Diamante de Gelo - Diamond Ice escrita por AliceCriis


Capítulo 7
Capítulo 7 - Motocicletas.




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Capt. 7 – Motocicletas.

 

 

 

 

 Já tinha chegado em casa. Tirei meu capacete, joguei ao lado da Sport, e notei um pano vermelho de veludo, com meu nome bordado nele, cobrindo minha Honda. Tirei, o pano, e vi. Minha Honda, perfeita. Brilhando. Como eu sempre deixava.

 Entrei em casa, e vi os quatro pirálios, jogando vídeo-game.

 - Vocês deviam trabalhar no sinal... lavando e polindo os carros... – comentei.

 - Você é o máximo, Ju! – Gritou, Lisa  e veio me abraçar.

 - Nossa, que reação é essa para um deboche? – perguntei surpresa.

 - Ela está dessa maneira dez de que você saiu... – comentou Eliot.

 - Você contou algo á eles? – perguntei, hostil, á Lisa.

 - Não, mais você vai contar á Isabell... e... você sabe... – ela fez um gesto sem importância.

 - Garotos... – Gritou Robert, descendo as escadas. – Vamos caçar...  – Robert, não precisou falar duas vezes, todos correram, em direção á janela mais próxima e se foram. Só sobraram Isabell e eu.

 - Mãe! – Exclamei. Ela estava desenhando em seu quarto... mais eu queria que ela me respondesse, para sermos mais humanos.

 - Estou no quarto, filha...  – ela disse, distraidamente.

Corri para lá, e me sentei ao lado dela.

 - Tem planos para amanhã de manha? – pedi, ansiosa.

 - Sim filha, por que? – ela não sabia mesmo. Lisa não havia falado nada.

 - Você pode receber e pintar quatro motos, antes, que cheguemos da escola? – perguntei, atônita.

 - Claro! São as motos dos seus irmãos? – alguém tinha falado á ela de minha promessa.

 - Sim... Eu fui, fazer a compra hoje... só assim quem sabe, eles param de atacar minha pobre Honda... – fiz uma cara dramática, teatralmente.

 - Você fica tão linda quando está contente... – ela afagou meu rosto, e mexeu um pouco com o nariz... – que cheiro é esse?  - perguntou, desconfiada.

 - hã... nhá... tive alguns problemas com bêbados hoje... – comentei envergonhada.

 - O que fez? – perguntou minha mãe, ela estava impaciente.

 - os deixei inconscientes... fazendo pensarem que nada daquilo aconteceu... – ela aliviou a expressão.

 - Vá trocar de roupa... esta está fedendo... – ela fez uma careta. Assenti, e fui em direção á porta, com uma pergunta em mente. Me virei e perguntei.

 - Mãe... o que você achou que eu faria? – ela achava que eu os mataria?

 - Você sempre faz o que acha, e o que é o certo...  – ela sorriu, e eu sai.

 Fui ao meu quarto, já bem relaxada. E Troquei de roupa, passando alguns lenços úmidos por meus ombros, e braços – tirando o cheiro, horrível de bebida e cigarro.

 Peguei meu livro, “The blood and heart”, e comecei a ler.

Quando lia, minha alma voava. Não sentia á mascará em minha face. Eu podia ler, o meu tempo inteiro. Mas não seria, correto.

 Algumas horas depois, ouvi discussões na sala de jantar.

 - Por que fez isso? – murmurava Lisa.

 - Eu não consegui me deter... – Eliot, se explicava.

 - Mais, tinha que ser a minha? – Elisabeth continuava. O que ela queria dizer?

 - Não vai mais acontecer... eu juro... – Eliot se desculpava.

 Desci as escadas e perguntei;

 - O que está havendo aqui? – perguntei cética.

 - Eliot, pegou a presa de Lisa... de novo... – explicou, Marie vindo para meu lado.

 - Só por isso? É ridículo! – acusei. – Parem de ser bebês! – eu estava ficando nervosa.

 - Tudo bem... eu te perdôo, mais é a ultima vez que você, faz isso. – Lisa, propôs.

 Levantei as mão, para cima, e olhei a hora...

 - Caraca... é bom irem tomar um banho... só falta uma hora, para irmos á escola... – nem acabei de dizer... e já estava sozinha na sala, aconchegante... Dei de ombros sozinha. E fui pegar minha bolsa. Voltei á sala, e fui á garagem.

 A minha Suzuki, estava mesmo precisando de ser lustrada – eu não fazia isso á mais de dois dias.

 Peguei um óleo, larguei meu livro e minha bolsa, próximos ao portão. Achei uma estopa limpa, e comecei á lustrar.

- Olhe, que surpresa... Julie e sua moto... – entrou Willy na garagem, tentando arrumar os cabelos. – pode me dar uma ajuda aqui? – perguntou ele com um tom pidão.

 Revirei os olhos, e subi em alguns pneus, para alcançar sua cabeça – ele era muito alto.

 Estendi á mão para ele me dar á escova e o gel, e ele o fez. Fiz o mesmo penteado desarrumado, que Marie, costumava fazer...

 - Onde está Marie? – era estranho ele me pedir aquele favor.

 - Ela está tendo uma crise de moda... não sabe o que vestir. Eu pedi isso á ela, e ela, quase me fez engolir uma arara... – ele sorriu, e eu também.

 - Pronto. – Entreguei o pote de gel e o pente.

 - E aí, e nossas motos? – pediu ele, me chantageando.

 - Vocês tem de esperar... – dei um sorriso malicioso.

 - Muito tempo...? – perguntou vagamente.

 - Quem sabe... – deixei o suspense – está com seu horário de aula aí? – eu queria ver se teria alguma aula com ele.

 - Sim, quer comparar? – me pediu, já procurando em sua bolsa. – aqui está. – pegou a folha, branca, e me alcançou.

 - Hm... temos duas... – ele ficou curioso.

 - Quais? – perguntou atônito.

 - Biologia e... EDUCAÇÃO FISICA! – Ele deu um salto, atingindo o teto da garagem, fazendo uma rachadura. Ele nem ligou.

 - Vamos ensinar á esses mauricinhos como é que se joga! – comentou ele. Eu era a única – além dele- que gostava de abusar de nossos dotes, contra os humanos. Adorávamos, fazer os humanos chorarem, ou jogar queimado. Alguém sempre desmaiava.

 - Concordo! – sorri. – Não vamos deixar Isabell, saber... ok? – perguntei baixinho. Ela faria qualquer coisa, para nos separar nessa aula.

 - Apoiado. – sussurrou. E pegou seu horário, que eu o alcançava, e guardou na mochila. – Vamos apostar até a escola? – sorriu malignamente.

 - E Isabell? – perguntei, tentando resgatar o mínimo, de responsabilidade, que ainda me sobrava.

 - É só não atropelarmos ninguém... – gargalhamos.

 - Combinado... – Marie, Eliot e Elisabeth, entravam na garagem.  – Ei, onde estão Alana e Cristopher? – perguntei voltando-me á eles.

 - Eles ainda não voltaram da...”caçada”... – Eliot respondeu, maliciosamente. Sacudi á cabeça.

 - E aí com qual carro vamos hoje? – perguntou Marie, olhando para a rachadura no teto.

 - Bom... eu e Willy, vamos de motos... – dei de ombros – mais se quiserem pegar o jaguar... fiquem á vontade.

 Os olhos dos três, brilharam, e gritaram;

 - Podemos? – todos ao mesmo tempo. Willy, encenou, um tombo para traz.

 - Querem correr, conosco? – perguntei fazendo careta – falem com Willy... – me voltei á minha moto. Subi, colocando minha bolsa em minhas costas.

 - Tudo bem... podem vir. – disse Willy, desanimado.

 - Melhor irmos... – sugeri – não queremos atropelar ninguém, na é Will... – olhei para Willy e sorri.

 

Já estávamos na estrada, posicionados em fila, e Isabell, só pediu para não machucarmos ninguém.

 Eu iria com minha Suzuki, assim como todos. Mamãe, já ia dar a largada;

 - Prontos? – todos assentiram á pergunta de nossa mãe, e sorriram. – Vão! – Isabell, gritou, e aceleramos.

 

Todos numa linha, por um bom tempo, decidi passar á frente, troquei a marcha e passei, Eliot – que grunhiu -, Elisabeth e fiquei lado á lado com Marie e Willy.

 Senti minha moto desequilibrar, e cair. Eliot, tinha feito alguma coisa...

 Os quatro, partiram e me deixaram. Levantei a moto, e me dei conta da situação de minha roupa. Eu tinha caído no chão cheio de neve misturado com lama. Eu estava encharcada  e suja. Fiz um lembrete; Eliot, ia me pagar.
 Voltei, para casa. Largando minha pobre moto, na entrada da garagem.

 - Mãe! – berrei, furiosa ao entrar em casa. – Me ajude!

 -O que foi, Ju? O que aconteceu com você? – Isabell, apareceu no alto da escada, com minha roupa na mão. Ela devia ter ouvido meu tombo.

 - Eliot, isso que houve! – Subi as escadas,e peguei a roupa da mão dela. Me troquei ali mesmo. Não demoraram nem cinco segundos. – Pode me fazer um favor? – cochichei no ouvido de Isabell, e ela sorriu.

 - Claro... ele merece isso. Vá! Você pode alcança-los, ainda! – Disse mamãe, animada.

 - A Honda me espera... – eu murmurei. Acho que Isabell não ouviu. Tudo isso, deve ter levado uns dez segundos ou menos.

 Peguei as chaves da Honda em minha bolsa – que por sorte, não molhou – e dei partida na Moto, lustrada e veloz. Acelerei o máximo que pude. Meu rosto, amava a velocidade.

 Depois de dois minutos; eu os tinha alcançado, Eliot, era o ultimo – eu tinha uma surpresa para ele... – Quando passei por ele, joguei uma bola de gelo, em seu rosto, o fazendo cair.

 Gargalhei, e segui em frente sem olhar para traz. Devia estar á uns trezentos e cinqüenta por hora... Já havia passado todos em um piscar de olhos – olhos humanos – e entrava no estacionamento da escola, fazendo os pneus, gritarem.

 Todos me olharam. E eu me arrependi por isso. Eu havia me esquecido, que seria horrível estar ali sozinha. Desci de minha moto, e a posicionei, para que ficasse de pé. Ajeitei meu cabelo, e puis a capa, de neve, que estava em minha bolsa.

 Meus irmãos, estavam entrando no estacionamento. Numa velocidade mais baixa que, a minha.

 - Você não sabe vencer sem a Honda, não é mesmo? – Perguntou Willy.

 - Sei, mais se o que eu fiz, é roubo, o que Eliot, fez também é, não é mesmo? – retruquei.

 - Vamos ver na volta pra casa... – comentou Lisa.

 - Estarei pronta. – Todo rimos, da figura, molhada e suja que se aproximava.

 - Do que estão rindo? – perguntou, Eliot, empurrando á moto, ele gritou de um jeito hostil. – Você joga sujo! – ele apontou para mim.

 - E você? Minha sorte, é que eu tenho duas motos. – Todos rimos. Foi aí que percebemos, toda a escola nos encarando. Droga. Um vento veio da direção, das pessoas, e minha garganta flamejou. Mais do que nunca.

 - Estão sentindo o cheiro deles? – perguntou Marie.

 - Eu estou sentido muita dor... – Comentei – Não sei se é assim que devo me sentir...

 - Agüente firme. – Willy, pois a mão em meu ombro, e foi estacionar sua moto ao lado da minha. Assim todos fizeram. Todos se olhavam estranhamente. Pareciam, estar escondendo algo de mim.

 - Vamos? – Marie, ofereceu sua mão á mim. E eu á peguei. Com seu outro braço, abraçou Willy. E Eliot e Elisabeth, se abraçaram também.

 Caminhamos escola adentro. Nos misturando com a multidão. O cheiro, me castigava. Mais do que nunca.

 Eu já podia dizer, que tinha me acostumado aos humanos. Mas ali provava que eu mentia. Seguimos para nossos armários. Para colocar, boa parte de nossas coisas lá. Eu já não ligava para o que ouvia. Apenas, encarava o chão. Com minha boca, se enchendo de veneno, procurei, pensar em outra coisa. Como da primeira vez, que fui ao sol, depois de me transformar.

 Lembrava de meus, pequenos diamantes, cintilando em minha pele. Esse era o real motivo, de ter que morara em lugares, frios e nublados.

 Já tínhamos chagado á nosso armários. Que ficavam lado a lado. O meu era de numero, 459, abri, com a chave, que minha mãe havia me entregue. E tinha apenas um envelope. Que com certeza, seria sobre alguma coisa, de boas vindas. Olhei em minha lista de aulas, e separei os materiais que usaria.

 Minha primeira aula, seria Educação Física – pelo ao menos, não iria, atacar ninguém – com a ilustre presença de Willy.

 O sinal tocou, e todos se movimentavam para as salas. Willy, me puxou, para o ginásio, que era no último prédio.

 Chegamos por ultimo. Todos estavam saindo do vestiário. Enquanto nós estávamos entrando.

 Peguei de minha mochila, o numero de meu armário, e era o mesmo, que o anterior.

 Ouvi uma voz, perto de mim ;  -Será que eu devo falar com ela? – a voz, se dirigia a si mesma. – tudo bem vou falar com ela... – o timbre desapareceu. E ouvi passos em minha direção, enquanto terminava de vestir meu tênis.

 - Olá... você é uma Wants, não é? – perguntou a mesma voz.

 - Eh.. sou sim... Sou Nicoll Wants... muito prazer. – disse com firmeza.

 - Meu nome é Keteriny, e o prazer é meu. – ela sorriu. – precisa de companhia para o almoço..? – perguntou ela curiosa.

 - Hm... eu não gosto muito de multidões... – comentei, sem jeito. Eu estaria me torturando mais que agora.

 - Bom... não terá de se preocupar com isso... eu não tenho amigos... – O que? Isso devia ser alguma brincadeira, não é? Era um “dejavu” perfeitamente, igual. Apenas alterando meu papel.

 - Seria legal... – sorri, e ela retribuiu. Saímos do vestiário, e Willy, me esperava na porta – já com a o uniforme.

 - Que demora foi essa? – perguntou, em meu ouvido.

 - Eu tinha companhia... – respondi no mesmo tom.

 

O professor mandou que sentássemos na bancada. Assim como os outros alunos.  

  - Eu sou o técnico, Wenf. – Apresentou-se o velho, magro e musculoso.

 - Sejam bem vindos á Circle, jovens Wants. Podem se apresentar? – perguntou ele. Detestava tudo aquilo.

 Os olhares, atraídos mais á nós do que qualquer outra coisa.

 - Eu me chamo Nicoll, e este é meu irmão Wi-Nicollas... – me atrapalhei, nas apresentações. Os humanos tinham um olhar... sujo. As garotas, decoravam Will, com os olhos. E os garotos, podiam me devorar, á força daqueles olhares...

 - Obrigada... podem voltar á seus lugares. – Disse o Sr. Wenf.

 Willy, me puxou á bancada, me prendendo em um abraço.

 - Vai ficar tudo bem... – ele cochichava, em meu ouvido.

 - Assim espero... – respondi, com uma  voz dolorida. E em seguida, afagou meu cabelo.

 O técnico, explicou toda a matéria antes de mandar anotarmos, algo. Eu não me sentia á vontade.

 Um garoto, médio,esbelto,com cabelos encaracolados e loiros, me encarava. Em toda á aula, foi assim. Até mesmo, durante o jogo de basquete – dos garotos – e o do jogo de vôlei – das garotas.

 Ele não estava deixando Willy, contente. Willy, não estava jogando, como gostava. Apenas estava encarando o belo e perfeito garoto loiro.

 Minha boca estava cheia de veneno. Que fazia de tudo para poder engolir, e me mostrar o mais humanamente possível.

 Os espaços amplos do ginásio, não me ajudavam o quanto eu esperava... Eles eram de um cheiro muito mais puro, do que eu pude  imaginar. Aquele momento estava sendo terrível.

 Tinha de me concentrar em não ferir ninguém, parecer uma humana normal, fingir que o garoto não me fitava... resistir á tentação...

 O pior de tudo, é que com o suor, os cheiros se misturavam, e não sabia de onde o melhor dentre todos vinha. Meus olhos se enchiam de veneno, tanto quanto minha boca.

 O jogo de vôlei, era minha menos preocupação, eu tocava a bola, sem nenhuma atenção.

 E finalmente. O sinal tocou. Corri em velocidade humana, para o vestiário, e me troquei. Keteriny, estava vindo falar comigo...

 - Qual sua próxima aula, Nicoll? – perguntou ela com educação. Eu terminava de abotoar, minha camisa e respondi.

 - Hm... Trigonometria, se não estou enganada... – respondi, fingindo estar distraída. – pode me chamar de Nick... se quiser, é claro... – soltei as palavras sem pensar.

 - É uma sorte, Nick... – ela deu ênfase, ao meu apelido – nossa próxima aula, é a mesma... quer me acompanhar? – perguntou ela gentilmente.

 - É... sim, ótimo... – sorri, pegando minha bolsa. Me dirigi á porta com Keteriny me seguindo. Willy, estava na porta, á minha espera. Sem mais explicações, bufou ele ;

 - Biologia. – ele tinha um ar desanimado

 - Trigonometria... – bufei assim como ele. – pode ficar tranqüilo, eu vou me controlar. – sussurrei, de uma forma que só ele ouviria.

 - Tem certeza? – ele me abraçou.

 - Sim... vá ou vai se atrasar. – sorri, e ele se foi.

 - Vamos? – perguntou, Keteriny. – pode me chamar de Ket, se quiser... – assenti sorrindo, para ela.

 - Ket... – dei ênfase, ao seu apelido. – pode me responder uma coisa? – murmurei enquanto, caminhávamos pelo corredor da escola.

 - Claro, o que quiser. – concordou gentilmente.

 - Quem era aquele garoto, que me encarava? – perguntei confusa. Ele se fixava em mim... eu não sabia o porque.

 - Nick... todos os garotos lhe encaravam... – disse ela num tom divertido.

 Enquanto entrávamos na sala, avistei o rapaz, que colocava toda sua atenção em mim. Ele sentava na ultima carteira, acompanhado, por uma garota muito parecida á ele... afeiçoavam-se irmãos.

 Nos dirigimos á segunda carteira, sentando-nos juntas.

- O garoto louro, no fundo da sala... – comentei, sem jeito. Virei meu rosto de lado, para minha visão periférica, chegar até ele.

 Ele tinha uma expressão de dor e angústia. Parecia estar se segurando á carteira. Uma leve brisa, veio de sua direção á minha... Ai!

 Nunca havia sentido tamanha sede. Aquele cheiro, era excepcional á de qualquer outro humano.

- Ah... Ele é Oliver Twist, o garoto mais cobiçado da escola. Ele nunca pareceu notar ninguém até hoje... – ela sorriu maliciosamente á mim.

- Sem chance, Ket! – disse rispidamente.

- Aproveite, garota. Ele está quase te devorando com os olhos! – ela parecia surpresa.

- Eu não vou me meter na vida de ninguém... – murmurei para mim mesma. Ela compreendeu, e deu de ombros.

 - Se quer assim, tudo bem. – ela não havia se conformado, com minha atitude.

 Eu não estava preocupada com reações alheias... Apenas com minhas reações.

 O cheiro daquele jovem - que me encarava com uma face de dor – era simplesmente, o que despertava o monstro dentro de mim. Todos meus pensamentos, eram voltados, á morte do rapaz. Como eu podia quebrar seu pescoço... como eu podia acabar com minha sede, como eu podia me satisfazer.

 O monstro que gritava alteradamente, dentro de mim, para que eu acabasse com a vida do jovem, estava tomando conta de mim. Me reprimia. Eu não prestava a atenção do que havia em minha volta. Só percebi, que todos á minha volta me olhavam.

 - Nick... – murmurou Ket – a Srª. Trush, está chamando você… vá logo se apresentar. – ela incentivou.

 Me levantei assentindo. Fui ao lado da professora, sorrindo educadamente – forcei minha máscara á se manter.

 - Olá... – disse, olhando á turma. O garoto, que eu tanto desejava, me olhava... de uma maneira estranha... Eu não sabia dizer se ele estava, com dor, furioso, curioso... Era uma mistura de tudo. – Eu sou Nicoll Wants... é um prazer conhecer todos vocês... – sorri, forçando meus lábios.

 - Obrigada, todos aqui estamos contentes com sua chegada. – Disse a Srª. Trush, com um humor que não era nada contente.

 Voltei á meu lugar, tentando me livrar do olhar teso do garoto. Minha boca nunca havia estado tão cheia de veneno antes... Meus olhos, pareciam lacrimejar o veneno. E passava meus dedos, neles tentando disfarçar.

 - Sr. Twist? - perguntou Srª. Trush, incomodada. – Qual é o resultado da equação? – sentia seu olhos em minhas costas. Parecia que bigornas caiam sobre meus ombros, e eu estava sendo massacrada, por uma dor infinita.

 O garoto respondeu, ainda com o olhar em cima de mim – eu percebia isso, por minha visão periférica.

 - -67x... – disse ele, sem olhar á professora.

 - Ok, está correto. – Disse a professora mal humorada – pode continuar sua observação á Srtª. Wants... – resmungou a professora desgostosa.

 - Obrigada. – disse ele, sorrindo com o olhar, fixo em meu rosto.

 O que aquele menino falou, fez toda a sala, soltar risinhos e deboches. O que ele tinha na cabeça?

 Toda aquela situação estava me fazendo muito mal. Minha sede intensificava. E a ardência em minha garganta, me causava muita dor. O veneno em meus olhos transbordava, fazendo parecer que eu chorava.

 - Esta tudo bem Nick? – perguntou Ket, preocupada.

 - Não... eu preciso sair daqui.  – disse com um sussurro.

 - Quer que fale com a Srª. Trush? – pediu educadamente.

 - Não, eu mesma posso falar... – o veneno escoria de meus olhos, como se fossem lágrimas.

 - Você tem certeza? – ela estava preocupada.

 - Sim... – em seguida ergui meu rosto, e foquei a imagem da Srª. Trush, em minha frente.

 - Algum problema, Srtª.Wants ? – ela fitava-me com dureza.

 - A srª, poderia me liberar, para que eu possa falar com um de meus irmãos? – enquanto o veneno, escorria por meu rosto, aproveitei, para tirar a máscara e deixar minha dor transparecer.

- Bom... posso deixar alguém lhe levar á enfermaria... – ah, meleca. Eu não podia ser atendida. – em seguida chamaremos algum de seus irmãos...

 Ao menos, não era tão ruim. Eu só iria esperar , qual  problema havia nisso?

 - Eu agradeço... – falei, perdida em soluços.

 - Srtª. Nowin, poderia levar sua amiga até a enfermaria? – perguntou na mesma dureza.

 - Sim, posso fazer isso. – disse Ket, calmamente.

 Em seguida, ordenou, para que eu guardasse minhas coisas, e depois me dirigisse á enfermaria.

  E assim o fiz. Enquanto levantava, consegui notar, o olhar de preocupação, do garoto, que tanto havia me encarado.

 O que havia de tão interessante em mim? Eu era apenas uma garota novata, e com uma grande família. Mas aqueles olhares, transpareciam trazer mais do que isso.

 Eu acabara de cruzar a porta, quando Ket, puxou-me pela mão.

 - O que você está sentindo? – perguntou confusa. Eu já podia respirar, com o ar mais puro – sem o cheiro daquele maldito rapaz.

 - Não sei bem... – disse num sussurro. Eu tinha de continuar fingindo. Estávamos á alguns passos da enfermaria quando avisei; - obrigada, Ket... – forcei á dar um sorriso.

 - Tem certeza? – ela continuava com seu tom de preocupação.

 - Claro... logo vou falar com um de meus irmãos e vou pra casa... – ela finalmente soltou minha mão.

 - Eu vou voltar para a aula... – disse ela, sem jeito.

 - É bom que não perca aula, por minha causa... – forcei uma expressão normal.

 - Sim... adeus. – respondeu, e se foi pelo corredor. Atravessei a porta, e avistei a enfermeira.

 - Olá, precisa de alguma coisa? – pediu atenciosamente.

 - Não estou me sentindo muito bem... poderia chamar algum de meus irmãos? – perguntei, com um tom dolorido.

- Claro... você é Nicoll Wants, não é? – pediu atônita.

 - É... sou sim... – disse desanimadamente.

 - Vou chamar alguém... você está se sentindo muito mal? – ela estava tão preocupada quanto Ket.

 - Eu tenho este problema freqüentemente... então já tenho a medicação correta em casa... – falei num murmúrio.

 - Estou indo... – informou, atravessando a porta.

 Fiquei ali, sozinha. O rosto do garoto, vinha em minha mente. Os cabelos curtos e cacheados, num tom loiro caramelo. Os lábios, num perfeito formato e os olhos... eram a melhor parte. Tinham um azul... intenso e quase transparente... sendo muito parecido com um diamante.

 Fui arrancada de meus pensamentos, pela enfermeira, entrando na pequenina sala, seguida por... ALANA?

 Tinha de ser Alana? Eu nem a havia visto, sair de casa. Achei que ela não viera a escola. Mas estava ali.

 - Vamos? – disse ela educadamente. Muito diferente de como ela me tratava.

 - Sim... – disse e a segui, até o estacionamento. Apenas acenando á enfermeira, que nem havia descoberto o nome.


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