Irremediavelmente Grávida escrita por PepitaPocket


Capítulo 14
A Verdadeira Fome de Soi Fong


Notas iniciais do capítulo

Ola sejam bem vindos.
Façam uma boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/469072/chapter/14

_ Argh, eu falo, eu falo assim que meu cérebro voltar para o lugar. – Disse Ishida com os óculos retorcidos em seu rosto, o cabelo despenteado e os olhos girando por conta do mal estar.

_ Fale de uma vez, ou não vai ter mais cabeça para guardar essa migalha que você chama de cérebro. – Falou a mulher puxando com força o seu cabelo.

_ Saiba que a única descerebrada aqui é você. – Retrucou o Quincy ajeitando os óculos e lutando contra o instinto de enforcar a mulher petite que agora o fuzilava mais do que nunca com os olhos.

_ Se você quer saber a verdadeira história eu vou contar, mas se me bater, me ameaçar ou fizer qualquer outra coisa desagradável eu paro imediata... – O Quincy não conseguiu terminar o discurso, pois fora acertado por um soco bem no meio do nariz.

_ Argh, mulher louca o que foi que eu disse? – Ele tentou argumentar, mas foi chacoalhado pelo cabelo.

_ Isto é para você não ficar me ameaçando, seu... – A pequena parou como se procurasse adjetivos.

_ Magricela. – Sugeriu Rukia.

_ Quatro olhos. – Foi à vez de Ichigo com um sorriso de satisfação no rosto.

_ Fracote. – Renji entoou o canto.

_ Ah eu vou mostrar pra vocês... – Ishida levantou-se pronto para fazer Renji e Ichigo arrepender-se dolorosamente do que tinham dito, mas parou no meio do caminho quando a voz doce de Orihime soou no ar.

_ Afeminado? – Todos exceto Soifon olharam em choque para Orihime, que ficou vermelha imediatamente com o olhar que Ishida lhe lançou.

_ Desculpe, eu só queria ajudar, Ishida-kun. – Disse ela tentando se explicar para o rapaz que a encarava chocado.

Quando uma briga estava prestes surgir entre eles Soifon acabara calando a boca deles com um golpe certeiro no meio da cabeça de cada um, exceto Ishida que fora puxado para perto da mulher petite:

_ Chega! Eu não pedi palpite de vocês. – Disse Soifon que se sentara ao lado do Ishida que cada vez menos entendia o que estava fazendo ali.

_ Na verdade, isto não é tão interessante assim. – Disse o rapaz repentinamente nervoso com o fato de ter a mulher quase em miniatura praticamente sentada sobre seus joelhos e olhando-o com expectativa.

Pensando bem essa era a melhor parte de sua situação. Apesar de Byakuya estar exalando uma aura ameaçadora, enquanto observava o desenrolar dos acontecimentos, ele não tirava nem por um minuto a mão da Senbonzakura.

_ Eu não tenho nada melhor pra fazer... – Disse Soifon dando um suspiro e aproximando o rosto do garoto que de repente corou.

_ Sim, e por que você esta tão perto? – Perguntou ele, controlando-se para não fazer nenhum som estranho quando o joelho dela “acariciara” seu membro ainda virgem e intocado.

Ela nunca ouviu falar o quanto adolescentes são sensíveis?! – Perguntava-se Ishida inconformado, pela situação esdrúxula que fora colocado.

_ E então? – Ela perguntou olhando-o no fundo de seus olhos enquanto seu joelho deslizava habilmente sobre sua sensível masculinidade.

_ Tenho certeza que será interessante ouvir o relato Soi-bee, mas primeiro você precisa sair do colo do pobre rapaz antes que ele tenha o primeiro orgasmo bem aqui na frente de todos.

Ishida ficou vermelho num misto de vergonha e de raiva, quando o gato preto aparecera acompanhado por Unohana que segurava uma bandeja de petiscos.

Isto foi o bastante para Soifon levantar-se às pressas, acertando “sem querer” uma forte cabeçada no queixo do Quincy que no lugar de um gemido de excitação fizera um ruído abafado de protesto.

_ Tudo começou há dois dias... – Começou o Quincy pensando que o que antes parecia terrível, agora não era nada comparado com o que ele estava passando naquele momento com todos os olhos sobre o pobre rapaz que estava realmente torcendo para não se ver escarlate.

“Fomos divididos em dois grupos ‘resgate’ e ‘suprimento’, o primeiro viria na frente ao encontro da capitã e o segundo seguiria mais atrás com os mantimentos”.

Ele fez uma pausa para tomar folego e observar as reações de sua dezena de ouvintes.

“Estávamos indo bem até sermos atacados por uma dezena de Hollows, no meio da luta por culpa do Ichigo meus óculos quebram-se, e foi por causa disto que pegamos a trilha errada” – defendeu-se o Quincy remexendo em seus óculos nervosos.

Ichigo iria protestar a versão do Quincy, mas foi calado pelo olhar duro de Soifon que sabia intimidar qualquer um mesmo estando com as bochechas cheias.

“Então paramos no meio de um areal que nos deixou desnorteados a ponto de não conseguirmos captar nenhuma reiatsu a nosso redor” – Disse o Quincy.

“Acho que ele não aprendeu direito na escola as diferenças entre a atmosfera de um deserto e de um litoral” – Falou Ichigo com um sorriso triunfante enquanto seu amigo/rival o fuzilava com o olhar.

“No fim tudo se resolveu quando Ishida-Kun lembrou-se que tinha uns óculos reserva na mochila... E então, ele pode interpretar o mapa”... – Interrompeu Inoue, sorrindo ao constar que a capitã do 2° bantai deixara todo mundo sem nada para comer enquanto Ishida fazia o relato.

_ Yoruichi-san você vai comer essa azeitona? – Perguntou a chinesa com os olhos brilhantes enquanto sua ex-sensei olhava emburrada para o último item que lhe restava no prato.

Mas, no fim ela cedera sua última chance de por algo no estomago para a faminta mamãe que devorara o pequeno petisco como se fosse uma espécie de manjar.

_ Então, me deixa ver se eu entendi a razão da demora de vocês foi por que este idiota magricela afeminado quatro olhos com complexo de falta de utilidade esqueceu-se de que tinha uns óculos reserva? – Infelizmente, para Ishida todos, inclusive Orihime concordaram com Soi Fong, sendo ele o único que negou a acusação, talvez por saber que ela não tinha o menor fundamento, e foi isto que ele quis explicar...

_ Primeiro, trazer seus mantimentos era dever de Yoruichi-san e o outro capitão que nem sei o nome. Apenas isto retira de mim e dos outros o dever de estar aqui e atender seus caprichos... – Ele olhou com um brilho típico dos que se julgam com a razão para a taichou que tinha uma bandeja prateada balançando entre os dedos.

_ Além do mais... – Ele verdadeiramente pretendia continuar com seu discurso, mas este foi interrompido por um forte golpe com a bandeja que só não partiu seu maxilar o meio, por que ele tem a misteriosa resistência que somente os personagens de anime/manga possuem.

_ BAKA, POR QUE FEZ ISTO? EU SOU O HERÓI! – Defendeu-se ele, sendo calado por mais um golpe na cabeça que o deixou verdadeiramente zonzo.

_ Ah... – Terceiro golpe.

_ Quem... – Quarto golpe.

_ Vai... – Quinto golpe.

_ Deixar... – Sexto golpe.

_ Essa... – Sétimo golpe.

_ Louca... – Oitavo golpe.

_ Ter... – Nono golpe.

_ Um... – Décimo golpe.

_ Filho? – Décimo primeiro e finalmente Ishida caiu inconsciente no chão.

_ Essa é uma boa pergunta afinal. – Comentou Ichigo arrependendo-se mortalmente de ter relembrando sua existência àquela maluca no instante em que foi atingido em cheio pela bandeja que se tornara um bumerangue.

Para seu azar ele caíra dessa vez de costas no braseiro que já estava praticamente apagado, mas foi devidamente reacendido por Zaraki, que adorava ver o sofrimento alheio, sobretudo do shinigami substituto.

Soi Fong apenas espreguiçou-se reclamando que ainda estava com fome. Enquanto Orihime pensava em como iria se dividir para atender Ishida e Ichigo.

_ Você é muito pequena para comer assim, bee. – Disse Yoruichi com seu sorriso cherise no rosto.

Foi então que Byakuya se viu acertado, por um chute, bem no meio dos testículos.

_ Por que me bateu? – Perguntou ele arfando de dor enquanto tentava processar qualquer coisa errada que tivesse feito nos últimos minutos.

_ Não posso bater na Yoruichi-sama, então eu bato em você. – Disse ela numa pose que faria qualquer um acreditar que ela foi discípula de Gai Maito e não de Yoruichi.

_ Além do mais a culpa é sua, tarado. – Disse ela virando o rosto e seguindo adiante com o nariz empinado e a bunda arrebitada.

_ Nii-sama... – Rukia gritou acompanhada de Renji sem saber como ajudar seu precioso irmão mais velho.

_ Continuem olhando desse jeito e eu os parto ao meio com minha Senbonzakura... – Afirmou Byakuya, Renji se sentiu constrangido ao ser pego ‘apreciando’ a mulher do chefe e Zaraki que apenas deu de ombros dizendo:

_ A minha tem mais carne para agarrar e é menos temperamental... – Disse ele seguindo caminho rumo ao que restara da choupana parcialmente incendiada.

Todos, até mesmo Byakuya sentiram um frio de gelar a alma, já que além de temperamental, Unohana sabia ser sorrateira como ninguém em suas ações, ao contrário da pequena capitã, que surpreendeu Yoruichi subindo em suas costas dizendo:

_ Vamos à frente Yoruichi-sama! – Pediu ela fazendo a morena arrepiar-se quando seu hálito quente bateu em sua nuca e suas mãos agora quase infantis pressionaram uma parte sensível de seu seio.

Vendo isto Byakuya, ficara vermelho como se fosse ele que estava sobre o braseiro e não Ichigo e seguiu logo atrás fazendo todo o resto comer poeira.

Yoruichi levou exatos quatro segundos para chegar até a choupana. Ali, de alguma forma misteriosa havia algo que poderia ser considerado um pequeno banquete, sopa, sushi, sashimi, bolos de arroz, hossomaki, purê mais alguns biscoitos e doces.

_ Yoruichi-sama, vigia a porta... – Pediu Soifon tratando de garantir sua ‘parte’ na refeição.

_ Er... – A morena como todo o ser humano quase normal queria comer, mas não estava disposta a ter mais nenhum embate com sua ex-discípula. Além do mais, ela tinha quase certeza que a sua atual substituta iria guardar uma boa parte para si.

Mais alguns minutos se passaram e então, todos finalmente chegaram carregando Ichigo e Ishida que estavam melhores, mas não completamente recuperados.

Contudo, tamanho foi à surpresa de todos, especialmente de Yoruichi, quando se deram conta de que Soi Fong, de algum jeito inexplicável havia devorado tudo.

_ Soi-bee! – Yoruichi viu seu queixo cair no chão ao perceber que pela primeira vez, a chinesa a colocara literalmente em segundo plano.

E então, sem dar nenhuma explicação, com sua fome satisfeita, sua raiva aplacada, tudo o que ela queria era dormir. Contudo bastou ela acomodar-se na cama para um ruidoso Quincy deixado displicentemente num canto da Choupana começou a retornar de seu sono forçado:

_ Maldita shinigami... – Gemeu ele.

_ Isto é um ultraje... – Continuou alheio ao incomodo que estava provocando.

_ Eu nunca mais irei... – Ergueu-se sentindo que sua percepção do mundo externo voltava ao normal. Contudo esta se cessou quando uma forte dor em sua cabeça foi acompanhada por uma repentina escuridão:

_ Argh, que isto? – Perguntou isto.

_ Volte a dormir Quincy... – Disse ela.

_ Você esta ferindo o meu orgulho Quincy... – Defendeu-se ele.

_ Eu não perguntei nada de seu orgulho Quincy... – Disse ela usando uma colher de pau para bater na panela de ferro o que causou uma terrível ao rapaz que pela primeira vez na vida estava com a cabeça presa numa panela velha que lembra o caldeirão de uma bruxa.

_ Eu só quero dormir... – Exigiu ela.

_ Argh, e eu só quero saber quem vai dar a habilitação para você ser mãe?

Foi quando seus olhos marejaram-se, mas engolindo o próprio soluço ela retornou ao colchão surrado, espreguiçou-se em meio a um bocejo então, acomodando-se na posição fetal, adormeceu alheia a perplexidade do grupo faminto que tudo que tinha a fazer por agora era guardar seu sono sem saber a quão sufocada ela estava pela desesperadora insegurança que assolava seu pequeno coração.

Após alguns minutos, de silencio Sado sempre tão quieto levantou a mão e perguntou:

_ Por que ela age assim? – O grandalhão não era o ser mais sociável do Universo Bleach, mas ele já havia visto muitas mulheres grávidas e nenhuma chegava perto de ser uma...

_ Devoradora... Troglodita... Egoísta... Sem um pingo de senso de realidade... Em poucas palavras... LOUCA... – Ishida tirara a panela da cabeça e estava disposto a deixar de lado seu cavalheirismo, para recuperar um pouco que fosse de seu orgulho esmigalhado, mas parou ao se deparar com a imagem de uma pequena shinigami aparentemente tão frágil e solitária.

–_Não existe diferença na concepção de bebes entre humanos e shinigamis... Mas, o processo de desenvolvimento é um pouco diferente entre as duas espécies... – Disse Unohana que era a única que conseguia impregnar um tom maternal em um discurso tão técnico.

_ Shinigamis são entidades abertas... – Disse Unohana estudando as feições de um grupo de jovens aparentemente desentendidos.

_ Não possuem um corpo físico como involucro... Isto faz com que nossas necessidades sejam naturalmente mais intensas do que a dos humanos, já que não somos contidos por nenhum tipo de agente externo... Em poucas palavras a fome, a sede, o cansaço, a agitação... Aumentam numa proporção ainda maior... – Disse Unohana.

_ Sim, mas e o resto... A irritabilidade... – Disse Orihime, surpreendendo a todos com um vocabulário tão refinado.

_ Não falamos apenas de necessidades físicas surgidas no decorrer da gravidez... Mas, de necessidades frutos de uma trajetória toda... E que são levadas ao seu ápice pelas condições que todos sabemos... – Falou Unohana.

_ Carência, medo, ansiedade, insegurança... Uma insaciável fome de amar e ser amado. É apenas isto então?! – Falou Rukia em tom de voz baixo, e fazendo uma expressão serena ao ver seu irmão aproximar-se da pequena mulher que estava em sono profundo apesar de tudo.

Ele deitou-se ao seu lado encaixando-a em seus braços, era como se aquele espaço tivesse sido feito para ela, que apenas ressonou ao ter a cabeça colocada em seus braços. Yoruichi sentiu-se tentada a aproximar-se, mas algo dentro de si a fez recuar, e era isto que de alguma forma a machucava mesmo que ela não soubesse exatamente por que.

Então, Orihime-chan, dera um suspiro triste:

_ Você é muito mal Ishida-kun! – Acusou ela em sua voz amanteigada.

_ Ah? – Arregalou os olhos. – Não brinca! – Disse ele.

_ Tem que pedir desculpas! – Disse Sado.

_ Por um acaso o espancado aqui fui eu... – Disse ele remexendo seus óculos.

_ É, mas, você é a parte que aguenta... – Disse Sado se afastando enquanto Ishida era “engolido” pelos seios de Orihime que se aproximara dele inocentemente para avaliar seus ferimentos.

_ Algum problema Ichigo? – Rukia então deu um sorriso de orelha a orelha.

_ Ah, vai dizer que não entendeu as coisas que Unohana disse... – Ela ergueu uma sobrancelha incrédula.

_ Não, não é isto... – Tentou defender-se.

_ Vem, deixa que eu lhe explique. – Falou Rukia puxando-o pela mão. Mas, parando no meio do caminho quando Unohana lhe falara.

_ Nada disto querida você é muito jovem para isto. – Falou a taichou, quando a ‘baixinha’ quis protestar acabou sobre o efeito do modo ‘cala a boca ou eu te mato’ de Unohana.

_ Unohana... – Neste momento Yoruichi chamou pela taichou que já puxava Ichigo pelo braço.

_ Querido, você pode cuidar disto? – Perguntou Unohana entregando o adolescente para o Zaraki que apenas deu-lhe um sorriso meigo dizendo:

_ Darei o melhor de mim querida.

E então se afastou com o Ichigo que só podia chegar uma conclusão:

Com certeza alguém me odeia por aqui.

#

No fim daquele dia, três mulheres se entreolhavam refletindo a solução de um problema:

_ Estamos sem comida. – Dissera Rukia.

_ O suprimento para uma semana se foi. – Completou Yoruichi surpresa, o que fez Rukia ficar chocada já que a ex-capitã, mesmo sem estar grávida já fizera coisa semelhante e até pior em missões anteriores.

_ E quando Soi Fong acordar... – Unohana dissera.

_ Será que Zaraki aguenta? – Rukia e Yoruichi encerraram o pensamento da capitã.

_ Eu vou... – Dissera Yoruichi como se aquilo fosse um ato heroico e ao mesmo tempo de sacrifício.

_ Ela precisa de você... – Dissera Unohana.

_ Não quanto precisa da comida. – Falara a morena esfregando as têmporas.

_ Unohana iria dizer algo, mas foi calada por uma repentina nuvem de poeira, que cegou temporariamente o grupo e fizera uma barulheira ensurdecedora, o que elas estavam prestes a descobrir é que a solução de seus problemas estava de baixo da pequena tempestade que ia a suas direções.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada pela leitura e até o próximo.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Irremediavelmente Grávida" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.