Diamante de Gelo - Diamond Ice escrita por AliceCriis


Capítulo 4
Capítulo 4 - A Farsa




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Capt. 4 – A Farsa

 

 

 

 

 

O dia nasceu, e a discussão acabou. Todos prontos, para por o plano em ação. O carro de Alana, tinha um destino correto, apenas destruição completa. Eu sabia muito bem que eu teria que enfrentar muitos humanos em meu...”velório”. Fui caçar novamente em companhia de Willy, foi uma droga. Tivemos apenas alguns cervos á disposição. Eles não cheiravam nada bem – comparado á minha presa anterior -, tinha alguma coisa há ver com comerem carne ou não. Cacei até ficar sem sede alguma. Eu não tinha experiências vampíricas, mas achei melhor não abusar de minha “grande sorte”. Estava anoitecendo. A grande farsa ia começar. O carro de Alana, foi trazido de Juneau até Lake, por Eliot e Cristopher. Estava na casa dos Morrone. Ver aquela casa, só faria minha dor e sofrimento aumentarem. Alana, se dirigiu ao banco do motorista e eu do passageiro. – Pronta? – Alana, perguntou com uma voz nervosa.

- Na-não... – murmurei.

- Nem eu... vamos. – Ela ligou o carro, e acelerou na direção oposta á que estávamos, ela dirigiu com muito mais velocidade do que antigamente,  devia ser outra coisa vampírica. Estávamos, chegando, onde seria exatamente o local onde Julie e Alana Morrone, morreriam. Aquele pensamento me causou arrepios.

Aquela era a hora! Lana, acelerou ainda mais, e caímos do penhasco em direção as pedras costeiras. Tudo aconteceu em segundos. O carro estava voando, uma sensação indescritível, não sabia se era boa ou ruim. O carro caiu em meio as pedras, quebrando tudo, e soltando enormes labaredas de fogo, os airbags foram ativados e os cintos nos seguraram, estávamos com alguma maquiagem, feita por Marie, para parecerem hematomas. Assim que o carro parou de se mover, desejei boa sorte á Lana, e me retribuiu. Logo já podia-mos ouvir viaturas e gritos de pavor;  - As filhas dos West, caíram do penhasco! Chamem uma ambulância!  - E mais vozes e carros se juntavam á aqueles ali presentes.

 Alana e eu, nos olhamos apenas mais uma vez. E não respiramos mais. A imobilidade, é uma coisa super natural, para vampiros, é necessário aprender á se mover, para conviver com humanos. Os primeiros bombeiros, acabaram de chegar, arrebentando as latarias que nos envolviam, fechei os olhos, antes que alguém notasse, que estava com eles abertos. Senti um toque quente em meu pescoço; - Ela não está respirando... Ela se fora. – Gritou um deles. Me sentia um verdadeiro monstro, fazendo aquilo com o pobre homem. Alguns segundos se passavam, e uma rajada de vento, veio em minha direção, trazendo o cheiro maravilhosamente bom do homem, que ali me puxava. Minha vontade era de atacá-lo. Mas nosso disfarce, dependia de mim e de Alana. Outra voz ecoava do outro lado dos pedaços de carro; - Ela não tem pulso algum... não está mais viva. – Alana estava fazendo um bom trabalho, assim como eu me esforçava. – Ela se mexeu! – o homem que socorria Alana, exclamou. O saboroso, ser que me puxava, respondeu não tão animado; - São apenas os músculos, se flexionado. Não há mais esperança, ela  estão gélidas. – Com a minúscula, partícula que pude abrir de meus olhos, percebi, que já estavam nos amarando em macas, para topo do penhasco. Ouvi uma voz familiar. Era Isabell, fazendo sua parte, na mentira. Ligando para meus pais ; - Srª. West? – Perguntou com uma voz cuidadosa. – Aconteceu um grave acidente... Alana voltou de viagem a quatro dias... e enquanto voltavam para casa, Alana perdeu o controle do carro.. – Muitos gritos, e desespero se originavam no outro lado da linha. Eu estava sendo torturada. Minha família era o que mais importava para mim. E eu estava fazendo ela sofrer, nem todo o sangue humano, faria sentir uma dor tamanha. Preferia o veneno, se espalhando em meu corpo do que aquilo.

 - Se acalme, Srª. West... ainda não temos notícias. Aconteceu á meia hora... – o choro de minha mãe, era o que eu nunca gostaria de ouvir. – tudo bem... estamos á sua espera. Até mais. – A ligação acabou, e Isabell, se distanciou, murmurando para apenas nós escutarmos ;

 - Estão, perfeitas, sua mãe e seu pai estarão aqui em duas horas. – Isabell, pegou seu carro, e foi para o hospital, para conseguir ser nossa médica legista.

Já estávamos, rodeados por humanos – me torturava, não poder beber o seu sangue, mais minha preocupação era outra, poderia agüentar minha garganta, até o tempo que fosse. Não iria estragar tudo. Agora que tinha começado, eu iria até o fim.

 Nossos corpos, estavam sendo colocados numa ambulância. Assim, que estávamos presas ás macas, ninguém acompanhou a viagem conosco. Eles já haviam tirado suas conclusões; estávamos mortas. A ambulância deu partida, e seguimos para o hospital. Percebi que minhas lentes, estavam sendo dissolvidas pelo veneno. Na maior velocidade de pude; peguei de meu bolso, um pacotinho, que guardavam as lentes. Coloquei-as, com muita agilidade, que mesmo se algum humano estivesse vendo, não perceberia movimento algum.

 - Julie... -  chamou Alana. – me passe as lentes.. – disse ela rápido demais para qualquer humano entender. Atirei-as para Alana e fechei meus olhos ficando imóvel. – valeu.. – ela agradeceu e nem me movi. Nossa conversa, não tinha demorado nem meio segundo. Seria impossível qualquer humano ou câmera, compreender nossos movimento. A viagem acabou, e fomos levadas para uma sala pequena e Isabell nos esperava... Como ela conseguiu? Acho que deveria ter muito suborno nessa história. Isabell, exigiu ficar só, com os corpos e sem atormentações. Assim que todos saíram, ela trancou a porta e anunciou; - Ótimo, garotas. Vamos fazer algumas marcas... vocês podem sofrer um pouco com o cheiro do sangue, mais logo passa...  – Ela colocaria sangue em nós? – é sangue animal... mais mesmo assim, se controlem. Temos alguns raios-x, falsos, que apenas mostram pequenas fraturas... – terminou ela. Eu estava muito preocupada. Não em me segurar, e não beber o sangue dos humanos. Mais sim em ver meus pais chorando. Por mim. Por uma mentira! Eu não podia acreditar estar fazendo aquilo.

 - Isabell... eu não sei se vou conseguir... ver meus pais. – Disse Alana. Isabell, logo respondeu, calmamente;

 - Você não vai se mover... e vai estar inconsciente, Willy e Marie vão te ajudar... é uma pena que Julie não tenha a mesma sorte... Vai ter de ser forte querida. – Ela me disse piedosa. Eu não merecia piedade, eu merecia ser castigada, eu faria sofrer, quem eu mais amo nesse mundo! Assenti para Isabell, continuando com a mascara que escondia meu nervosismo. Ouvimos passos e choros, vindo desesperadamente para o quarto onde estávamos. Eram eles. Meus pais, meus amores. Estavam sendo impedidos por alguns enfermeiros, que diziam que aquela área era restrita. Isabell nos olhou mais uma vez e desejou boa sorte, já tínhamos deitado novamente. Ela pegou seus falsos relatórios e se dirigiu, á sala do médico da cidade. Meus pais estavam abraçados, na sala de espera. Como eles fizeram, para chegar tão rapidamente aqui? Aposto que não se passou duas horas. Eu sentiria falta do carinho que eles me davam, de minha mãe, doida e desequilibrada e ao mesmo tempo super responsável, de meu pai, sério e cabeça dura... Ah... eu não iria conseguir. Isabell, saiu da sala do médico principal, e se dirigiu á sala de espera. Meu pai tentando tranqüilizar minha mãe, minha mãe estava mais calma, mais mudaria brevemente. Apenas nesse instante, percebi a presença de Lisa, no outro lado da sala. Ela mudaria o pensamento deles, com certeza. Isabell começou ; - Sr. West, Srª. West... – Essa assentiu num sinal de educação – sinto muito dizer. Mais o acidente foi causado pelo gelo excessivo na pista, e não á mais esperança de vida. Sinto muito mesmo, Julie, era como minha filha... – aquilo acabou comigo. Ouvi gritos e desespero. Minha mãe enlouquecida, gritava que era culpa dela... Eu queria levantar dali, e correr em direção dela e acabar com seu sofrimento. Meu pai estava inconsciente. Minha mãe logo, foi sedada. E os dois levados para um quarto específico. Elisabeth, os seguia... ela devia estar trabalhando em seus pensamentos. E os deixando menos feridos. Depois disso. Lisa, correu, sobre humanamente, para nosso “quarto”.

- Eles vão fazer seu velório amanhã... – disse Lisa – E vão mudar-se para Harthford... e levar holly. – Disse ela olhando para mim, já sentada na maca.

 - Isso é de um grande alívio... – falei com sarcasmo.

- Vai ficar tudo bem, Ju... – Disseram Alana e Lisa juntas.

- E nossos pais, Lana? – perguntei estupefata. – Eles vão ficar bem, é? Não ouviu  a mamãe? – eu estava enraivecida. Como elas podiam ter dito aquilo?

- Ju... – eu interrompi Lisa.

- Não! Eles não ficarão bem. – disse séria.

- Me escute, Ju! – dessa vez, Lisa estava mais nervosa. – Eu vou fazer de tudo para que fiquem bem!  - Assim como fez comigo? Mudando meu destino? Me transformando em um monstro? – Vou fazer se esquecerem de tudo que é ruim, e faze-los pensar que já está na hora de sair do luto.

 Eu estava incrédula. Quando ouvi passos em nossa direção, não era vampiro, e sim o doutor. Deitamos novamente, e Lisa, foi para o teto, grudando-se. Ele veio em nossa direção e retirou, o lençol, que nos recobria. E verificou os ferimentos, apenas com o olhar. Eles acreditavam plenamente em Isabell. Na “gigantesca” cidade de Lake, nesse instante, nós éramos o assunto principal.

 Ouvi minha mãe acordando; - Isabell? Posso ver os corpos ao menos? – perguntou ela, soluçando.

 - Me desculpe... só poderá vê-los, no enterro. Vamos fazer tudo. Nosso presente de despedida... se é que pode se dizer assim.

 - Vo-vocês... vão embora? – perguntou mamãe, espantada.

- Sim... vamos para Wassilla... encontramos algumas melhorias... – disse Isabell.

- Muito obrigada... sinceramente... Vocês conseguiram um ótimo emprego á nós. Depois disso aqui... vamos embora. Sem volta. – Contou minha mãe. O silêncio se prosseguiu por horas. Eu não queria me mexer, não precisava. Podia ficar a eternidade assim. A imobilidade, era uma coisa boa ás vezes...

 

 

E se passaram dois dias. Eles tinham dito, que iriam fazer o enterro, o mais rápido possível. Mais não ocorreu. Meus pais... ainda não estavam preparados. Faltavam  apenas alguns segundos, para os caixões serem levados. Me senti péssima, por enganar tanta gente. Talvez, nem devesse sair de debaixo da terra. Morrer mesmo. Era um amanhecer claro. E já estavam todos meu tios, tias, avós, primos, padrinhos, em geral. Também muitos amigos queridos, que já haviam se mudado. Reconhecia apenas pelo timbre da voz. Minhas lentes já haviam acabado, e as de Alana também. Num segundo, estávamos sendo carregadas, com uma procissão sendo seguida. Aquilo... era a minha morte MESMO. Como eu pude concordar com aquilo? Era como se um milhão de agulhas, perfurasse minha pele ao mesmo tempo, e puxasse para fora. Ainda nisso me sentia sobre uma fogueira. Sendo pouco a pouco aniquilada. O pouco que sobrava de minha alma, estava evaporando. Eu era mesmo um  monstro, por concordar com isso. Ouvir os choros e soluços de meus pais, era o castigo pior que já pude imaginar. A procissão, estava no final. O caixão fechado, me possibilitava ouvir as lamentações e resmungo, de todos os pres

presentes. – NÃO!! – minha mãe berrava. – elas estão vivas... – chorava enquanto Lisa agia. – Calma, meu amor... elas estão melhores agora... Deus irá protege-las de qualquer mal que se seguir. A neve começou a cair. Pelos meus sentidos vampíricos... haveria uma nevasca... mais eu sabia que não corria perigo algum. Os caixões estavam sendo colocados nas covas. Isso me provocou arrepios. Logo a terra, já cobria meu túmulo, Alana... tinha muita sorte... ela podia ficar paralisada, sem nenhuma reação ou sofrimento. Ela não precisava sofrer como eu... eu queria pular dali, e me mostrar mais forte do que nunca. Mais isso só pioraria a situação, então... me coloquei nos pensamentos, do nosso passeio de cavalos. Foi o dia mais feliz da minha vida... Eu tinha quatro anos e Alana também  era criança, nossa família estava completa. Mãe, pai, Laninha e eu. Pensar nisso, só me deixou mais triste. Mais pelo ao menos. Não haviam mais humanos presentes. Quanto tempo havia se passado? Tinha um relógio em meu bolso... MEU DEUS!!

8:49? O velório foi de manhã! O céu celular tocou nesse minuto ; - Alo? – quem ligaria para um morto?

 - Julie... podemos tira-las daí... – Era Willy, ele estava meio que... hm.. espantado com a situação.

 - Tudo bem... estou á espera. – ele desligou, e começou á cavar.

Já podia sentir o cheiro de Willy. Tiraram o caixão do buraco, e abriram. Foi ótimo poder sentir o gelo em minha face... Aquela nevasca... era muito boa para mim...

 - tudo bem com você, Ju? – perguntou, Willy.

 - Claro.. estou ótima. – deixei a máscara cair e perguntei – onde estão meus pais?

 - Julie... se importa de me ajudar antes? – ele apontou para outro caixão idêntico ao meu, e ajudei ele a colocar em meu túmulo.

 - o que é isso? – apontei para o outro caixão.

 - é uma coisa artificial... hm... uma caveira artificial... para ser mais correto.

 - Alana já foi? – pedi curiosa.

 - Cristopher, buscou ela a quatro horas atrás... – disse ele envergonhado.

 - e por que não me tirou também? – pedi indignada.

 - ele queria um tempo sozinho com ela... – ele ficou mais envergonhado. – eu recebi a missão de te tirar daqui. E apenas agora, tive sossego... o coveiro, veio verificar, o que houve á quatro horas... podia ter te tirado antes... mas Cristopher estragou meu lado... – ele estava furioso.

 - Se acalme, Will. – Eu estava muito irritada por dentro..

 - Me perdoe, Ju... – ele estava inconformado.

 - Tudo bem, Will, tudo bem... – estava com uma mão em seu ombro. – Agora é melhor irmos.

 Ele assentiu, pegou meu caixão, e carregou até a metade da floresta. Logo depois, queimou tudo.

Seguimos para minha nova casa, e estava tudo coberto por alguns lençóis... Eles apenas levavam o essencial. As minhas malas, estavam prontas. Quando dei alguns passos á frente da porta... Isabell, correu e abraçou-me ; - Filha... você está bem?? – Filha? Eu agora era filha dela? – Fala Juu.

 - Sim... mãe.. estou bem... – eu soluçava... então isso era chorar...

- Seus pais venderam a casa.. – falou Willy. – Buscaram Holly, e se foram... jurando á todos, que jamais voltariam... – Aquilo marcou. Isso era culpa minha.

- é tudo culpa minha... – verbalizei meus pensamentos.

- NÃO! Não diga isso querida! – falou Isabell. – Elisabeth, vai fazer eles esquecerem-se disso, com o tempo...

- Ta legal.. posso fazer uma coisa antes de irmos? – Eu queria ver minha casa pela última vez.

- Tudo bem Juu. Pode ir... Volte logo, precisamos ir, e não deixe ninguém lhe ver... – pronunciou Robert, sentado no sofá ,em frente ás malas.

- Obrigada. – Sorri,e  corri em direção á minha velha casa... cada vez soluçando, mais.

 O vento batia em meu rosto, e a neve, caia sobre meus cabelos. Me dando uma sensação estranha. E lá estava ela. Minha casa. Com tudo dentro e uma placa em sua porta – vendida – me doía, ver que Julie Nicoll Morrone West, morrera. E que não tinha mais um passado. E nem um futuro, eram apenas, incertezas.

 Escalei a janela, e entrei na casa com facilidade. Vi um papel amassado no chão;

 

“Julie e Alana.

 

Nós as amamos, não importa onde forem, nem o que fizerem, sempre estaremos com vocês, não estamos convictos, que estejam mortas. Por isso escrevemos essa carta. E se tomaram alguma decisão, sabemos que é para o bem de todos... E repetimos, as amamos mais do que a própria vida...

 

Com muito amor Mamãe e papai” 

 

Haviam lágrimas pela carta. Lágrimas, que eu os fiz derramar. Meus soluços só aumentavam. E meu desejo de estar morta, apenas aumentava. Não agüentaria ficar mais um momento ali.

 Corri de volta para casa, ou melhor, minha nova casa.

Estavam me esperando para partir, peguei minhas malas, e fui para o carro onde iriam, Marie, Robert, Isabell, e agora eu. Marie me abraçou, e não falou nada, me deixou soluçar, o quanto precisei. Todos entramos no carro, e Willy resolveu vir conosco. Robert dirigiu seu Audi RS4 Sedan, Willy ficou ao seu lado, e Isabell eu e Marie, ficamos abraçadas, no banco de traz. O carro entro em movimento, e logo estávamos passando uma placa; “Bem vindos á Lake, no estado do Alasca, a cidade das fontes termais.”

 

 Aquela placa, ficaria guardada minha mente, o resto de minha eternidade. Meus soluços se intensificavam, cada vez mais. Aquele bilhete, ardia em meu bolso. E em minha mente, giravam a imagem de minha mãe, se despedindo.

 

 

 


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