O Caminho das Estrelas escrita por Paola Araujo, GabehLoxar


Capítulo 5
Shainingusutazu




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/471190/chapter/5

Capitulo 5
Shainingusutazu
O brilho das estrelas


 

Yumi quase não acreditou no dia que estava tendo.
 

Ela olhava para a ruiva admirada. Stella havia tido uma coragem que ela mesma não teria. Sim ela já tinha feio muito disso em sua vida, mas na maioria das vezes para proteger a si mesma, nunca os outros, como Stella havia feito.
 

Isso a deixou um pouco constrangida por ter dito que não gostava de matar os outros, mas é que apenas tinha pensado em si mesma. Não havia se imaginado como “parte da família”. Tinha cogitado a hipótese de serem amigos, mas família era algo que nunca sonhou.
Então, teve mais uma surpresa.
 

Aparentemente estavam encurralados, com os soldados se aproximando, enquanto apenas Stella está disposta a lutar. Natsuko estava apavorado ao seu lado até o momento em que aquele cara apareceu.
 

—é errado ameaçar crianças indefesas.- ele havia dito enquanto olhava para Stella. Yumi pode ouvir ele sussurrar algo mas não compreendeu sua fala.- Talvez não tão indefesos.
 

—Por que esta aqui?- Natsuko disse erguendo a cabeça para fitar o ruivo a frente de Stella.
 

—Vim porque uma de suas colegas não respondeu uma de minhas perguntas. – Yumi viu, um pouco assustada, o homem de capaz se agachar em frente de Stella- Tudo bem se ficar sozinha? Ou deseja vir comigo?
 

—Não estou sozinha.- Stella guardou sua adaga e andou até o lado livre de Natsuko apoiando um dos braços do rapaz em seus ombros.- Tenho minha própria família.
Foi nessa hora que Yumi a olhou com certo espanto. Era o primeiro dia em que haviam conversado, e Stella já a considerava parte da família. Isso a deixou abatida. Jamais alguém a considerara parte da família.
 

—Mas conseguiram se virar sem algum adulto?
 

—Me virei durante nove anos sozinha.- Disse Stella.- Assim como Shin e...- olhou de canto para a amiga.- Zima. Eles sofreram muito nos poucos anos de vida. Qualquer um assim é considerado parte da família.
 

O ruivo assentiu e contou a historia de sua vida e Yumi ficou admirada com os acontecimentos.
 

—Você era um mago.- ela disse certa de suas palavras e acabou soltando o braço de Natsuko enquanto dava um passo a frente, na direção do ruivo. Seus olhos brilhavam com a intriga que ele lhe fornecia. O ruivo sorriu para Yumi.
 

—Sim.- ele confirmou, embora não tenha sido uma pergunta.- Eu era. Assim como vo...- ele se calou por um segundo e tornou a falar.- Assim como meu vô.
 

—Como era?- a voz de Natsuko soou atrás de Yumi e ela se virou para segurar a mão do garoto que estava estendida procurando por si.
 

—Ahh.. bem, era fantástico. Você poderia ser o que quisesse. Literalmente. Podia viver livremente o entrar em uma Guilda e fazer amizade com o pessoal. Conhecer pessoas novas em sua missões, e conhecer alguém especial.
 

—Sente falta?- desta vez foi Stella quem pediu.
 

—Muita. A Magia era tudo para nós Magos. Era parte da nossa vida, e quando nós a perdemos, a Magia levou algo de nós. Eu vi Magos perderem a audição, vi Magos não conseguirem mais comer com as próprias mãos por ter perdido a força nos braços. Eu vi Magos se suicidarem por na aguentarem o fato de estarem sem suas Magias. E eu vi Magos sacrificando-se para salvar este mundo.- Ele parecia realmente triste com este ultimo fato.-E aparentemente suas vidas foram perdidas em vão.
 

—Parece horrível.- Yumi pensou alto.
 

—Vocês crianças sofreram quase tanto do que eu e olhem que não chegaram nem aos 10 anos ainda. Isso me faz sentir velho. Bem mas ainda não responderão. Vai ficar pó si sós, ou viram comigo?
 

—Nós...- Stella se pronunciou- Podemos responder amanha?
 

...
 

A tarde veio, e com ela o calor o deserto.

Os três decidiram ficar no único lugar em que possuíam uma sombra agradável. Este lugar situava-se no entro de seu covil de ladrões. Imagine-o como uma forma de O, só que quadrado. E no meio desse O, ouve-se um pátio árido com uma única arvore. Era embaixo desta arvore que os três estavam sentados.

O Soldado Invencível treinava bem na frente deles, alguns golpes de espada, e atirava facas em varias direções.

—Acha mesmo que ele é um soldado Invencível?- perguntou Yumi desconfiada olhando pelo canto do olho para o sujeito que agora meditava.

—Acho. Os caras do Chefe ficaram apavorados e disseram algo do tipo: “eles nós encontraram”.

—“eles?”- Pediu Natsuko deitado com a cabeça sobre o colo de Yumi novamente.- Não tem mais ninguém aqui além dele. Por que se referiram como “eles” ?

—Ele... - Stella apontou para o ruivo.- disse que era um Mago. E que pertencia a uma Guilda. Então o “eles” se refere ao resto do pessoal, já que, essas guildas mesmo sem Magia ainda existem.

Yumi olhou para o ruivo. Ele havia se jogado na areia e fazia um anjo de areia, enquanto ria de uma forma estranha. Por um momento ela achou graça mas guardou sua risada dentro de si.

—Acha que... devemos confiar nele?- Pediu ainda analisando a felicidade dele em tentar fazer o anjo de areia.
Stella olhou para o ruivo.

—Ele é meio estranho.- Yumi concordou com a cabeça.- mas acho que ele é uma boa pessoa. Só hoje ele me salvou duas vezes.

—O que ele esta fazendo?- Pediu Natsuko virando a cabeça para o lado querendo observar a situação- Estou ouvindo um som constante de areia se movendo.

—Hmm. O ruivo está deitado embaixo do sol, fazendo uns movimentos e desenhando na areia.

—Okay. Ele é estranho, vou concordar com as meninas.- então cruzou os braços, e virou a cabeça para a cima como se fitasse as nuvens lá em cima.

Yumi revirou os olhos e remexeu o cabelo loiro e já desgrenhado do menino.

—Eu estou afim.- disse Yumi depois de um tempo em silêncio.

—Afim de que?- perguntou Stella se virando para olhar a mais nova amiga.

—De seguir ele, sabe, só para variar. Nunca vive por mais de uma semana com um adulto de verdade, e sabe... sinto falta daquela coisa chamada de... pais.- Yumi parou de remexer os cabelos de Natsuko e ele protestou baixo.- Não sei vocês, mas... eu gostaria de ir com ele, só para ver como é.

Stella fitou os olhos de Yumi por um longo tempo. Ela suspirou e se levantou, batendo a areia das roupas.

—Tenho até amanha para me decidir, então... depois eu respondo.- Caminhou para dentro do covil e sumiu entre seus corredores.

—Foi bacana o que falou sobre pais.- comentou Natsuko.- eu... tenho aquela impressão de que eles estão sempre nós vigiando. Nos observando seja lá onde quer que estejam. Durante a noite, gosto de imaginar que eles são as estrelas.

—As estrelas?

—Sim. Eu nunca as vi, por isso. Eu também nunca vi meus pais, mas sei que eles estão por ai esperando para que eu posso vê-los. Assim como as estrelas. Gosto de imaginar que elas estão me protegendo.

Naquela noite, Yumi saiu de seu quanto na cela e caminhou para fora, onde a noite brilhava em milhões de pontos azuis, vermelhos e amarelos. Ela analisou as estrelas quase uma a uma, procurando algum sinal de vida nelas.

Uma delas lhe chamou a atenção.

Uma grande e azul, que brilhava menos do que as menores a sua volta. Se perguntou se havia algum meio de as estrelas tem problemas tão sérios quanto os de sua vida, e chegou a conclusão de que seria impossível uma estrela ter problemas de família.

Enquanto olhava para a escuridão brilhante, uma estrela cadente cruzou o céu, e rapidamente desejou que possuísse um dia um pai verdadeiro.

E no meio de tantas estrelas, que lentamente se apagavam, sobre o manto escuro da noite, ela podia jurar que ouvira as estrelas sussurrarem por ajuda.

Virou-se bruscamente para o céu, e olhou com o cenho franzido a bela estrela azul continuar a brilhar, bateu em si própria por achar estar ficando louca. Acabou resolvendo voltar para a sua cama. Pois assim sonharia com o que mais desejava no mundo. Mais até que a própria magia que diziam existir. Seus pais.

Adentrou o covil enquanto sentia o forte cheiro de morte estar impregnado ali. Tateando o local escuro, a procura de onde estavam sua família.

Família.

Está palavra soou tão forte em seus pensamentos, que acabou lhe provocando um onde de euforia. Ela queria sim ir diretamente para os braços da corajosa Stella e do curioso Natsuko.E logo quando conseguira enxergar a luz que um pequeno lampião dava, viu que não era a única a estar acordada. Logo fora ajudar seu amigo, que não enxergava.

—O que faz a essa hora acordado? -perguntou.

—O que faz a essa hora acordada? - perguntou ele também fazendo a morena revirar os olhos. - Não consigo dormir. -disse de uma vez.

—Acho que somos dois então, meu caro. - disse colocando a mão dele sobre seu ombro, para que assim ele conseguisse lhe acompanhar. - Gostaria de me acompanhar para uma leve caminhada? - perguntou com um sorriso travesso nos lábios.

—Se não for nenhum incomodo. - disse Shin dado de ombros.

E ela o conduziu, até onde, estavam durante o dia. Passaram por entre a escultura que o guerreiro chamado de invencível fizera, tão arduamente e ter saído um anjo que estava mais para amassado. Sentiu sobre suas sandálias a quentura que a areia tinha e sentiu seu amigo parar.

—O que foi? - perguntou ela.

—Não consigo dormir porque dói. - respondera com a cabeça baixa.

—dói o quê? - perguntou já preocupada.

—Onde me machucaram hoje. - logo seu olhar ficou triste. Quisera ela poder ter tido mais forças, para conseguir parar o que estavam fazendo com ele.

Eles haviam pegado-o pelos cabelos novamente e o levado para longe, enquanto ela gritava por seu nome, mas sim aquele que os ladrões conheciam. Percebera que um deles lhe agarrou os cabelos também, e mesmo sentindo a dor de ser puxada, ela ia para tentar resgatar o menino, foi então que percebeu que estava na hora de revelar aquela pessoa que ela odiava ser.

Parou de repente, enquanto procurava pelo punhal que Stella havia lhe deixado. Estava no chão.Fingiu estar cansada e caiu quando percebeu seus cabelos serem soltos, e conseguira pegara punhal sem que o ladrão percebesse. E infelizmente ele pisou em suas pernas que já eram doentes. Segurou o grito de dor, e depois ouviu o som de uma cinta.

—Você precisa de uma lição, menininha.- dissera a voz velha do subordinado de quem quer que fosse o Chefe.

Bruscamente se virou a tempo de golpear e sentir o líquido quente sobre as roupas que sua nova amiga havia lhe dado. E o corpo pesado do homem caiu sobre si. Ficou ali, observando o que fizera, e sentia não ter as forças para tirar o corpo de cima de si. Mas o grito dele, pareceu lhe alarmar e fazer de tudo para salva-lo. Empurrou o homem de si, mas a dor em suas pernas não a permitiu caminhar. Então se rastejou até onde ele estava.

O viu empurrar com força o homem, que havia lhe levado, que bateu contra um parede feita de vidro, ele se cortara. E com um rosto em fúria, agarrou o pescoço dele, e começara a estrangular. Yumi juntou um caco de vidro, e com todas as suas forças sobre as pernas se levantou.

Olhou para o homem que atacava seu amigo, com a mesma fúria nos olhos. Empunhando a arma nas mãos, com a escuridão como aliada, fincou o caco no corpo do homem que urrou de dor e se virou para ela, que lhe fincou novamente o caco nele. Mas antes o mesmo lhe atingira no rosto dando-lhe um corte acima da sobrancelha. Suas pernas doíam e caiu sobre o corpo e sentiu a responsabilidade de seu ato, sobre as suas ainda trêmulas mãos.

—Yumi... - a criança chamou-a.

—E-estou aqui. - falou tentando mostrar que estava bem. ,- Peço desculpas por não ter conseguido te salvar a tempo.

—Não se preocupe. - disse ele esboçando um tímido sorriso. - Estou acostumado a não dormir muito.

Ela suspirou pesadamente.

—Não se culpe. Por favor. - pediu.

—Nós crescemos muito cedo... Acha isso errado. - disse deitando-se sobre a areia, Shin abaixou-se para poder tatear o chão, e resmungou novamente. - Desculpe, me esqueci. - falou já fitando as mesmas estrelas.

—Se crescemos... - encostou na mão dela e parou abruptamente. Sentiu a mesma quentura e conforto que na vez que sentira a mão da pessoa desconhecida que encontrara quando saiu pela primeira vez do covil. - Você...

—Se crescemos agora, deve ter um bom motivo para isto ter acontecido. - interrompeu-o. - Não descansarei até descobrir porquê.

E conforme suas palavras pareciam dançar sobre o ar quente de Desierto. Oito estrelas brilharam mais forte no céu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Caminho das Estrelas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.