Eu não estou chorando,se é o que quer saber.Sebastian e eu discutimos feio naquela noite,e então eu terminei com ele.O namoro oficial mais rápido que eu já tive,espera,eu nunca namorei antes.
Bem,eu não ia abaixar a cabeça e sofrer.Decidi continuar a vida normalmente (mesmo que doesse).
–Vocês terminaram,então.-Izzy disse,nós estávamos saindo do refeitório.
–Yeah,terminamos.Não acho que daria para continuar.
–Melissa! Melissa!-Ah,essa era Julie.Uma feiticeira de quinze anos,com a pele rosa,olhos azuis,cabelos castanhos e com cachos.Ela era...tipo assim...minha fã.Seja lá qual for o motivo.-Oi!-E praticamente me agarrou.Não,ela não era lésbica,eu acho.-Precisa de alguma coisa? Um suco? Uma água? Quer que eu faça seu dever de casa?
–Hã...não,obrigada.
–Tem certeza? Eu faço de tudo...até bato em vadias ladras de namorado.-Marcie passou por nós,ganhando um olhar assassino de Julie.Sebastian estava me traindo com Marcie, eu descobri.-Também bato em namorados que traem.-Sebastian e Marcie fariam Julie voar pelos ares caso ela tentasse se aproximar deles,não era uma boa ideia.
–Não,Julie,obrigada.
–Tudo bem! Se precisar de alguma coisa,é só chamar!-E saiu,saltitante.
–Eu abriria um portal para o inferno,se pudesse.Deve ser mais tranquilo lá.
–Mas,-Izzy começou.-é contra as regras abrir um portal aqui,e,a magia que protege o colégio impede a criação de portais clandestinos.
–Verdade.
Mais tarde,eu fui para a aula de educação física para feiticeiros.Saco,quem deixou as aulas ficarem tão mundanas? E,para piorar,Julie estava na minha turma dessa matéria.
–Correndo em volta da quadra!-A professora gritou,sentada em uma cadeira de praia com um megafone.-Até eu mandar parar!
Nós,meninas,reclamamos com alguns xingamentos.A turma era só de garotas.
O uniforme de educação física era básico:uma camiseta branca que parecia uma regata, e um shorts preto.
Eu comecei a correr preguiçosamente,com Julie ao meu lado.
–Oi!-Ela disse,feliz como sempre.Para ela,papai e eu éramos celebridade.Ele por ser o ¨Magnífico Feiticeiro do Brooklyn¨,eu por ser filha dele.
–Julie,por que não arruma um namorado?
–Um garoto? Não,estou feliz com minha solidão.-Gente,me socorre! A Julie era legal,mas ela me deixava maluca as vezes,de tanto que falava.
–Ah,tá.
Enquanto corríamos,eu consegui obter algumas informações sobre ela.Tipo que ela é de Montana,tem dois irmãos menores,uma menina e um menino,e,que o sonho dela era encontrar Magnus Bane,ou seja,meu pai.
Depois de dar umas mil voltas na quadra,a loira oxigenada que chamo de professora nos dispensou.No vestiário,eu enrolei e fui a última a entrar para tomar banho,aproveitando que todas já tinham ido.
Enrolada na toalha,abri o armário,pensando no que fazer a respeito de Sebastian.
–Melissa.
–AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH...ah,Raphael seu filho da mãe.Você me assustou!-Gritei.-O que está fazendo aqui? É o vestiário feminino.Tem que sair daqui.
–É que eu queria falar com você.
–Agora não.
–Mas,Melissa...
–Ela disse pra você sair!-Uma pequena voz disse,em seguida Raphael caiu no chão, inconsciente.Julie tinha o acertado com um taco de baseboll (onde ela arrumou aquilo?).
–Julie!-Repreendi,me abaixando ao lado de Raphael.Eu ia verificar a pulsação dele quando lembrei que vampiros não tinham pulsação,então bati na minha própria testa.
–Eu matei ele?
–Acho que não.Raphael? Está me ouvindo?
–Acho que matei,sim.
–Ai.-Raphael murmurou.
–AH!-Mas Julie acertou ele de novo.
–Julie!-Repreendi.Qual o problema dela?-Vá chamar Isabelle.
–Mas ela está em aula.
–Se vira.Agora vai.-Ainda com o taco,ela saiu correndo.Consegui colocar Raphael em cima do banco,ele não deu mais sinais de ¨vida¨.Minutos depois,Julie apareceu,com Izzy.
–Ok,o que está rolando?-Ela perguntou.
–Isso.-Apontei para o vampiro.
–O que você fez?
–Foi a Julie.Ela o acertou com um taco de baseboll.
–Por que fez isso,garota?
–Porque ele poderia ter feito alguma coisa!-Ela respondeu,assustada.-Ele entrou aqui quando não tinha mais ninguém.Ele podia ter machucado a Mel,tipo...poderia ter estuprado ela.
–Julie!-Gritei.-Calada!-Lembrete:ela já esteve no Brasil.-O que fazemos agora,Izzy?
–Julie e eu vamos ficar aqui.-Ela disse.-Esperando Raphael acordar.Você tem aula agora, não tem?
–Tenho.
–Então vai.Qualquer coisa eu te aviso.
–Ok.
Eu vesti o uniforme e corri para a aula.Era aula de história.Cara,que saco! É uma aula muita chata!
–Na Idade Média...-A professora começou.Eu queria jogar um livro na cara dela.Vocês que estudam devem saber como é.
Quando fomos liberados,ao final da aula,eu praticamente corri para o corredor.Livre,só que não.
–Ei! Psiu!-Me virei,tinha sido Julie.Só que ela é tão discreta (sinta a ironia) que todos no corredor olharam pra ela.-Mel,vem cá.-Revirei os olhos e fui até ela.
–O que foi?
–Isabelle me mandou dizer que Raphael já acordou.E que ele está bem.
–Ah,ótimo.Vou falar com ele.
–Tá.-Mas ela não entendeu que era ¨à sós¨,ela me seguiu.Encontrei Raphael na frente do armário dele.
–Oi,Rapha.
–Ah,oi.-Ele respondeu,então viu Julie,e se apavorou.-Ela não! Tira ela daqui! Ela vai me acertar de novo!
–Cara,ela só tem quinze anos,não vai fazer nada.
–Ela me acertou! Tira ela! Tira! Tira!
–Tá.Calma.Julie,você pode nos deixar sozinhos?
–Qualquer coisa,pode me chamar.-Ela avisou,e olhou para Raphael ameaçadoramente, fazendo ele se encolher.Ele tinha medo dela (?).
–Tudo bem?
–Não.-Ele respondeu.-Ela é maluca!
–Eu sei,já percebi.
***
–Izzy,precisa ver isso!-Exclamei,mostrando a tela do celular pra ela.Papai e Alec foram viajar,e estavam me mandando fotos.A de agora era papai com uma saia escocesa.
–Deus,o que Magnus tem na cabeça?
–Não sei.Acho que o mesmo que eu.-O incrível era que quando eu ligava,papai não atendia.O que será que estava rolando? Ah,hum...viagem com o namorado,entendo.
–Seu pai é bizarro.
–Eu sei.Em todos esses anos...eu vi muita coisa.Estou traumatizada.-Rimos juntas andando para o refeitório,era hora do jantar.
No dia seguinte,no meio da aula de Como Controlar O Fogo,meu celular vibrou no bolso do meu casaco.O tirei com cuidando,tentando esconde-lo do professor Martin,que era um dos professores mais bravos já vistos pelo mundo dos feiticeiros.Ele ás vezes parecia de perseguição comigo.
A mensagem era um foto nova do meu pai,ele estava em Londres agora,em frente à uma réplica da Tardis (fãs de Doctor Who por aí?),com Alec.
Quando eu ia mandar um ¨que lindo,pai¨,meu celular saiu da minha mão e se ergueu no ar,envolto por um brilho esverdeado.Martin me encarava malignamente.
–Pode devolver meu celular?-Perguntei.
–Sabe que é proibido o uso de aparelhos tecnológicos dentro de sala de aula.
–Era uma mensagem do meu pai.Magnus Bane.-Como sempre,todos olharam pra mim como se eu fosse um inseto que nunca fora visto antes.Ser filha de Magnus Bane ainda causava polêmica.
–Não interessa.Nem que fosse uma mensagem do Cônsul.Estou confiscando seu celular.
–Mas...
–Mas nada,Bane.-Sem dúvida...ele me odiava!
Desde que eu entrei no colégio (tá,faz dois meses),ele fica de perseguição comigo.O que eu fiz? Qualquer coisa ele já faz um escândalo.Cara chato.
Depois que o sinal bateu,eu fui a última a me preparar para sair,ficando na sala com Martin.Um feiticeiro que parecia ter trinta anos,de cabelos negros,pele branca como papel e asas negras nas costas.
–Então,vai devolver meu celular?-Perguntei,me apoiando na mesa dele.Martin não parou de assinar alguns papéis,nem olhou pra mim.Ai que ódio! Odeio quando me ignoram,sabia? É detestável.
–Não,senhorita Bane.
–Isso é injusto! Você nunca pegou meu celular,e eu sei que é preciso dar três advertências antes de retirar o aparelho! Você nunca me advertiu.
–Adverti com o olhar,se a senhorita gastasse mais tempo prestando a atenção na aula e menos no seu celular e nos garotos...
–Como é que é?-Aí já era demais.Isso era mentira,porque no começo eu estava sendo fiel com Sebastian,então nós terminamos e...eu fiquei na minha.-Como ousa...
–Ouso o que? Eu mando nesta sala de aula...
–Escuta aqui,seu tirano desgraçado...
–O que disse?-Ele ficou de pé,me fazendo recuar um passo pelo susto.-Detenção,Bane,uma semana.
–O que?
–Duas semanas.
–Não pode fazer...
–Três semanas.
–Mas...
–Quer ficar quatro?
–Não,senhor.
Isso,era uma p* falta de sacanagem!