Irremediavelmente Grávida escrita por PepitaPocket


Capítulo 35
Que se Inicie o Verdadeiro Jogo


Notas iniciais do capítulo

Olá sejam bem vindos e façam uma boa leitura.



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Soifon despertara atordoada.

Havia a letargia própria de quem estivera mergulhado por horas num sono profundo.

Mas, havia também aquela estranha palpitação própria de quem esteve muitas vezes perto do perigo para saber quando se deparava com ele.

Erguera-se de supetão da cama, o que foi um erro. Cinco meses de gestação, é uma ação milagrosa da natureza. Mas, milagres costumam ter um preço alto.

A começar pela dor em suas costas. Seu ventre também parecia dolorido. Por alguma razão seu bebe estava embolado na parte mais baixa de seu ventre, ela sabia disto por causa da pressão de sua pelve.

Estaria assustado com alguma coisa? – Soifon quis saber, então deslizara a mão pela protuberância, numa tentativa de acalmar o ser que estava ali.

Aquilo pareceu dar um pouco certo, já que ele movera-se em sua barriga, mas aquilo não aliviou em nada as dores de Soifon, pelo contrário, seu pequeno pezinho, alojara-se muito próxima de sua costela, e ela podia sentir aqueles dedinhos incômodos movendo-se por ali.

Inferno.

Sentiu-se uma tola. A vida toda ela fora preparada para a dor. E mal conseguia aguentar as dores causadas por uma ordem tão natural quanto uma gravidez.

Então houve mais uma vez aquele grito.

— Vai ficar tudo bem.

Soifon dissera pegando nervosamente sua Zanpakutou.

Por instinto olhara para o lado vazio da cama. Byakuya saia sempre muito cedo para ir para a sexta divisão. Depois de encaminhar tudo o que tinha que ser feito por Renji, ele ia para a segunda divisão.

Ela desistira de mover-se com agilidade. Andara a seu ritmo lento e desajeitado. Talvez, Kenpachi tivesse razão, ao chamá-la de pata.

Pensara nisto depois de se ver de perfil andando num espelho ao longe. Era uma coisa triste de ser constatada. Mas, sua mente não se deteve naquilo.

E sim no silêncio anormal dos corredores da grande mansão Kuchiki.

Nenhum empregado. Nenhum murmúrio de conversas. Apenas o silencio. Era estranho a julgar pelo grito, que a despertara.

 A cada passo os pelinhos de sua nuca se eriçavam, e ela sentia que mais e mais seu bebezinho enrolava-se em seu interior.

Havia algo de grotesco naquele corredor. Uma atmosfera tão densa e carregada que Soifon quase imaginou mãos feitas de poeira e fumaça saindo do nada para pegá-la.

Apressara-se em chegar ao ponto que acreditava ser a origem do grito.

Aquela altura ela já sentia seu coração palpitar. Suzumebachi ordenava que ela voltasse que ela buscasse por Byakuya ou qualquer outra pessoa, mas havia uma força misteriosa que a puxava em direção aquele lugar.

Só isto justificava o fato de ela ser a única a se mover em meio aqueles corredores, mesmo havendo dezenas de funcionários que deveriam circular por ali.

Parada em frente à porta, ela levara a mão trêmula até a maçaneta e ao abrir a porta, foi como se o fôlego lhe faltasse, suas pernas falhasse, sobrando nada além de uma sensação angustiante de pânico pressionando seu peito em todas as direções.

Estirada na cama, estava Mikoto com os olhos esbugalhados, numa nítida perplexidade. Os pulsos cortados gotejavam sangue e com o mesmo fora transcrito nas paredes uma frase emblemática.

— Agora será a sua vez.

Dizem que o pânico é um instrumento de proteção natural, projetado por nossa mente. Ele nos paralisa, de modo a evitar que tomemos uma decisão que pode custar nossa vida e consequentemente a evolução de nossa espécie.

Foi isto que ela lera há muito tempo atrás num velho livro escolar. Mas, enquanto corria movida pela adrenalina, embalada pelo pânico ela tinha uma vaga noção que deveria ser resultado de algum retrocesso já que seguia o oposto de qualquer área, mas a ideia que vinha em sua mente gerava um impacto devastador, para que ela conseguisse parar de correr.

Mesmo ciente, de que o bebe não estava feliz com o movimento brusco. Que cada músculo de seu corpo, relaxado pelos mimos e a enxurrada de hormônios da gravidez, era duramente impactado e mais tarde lhe cobraria caro por isto.

Ela não conseguia parar de correr. Não enquanto aquele pânico não fosse exterminado.

O pavor de perder seus pais. De vê-los serem mortos do mesmo modo que ela fizera tantas vezes, com tantos pais de famílias... O que ela estava pensando? Todos os homens que ela matou. Eram homens maus. Condenados pela lei. Eles cometeram um erro imperdoável o bastante... Para não terem mais direito a vida. Exceto, por uma vez uma única vez... Um único erro.

E desta vez quem não teria perdão era ela. Muito menos seus pais. Seu pai o culpado de tudo, maldito ele fosse mil vezes, ainda assim ela não conseguiria nem em mil anos desejar sua morte.

#

Renji saía aborrecido de sua divisão.

Seu taichou só sabia gritar com ele. Não era capaz nem de agradecer o esforço que ele vinha fazendo já que enquanto o nobre se virava como podia com a segunda divisão, ele segurava as pontas na sexta.

Mas, a expressão “uma mão lava a outra” inexistia no vocabulário do Kuchiki.

Agora, ele havia sido rebaixado para garoto de recado, tudo por que Byakuya andava cheio de segredinhos com o taichou do décimo terceiro esquadrão, Juushirou Ukitake.

Estava tão distraído no aborrecimento que sua enfadonha tarefa lhe proporcionava, quando uma forte ventania passara por ele fazendo os papéis voarem em todos os lados.

Mas, não foi isto que deixou Renji intrigado.

— Taichou, Soifon? – Ele questionara para si mesmo.

— Abarai e sua eterna lerdeza, o que esta fazendo ai parado ainda?

Renji fizera uma carranca às vezes ele queria ser um Hollow só para ter o prazer de mandar um cero potente na cabeça de seu chefe.

Ele poderia muito bem ter ignorado seu chefe como tantas vezes, mas decidira falar...

— Er... Taichou... Eu não tenho certeza... Mas, acho que sua mulher passara agorinha... Ventando... Er... Literalmente para o norte... – O ruivo não sabia nem como dar a noticia para seu taichou, mas suas palavras vieram tarde, já que o Kuchiki sentira por um instante apenas a reiatsu de Soifon no ar e isto fora o bastante, para que ele fosse colocado em sinal de alerta.

— Soifon? – E então ele partira na direção que ela fora, alheio ao fato que o esquadrão dez seguia em seu encalço, por ordens pessoais do comandante-geral.

— Fiquem de olho na taichou da segunda divisão, impeçam que ela coloque fogo na Gotei. – Foram às ordens do capitão Yamamoto e o taichou de gelo estava disposto a fazer de tudo para cumpri-las, nem que para isto tivesse que passar por cima de certo Kuchiki rabugento.

#

Soifon passara a uma grande velocidade pelos portões da propriedade Fong. O servo que ficava por ali nem mesmo levantara a cabeça, aquela menina cabeça de vento nunca parava para cumprimentá-lo mesmo.

Sua aflição era tanta que ela por um instante esquecera que há muitos anos não morava mais naquela mansão. Deveria bater na porta, ser convidada a entrar, fazer graça, tirar os calçados... Mas, nada disto passara pela cabeça da pequena que passara pela porta de supetão, e entrara pela antessala, andando dolorosamente até a sala onde para sua perplexidade deparara-se com seus pais sentados observando a chocante cena, de sua filha gravida de cinco meses, vermelha e suada, invadir sua sala descalça e apenas de camisola depois de aparentemente ter cruzado toda a cidade daquele jeito.

— Vocês estão aí? – Foi difícil encontrar palavras quando estas escapavam de sua língua.

— E onde mais estaríamos minha filha? – A mulher perguntou com gentileza na voz, mas a censura de seu olhar tornara-se mais aguça, quando Byakuya por sua vez também quebrara um sem numero de protocolos ao invadir a sala de jantar dos Fong.

A situação tornou-se um pouco mais fora do normal quando Toushirou viera às pressas no encalço de Soifon.

— Er... Eu exijo que a taichou da segunda divisão por ordens do comandante geral fique parada no mesmo lugar.

As palavras do albino foram inúteis já que Soifon estava paralisada.

— Soifon esta tudo bem? – Byakuya quis saber, ao ver o estado que Soifon se encontrava ficara assustado.

Renji surgira logo atrás deles, seguido por Ukitake Juushirou e Rukia Kuchiki.

— Abarai, vá chamar a taichou Unohana, imediatamente.

— H-Hai. – O ruivo dissera aturdido.

— Não precisa já estou aqui. – A morena aparecera com sua inseparável fukataichou e uma maleta detrás.

— Soifon. – Byakuya perguntara em pânico, ao perceber que o semblante dela tornara-se mais pálido, e seus olhos mais sem vida.

— É claro que minha filha está bem. – O homem dissera sem abandonar a xícara de chá. – É apenas seu sentimentalismo exacerbado dominando-a mais uma vez.

— Só em pensar que ela é tudo que nos resta como herdeira meu coração se despedaça. – A mulher dissera enquanto levantava-se graciosamente.

As palavras deles fizeram o coração de muitos ali gelarem, exceto o de Soifon, que sorrira com os olhos marejando-se sem que ela se desse por conta disto.

— Estou feliz que estejam do jeito que sempre foram. – Ela dissera se deixando cair na inconsciência da qual ela não deveria ter sido despertada tão cedo. Quem sabe aquele fosse só um de seus pesadelos onde os sonhos imitam a vida? Ou seria aquilo que sentimos com relação a ela? No caso de Soifon o mais puro remorso.

Contudo, uma coisa mudara em breve, eu não serei tudo o que lhes resta como linhagem. E quem sabe assim, vocês possam me perdoar e eu fazer o mesmo com vocês.

Foi tudo o que ela pensara antes de perder-se na inconsciência.

#

— Eu já disse que estou viva! Não é capaz de me ver? – A mulher resmungou com impaciência enquanto a loira a encarava como se fosse um bichinho fofo numa vitrine de liquidação.

— Mas, Soi-chan disse que a senhora estava morta... – Rangiku dissera de um jeito indolente, mas no fundo divertia-se com a situação.

— Se eu estivesse morta eu não estaria aqui falando com você... – Mikoto falou sem paciência. – Isto foi alucinação daquela selvagem ela esta ficando louca.

Mikoto começara a tentar fazer com que seu sobrinho retornasse ao que no seu entendimento seria uma boa razão. Tomar para si seu filho caso fosse seu herdeiro legítimo, e descartar aquela desclassificada, que conseguira descer num patamar mais baixo do que Hisana um dia tivera, e olha que ela julgava isto impossível. Seu sobrinho e seu eterno dedo podre para mulheres...

— AI, QUAL SEU PROBLEMA? – A mulher gemera inconformada quando Rangiku do nada a beliscara.

— Só estava constatando se você não era um cadáver falante... Mas, eu estava errada você é pior do que um cadáver falante... – Rangiku dissera dando de ombros.

— Ora, sua... Sua... Desclassificada como se atreve? – Mikoto quis saber com fagulhas soltando pelos olhos.

— Eu não vou com sua cara mesma então eu digo o que quero quando quero. E quer saber? Preciso de uma boa dose de sakê. – Rangiku falara espreguiçando-se de um jeito exagerado.

A razão de sua presença na mansão Kuchiki, contrariando o desejo de Byakuya, era que o supremo comandante entregara a investigação do ocorrido para o esquadrão dez.

O nobre sabia que o velho comandante não queria correr o risco de que certas informações simplesmente desaparecessem do relatório, como um provável acesso de loucura da taichou da segunda divisão, por exemplo.

— E então? – O homem enfim quebrara seu imperturbável silencio para extrair de Unohana o que ele tanto precisava saber quanto a saúde de suas duas preciosidades.

— Uma coisa essa criança herdou de vocês dois: a cabeça dura. A gravidez transcorre normalmente. Embora, Soifon esteja à beira de um colapso nervoso. Receitei alguns fitoterápicos, mas tenho minhas dúvidas de que adiantarão. Caso isto seja verdade teremos de contornar a situação e outro jeito.

— Eu posso falar com ela? – Byakuya queria tomar sua pequena em seus braços e abraçá-la.

— No momento ela dorme profundamente e esperamos que continue assim dessa maneira até o fim do dia. - Unohana dissera em tom soturno.

O homem queria protestar. Queria entrar no quarto puxar sua pequena para si, e ali ficar até aquela fase tão delicada passar.

Mas, havia muitos mistérios para serem resolvidos. Soifon dissera com todas as letras que Mikoto estava morta. Ela por alguma razão associou isto a uma possível tentativa de assassinato de seus pais... Mas, no fim tudo não passara de alucinação. E essa alucinação quase a fizera ter um aborto seguido de algum mal súbito.

A pergunta que não queria calar era teria tudo aquilo sido causado por um surto nervoso inesperado ou haveria algum fundo de verdade em meio a tudo isto.

Enquanto ele cruzava o jardim, e ia de encontro à pessoa que poderia ter algumas respostas, Byakuya já tinha sua resposta, e não gostava nada dela.

Não quando ela espreitava das sombras com os olhos brilhando de ódio.

#

Ukitake andava de um lado para o outro enquanto observava atentamente a pasta que tinha entre as mãos.

Ele que achara surpreendente Byakuya vir até ele e pedir pessoalmente que ele fizesse uma investigação, não esperava que o resultado da investigação fosse mais surpreendente do que o fato de o líder do sexto bantai ter se dignado a pedir ajuda para alguém.

Inicialmente fora difícil juntar todas as informações, já que as mesmas estavam tão dispersas, mas agora que haviam obtido respostas, ele sentia que estava na eminencia de uma calamidade... Pensar nisto o deixava estranhamente ansioso… E a única ameaça que o deixara assim fora Aizen Sousuke.

— Então descobriu alguma coisa? – O nobre fora direto ao ponto.

— Veja por si mesmo. – O capitão mais antigo precisara dar um olhar encorajador para Byakuya que por sua vez demorou quase um minuto para ter coragem de abrir a pasta.

E então assim que seus olhos se depararam com a foto de uma garotinha de profundos olhos azuis, cabelos loiros e encaracolados, expressão séria e compenetrada, foi como se tivesse sido tomado por um déjà vu que o levara direto para seus primeiros anos como capitão, numa época que ele estava se focando em construir um exército forte o bastante para tornar aquela divisão temida.

— O senhor mandou me chamar? – Uma voz fraca ainda assim com um misto de firmeza surpreendente se fizera ouvir.

O homem para não dizer garoto sentado em sua mesa se dignara olhar par a amenina esbelta, bonita, mas franzina e de constituição espiritual insignificante para ser qualificada para aquele esquadrão ou qualquer outro.

Era para isto que ele a chamou.

Mas, tem coisas que eram difíceis se dizer. Tudo por que até mesmo um homem como ele era capaz de reconhecer os esforços da menina que treinava arduamente, se esmerava continuamente em cada atividade por mais insignificante lhe parecesse, no fundo era seu modo de se desculpar em cada fracasso nas missões ou por seu pouco progresso no combate corpo-a-corpo ou na sua inabilidade com a espada ou com qualquer técnica de combate shinigami.

Seu corpo não havia sido feito para aquilo simplesmente.

— Acho que chegou a hora da verdade, menina. – O homem falara parecendo entediado quando na verdade algo dentro dele o fazia sentir-se um miserável.

— Onegai, senhor... Eu sei de meu constante fracassado... Mas, eu juro que eu vou melhorar... Com esforço e dedicação... Eu sei que... – Antes que percebesse o chão estava encharcando-se com suas lágrimas.

— Basta. – O homem falara de forma brusca, fazendo a menina estremecer por inteiro. Seu lado sensível queria consolá-la e até quem sabe lhe dar uma segunda chance, mas aquilo seria o mesmo que iludi-la. E isto lhe soava mais cruel do que as palavras que estava prestes a dizer.

— Onegai, senhor... – A criança começara a soluçar de forma amarga. – Eu preciso... Eu preciso...

— Encontrar sua irmã. Já sabemos disto. – O homem falou mais desinteressado do que parecia. Sua Zanpakutou sugeria que ele empregasse algum recurso para ajudá-la a encontrar esta pessoa de quem ela falava tanto, sua razão e sua motivação. Mas, isto seria correr o risco de mais uma vez quebrá-la.

— Mas, você terá de encontrá-la de outro jeito. – Foi o que ele disse no lugar de sua inclinação em ajuda-la.

— Por quê? – A garotinha perguntara sentindo-se desalentada mais uma vez. Justo agora que ela pensara ter encontrado um caminho.

— Você é fraca. – O homem disse com desdém.

E ela o olhara de um jeito tão esquisito naquela ora.

— Demo... – Ainda assim ela tentara usar o resquício de suas forças para tentar falar.

— E nem tente bater a porta de nenhum outro esquadrão. Você precisa voltar para Rokungai imediatamente. Ganhara uma gratificação por seus serviços, mas daqui para a frente esta por sua conta.

Ela ficara parada ali estática, sua mente não conseguia assimilar tais palavras e seu corpo não conseguia responder a nenhum estimulo.

O homem julgara a cena deprimente. Pessoas fracas não lhe interessavam em absolutamente em nada. Fora nisto que fora criado para acreditar, mas havia algo dentro que vacilava a cada instante.

Por isto levantara-se e lhe derá as costas, simplesmente por que foi o mais fácil.

— E se quer um conselho nunca mais se curve dessa maneira para ninguém.

E assim ele saíra, dando um tempo para que a menina desaparecesse como tantos outros sem deixar rastro nem mesmo em suas lembranças.

Até naquele dia.

— Mariko Nagai! Aluna da academia shinigami... Apesar de seu desempenho medíocre em seu esquadrão, formara-se com honra e mérito sendo a primeira de sua turma.

— Aquele sobrenome não era estranho.

— Yano Nagai. Um cientista tão brilhante que poderia ser comparado a Mayuri Kurotsuchi ou mesmo a Kisuke Urahara.

— Ele foi assassinado assim como todos seus familiares, colegas, servos. A razão nunca foi esclarecida, embora uma ação tão brusca por parte da Onmitsu Kidou seja tida como uma ação severa até mesmo para eles, uma vez que assassinatos só são cometidos em crimes que implicam risco para a ordem, o que não era o caso. A pergunta que muitos fazem é que crime tão grave um homem pode ter cometido para até sua descendência ser exterminada a ponto de não restar quase nenhum vestígio.

— Exceto por suas duas filhas. – Byakuya disse fazendo a questão parecer mais simples do que verdadeiramente era.

A expressão de Ukitake ficara visivelmente aturdida, o que trouxe um calafrio para Byakuya teve o efeito de mau presságio.

— Não eram duas irmãs? – O homem quis saber mesmo no fundo sabendo a resposta.

— Você por acaso sabe o que significa Amaranthine?

— Imortal, imperecível, aquele que não se pode alcançar.

Então, a compreensão tomara conta dele assim como o desespero. O que ocorrera aquela manhã fora apenas um aquecimento, quase uma brincadeira perto do que ela realmente pretendia fazer.

A quem ele queria enganar? Aquilo fora apenas uma distração, tudo por que Amaranthine, Mariko ou qual fosse seu nome estivera o tempo todo um passo a frente de todos.

#

No quarto que lhe fora dado Amaranthine observava com atenção seu reflexo no espelho. Mas, não era a mulher fisicamente admirável que havia se tornado, e sim a razão para aquela aura sombria que na mesma medida fascinava as pessoas, também as repelia.

A menina magra. Chorosa. Ensanguentada. Com a cabeça atordoada por perguntas de cunho existencialista.

O sangue jorrava quente de um corte profundo na garganta de sua ama de leite, o mesmo destino tivera sua babá. A julgar pelos gritos de sua mãe, e os burburinho agonizante dentro da casa todos estavam tendo seu destino.

Ainda assim um eco muito vago penetrava seu ouvido e perpetuara-se em sua mente, exatamente desta forma como se fosse um eco.

— Protejam a caçula. Protejam a pequena Mariko. Protejam-na. Protejam-na. – E então um baque surdo fora alcançado pela sua porta, um grito mais agonizante do que qualquer outro, e uma palavra rouca, num ruminar gutural, que ela conseguira identificar como sendo a última palavra de seu pai.

Nada, além disto, nenhum significado. Nenhum sentido. Nada que fizesse o fardo de viver com aquelas lembranças valer a pena.

Então a porta se abriu. Sinal que suas preces fossem atendidas. Viver. Morrer. Nem mesmo ela sabia o que desejava quem sabe um pouco dos dois.

(...)

Adormecida.

Soifon finalmente adormecera.

Parecia tão sublime, naquele momento como se o tempo de alguma forma não houvesse passado para a taichou.

Apesar das incontáveis cicatrizes de batalhas. Dos traços mais maduros e mais ferozes. Daquela aura mais densa e melancólica ela ainda podia ver nitidamente a antiga menina adormecida em posição fetal no fundo de sua alma.

Amaranthine caminhara até o leito onde a taichou encontrava-se a adormecer.

— Enfim sós. – Ela dissera com uma profunda doçura na voz, sendo que o ódio e amargura impregnavam seu olhar enquanto com um dedo acariciava o rosto da mulher.

— Guree no Me. – E a razão de chama-la assim, se comprovou quando olhos cinzentos se abriram e antes que pudessem esboçar qualquer reação, Amaranthine estendera sua mão, dando um sorriso que demonstrava uma alegria genuína.

— Vamos dar um passeio Onee-chan? – Foram as palavras doces da mulher que tiraram a máscara brutal de um jogo que se mostrou mais sutil do que o esperado.

#

Byakuya alcançou a residência principal da família Kuchiki muito antes que Ukitake.

Não fora surpresa encontrar Rangiku e Mikoto adormecidas ironicamente uma nos braços da outra.

Havia muitos oficiais caídos no chão. Inclusive Rukia e Renji. Mas, surpresa mesmo fora se deparar com a taichou Unohana naquele estado de inconsciência, caída aos pés na porta.

Sem mais delongas, o homem correra até onde Soifon deveria estar adormecida sob uma forte guarnição, mas todos falharam até um dos mais antigos e poderosos taichous.

Tudo que o homem queria saber era quem poderia então protegê-la?

Ele soube a resposta no momento que adentrara o quarto e o encontrara vazio. Exceto por aquelas palavras transcritas na parede com letras garrafais:

Eu nunca me curvei para você. Eu me curvei para minha solidão. AGORA FAÇA O SENHOR O MESMO.


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Notas finais do capítulo

Obrigada pela leitura e até o próximo.



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