Diamante de Gelo - Diamond Ice escrita por AliceCriis


Capítulo 6
Capítulo 6 - A mudança.




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Capt. 6 – A mudança.

 

 

 

 

 

Estávamos preparados. Eu iria de moto, e os carros seriam levados por uma empresa – inclusive minhas duas motos, e todos os carros BMW da família. – e minha mãe levaria as minhas coisas, em seu carro.

 - Tome cuidado filha... – Mamãe, gritou.

 - Relaxe, mãe! – revirei os olhos. Eu finalmente podia usar a Honda novamente! Eu sentia falta... ou melhor muuuuita falta de girar aqueles aceleradores. E para tornar as coisas mais interessantes, convidei os meus irmãos, á fazer uma corrida. Todos tinham topado. Menos Cristopher e Alana. Não sei como Robert, conseguiu, mais arranjou quatro Suzuki´s, de cores diferentes. Eu sempre vencia Willy, estava ficando totalmente sem graça. Eu tinha Minha Suzuki, minha Honda e minha Sport, amarelas. Willy, azul. Marie, verde. Elisabeth, roxo e Eliot, prata.

 - E aí Eliot, com medo de chegar em último... – Willy, continuava as provocações.

- Garotos... – Chamava Robert. – vocês sabem de todas as regras, não é? – ele queria dizer, sobre, ouvir com atenção, e não entrar policiais... mais não seria a primeira vez... eu e Lisa, cuidamos daquilo.

 - Robert... não se preocupe... ficaremos bem. – Isabell, o tranqüilizava. Robert suspirou e murmurou ;

- em posições... – ele ia dar a largada. Eu estava muito ansiosa, queria ver os “novatos”, correndo. Minhas emoções não transpareciam. Me alinhei, e fiquei ao lado esquerdo da pista. – e agora...VÃO!

 As motos, foram ligadas, e os motores, berravam. Minha Honda... me ajudava mesmo. Eu estava em ultima, mais acelerei um pouco mais, e o jogo foi invertido. Marie, era minha mais poderosa aliada... pelo que pude notar. Ela me olhava com um sorriso malicioso.

 Aproximei a minha moto, á dela;

- Gostando da competição “novata”? – ela grunhiu, e sumiu a minha frente.

 Eu estava apenas brincando de pilotar... seria mais interessante, com Marie irritada. Acelerei um pouco mais, e a alcancei, facilmente. A velocidade, me fazia esquecer, da máscara, da dor... eu não queria me lembrar disso agora. Apenas girei o acelerador mais um pouco, e perdi Marie de vista. Devia estar alguns km, á sua frente, continuei acelerando.

 Eu havia me arrependido, por não ter, esperado Marie, seria mais divertido. Estava naquela, casa. Onde moraria por mais de dois anos. E faríamos o mesmo que fizemos hoje.

 Tinha certeza, de que ficaria esperando horas. Decidi entrar. Haviam móveis, roupas, tintas, caixas, pincéis. E tudo mais. A casa era menor do que o normal, de nossas casas. Em cada cômodo, tinha uma fita com o nome e o dono do quarto.

 O meu, era o mais alto, no terceiro andar. De costas para a mata fechada. Fui tirada de meus devaneios, por um acelerar de moto, devia ser Marie, ela estava irritada.

 Flutuei, pulando á janela, em busca de ver o segundo colocado.

 - E aí? Não se esqueça que não tem premio, para o segundo lugar... – estava debochando, quando vi de relance, que não estava enganada. Era Marie, mesmo.

 - Você abusou de sua moto! – ela reclamou.

 - Ei! Eu tenho meus passatempos e você tem os seus... – dei um sorriso, malicioso, muito poderoso á ela e ela gargalhou.

 - Você tem razão... vamos tornar parceiras nisso, ok? – Marie? Queria correr de moto? Eu devia estar sonhando, não que fosse possível.

 - Você está bem, ou a gasolina fez mal á seu cérebro? – perguntei gozando dela.

 - Apenas gostei, de correr... me faz me sentir bem... – ela estava mais sóbria. – E você vai me ajudar á comprar uma moto tão boa quanto sua Honda... – gargalhamos, já viravam á curva três motos, disputando o terceiro lugar.

 - Willy, está na frente... – disse distraidamente.

 - Como sabe? – ela me perguntou atônita.

 - Ele dirige dessa forma... Destrambelhadamente. – rimos. E Willy, já acelerava para a bandeirada final.

 - Willy... que decepção! – fingi estar decepcionada teatralmente. – Marie, mal sabia andar de moto, e chegou na sua frente! O que houve com minhas aulas? – debochei. Ele revirou os olhos.

 - Vamos ver... quando tiver uma Honda regulada em meu poder... – ele bufava.

 Elisabeth e Eliot, furiosos comigo, acima de tudo.

 - Pura injustiça! – gritava Elisabeth.

 - Nem me fale! – berrava Eliot.

 - Vocês aceitaram... – dei de pulsos – prometo que com minhas economias, comprarei, uma Honda, para cada um... – falei, como se fosse a mãe deles.

 Robert, e Isabell, chegavam.

 - Quem venceu? – perguntaram, os dois juntos.

 - Ju! – gritaram eles, com um tom de grande hostilidade.

 Me encolhi, e Isabell, começou.

 - Vamos,Julie? – ela chamava, me fazendo levantar o rosto. E tinha uma expressão suave. Que me transmitia alívio.

 - Pra onde, mãe? – perguntei curiosa.

 - Eles vão fazer a reforma... – ela apontou o dedo, para minha família, e em seguida, saíram correndo, em direção da casa. Ficamos apenas eu e Isabell, no quintal – e nós, vamos pegar os livros, e fazer as suas matrículas... Depois, fazer algumas compras... – Assenti, e entrei no carro.

 Isabell, dirigia como qualquer Wants. Mas mesmo assim... eu podia ver como era a cidade... um shopping, uma praça, uma escola...

 - É a aqui, que vão estudar...  – ela estacionava, a BMW, azul céu, no estacionamento. – sei... que vocês detestam colégios particulares... mas, é a única escola dessa cidade...

 - Tudo bem, já que não temos escolha... – dei de pulsos.

 Saímos do carro, e em seguida, entramos na escola. Era um ótimo sinal, que não estivessem, em intervalo. Seria melhor, encarar o bando de mauricinhos, com meus irmãos ao meu lado.

 - Por aqui... – minha mãe me puxou pela mão e iramos o corredor. – sentiu o cheiro? – ela me perguntou. Suguei, um pouco de ar, e senti minha garganta arder muito.

 - Não posso respirar... estou com muita sede... – olhei pra ela, e fitava-me com pena.

 - Já vamos caçar... depois que sairmos daqui. – Isabell, abriu a porta da secretaria, tocando um sininho.

 - Em que posso ajudá-las? – uma mulher, jovem nos atendeu. O seu crachá dizia; Stª. Breching.

 - Bom dia, eu me chamo Vitória Wants. Liguei para você ontem... – Isabell, se apresentou, me apresentou, e estavam trocando perguntas e respostas.Eu não me concentrei na conversa. Eu não agüentava mais ficar ali.

Eu podia não ser mais uma recém criada... mais eu, era uma vampira. Não quis usar meu dom, para sairmos dali. Apenas lancei, um olhar de dor, á Isabell. Ela entendeu. Pegou todos os materiais, necessários, e se despediu da Stª. Breching. A saímos da sala, e andamos o mais rápido que conseguimos, para o carro. Soltei minha respiração – não que eu sentisse falta de ar, mais era irritante, ter de se controlar, para não respirar – e comentei com Isabell ;

 - Mãe... o que quis dizer sobre... sentir o cheiro? – ela havia me deixado curiosa.

 - Bom, é o cheiro... dos mutadores...  – ela diminuiu o tom de voz – eles não possuem o mesmo cheiro, dos humanos... é um cheiro, que avisa você a manter distância. Não se preocupe... vai estar tudo bem... - ela afagou meu rosto.

 - Acredito em você, mãe. – sorri, e ela ligou o carro.

 - Creio que gostará das espécies daqui... – ela havia mudado de assunto, não queria comentar muito sobre os filhos da lua, coisa que não me deixava á vontade. – existem muitas pumas... leões-da-montanha... ursos brancos... – ela disse ursos brancos? É o meu favorito.

 - Vou adorar Circle... – dei um sorriso malicioso á Isabell, ela estava me levando para caçar. Estávamos em meio á floresta.

 - Eu vou verificar á área.. ok? – ela perguntou, eu sabia que não me controlaria se sentisse o cheiro humano.

 - Eu agradeço. – sorri, á ela, e parou o carro. Saiu dele, e correu em meio á floresta. Segundo depois, estava ali.

 - Está perfeito... não há nenhum humanos por aqui... – ela disse sorrindo.

 - Obrigada... vai comigo? – perguntei com expectativa.

 - Hm... vou atrás de algumas pumas... vou deixar os ursos pára você... – ela sorriu, e desapareceu.

 Então vamos lá... pensei comigo mesma. Rastreei, os ursos, e me lancei á caçar.

 

 

 Horas depois, já havia me saciado. Resolvi, voltar, depois de cinco ursos e dois cervos, acho que não teria problema em enfrentar, uma sala cheia de humanos.

 Me lancei á voltar ao carro, minhas roupas estavam arruinadas... como sempre... eu não estava surpresa.

 Cheguei á BMW, e Isabell me esperava.

 - Você demorou, não? – Isabell me perguntou, estava com um pouco de impaciência.

 - Eu estava, com muita sede mesmo... – fiquei envergonhada, por ser tão mais sedenta, do que o resto de minha família.

 - Tudo bem... temos que ir. Temos de fazer muitas compras... e você tem de trocar de roupa... – ela riu.

 - É você tem razão... o que faremos primeiro? – perguntei, animada.

 - Bom... vamos comprar algumas roupas á você... – ela riu, e me olhou de cima á baixo.

 - Ok...mas acho que é melhor eu ir, pra casa... se aparecer, com essas roupas, numa loja... pode haver algum escândalo... – ela apontou para uma capa, que segurava, e jogou, para que á vestisse. – Obrigada.

- Agora vamos. – Ela entrou no carro, vesti a capa, e fiz o mesmo. Acelerou o carro, e me vieram várias questões, em mente. – Mãe... De que os mutadores, se alimentam? – era essa a questão que me veio em mente... e dava passagem á outras mil.

 - Carne.... pura carne...e humana... – ela fez silêncio e continuou, minutos depois – Os dessa cidade... eles são como os Volturi, deduzo que Robert já deve ter citado, eles são uma família real, e por isso, tem de passar despercebida á olhos humanos. E não caçam em meio á cidade, de onde vivem, suas caçadas, são feitas, fora dos limites dessa cidade. E tudo para manter o disfarce de santos... – Isabell, torceu o nariz, e eu levantei as sobrancelhas.

 - Obrigada. – Respondi e não disse nada mais. Mergulhei em pensamentos. Só alguns segundos antes, de Isabell, estacionar na frente do shopping, sai, deles.

 - Esta muito quieta, filha... – Mencionou Isabell, desconfiada.

 - Não é nada, mãe... só são alguns pensamentos. – Ela assentiu, e entramos no shopping, entrando em lojas de roupas, louça, decorações, floricultura, etc.

 

 

A noite estava caindo, quando saímos do shopping. Eu com uma roupa muito formal, para a ocasião. Mas Isabell, insistiu, que era a roupa perfeita.

 Voltávamos, para casa em silêncio. Eu estava imaginando como seria, meu primeiro dia amanhã na escola.

 Ao chegar, não reconheci a mesma casa branca. Mesmo sendo escuro, meus olhos eram perfeitos, e viam cada detalhe. A casa estava pintada com detalhes de verde, e um branco, sutil.

 O jardim era mais que perfeito, era a visão de um paraíso. Era diferente para mim,  ver o trabalho já pronto. Eu sempre ajudava nas reformas... acho que eles queriam me dar algumas férias.

 - Caramba! Isso está perfeito! – gritei, para Isabell.

 - Que bom que gostou. Eu fiz o planejamento, com a ajuda de Marie...  – Sorriu. – Vamos? Não quer ver como está por dentro? – ela me fez um convite irresistível, ela sabia que toparia na hora.

 - Claro. – Disse, suprimindo, toda minha animação.

 Entremos. Era tudo muito lindo. As paredes brancas, tinham tomado, cores, mais que ideais, excepcionais. Deixando a casa, mais harmoniosa. Visitei todos os cômodos e quartos.

 - Vocês são ótimos...nem precisam mais de minha ajuda.. – brinquei. Disse enquanto voltava para a sala de entrada. Já estavam todos lá.

 - Mas não foi tão divertido... – disse Eliot, desanimado. – Ninguém me deixou, pintar o próprio cabelo e o rosto. – cruzou os braços e mostrou a língua como uma criancinha.

 - Posso me redimir, numa guerra de bola de neve? – sorri, tentando agrada-lo.

 - Seria ótimo! – ele se animou.

 - Se não for de muito incômodo... poderiam me dizer onde estão minhas roupas? – perguntei, envergonhada.

 - Está tudo em seus devidos locais. Eu mesma guardei, e não deixei, Eliot mexer em nada... – Lisa contou, e todos rimos.

 - Obrigada Lisa, vou tomar um banho... minha caçada, foi um pouco... violenta. – todos riram, e eu me encolhi.

 - Tudo bem, Ju, agora vou distribuir os livros e matérias escolares.  – Anunciou Isabell.

 - Obrigada, mãe. – Foi o que eu disse, me virei, e flutuei até meu novo quarto.

 

 Estava tudo como eu gostava, um ambiente calmo. Cores, claras. Minha cama enorme. Que nunca era utilizada. A menos que eu estivesse querendo passar uma noite aos prantos... Ao lado dela, uma enorme escrivaninha, que estavam todos meus livros já lidos, e os que estava lendo. Meu note book, que tinha dez de que eu era humana, e me recusava a trocar. Meu gigantesco e assustados closet. E um enorme banheiro. Me dirigi á ele, e abri a torneira da banheira. O banheiro, era grande e espaçoso, com um enorme espelho oval. Uma penteadeira, cheia de produtos cosméticos... em geral. Tudo com muito exagero. Desliguei a torneira e fui para meu banho. Como sempre, pensando no dia de amanhã.

 

Depois de um longo e relaxante banho, sequei meu cabelo, e estava perfeito, sem muito esforço. Me vesti com uma causa jeans, casual, e uma blusa, com algumas figuras. Bem ao meu estilo. Vesti um tênis. E me joguei em minha cama. Com a pergunta; O que eu faço agora?

 Sempre detestei, ficar sem nada para fazer, e agora era uma destas horas. Ouvi alguém batendo na porta.

 - Entre. – foi o que disse. Era Isabell, com meus livros e horários.

 - Oi, está tudo aqui. Já arrumei sua bolsa. – Ela sorriu.

 - Sabe que não precisa fazer isso, não é mãe? – Falei sendo simpática.

 - Sei... mais adoro fazer mesmo assim... Posso pedir uma coisa? – Eu sorri, adoraria fazer qualquer coisa. Ela entendeu como um sim. – Poderia tocar uma de suas musicas para mim? – Ah, meleca.

 Minhas músicas... era mais um desabafo, do qualquer outra coisa. Eu apenas soltava as palavras de minha mente. E as encanava para fora. Eu não me lembrava de nenhuma das letras. Nunca, anotei, nem escrevi.
Apenas cantava uma por dia.

 - Ah.. mãe... me desculpe. Mas eu não sei de nenhuma de minhas letras. Eu apenas canto-as uma vez. E nunca presto atenção na letra. Poderia improvisar uma? – perguntei, temerosa.

 - Claro. Eu adoraria ouvir uma criação tão espontânea. – Ela alegrou-se. Foi um alívio para mim.

 Me dirigi ao teclado, e sentei, em uma cadeira aveludada. Suspirei. E comecei a tocar as teclas. E criar coragem para cantar.

 

Se de repente.../ If suddenly

Algum dia./ Someday.

Eu fosse / I was

Contente.../ Glad ...

 

Eu voaria,/ I would fly,

Livre e espontaneamente.../ Freely and ...

Vejo um novo horizonte,/ I see a new horizon

A pairar, sobre minha face, no ar.../ Hovering over my face, in the air

 

Um grito de dor sufocar,/ A cry of pain suffocates

Minha liberdade um dia cantar./ My freedom to sing one days.

 

Vejo novas terras, novas alegrias.../ I see new lands, new joys ...

Vejo novas oportunidades.../ I see new opportunities ...

Vou corrigir meus erros,/ I'll correct my mistakes

Pode acreditar,/ Believe me,

Pois se um dia eu juro,/ For if one day I swear

No outro eu vou provar./ In the other I'll prove it.

 

Eu já fui, I'm gone,/

Um milhão de pessoas,/ One million people

Eu já tive um rosto./-I've had a face,

Hoje eu tenho mil. /Today I have a thousand

 

Minhas dores,/ My pains

Eu quero afogar./ I want to drown.

Pra mim um dia,/ Me one day

Quem sabe,/ Who knows

For feliz e cantar./ For happy and singing.

 

Vejo novas terras, novas alegrias../. I see new lands, new joys ...

Vejo novas oportunidades... /I see new opportunities ...

Vou corrigir meus erros,/ I'll correct my mistakes

Pode acreditar,/ Believe me

Pois se um dia eu juro,/ For if one day I swear

No outro eu vou provar/. In the other I'll prove it.

 

Já me arrependi, um dia,/ I already regretted one day

Mais me convenci,/ More convinced myself,

De que/, That

Não se vive do passado,/ Not live in the past,

Então ao menos quero compensar. Then at least I want to compensate

 

Os que mais amo,/ Those who love most

São quem mais fiz sofrer,/ Who else are made to suffer,

Eu já me castiguei mais eu juro que vou tentar.../ I already punished more I swear I'll try ...

Ser melhor do que já fui./ Be better than it already was.

 

Vejo novas terras, novas alegrias.../ I see new lands, new joys ...

Vejo novas oportunidades.../ I see new opportunities ...

Vou corrigir meus erros,/ I'll correct my mistakes

Pode acreditar,/ Believe me

Pois se um dia eu juro,/ For if one day I swear

No outro eu vou provar/. In the other I'll prove it.

 

Eu amo vocês./ I love you

 

Eu acabei a música, com um ultimo toque, ao teclado. Olhei para traz, e vi Isabell, soluçando.

 - Mãe? O que foi? – Perguntei, alarmada.

 - Filha é lindo... você é uma ótima cantora, compositora e tecladista...  – Ela continuou, soluçando.

 - Mãe, eu não consigo lembrar, de minhas canções depois que canto... – ela riu comigo. – por favor, não chore... – Ela suspirou, e se acalmou.

 - Obrigada – disse ela.

 - Pelo que? – arqueei a sobrancelha.

 - Pela música... e se quiser sair de moto e explorar a cidade... tudo bem... – ela riu, foi até a porta soprou um beijo, e se foi.

 Isabell, conseguiu me deixar bastante confusa. Peguei meus livros, dei uma olhada, analisei o mapa da escola, e o memorizei. Olhei meu horário. E aceitei o conselho de Isabell, e peguei minhas chaves da moto em cima da escrivaninha, e peguei a Suzuki, por falta de opções.

 - Estou indo mãe... – foi o que disse ao passar pela sala, enquanto ela borrava, e apagava alguns modelos de roupas.

 Fui até a garagem, e encontre meus quatro irmãos, revirando minha Honda. Eu explodi! Eu agüentava qualquer coisa, menos mexer em minhas motos.

 - O que pensam que estão fazendo? – Berrei, alto de mais. – já não disse pra ficarem longe de minhas motos? – eu gritava descontroladamente.

 - Estávamos vendo alguns, melhoramentos, para adaptar nas Suzuki´s... – Disse Willy.

  - E por que não me avisaram?  - Eu estava mais histérica do que nunca.

 - Por que você estava com Isabell... – Ele deu uma desculpa esfarrapada.

 - Você já foi melhor, Willy! Saiam de perto dela. Agora! – Eu vou arranjar suas motos até... segunda-feira, que vem? E não encostam mais em minhas motos, ok? – eu estava pegando fogo, se desse mais um passo... eu arrancaria a cabeça deles.

 - Combinado! – Gritaram os quatro juntos.

 - Agora... Lustrem ela, até ela não ter uma impressão digital se quer, ou vocês vão se arrepender por um dia terem sido imortais... – eu berrava cada vez mais alto. Eles fizeram continência, e começaram a buscar produtos de limpeza e panos.

 Eu peguei a Suzuki, e acelerei pela estrada de terra. Eu precisava me acalmar. Realmente precisava.

 Quando entrei na cidade, diminuí a velocidade. A promessa, que havia feito, á meus quatro irmãos, logo seria cobrada. Deviam ser umas sete e meia da noite... O shopping, ainda estaria aberto.

 Fui em direção ao shopping, para dar um jeito nessa situação. Estacionei minha moto, em um lugar seguro, com guardas, e assim, fiquei mais calma. Minha moto estaria segura.

 Entrei no grande elevador, á procura de uma loja de motos. Encontrei. Era uma revendedora Honda. Graças á deus. Fui direto á ela, e por sorte, tinha levado o cartão de crédito, que Isabell, me dera, semanas depois de minha transformação. Pelo que ela me falava, aquele cartão, compraria até um avião, e não estouraria a conta.

 Eu estava esperando por atendimento. Não demorou, e um cara com um crachá, de Harry, veio para me atender.

  - Pois não? – perguntou educadamente.

 - Vocês tem alguma, CB 500? – ele me olhou espantado.

 - Você entende de motos? – revirei os olhos.

 - Sim, tenho três, e são a razão de minha vida... – esse assunto estava demorando demais, para meu gosto.

 - Adoro garotas, que compreendem de motos... – Ai. Eu não estava com paciência para isso hoje. Meus irmãos tinham torrado minha paciência por hoje. E simplesmente respondi ;

 - É... eu também... – a expressão dele, foi de pânico e ao mesmo tempo vergonha. Eu não estava afim de mais discussões, ou arrancaria a cabeça dele. Eu acabei, por rir da expressão dele – não fisicamente, mas mentalmente –

 - Hm... si-sim... temos algumas á pro-pronta entrega... – ele não se recuperou do choque...coitado, me arrependi por fazer isso com o pobre rapaz.

 - Quantas? – perguntei, impaciente.

 - Temos sete, pretas... – eu o interrompi.

 - Quando pode entregar? – eu estava mais aliviada. Eu poderia ficar com minha moto mais segura, com meus irmão ocupados, em suas PRÓPRIAS motos.

 - Você quer comprar sete CB 500? – ele estava boquiaberto.

 - Não... – ele se recompôs – quero apenas quatro... – ele engoliu seco, e respondeu.

 - Hm... amanhã de manha... – sorri, mais ainda.

 - Pode fazer as notas... eu vou querer. Amanhã de manhã, já estarão entregue mesmo? – eu preferi confirmar.

 - Sim vou, fazer os documentos. Pode e dar seus documentos e o valor de entrada? – mexi em minha bolsa, pegando minha carteira.

 - Aqui estão... e aqui está o cartão de crédito... – apontei e entreguei, á ele.

 - Vai fazê-las em quantas vezes? – perguntou ele, despreocupado.

 - Vou preferir pagamento á vista. – Disse firme. Ele se espantou novamente e tentou, disfarçar.

 Eu tive de me “fingir de humana”, sentando-me. Podia agüentar uma eternidade de pé, que não me sentiria cansada.

 Ele foi fazendo meu registro na loja, e seguindo, colocando o numero de meus documentos. Depois de meu cadastro pronto. Foi feito o registro de compra. Ele usou o cartão, e eu apenas esperei. Dei meu novo endereço e disse ele finalmente.

 - Ok. Assine aqui. – Ele indicou, em um papel, recém impresso. Assinei, com minha caligrafia, perfeita. Ele me observava atônito.  – O-obrig-gada. Volte sempre. Suas motos estarão, em sua casa pela manhã.

 Assenti educadamente. E me voltei para a porta. Já estava distante da loja quando ouvi uma voz, dentro da loja, que eu não sabia de quem era.

 - E aí, deu em cima dela, garotão? – perguntou, uma voz masculina – você pediu o telefone dele?

 - Só se fosse pra jogar futebol... – disse Harry, desanimado.

 - O que? – o outro cara estava confuso.

 - Ela joga no nosso time, Jeyson. – ele reclamou, e eu me segurei para não rir. Eu continuava caminhando, em quanto passava na frente do Mc Donald´s. Me deparei, com uma família de quatro pessoas, uma mãe, um pai e duas meninas.

 Droga... hoje não era meu dia de sorte. Facas penetravam em meu peito, como se eu estivesse sendo esfaqueada. Fechei meus olhos, e pude sentir, os soluços e a fraqueza vindo. Os tranquei atrás de minha máscara. Em nenhum momento havia parado de caminhar. A imagem de meus pais. Era o que predominava minha mente. O bilhete, que eu sempre carregava, no bolso de minha causa, queimava. Ou melhor... ardia. Eu tinha prometido, á mim mesma, não me envolver na vida de meus pais... não iria pedir á Elisabeth, para ver como estavam. Eu deixaria tudo como estava. Elisabeth, disse, que fez um bom trabalho e não estavam sofrendo.

 Foi a única coisa que me permiti, saber. Eu já tinha me envolvido demais, não queria mais ferir ninguém.

 Eu já tinha descido o elevador e estava indo para minha moto, quando pensei, em talvez, conhecer um pouco de minha nova cidade.

 Deixei minha moto, no estacionamento do shopping. Eu deveria esquecer um pouco de minhas preocupações.

 

Eu estava á horas caminhando. Decidi ver há quanto tempo estava assim. Olhei em meu relógio, e eram dez e quarenta, para humanos, de minha idade – ou que tinham dezoito anos – era hora de ir para casa. Mas pra mim... não havia hora. Eu não dormia. Esse era um ponto, e outro, nada me faria mal, aqui... ou talvez, os novos seres...

 Decidi não pensar nisso. Foi aí que começou. A sensação  de estar sendo seguida, vigiada. Olhei á minha volta, confusa. Mas, não havia nada. Alguns ruídos, muito pouco perceptíveis, saiam de árvores, que estavam nas ruas.

 Eu devia estar muito paranóica. Toda essa confusão de mutadores, minha casa nova, a emoção repentina de Isabell, a minha fúria pela minha moto, o alívio... a dor.

 Eu devia estar assim por isso... e nada mais.

A sensação continuou. Eu tomei a decisão de comprar alguma comida humana, nojenta. Como um dia eu fui capaz de comer aquilo? Mas não me importava agora. Eu queria sair do escuro. Havia um restaurante de quinta, perto da praça, onde eu caminhava.

 Me dirigi á aquele “restaurante”, e estava cheio, de gente, bebendo, fumando... Ah, que nojo! Eu odiava, que fumassem perto de mim, e aquele lugar, era um cigarro gigante.

 - E aí docinho? Quer companhia? – um bêbado, puxou meu braço, e sem me virar, grunhi. Puxei meu braço e continuei andando em direção do balcão de pedidos.

 Não liguei, para os comentários sujos e desonradores, que aqueles estúpidos, falavam.

 - Pode me trazer um copo de vinho ? – pedi ao atendente.

 - Não servimos vinho aqui, minha senhora... – dizia o atendente visivelmente bêbado.

 - Obrigada, então. – Me virei de costas, e fui saindo do tal “restaurante”.

 O bando de idiotas, continuavam ali. Eu não olhei, para a cara de nem um dos imbecis. Apenas olhei para minha frente, em gesto de arrogância.

 - Onde a mocinha pensa que vai? – berrou, um dos bêbados.

 - Me largue! – gritei. Ele me segurava pelo pulso. Eu não queria ter que usar meus dons e habilidades.

 Puxei meu braço novamente, saindo á rua. Botei minhas mãos nos bolsos, e caminhei rapidamente. A sensação de estar sendo perseguida ,aumentou.

 Aqueles bêbados, andavam atrás de mim. Gritando e rindo. Um deles, correu mais rápido e me agarrou. Ah meleca... eu teria que ser malvada. Nisso tudo ocorrendo. Um grunhido alto, veio da árvore mais próxima de nós.

 É, eu estava sendo mesmo, seguida. O bêbado nem ligou, e eu estremeci, com o cheiro de cigarro, e bebida. Grunhi mais alto dessas vez. E berrei ;

 - Me largue agora! – exigi.

 - Ou senão o que, delícia? – ele cheirou meu pescoço. Ele estava se achando perigoso? Eu gargalhei, maldosamente. Era agora... eu os torturaria. – está gostando do abraço? – perguntou o idiota. Os outro no cercavam.

 Libertei minhas mãos, e com elas, dei um soco em que me agarrava, - sem dúvidas, ele estava com o crânio rachado – ele caiu no chão inconsciente.

 - Alguém mais? – sorri, e ajeitei meu cabelo. Eles se prepararam para correr. E em um minuto, todos caíram no chão se retorcendo de dor. Eu estava fazendo o mesmo que Jane... fazendo-os pensar que sentiam dor.

 Logo depois, os confundi, pensando que eram, minhocas – por tempo indeterminado – fazendo com que se esquecessem de tudo que fiz.

 Ajeitei meu casaco. Tirei o cheiro horrível, com um lenço, e joguei no chão.

Sai de lá, como se nada houvesse acontecido. Porém, minha sensação de estar sendo seguida, não havia passado. Caminhei até o estacionamento do shopping, e fui direto falar com o guarda que cuidava de minhas chaves.

  - Olá, eu vim buscar minha moto. – Sorri.

 - Sim, aqui estão suas chaves... e, você não é uma Wants? – perguntou com curiosidade, e eu peguei minhas chaves rapidamente.

 - Obrigada... e sim, eu sou uma Wants... como sabe disto? – perguntei indignada.

 - Todos esperavam a chegada  de vocês aqui. – Ele sorriu.

 - Ah... obrigada... – eu acho.

 Me virei, e fui para minha moto. Esquecendo da ultima conversa que tive.

 Coloquei a chave no câmbio e dei a partida. Coloquei meu capacete – eu odiava essa situação. Eu nunca precisei de capacete, na minha vida, ou melhor... em minha existência. – e coloquei minha moto na estrada. Rumo a minha casa.

 Meus pensamentos voaram... Será que eu já tinha arranjado encrenca com os lobisomens? Eu não sentia o “tal cheiro”, de que Isabell, tinha me falado. Será que meu azar era tão grande assim?


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