Diamante de Gelo - Diamond Ice escrita por AliceCriis


Capítulo 9
Capítulo 9 - Verdades confusas




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Capt.9 – Verdades confusas


 


 


 


 


 


 Passos se aproximavam de meu quarto, em seguida, batidas surgiram em minha porta.


 - Ju querida, posso entrar? – perguntava Isabell, com doçura do outro lado da porta.


 - Hãm, claro mãe, entre... – falei, esfregando meu rosto e tirando meus cabelos dele.


 Ela abria a porta e vinha em direção á cadeira que se posicionava ao lado de minha cama.


 - Você está melhor? – ela perguntou cuidadosa com as palavras.


 - Apesar de não me lembrar de muita coisa, e ser uma coisa muito esquisita, eu estou me sentindo bem melhor do que quando tentei entrar em casa... – tentei dar um sorriso, mais meu rosto estava em uma expressão de confusão.


 - Bom... – minha mãe fitou o teto – foi assim... – começou a contar o que havia acontecido – quando Alana chegou em casa, eu já havia recebida uma ligação de sua escola, que dizia que havia passado mal. – Ela fitava os quadros em minha parede – então, vocês demoraram muito á chegar, fiquei preocupada e tal... – ela me olhou – Lana chegou sem você, e a preocupação estava me matando. Você não estava bem, numa cidade com filhos da lua, e frágil... eu quis matar Alana... – riu ela de si mesma.


 - Se acalme, mãe. Eu estou bem... – disse a tranqüilizando.


 - E então... – ela suspirou – estávamos indo fazer buscas, mais você chegou e...não estava nada bem. Eu sempre guardo alguns remédios que preparo para humanos, e aquele, sempre foi muito forte pra qualquer um... e tínhamos algumas seringas especiais para nós... – ela voltou a olhar os quadros.


 - E eu fiquei apagada,é isso? – perguntei exaltada.


 - É, é sim. Mas ele ajudou para curar você... e agora... – ela olhou para mim sorrindo diabolicamente – é hora de cortar o cabelo..!


 - Ah.. é ele cresceu bastante... bebi muito sangue... – comente, mexendo com meus enormes e longos cabelos.


 - Pode me contar o que está sentindo, filha? – ela pedia compreensiva.


 - Mãe... um garoto na escola, está me deixando louca... – fui interrompida por Isabell.


 - Eu sei o que está passando... eu já estive em se lugar querida... – ela afagou meu rosto.


 - Era assim que se sentia perante a Marie? – pedi surpresa.


 - Sim... era exatamente assim. Mas você vence qualquer coisa...quando ama alguém... – ela olhou a janela e sorriu.


 - Não sei bem o que quis dizer... – murmurei confusa.


 - É eu sei, mais agora vá tomar um banho, e tem de treinar muito hoje... seus treinos andam meio atrasados, mocinha... – disse levantando-se e se dirigindo á porta.


 - Tudo bem... Descerei daqui a pouco... – avisei enquanto fechava a porta.


 


Ela desceu e eu fui para o banheiro, tomar meu banho. Mas uma pergunta remoia em minha mente. O que ela quis dizer em amar? Eu não conseguia compreender.


O banho, que podia me relaxar, não ajudou muito – infelizmente – colocando o hobbie, fui para meu “pequeno” espelho, e comecei a arrumar meu cabelo.


 Primeiro sequei e logo depois fiz uma trança – seria bom, pela mina atividade física á seguir.


 Peguei uma causa de moletom, - de meus tempos de humana, que Isabell, prometeu jogar no lixo, caso eu continuasse a usar – e uma blusa meia estação – que Marie me deu de aniversário do ano passado -, já ia descer, quando Robert bateu na porta.


 - Filha... seus irmãos querem lhe agradecer... – disse ele.


 - Já estou descendo... um minuto. – ele murmurou, algo sobre vampiras adolescentes demorarem demais para se arrumarem.


 Eu ri, e coloquei meus velhos tênis, que eu achava super deliciosos e lindos.


 Abri a porta e desci as escadas enormes. Na sala, estavam todos sentados conversando.


 - Ju! – gritaram em conjunto.


 - O que queriam dizer? – perguntei contente.


 - Queremos agradecer as motos... – disse Willy, Eliot bufou.


 - Gostou da moto Eliot? – eu havia feito um pedido á Isabell, quando voltei para casa para trocar de roupas...


 - Hmf... – ele cruzou os braços e me encarou.


 - Não? – fiz um pequeno teatro ali – achei que queria uma Honda...


 - Sim... quero. Mas não uma pink, e com bolinhas amarelas, com estampa de beijos... – ele reclamava.


 - Mãe...você se superou! – gargalhei, e todos menos Eliot riram.


 - Obrigada filha... mas temos algo mais importante para falar com você. – ela tinha um tom sério.


 - Pode falar... – a afirmação, saiu em um tom de pergunta.


 - Estamos muito contentes, por você e Alana... – ela sorriu, e me deixou envergonhada. Mesmo sem motivo aparente – E seu...hm...cunhado, quer poder falar com você como sempre quis...


 Ela olhou Cristopher, e ele levantou-se do lado de Alana.


 - Srtª.West? – perguntou delicadamente – posso lhe tratar como gostaria?


 - Hm.. claro, você é meu irmão! – respondi entusiasmada.


 - Que ótimo! Vou poder treinar luta com você ? – disse com um sorriso enorme.


 - Hey... amor ela vai te dar uma surra... – avisou Lana.


 - Vamos ver... – disse ele diabolicamente.


 - Veremos. – concordei de um jeito malicioso.


 - Julie, eu quero testar minha moto, vamos ao shopping? – convidou Marie.


 - Marie...eu estava planejando treinar agora... – falei contorcida.


 - Vá July, você já descansou demais por dois dias... – disse Robert, entrando na conversa.


 - Dois dias? – perguntei exasperada.


 - O medicamento demorou fazer efeito. E tivemos de aplicar mais uma dose. – Explicou Willy.


 - Eu quero ir ao shopping, com as duas! – anunciou Elisabeth.


 - Vão garotas...treinaremos mais tarde. – Disse meu pai.


 - Ok. – disseram as duas em conjunto e me arrastaram pela garagem.


 Chegando lá, minha moto amarela com manchas verdes – minha Honda – estava mais brilhante do que eu havia deixado.


 - Foram vocês? – perguntei curiosa.


 - Cristopher, ele queria te agradar de qualquer forma... – eu gargalhei.


 - Eu vou adorar se meu cunhadinho fizer isso todos as dias. – elas riram comigo.


 - EU OUVI ISTO! – berrou Cristopher, da sala.


 - É melhor irmos. – eu não estava muito entusiasmada em ir ao shopping.


 Mas, seria bom sair um pouco daquela casa. Disse para elas que saíssem na frente.


 Arrancaram com as motos vermelha e laranjada, e logo as segui. Eu estava preocupada com uma coisa em particular; eu estaria sendo seguida por algum mutador... e elas não se segurariam tanto. Elas iriam atacar.


 Mas com sorte, aquilo não aconteceria.


 


Quando chegamos ao shopping, estacionamos as motos e entramos. O cheiro, que eu sentia em algumas de minhas escapadas de casa, o mesmo que eu senti na escola, o mesmo que me fez sentir-me um monstro, estava ali.


 - Estão sentindo o cheiro? – perguntou Marie, casualmente enquanto, passávamos pela porta do shopping.


 - Deles? – pediu Liza, tentando esconder a preocupação.


 - E você Ju...?- perguntou-me Marie com calma.


 - Eu não sei como é o cheiro deles...  -  murmurei, fitando o chão.


 - É,Willy comentou sobre isso... – falou Marie.


 - Marie...acho melhor deixar para Isabell e Robert, comentarem... – murmurou, Liza.


 - Algum problema com isso? – retrucou, Marie.


 - Marie, apenas acho que eles seriam melhores nisso...e saberiam explicar de uma forma melhor... – explicou-se Liza.


 - Eles  estão aqui? – pedi, fitando o chão.


 - Sim, e estão se aproximando. – respondeu Liza, fingindo possuir calma.


 - O cheiro que você sente... tem alguma diferença do que os dos humanos? – perguntou, Marie. Em seguida, Liza, fuzilou-a com os olhos.


 - Marie...é muito especial...um cheiro quase insuportável. – respondi, envergonhando-me de minhas ações.


 - Então você...sabe de quem vem esse cheiro? – pediu Liza, sendo vencida pela curiosidade


 Elas me questionavam, porém minhas duvidas sobre aquilo, eram maiores que as delas.


 - Sei... – respondi, num tom quase inaudível.


 - Então, quem é? – perguntou Marie, diabolicamente.


 - Segundo Keteriny, o nome do garoto é Oliver... – respondi, tentando esconder meu desconforto, com o assunto.


 Entremos na loja de CDs, e o cheiro me inundou. Eu podia ter atacado. O garoto, que tanto me tentava, estava na banca, apoiado. Me fitando, com curiosidade e malicia. Minha vontade, era de sair correndo dali. Recuei um passo atrás, e fui puxada pelo braço por Liza, que me fitava com pena.


 - Vamos... – puxou-me para dentro da loja de CDs, atrás de uma parede, que abrigava prateleiras de CDs.


 - Eu...preciso sair daqui... – murmurei, tentando me largar de seu aperto em meu braço.


 - Você é forte. – Ela me disse com firmeza. – Eu sei que pode vencer isso. Eu já passei por isso!


 Ela me assegurava. Ela já sentiu tamanha sede? Tamanha vontade de ser um monstro?


 - Você..? – minha afirmação, saiu em tom de pergunta.


 - Sim. Tive minha “tentação” com um bebê. – Ela me olhava com compaixão.


 - Isso que eu sinto, se chama “tentação”? – pedi, estupefata.


 - Para alguns...mais você pode se controlar! Eu sei que pode! Isabell, sentia o mesmo por Marie. E superou. E você pode fazer o mesmo. – Me disse com convicção.


 - Tudo bem. Eu posso. Eu vou conseguir. E... – ela me interrompeu, com impaciência.


 - Não existe “e”, eu vejo o que acontecerá...não com você, mais o que está a sua volta. Então...trate de conseguir! Vá para a frente da loja e vá para sua seção de CDs preferidos, faça como qualquer um. – Disse e me deixou plantada ali. Sozinha.


 Tudo girava em minha mente, com muita confusão; segui atrás de Liza segurando o braço dela.


 - Ele não é humano? – perguntei com uma voz, confusa.


 - Não. Ele é um deles... – respondeu-me com paciência


 - Eu quero o sangue do inimigo? – murmurei com uma voz inaudível.


 - Sim. E...ele está ouvindo isto. – ela afirmou séria.


 - Eu vou sair dessa loja, agora! – soltei o braço de Liza, e me dirigi á porta.


 Percebi, que Liza, não tentou me impedir, e agradeci o gesto.


 


 O garoto – de olhos de diamantes, pelo pálida e musculoso, sendo perfeito – fitou-me, e me seguiu, até a porta da loja.


 - Olá...? – disse se aproximando de mim. Fechei os olhos e me virei de frente para ele.


 - Olá. – Disse seriamente, sem perder meu auto-controle.


 - Você é Nick, não é ? – me pediu, educadamente.


 - Sim, e você é Oliver, não é? – retruquei, cética.


 - Vejo que me conhece... – respondeu com bom humor.


 - É...Keteriny, me falou de você.  – Respondi ainda, sem mudar de expressão.


 - Conhece minha irmã? – me pediu com curiosidade.


  - Não, não conheço. – Ele fitou a garota, que saía da loja, assim que ele mencionou sua irmã.


 A garota, era linda, tinha os olhos com um tom de azul, igual ao do irmão – era que eu deduzia – seu cabelo era de um preto intenso e um corpo esculturas. Caminhava como se flutuasse. Assim como vampiros.


 - Oi... – me disse quando chegou perto de mim, trazendo um cheiro, que nunca havia sentido... um cheiro que me mandava para longe dela – ao contrário do irmão.


 - Oi. – respondi, repreendendo minha surpresa dentro de mim.


 O cheiro da garota, logo era diluído pelo perfume incontrolavelmente delicioso do irmão. Era como se o cheiro de sua fragrância fosse insignificante ao lado da perfeição.


 - Você é Nick? – me perguntou, tirando-me de meus devaneios.


 - É... e você...? – minha afirmação, saiu como uma pergunta.


 - Sou Thays Haylie Stewart...irmã mais nova de Oliver... – apresentou-se gentilmente.


 - Hm...é um prazer conhece-los. Tenho que ir agora. – Mencionei, já me virando de costas.


 - Não pode ir ao cinema conosco? – pediu a voz doce e gentil do menino perfeito.


 - E-eu...estou atrasada para um compromisso... – murmurei e comecei a caminhar.


 Quando um toque, macio e tão quente como a de minha espécie, me impediram.


 - Tem certeza? – a voz, saiu desiludida e chorosa.


 - Tenho. Tenho que ir mesmo. – Minha voz saiu de modo grosseiro.


 Puxei meu braço, e voltei a caminhar.


 - Foi um prazer conhece-la.  – Berrou uma voz tão sonora e suave. Era Thays. Assenti. E continuei a caminhar em direção á saída do shopping.


 


 O estacionamento, estava cheio. A noite caía e um vento me arrebatava. Me dirigi a minha moto, e me afastei do estacionamento acelerando.


 Eu sabia o perigo que eu estava correndo? Conversando com monstros que se achavam superiores a tudo e todos. Verdadeiros monstros, eles poderiam me atacar e acabar com minha vida, e assim que houvessem testemunhas, assassinar todas.


 Eu estava acabando por admirar aquelas criaturas. Eu começava a soluçar involuntariamente. Eu estava sendo um mostro como eles. E soluçava mais enquanto acelerava. Eu podia mata-lo e acabar com a vida de um monstro. Mais isso me tornaria um. Senti a mesma sensação de estar sendo seguida por algo ou alguém.


 No fundo eu já esperava quem podia ser. Agora tudo fazia sentido. O cheiro que eu sentia,a quando caminhava só. Os barulhos que notava enquanto eu fugia de minha vida.


 


 Eu seguia para uma saída da cidade, que levava á uma floresta. Eu queria poder quebrar o número de arvores que pudessem. Pensando seriamente em machucar aquele mutador imbecil.


 


Eu acabara de fazer a seção de despejo de ódio. Eu tinha sido cega por tempo demais. E não era culpa de ninguém de minha família, nem eles sabiam o que eu pensava.


 Dei partida em minha moto, e segui para a cidade,  - sem a  sensação de estar sendo seguida – e de lá, voltei para minha casa.


 


Todos me esperavam, na sala com uma grande expectativa.


 No momento em que entrei, já fui recepcionada com um abraço caloroso de minha mãe:


 - Filha..está tudo bem? – o que ela tinha me perguntado? Se estava tudo bem? Eu queria beber o sangue de um monstro!


 - É. Estou. – Disse friamente.


 - Vai ir a aula hoje? – me perguntou curiosa.


 - Sim. Estou bem. Não preciso mais de tempo algum, não quero matar um monstro e me transformar em um.


 - Julie, não precisa fazer isso. – afirmou meu pai.


 - Sim , eu preciso. Eu sou forte. – afirmei seriamente.


 - Willy, pode estar nas aulas com você... – ofereceu, minha mãe.


 - Eu já disse! Eu não preciso disso! Eu estou bem! – berrei e subi as escadarias numa corrida veloz.


 


 Como eu podia estar me sentindo bem? Eu podia ao menos fingir. Fui ao banheiro, para que eu pudesse, sair na hora na hora certa. Iniciei meu banho e o terminei sem demora.


 Batidas na porta, me faziam ficar mais raivosa.


 - Entre! – gritei grosseiramente.


 - Sou eu... – disse Lana.


 - Lana...- murmurei, mais calma.


 - Sabemos que não está bem... que foi tudo muito repentino. Que eles estão querendo algum tipo de aproximação... – explicou-me minha irmã.


 - E o querem de mim? – perguntei agressiva – que eu aceite de bom grado? – continuei sarcasticamente.


 - Calma.. – a interrompi.


 - Calma?? Você me pede calma? – berrei mais uma vez.


 - Julie, não podemos fazer nada de mais ... – explicou ela.


 - E eu pedi algo? – falei com ódio.


 - Julie... precisamos te ajudar. – afirmou ela.


 - Como? – pedi curiosa.


 - Ainda não sabemos... – respondeu ela.


 - Esse é o “x” da equação! – gritei – não há como me ajudar!


Peguei minha mochila, e olhei em meu relógio. Estava na minha hora.


 - Tenho que ir...  – avisei e saí do quarto, deixando-a sozinha.


  Desviei-me de todos os olhares de pena que me cercavam n o decorrer da sala, e segui direto da garagem. Montei em minha moto, a funcionei e acelerei pela estradinha de terra.


 


 Ao chegar á escola, não liguei os olhares que me engoliam, apenas caminhei em direção ao meu armário.


 O cheiro que me encantava, estava se aproximando. Logo estava de meu lado.


 - E aí Nick? – pediu me o garoto que agora eu tentava não pensar me sua beleza.


 - Quem  você acha que é? – perguntei sem desviar meus olhos de meus livros.


 - Sou Oliver Twist. - riu ele.


 - Você não é engraçado... e se me der licença...tenho trigonometria agora. – Tranquei o armário e segui pelo corredor, ainda com ele em meu encalço.


 - Porque foge de mim? – andava ao meu lado.


 - Tem certeza que nem desconfia? – fui irônica.


 - Talvez... – ficou pensativo – você se refere ao que você sente por mim?


 - Sobre a raiva ou o ódio? – perguntei mal humorada.


 - Por que me odeia? – pediu confuso.


 - Você e sua espécie...se acham superiores, não é? – esclareci.


 - Alguns... – admitiu ele, desgostoso.


 - E com certeza, você é um deles. – afirmei.


  - E o que a leva a pensar nisto? – pediu com humor.


 - Você não é um dos “mutadores”? – perguntei o lógico.


 - Sou...mais isso não responde minha pergunta. – continuou.


 - E do que vocês se alimentam? – pedi o óbvio.


 - Você acha que eu..? – ele me fitou, com descrença.


 - Vocês não são carnívoros? – retruquei.


 - Sim...mais... – eu o interrompi.


 - Sempre há um mais... – falei com sarcasmo.


 - Não sou um assassino! – murmurou ríspido.  


 - Então você passa fome?- pedi rindo sem humor.


 - E vocês? – me pediu num remate.


 - Caçamos animais... – respondi. Ele me fez que me encostasse do lado da porta da sala de trigonometria e ficou em minha frente , me impossibilitando de fugir. Nessas alturas o sinal tocou, e a turma se reunia dentro da sala.


 - E não pensou nesta hipótese? – me prendeu, inspirando em meu pescoço. Fechei meus olhos, e com meu dedo indicador, o pus em sua testa, afastando seu rosto do meu.


 - E porque pensaria? – pedi ainda de olhos fechados. Tentando esconder meu contentamento com o gesto do garoto perfeito.


 - Você me trata dessa maneira porque eu sou diferente de todos? – me perguntou cético.


 - Do que está falando? – tentei parecer mais séria possível quando abri meus olhos. Eu não conseguia não fitar aqueles olhos lindos e maravilhosos.


 - Você acha que eu não ouvi nada na loja de CDs? – ele tinha mesmo ouvido. E devia ter entendido. Logo continuou – Você e eu temos algo em comum... – iniciou ele novamente e o interrompi.


 - Eu tenho que entrar... e se possível...só. – tentei me libertar de sua pequena gaiola que ele me envolvia.


 - Me responda... por favor... – ele implorou, com uma voz triste e chorosa.


 - É verdade o que eu disse naquela droga de loja! – gritei, fazendo o corredor vazio dar ecos.


 - Se acalme, e eu preciso falar algo para você. – me segurou.


 - Fale logo. – Anunciei desanimada.


 - Você não é a única de nós dois á se sentir assim! – sussurrou, se aproximando mais de mim.


 - O-oque? – gaguejei, na hora de perguntar, ele se sentia como eu?


 - Quero passar por isso ao seu lado. – afirmou sério. Sem sorriso, e seus olhos perfeitos, com um toque de brilho adicional.


 - Você...sente o desejo de me matar...assim como eu por você? – não pude de deixar de perguntar. Eu não podia suportar tanto assim por apenas dois dias.


 - Sim. Mais não posso matá-la. Irei perder muito mais que ganharei. E assim como sempre fui, não quero e nem vou ser um monstro! – ele me disse. Mantendo-me em sua frente.


 Uma reação que não pude evitar. Foi de me atirar em seus braços, num abraço terno, enquanto voltava á meus soluços.


 - O que estou fazendo? – perguntei em um murmúrio, enquanto me dei conta do que fazia. Me larguei de seus abraço e me afastei repentinamente. Ele fitou-me confuso.


 - Vamos entrar? – me pediu numa macia e melancólica, logo me ofereceu a mão.


 - Vamos... – concentrei-me em esquecer dos soluços, e peguei sua mão, num reflexo muito rápido.


 


 Ao entrar na sala, havia outro professor, que nos fitava, com incerteza.


 - Bom dia...acho que estão alguns minutos atrasados, não é? – perguntou em uma voz simpática.


 - É. Tínhamos alguns assuntos pendentes... – murmurou o rapaz loiro e apaixonante.


 Alguns murmúrios e risadas maliciosas, tomaram conta da turma. Fazendo um pequeno alvoroço, tomar conta.


 - Tudo bem...mais espero que não se repita. – disse o professor – Eu sou o novo professor, sua professora antiga, teve de ir embora e me chamo Prof. Nilmoo. Sejam bem vindos. 


 Anunciou o novato, me virei para a turma, tentando engolir meus próprios soluços. O lugar onde eu sentava com Ket, estava vazio – infelizmente o único vazio da sala.


 Larguei a mão de Oliver, e fui para meu lugar costumeiro.


 Após isso, senti ele me seguindo – era o que eu esperava – me sentei e me perguntou.


 - Posso? – apontou para o banco.


 - Sim... – disse olhando em seus olhos.


 - Bom turma... – começou o professor de trigonometria.


 Não liguei pra o que ele falava. Apenas peguei os livros necessários pra a aula. Um bilhete, vinha em cima de meu caderno com uma caligrafia quase idêntica á minha.


 


“Julie, está tudo bem com você?”


 


Eu li numa velocidade rápida demais para os humanos, e tão rapidamente, fiquei surpresa. Como ele havia me chamado?


 


“Do que me chamou?”


 


Acrescentei no bilhete, e não pude esconder minha cara de preocupação.


 


“Esse não é seu nome?”


 


Respondeu o bilhete e voltou a mim, com um rosto de que não se tinha conhecimento nenhum daquele assunto.


 


“ O verdadeiro... mais como sabe?”


 


Retornei mais uma vez á ele.


 


“Eu sei muito mais do que você imagina... Mas não é isso que eu quero lhe dizer...”


 


Alcançou-me a folha de papel.


 


“ Então escreva logo...não posso mais suportar nenhum segredo.”


 


Comentei, sem me voltar á ele.


 


“Você acredita no que lhe disse?”


 


Me questionou.


 


“Eu sinceramente não sei...”


 


Escrevi e o fitei. Séria, mais séria do que nunca.


 


“Vou provar isso á você.”


 


Ao terminar de escrever, passou á mim para que eu lesse, e logo tirou o bilhete amarou e rasgou.


 O que ele queria dizer com isso? Eu não fazia idéia...como ele iria me provar?


 - ...Stª. Wants..? – me perguntou o novo professor – Sabe o resultado desta equação? – perguntou-me tentando em fazer cair em um teste surpresa. Apontou para a primeira equação do quadro e com ela, analisei-a, por um segundo, obtendo a resposta.


 - São – ac + b3 e é uma incógnita. – afirmei seriamente, o tirando de seu pequeno truque.


 - Está correto Srtª. Wants... – comentou espantado e voltou a explicar a matéria.


 Me perdi por meus pensamentos, sem saber o que realmente acontecia. Fiquei pasma e sem comentários. Mais me localizei no ponto ‘x’ da equação. Eu estava afeiçoando-me com um mutador. Nem a mim mesma aceitava essa minha idéia ou ação. Eu o julgava como perfeito sem perceber... eu estava me aproximando dele...


 A aula passou lenta e de vagar e ao decorrer dela, o garoto que eu tanto temia, fitava-me como sempre.


 O sinal tocou minutos depois do horário. E senti um par de mãos – tão quentes quanto as minhas – segurar as minhas puxando-me em direção da porta.


 - Quero te levar á algum lugar que esteja livre de olhos curiosos... – comentou em silenciosamente.


 - E para onde seria? – perguntei difusa.


 - Você verá... – comentou sério.


 Logo em seguida, um cheiro que era impossível não reconhecer, encheu minhas narinas... Era um de meus irmãos: Cristopher.


  - Julie! – falou ele nos seguindo rapidamente, com o objetivo de nos alcançar.


 - Está tudo bem... – resmunguei , enquanto saíamos porta-a-fora da escola.


 


Andamos no estacionamento, e me perguntou repentinamente:


 - Podemos ir com sua moto? – me pediu esperançoso. Aquele rosto magnífico e perfeito, não havia motivos e nem consciência para negar isso.


 - Tudo bem... – não consegui acabar de dizer e me interrompeu.


 - Posso dirigir? – me pediu ainda mais contente e confiante.


 - Arrnn...é..acho que não vai haver problema... – resmunguei.


 Ele subiu na moto, com agilidade e felicidade. Coloquei minha bolsa, de uma forma mais segura,e subi na moto, me preparando para a partida. Apoiei-me em um apoio que ficava atrás de minhas costas, para impedir de meu corpo deslizar á fora da moto.


 As mãos do garoto, vieram para trás dele e foram em busca de minhas mãos. As desentrelaçaram do apoio, e as levaram á minha frente, as enrolando em seu troco. Aquele gesto, me fez mais uma vez me sentir boba, e começando mesmo a me apaixonar por ele. Isso era inegável.


 - Pronta? – me pediu quando terminou de me amarar á ele.


 - Si-sim... – gaguejei, involuntariamente...ele me deixou nervosa e envergonhada.


 Deu parida na moto e logo atingimos a estrada. Não liguei para o caminho que ele me levava e nem para onde estaríamos indo. Apenas afundei meu rosto em suas costas fortes, e suguei seu aroma para dentro de mim. Sabendo que não o mataria, tão em breve. E eu não pensava em deixa-lo vivo, para não ser um monstro...era por outra razão...algo mais importante...que me deixava confusa todas as vezes que me aproximava dele. Eu me sentia, envergonhada, temerosa, confusa, feliz, triste...tudo. Não era algo normal. Eu estava compreendendo o que estava acontecendo comigo. Eu estava me apaixonado!


 Logo, fui acordada de meus doces sonhos por um voz doce e macia.


 - Chegamos... – anunciou ele contente – descobri esse lugar á pouco tempo... – me contou ele.


 Apenas observei o local me soltando de seu corpo.


 Aquilo me fez lembrar e jogar sal, em uma antiga ferida que ainda não tinha sido curada. Minha lembrança, visualizou... uma humana em meio de três vampiros... nadando contentes por algumas fontes quentes.


 - Sã-são fo-fon-te-tes que-quentes? – percebi que gaguejava.


 -  É...são sim...não gosta de nadar? – pediu com uma ponta de desapontamento em seu rosto.


 - Gosto...mais me lembro de muitas coisas.... – eu fitei o chão, e assim como sempre que ficava envergonhada, afagava a ponta de minha garganta.


 - É eu sei... – murmurou ele descendo da moto.


 - Você sabe? – perguntei estupefata.


 - Eu sei muito sobre você...talvez muito mais que você mesma... – ele riu de sua resposta.


 - Se quer saber... está conseguindo me levar á loucura... -  reclamei entre dentes.


 - Não é disso que quero falar com você... – murmurou.


 - Então do que se trata? – caminhei pala margem da grande lagoa termal.


 - De nós ... – murmurou ele. Caminhando em minha direção.


 - Nós? – pedi, fazendo pouco caso.


 - Eu... sei tudo sobre você. Sei de seu passado, de seu futuro e inclusive presente.– comentou ele se aproximando mais de mim. – o interrompi.


 - O que? – foi o que consegui dizer.


 - Sim. Eu sei de toda sua vida, de sua história. Eu a conheço mais do que qualquer um. – Disse ele estando próximo demais de mim. Eu sabia que poderia me controlar, mais eu ainda desejava seu sangue.


 - Como? – perguntei com desconfiança.


 - Sua espécie não é tão diferente da minha... – comentou ele.


 - Continue. – ordenei com a voz dura.


 - Eu deduzo ser por isso a rivalidade... – parou por alguns segundos e o fitei com dureza, me afastando dele. – assim como vocês... temos poderes extras...


 - E? – perguntei com impaciência.


  - Assim como você, eu tenho um dom. Um dom, que era muito complicado no começo. Mais depois, se tornou mais e mais importante.


 - O quer dizer com isso? – ele estava me deixando totalmente desequilibrada. Começava a explicar.


 - Posso iniciar a história de um modo que faça sentido? – me perguntou curioso.


 - Sim. Fale e não vou te interromper. – disse mal humorada.


 - Tudo começou no início do mundo. – sentou-se perto de uma árvore, que ficava lado á lado na qual eu me encostava – deram-se origem á todas nossas espécies... humanos, vampiros, transmorfos, filhos da lua...e muitos outros, que não se encaixam nesta história... – fez uma breve pausa – Os transmorfos, sempre optaram por manterem guerra contra os filhos da lua e os vampiros. – Fez se um apequena pausa, enquanto ele fitava a fonte quente.


 - E...? – o incentivei mais uma vez.


 - E eles viviam pacificamente escondendo a verdade dos humanos. Porém, os transmorfos, achavam que deviam controlar todos os seres especiais. E com isso, causaram o conflito, acabando com a união pacífica. – Olhou para alguns montinhos de gelo á sua volta – Todos foram distribuídos pelo mundo, com uma regra de paz... os vampiros, lobisomens e metamorfos, tem uma intriga entre espécies. Que particularmente, eu acho uma atitude infantil... – ele me olhou, e eu estava com uma expressão de impaciência, ele sorriu – continuando... os metamorfos, como o próprio nome já diz, são criaturas, que na maioria das vezes, se transformam em animais. Os vampiros, assim como você, possuem agilidade, força, inteligência, uma visão avançada, e tudo mais... e os...hm...lobisomens “verdadeiros”, possuem os mesmos poderes, e também os extras em alguns casos... – desta vez o interrompi.


 - E o que  acontece com a sua pele se exposta ao sol? – perguntei com uma curiosidade.


 - Algo estranho...com nossa pele, não acontece geralmente nada, mais se ficarmos muito expostos ao sol, nossa pele pode apresentar dores e descamação. O pior realmente que acontece são com nossos olhos... – comentou.


 - E o que acontecem com seus olhos? – pedi com mais curiosidade.


 - Eles naturalmente trocam de cor, e se transformam em um negro profundo. E nos tornamos praticamente cegos, ao sol. – riu ele sem humor.


 - Bom...já conheço bastante sobre lobisomens agora... – comentei.


 -  Não está mais curiosa? – me pediu atônito.


 - Estou...mais quero que me conte sem lhe perguntar... – retruquei.


 -  É...eu já imaginava. Suponho que queira saber, sobre como sei mais sobre você do que você mesma... – supôs.


 - É um começo... – murmurei, revirando os olhos.


 - Bom, quando eu comentei em dons, se referia isso, eu tenho um dom complexo, porém inigualável... – iniciou e procurou algumas palavras.


 - Continue...- disse com mais calma que o normal.


 - É difícil, explicar. Mais eu sei tudo sobre todos que eu quero saber, entende? –me perguntou.


 - Talvez... – murmurei, fitando o chão.


 - Eu posso acompanhar, o futuro, o presente e o passado, das pessoas que quero seguir. E... – ele se impediu de me contar algo.


 - O que não quer me contar? – me confundi e o fitei.


 - Algo, que sei que não vai aprovar... – respondeu ele, sem me olhar.


 - Mas já que iniciou, irei lhe obrigar a terminar... – sorri maliciosamente, olhando para seu rosto contorcido.


 - Eu... – ele começou e gesticulou com as mãos.


 - Eu estou perdendo minha paciência Oliver... – comentei.


 - Me chame de Arthur...é meu nome verdadeiro. – sorriu, tentando esquecer do assunto anterior, ali comentado..


 - Claro...mais se puder, me chame de...”Nick”. – Finalizei sorrindo.


 - Tudo bem, Nick. – deu ênfase á meu apelido.


 - Mais ainda me deve uma resposta. – Respondi, cruzando os braços.


 - Vejo que não posso te despistar... – comentou, e fiquei em silêncio o fitando – tudo bem...eu... – ele procurou palavras. – Quando me tornei um mutador, você, foi a primeira coisa que eu vi.


  Disse ele com, seriedade  - e com aqueles olhos de um brilho muito especial, como um diamante – fitou-me e prosseguiu. Não sabia se minha expressão era de choque ou surpresa.


 - Eu fui transformado, aos meus 11 anos... – comentou e me olhou, já esperando uma pergunta.


 - E como você cresceu? – pedi, estupefata.


 - Bom...está é uma das diferenças, entre lobisomens e vampiros. – comentou – Quando somos transformados, assim como sua espécie, devemos levar o veneno em contato com o sangue... – fitou a fonte quente, que estava á sua frente e a encarou com seriedade – Quando estamos nos transformando, nossa mente é limpa de todo e qualquer pensamento ou lembrança. Você apenas identifica seus entes e familiares. Fui transformado por Marilyn Krowls, a esposa de Kendry Krowls – o líder dos filhos da lua – que hoje é nossa “mãe”, diga-se de passagem. – fez uma curta pausa e continuou – Marilyn, vê o futuro potencial de cada um. E viu, que seríamos úteis para seu...hm...exército. – resmungou ele, mudando de tom repentemente – Naqueles dias, foram transformados todos meus irmãos... Thays, Erin, Alisson, Wilden, Peter e Nerry. Apenas me recordo, deles...e mais nada – lamentou-se ele, deixando um lágrima escorrer de seus olhos.


 Aquele gesto, me fez me sentir culpada. Eu o fiz recordar de coisas, que o faziam mal... eu estava o fazendo sofrer. Minha ação, foi a que mais me surpreendeu. Me levantei e fui em sua direção. Ele continuava, com seu olhar fixo e doloroso para a pequena lagoa termal. Ajoelhei-me ao seu lado, e com um gesto simplório, sequei sua lágrima com meu dedo indicador.


 Seu olhar voltou á mim, com carinho e sensibilidade. Seus olhos, eram meus focos... aqueles olhos azuis claros, que pareciam com diamantes, estavam se derretendo em lágrimas. Um par de diamantes de gelo...


 - Você está bem? – pedi, próxima de seu corpo, estirado e encostado á arvore.


 Seus braços vieram até mim, e me envolveram puxando-me para mais perto de si. Aquela reação, foi totalmente inesperada. Eu sentia-me como se estivesse ao seu lado por toda minha vida. Que eu o conhecia tão bem e ele me conhecia da mesma forma...


 - Melhor agora. – respondeu, com um sorriso brincando em seus lábios.


 - Hm...continue... – disse quebrando a situação que tentava evitar ao máximo.


 - Fui descobrindo aos poucos, juntamente com meus irmãos, o que havíamos virado... A transformação, não causa dor, apenas inconsciência. Marilyn, tentara nos ajudar a caçar humanos, como sempre fizeram, mais me neguei, á o fazer. Eu me coloquei, no lugar de quem eu fora á alguns dias, eu era humano. E optei pela carne de animais. Alisson, caçou algumas vezes como os demais...porém, logo se arrependeu e adotou o nosso sistema de alimentação... – ele fazia pequenas pausas, para poder me observar. Meus olhos, não desgrudavam de sua face perfeita, á centímetros da minha – Aos poucos, Marilyn nos lapidou, ou seja, nos ensinou a usar nossas habilidades... Eu me destaquei entre eles... e fora um dos mais importantes guerreiros. Mas não era o que eu desejava. Eu queria nunca ter sido transformado em um devorador de carne e um mostro horrendo... – sua face, se contorceu em motivo de seu nojo. – em meu treinamento, havia algo que me incomodava muito...eu via a face de uma garota... – ele comentou, e sorriu para mim, com felicidade – uma garota linda, perfeita, com olhos cor topázio, á poucos centímetros de mim... – ele me fitou com carinho, e juro que senti minhas maçãs do rosto acumulando cor.


 - Prossiga... – fitei minhas botas.


 - Eu odiava aquilo. Ver todas as vezes á mesma coisa e não saber o que significava... – ele olhou para minhas botas assim como eu – eu já estava me tornando um homem em duas semanas... quando você atinge o estágio de adulto e o máximo de seu potencial, seu crescimento para e você consegue ficar mais forte, rápido, inteligente...e todos os mesmos dons de qualquer vampiro. Minhas irmãs: Thays, Erin e Alisson, alcançavam um novo nível á casa semana. – comentou.


 - E qual o dom delas? – pedi, com os olhos grudados em minhas botas.


 - Thays, é capaz de criar e manipular o fogo. Pode causar um  incêndio, gigantesco com apenas um fio de cabelo ou uma unha...


 - E as demais? – pedi, atônita.


 - Erin e Alisson, são gêmeas e uma complementa o dom a outra... Erin, vê a personalidade das pessoas e Alisson as altera... – comentou – Peter, pode causar...pequenas explosões...na verdade ele delimita o tamanho delas.


 - Você tem irmãos muito interessantes... – murmurei.


 - É, você tem razão... Wilden e Nerry, podem teletransportar-se, mas... apenas quando estão juntos.


 - Hm...mais, vocês moram numa mansão gigante...pelo que ouvi falar... – comentei.


 - É, moramos. Temos a infelicidade de fazer parte da família real de mutadores. – falou irritado.


 - E por que tem os olhos tão claros? – pedi, quando pude perceber que havia uma brecha.


 - Pois apenas me alimento de animais e apenas de sua carne e não de seu sangue... – disse e voltou ao velho assunto – voltando... eu treinava imensamente, e sempre acabava com aquela garota em minha cabeça. Com o tempo, pude perceber como podia ver mais coisas além dela...e finalmente aprendi a ver o passado o presente e o futuro. – disse como um vitorioso – aos poucos, fui descobrindo quem era a garota...  – me fitou com uma admiração desconcertante.


 - E-e er-ra e-eu? – pedi gaguejando.


 - Sim... – respondeu – eu havia lhe conhecido á 50 anos, antes de você nascer. – ele sorriu e continuou – eu me liguei á você de uma maneira incrível! – dizia satisfeito – Eu conheci todos seus antepassados, de acordo com meus poderes... pra ver o passado ou o presente, era apenas fechar os olhos e mentalizar... em meu tempo livre, eu passava a lhe conhecer melhor... – ele olhou para minha moto com os olhos fixos.


 - Gostou? – perguntei, arfante e feliz.


 - Sim, e muito. Você terá uma ... – tapei sua boca com minha mão, para que ele não revelasse meu futuro. – porque fez isso? – pediu confuso quando o liberei a contar.


 - Não quero saber o que vou ter... estou feliz com minhas motos...por enquanto... – iniciei.


 - Voltando... eu me liguei á você. Mesmo ainda sem existir... era estranho amar alguém, que nem existia... – ele comentou aquilo. E minhas perguntas se calaram... Ele havia dito “amar”?


 Ou era uma de minhas ilusões...? Eu devia mesmo estar sonhando...


 - Todas as vezes que fechava meus olhos...tinha visões da linda garota de olhos ocres... – comentou mais uma vez – Com o tempo, aquilo foi se tornando natural, e eu estava alucinado, por sua vida futura... eu sempre checava seu presente...para ver, se você já viria ao mundo... – sorriu gentilmente e calorosamente.


 - Você...sabe de minha vida inteira? – fiz uma pausa no começo da frase.


 - Basicamente...e sei que vai se sentir mal por isso...talvez envergonhada. – seu rosto se contorceu em vergonha.


 - Não...está tudo bem... – disse olhando para sua face.


 - Isso é serio? – me perguntou espantado.


 - Sim... mais por favor continue... – terminei minha frase e ele sorriu.


 - É muito bom ouvir isso... eu já não me lembrara mais de meus pais. Nunca me relembrei, e ninguém de minha família, sabia quem eram... meus irmãos e eu como já lhe disse, tínhamos respeito pela carne e a espécie humana. Nossos olhos, sempre são azuis...ao menos quando não estamos no sol... e eu me vi em você... assim que nasceu, percebi que você estaria mesmo em meu destino... – Comentou e nos fitamos por um longo tempo. Eu me encostava ao lado de seu corpo, e era o lugar mais perfeito que poderia existir naquele momento.


 - Meus familiares, tem de usar algumas lentes, que escondem o vermelho vivo de seus olhos...eles são...monstros. – afirmou com dureza.


 - Mais continuam sendo sua família... – disse á ele.


 - Está se referindo á Alana? – me pediu, e eu não pude evitar a surpresa


 - Você sabe de Alana? – pedi estupefata.


 - Você não prestou atenção no que acabei de te contar? – me falou surpreso.


 - É muito até mesmo, para um mente vampira... – ele riu de minha resposta.


 - É, é sim. Mas eu quero terminar de lhe contar, o que faltou... – o interrompi.


 - E ainda falta? – pedi alterada.


 - Sim. Por incrível que pareça sim... – ele riu, e me joguei de costas para me apoiar na árvore.


 - Então prossiga. – sinalizei com a mão.


 - Eu quero dizer... que lhe acompanhei a sua vida toda...e não importa o tempo que eu tenha que esperar você, por o resto de minha eternidade vou estar de seu lado, tanto mentalmente quanto corporalmente. – Levantou a mão, para acariciar meu rosto, e naquele exato momento, uma leve brisa, pairou de seu lado para o meu. Me fazendo lembrar do “porque”, eu queria me manter longe.


 Levante em um salto, me afastando o máximo que podia dele em apenas um passo. Voltei minhas costas para ele, para que não houvesse contato visual.


 - O que foi? – me pediu surpreso.


 - Você não compreende? – perguntei com uma voz dolorosa.


 - O que? – me pediu estupefato.


 - Nós temos tudo para nos matar! Tudo para nos odiar! – eu berrava.


 - Mais há alguma razão para isto? – me pediu, me fazendo ficar mais confusa.


 - Eu quero beber seu sangue...E você deseja minha carne...foi isso que entendi, estou correta? – ainda me exaltava.


 - Sim,está. – Afirmou com uma voz tranqüila, e transmitindo calma.


 - Então! Aí está Oliver! – gritei.


 - Arthur... – corrigiu ele.


 - Tudo bem, mais isso não muda o fato de termos de nos afastar! – gritei mais do que nunca.


 - Nick...eu sei... que você precisa de tempo. Mais não posso fazer isso... – falou em um ritmo normal e um tom casual.


 - E quem é você para dizer se devo ou não, me afastar de você? – perguntei sendo muito grosseira.


 - Alguém, que esperou seu nascimento; alguém que viu você dar seus primeiros passos; alguém que comemorou sua primeira palavra; alguém que a acompanhou em seu primeiro dia de aula; alguém que torceu pelo seu 10 na prova de matemática; alguém que se sentiu aliviado, ao ver que á qualquer garoto que queria ir um pouco longe demais, saía com o nariz quebrado ou sangrando, e ao menos um olho roxo; alguém que acompanhou seu sofrimento, sofrendo junto;


alguém que viu você se transformar de humana á vampira; alguém que vê o que ninguém mais enxerga, suas expressões confusas, seus olhares tristes...tudo; alguém que se apaixona, mesmo sem realmente conhecer. Alguém que te ama, mais do que ninguém, e tem mais que um milhão de razões, para fazer o que eu faço. Me declarar, no primeiro momento, que posso, e ao mesmo tempo, sentir que quero devora-la. – Seu discurso foi longo, porém me fez cair mais uma vez em soluços.


 Caminhei para seus braços abertos, me fazendo sentir-me consolada. Ele era alguém que eu nem imaginara a existência, á alguns meses... e agora de repente, tropeço com ele por uma cidade minúscula, de repente descubro que ele é um lobisomem... e me ama.


 Ele me apanhou em seus braços fortes, e me segurou como um bebe. Em meus soluços imbecis, ele afagava meu rosto, e dizia coisas como “está tudo bem...” “isso é passageiro...”


 Ele tentava me acalmar de todas as formas, e eu entrava em mais desespero. Como eu podia tê-lo, maltratado assim? Aquela criatura que jurara, que me amara sempre e a maioria dos dias de sua existência.


 - Nick... Quero que me perdoe... é tudo muito rápido para você. E esperarei por você... o quanto tempo precisar. – Ele era perfeito.


 Olhei para o sol, que já sumia no céu – em meio as copas de árvores.


 - Tenho que ir... – murmurei – Ah droga! – irritei-me comigo mesma.


 - O que foi? – perguntou assustado.


 - Se eu chegar em casa com este cheiro... – dei uma fungada em minha blusa, que encostara em sua pele.


 - Se acalme... esse é mais um dos benefícios de estar com um lobisomem...- ele riu – eu posso bloquear meu cheiro... e sua família nem vai sentir que esteve comigo... – ele disse com calma e alívio.


- Acho que não vou ter esta sorte... – disse desanimada.


- Acho melhor ir... – ele comentou olhando para cima – pode ser uma vampira, mais tem alguns irmãos furiosos... – riu ele.


 - É...Willy é muito possesso... – comentei.


 - Ele é seu melhor irmão, não é? – me pediu, arqueando a sobrancelha.


 - É... Willy é demais... – levantei-me de seu colo, meio sem graça pela situação – Quer carona? – pedi distraída.


 - Acho que minha casa, possuem 13 vezes mais lobisomens do que vampiros na sua... não seria um boa idéia... tenho vários recursos para ir para casa... eu sou um mutador, lembra-se? – me informou.


 - E mais uma pergunta... posso ver no que você se transforma? – perguntei curiosa.


 - Hm...é melhor praticar meu auto-controle, antes... – informou desanimado, levantando-se – tenho que ir também...nos vemos amanhã na escola... – se aproximou, deu um longo beijo em minha testa, e se virou para a floresta, tirando sua camisa de botões... O que ele iria fazer?


 Voltei meu olhar á moto, e montei-a com uma expressão assustada. Ouvi alguns sons altos, que me pareciam risos, mais os ignorei.


 A volta pra casa, teria que ser bem aproveitada, para dar uma boa desculpa á eles... e principalmente Lisa... Liguei a moto, e acelerei, pela pequena trilha que havia alí.


 Eu precisava de uma boa desculpa para dar aos meus pais e familiares...


 Mais o que eu diria? O que eu contaria? Eu diria que o lobisomem que me seguia fervorosamente era apaixonado por mim, desde que nasci?


Eu tinha certeza que a desculpa que saísse, seria uma muito mal bolada.


Qual seria a explicação para tudo? Eu teria me metido em uma enrascada... Por que eu não perguntei á Oli... Arthur, sobre isto? Ele tinha o dom de ver o futuro... e eu fui tola.


 Finalmente, meus pneus, encontraram a rodovia, e acelerei mais para chegar em casa logo, e acabar com tudo aquilo, mesmo estando despreparada.


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