplo onde estava o Mathew, por que eles estavam me levando de charrete para voltar, quanto tempo levaria para chegar ao porto. Meus pensamentos foram interrompidos por uma resposta.

“Esta ansiosa para visitar sua tia?” Levantei meu olhar novamente para verificar que Sr. Samson dirigia-se a Mary. Ela sorriu e assentiu. “Espero que divirta-se”. Disfarcei um olhar preocupado com Mary estando dentro do navio comigo ja que, ok, talvez agora ela esteja grata por eu ter a salvado do meu pensamento maligno, mas isso nao a muda e eu sei que ela vai voltar a mexer nas minhas coisas.

40 minutos depois eu vi o porto e um navio grande. Ele nao era novo, mas aparentava ser seguro. A madeira era escura era bonita e resistente. Me certifiquei de que o tempo era favoravel. Mais que favoravel, vento, sol e um ceu claro sem a minima ameaca de chuva. Senti o peso de Sr. Samson saindo da charete e a fazendo balancar.

“Vamos, mudinho, o que esta esperando?” Mary falou decendo da charrete e me encarando.

Balancei a cabeca afastando quaiquer pensamento e desci da charrete. Coloquei minha mao da minha bolsa de carteiro novamente e segui Mary para dentro do navio.

“Vai ser divertido” Ela falou e eu olhei em volta. Uma grande construcao de madeira flutante. Eu estava aterorrizado. Nunca havia estado em um navio. Uma vez meu pai me levou para um passeio de barco. O barco era pequeno o rio, calmo, mesmo assim nos conseguimos o virar e eu quase afolguei. “O que foi?” Ela se virou para mim novamente e eu levantei os olhos para seus olhos azuis. Mary esperou mais alguns instantes sem resposta para continuar falando “Voce tem medo de navios?”. Ela subia as escadas para a parte de cima do navio e eu continava a a seguir. “Uma batida sim, duas batidas nao.” Bati uma vez na parede e ela sorriu. “Nao precisa ter medo... voce vai se acostmar rapidamente.” Bati duas vezes na parede e ela riu e parou em um corredor. “Meu pai ama este navio. Por ser um convidado de honra pode ter o seu proprio quarto e um armario...” Ela me deu a chave e apontou para uma porta no fundo do corredor.

“Obrigado”

“Sem problemas. Eu vou ascenar para as pessoas la em cima. Voce vem?”

“Nao tenho ninguem a quem ascenar.”

“Divirta-se entao.” E sua voz sumiu deixando somente seus passos subindo a escada.


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