Quando Tudo Aconteceu escrita por Mi Freire


Capítulo 51
Capítulo XLIX


Notas iniciais do capítulo

Que saudades eu estava de escrever aqui. Desde semana passada não escrevia nada, pois fizeram uma festa de aniversário pra mim no final de semana passado e ontem tive que entregar uns trabalhos da faculdade que me tiraram do sério, meu estresse estava elevado. Mas assim que eu cheguei terminei de escrever esse capítulo com uma grande novidade.



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Primeiro, a minha mãe decidi que quer viajar no feriado, coisa que raramente fazíamos. Segundo, ela não queria me contar para onde iriamos. Terceiro, só aceitei viajar com ela porque a convenci de que a Marina teria que ir também, caso contrário nada feito.

Quando chegamos a BH eu ainda não sabia o que exatamente faríamos naquela cidade. Minha mãe nunca me contou se alguns familiares moravam ali. Fiquei o trajeto inteirinho fazendo mil e uma perguntas e mesmo assim ela se limitou a me responder com aquele sorrisinho sacana. Só parei mesmo de perguntar porque a Marina estava começando a se irritar comigo.

Pegamos um táxi com toda nossa bagagem, que nem era tanta assim, já que voltaríamos para São Paulo no domingo. Descemos de frente a um alto prédio de alto padrão. E que nada se parecia com um hotel, então deduzi que iriamos ficar na casa de algum conhecido.

Subimos o elevador e paramos no décimo quinto andar.

Minha mãe ainda sorria muito, o que de fato estava me incomodando, além de todo o mistério que a envolvia. Meio apreensiva e empolgada demais ela apertou a companha da porta a nossa frente e esperou alguns segundos.... Quando que pra minha surpresa e ainda mais para a da Marina que estava adorando aquele passeio, eis que surge bem a nossa frente, ainda de pijama e pantufas, a Clarissa.

Exatamente. A cachinhos dourados.

Ela ficou paralisada, olhando pra gente, com um sorrisinho de nervoso de quem não esperava pela nossa visita.

Não é querendo ser chato nem nada, mas naquele momento eu pensei: pronto, era só o que me faltava.

Não, mas eu estava enganado. Porque pra piorar – o que estava faltando, mas eu realmente não contava com isso – a minha mãe correu até o Vicente, ele a pegou no colo e os dois se beijaram.

Meu queixo caiu pra baixo, literalmente.

E a raiva floresceu dentro de mim.

Porque até aí tudo bem se eles estavam tendo alguma coisa pelo telefone. Cada um no seu canto. Os dois se falavam todos os dias, eu sabia muito bem. Aliás, mais de uma vez por dia. E aquilo já tinha deixado de me incomodar, porque eu sabia que seria muito improvável algo entre eles acontecer a tantos quilômetros de distância.

Mas eu me enganei, pra variar.

Acho que agora é oficial: eles estão namorando.

Porque se não for isso, eu não sei o que é.

Ao ver aquela cena de agarramento explicito, eu quis vomitar. Ou no mínimo sair dali e nunca mais voltar. Mas aí a Clarissa quebrou a tensão do momento, ao nos dar um abraço coletivo daqueles bem apertados.

Depois ela nos chamou pra entrar, puxando-nos para apresentar a casa, toda animada. Minha mãe e o pai dela pararam de agarração e nem pareceram sem graça depois daquela cena lamentável. Passei pelo Vicente para sentar-me no sofá sem nem dizer um “Olá!” ou um “Linda casa!”, apenas fechei a cara. Enquanto isso, Clarissa e Marina sumiram pelo corredor que dava acesso aos quartos e com toda aquela barulheira eis que surge uma Isabel recém-acordada de mau-humor.

Fui praticamente arrastado para tomar o café da manhã em família na mesa da cozinha. Não que eu fizesse o tipo o antissocial, só não estava acostumado a dividir a mesa do café com tanta gente: minha mãe e o Vicente trocando carinhos (é, eles são namorados), Isabel tão mal-humorado quanto eu por ter sido acordada em pleno feriado com toda aquela barulheira e Clarissa e Marina tagarelando sem parar sobre diversas coisas que eu mal conseguia acompanhar a linha de raciocino das ruas, era informação demais para minha cabeça.

Após o café, Vicente fez questão de nos levar para conhecer a cidade, seu novo lar. Eles já pareciam bem familiarizados com tudo em volta, que era uma novidade e tanto pra mim. Eu nunca antes tinha estado em Minas Gerais, Belo Horizonte. E admito que tudo ali era muito encantador, eu conseguia me sentir bem, como se estivesse em casa.

Almoçamos em um restaurante muito aconchegante, mais parecia uma rancho com comida típica mineira. Aos poucos fui me sentindo melhor, sem resmungar tanto, sem parecer o chato da história, sem aquela cara fechada e nada de ignorância. Eu estava bem mais tranquilo.

De volta ao apartamento, tive meu primeiro momento a sós com a minha namorada naquele dia. Estávamos no quarto da Clarissa e da Isabel, sentados em um das camas. Podíamos ouvir as vozes animadas vindo da sala misturando-se ao som da televisão.

― Aqui não é maravilhoso? – os olhinhos da Mari brilhavam, enquanto ela olhava admirada para os lados, observando a decoração do quarto. ― A Clary tirou a sorte grande quando se mudou pra cá!

A Mari é mesmo sempre muito exagerada, mas ela fica uma gracinha assim, dramatizando tudo. Eu adoro esse jeito dela!

― Onde será que vamos dormir? – enlacei nossos dedos, olhando-a de lado com um meio sorriso. ― Eu quero dormir com você!

― Ah meu amor – ela inclinou-se para dar-me um beijinho carinhoso. ― eu também gostaria de poder dormir com você, mas não sei se vai ser possível. O espaço é pouco e somos muitos.

Torci os lábios, desanimado com a ideia.

O céu escurecia lá fora, ganhando uma mistura de tons alaranjados, rosa e roxo no horizonte.

― Mari, tudo bem pra você se dividirmos a cama? – Clarissa entrou no quarto naquele momento, pela porta aberta. Ela tinha ido até a sala ver com o pai como iriamos ficar divididos. ― E Miguel, sinto muito, mas você vai ter que dormir no sofá da sala.

Aquela ideia a princípio parecia repugnante, mas aí eu me lembrei do sofá daquela sala, grande e espaçoso, confortável, macio e com uma centena de almofadas. Eu iria ficar muito bem ali, sem dúvidas.

― Vamos dar uma volta? Eu quero que você conheçam o Artur, meu namorado.

Namorado? O quê? Como assim?

Eu não estava sabendo que ela tinha um namorado.

Naquele mesmo instante me preocupei com o Bernardo que ficou em São Paulo, sem saber para de eu iria viajar no feriadão. Antes de dormir certamente eu iria ligar pra ele e contar as novidades. Ele iria enlouquecer por não poder ter vindo. Pensando bem, talvez eu não ligue. Não sei se como melhor amigo dele seria capaz de mentir sobre essa nova novidade de que a Clarissa estava com outro. Ele iria ficar muito mal. Ainda mais do que já está. Já não está sendo nada fácil pra ele, imagine só quando ele souber da última, vai fazer alguma besteira ainda maior e eu não estarei por perto para ajudá-lo.

Só de pensar nisso, só de pensar que o Bernardo ainda está mal, sem conseguir superar essa história, tentando seguir com a vida com todas suas tentativas falhas eu sei que vou odiar esse tal de Artur. Se dependesse de mim eu nem gostaria de conhece-lo, muito menos vê-lo, o cara deve ser um mala, como o Diego, ex da Clarissa.

Mas a Marina praticamente deu um pulo da cama, puxou-me pelo braço e seguimos rumo a saída. Eu praticamente arrastado pela minha própria namorada para conhecer o namoradinho da melhor amiga dela.

Ficamos esperando no Hall enquanto a Clarissa foi chamar o garoto que pelo visto é o seu vizinho. Maravilha. Aproveitei o momento, sabendo que a noite iria ser longa e tediosa, para beijar e abraçar minha namorada, arrancar alguns pedacinhos dela enquanto estávamos sozinhos.

Mas não durou muito até a Clarissa aparecer de mãos dadas com um cara alto, magrelo, cabelo castanho-claro e olhos verde-escuro.

Vendo-o assim, até parece boa pinta. Mas não posso me enganar tão facilmente. Pois aparentemente o Diego também era firmeza, mas por fim mostrou-se um canalha. Esses caras são perigosos, uma caixinha de surpresa. A gente nunca sabe o que esperar deles.

Marina me deu um cutucão na costela, fazendo-me tocar na mão do garoto a minha frente. Tentei sorrir, mas não devo ter me saído muito bem pela expressão da Clarissa.

Fomos até uma pracinha não muito longe do prédio. Uma praça simples, arborizada, com uma fonte no centro, banquinhos de concreto, uma pista de skate, área esportiva e pessoas por todos os lados.

O céu já estava repleto de estrelas.

Alguém não muito longe dali estava com o som do carro no último volume, tocando uma música até que bem legalzinha.

Fiquei de canto, apreciando as coisas a minha volta. Enquanto isso, Clarissa, Marina e o tal de Artur que pelo visto é bem tímido, estavam conversando sem parar, em um ritmo acelerado.

Imaginei o que minha mãe estaria fazendo sozinha com o Vicente naquele apartamento. Ah é, a Isabel estava lá. Me senti bem mais tranquilo após lembrar-me desse grande detalhe.

― Nós vamos comprar sorvete. – Marina levantou-se saindo do meu lado, soltando a minha mão que até então ela segurava, mantendo aquecida. ― Esperem aqui. Nós já voltamos.

Ela agia como se morasse ali. Marina sempre se adapta rapidamente a tudo: ao lugar, as pessoas, aos momentos.

Fiquei observando elas se afastarem lentamente, com os braços cruzados, dando risada.

Marina e Clarissa são grandes amigas, têm suas intimidades, seus segredos, mistérios e acima de tudo formam uma bela dupla.

― Vocês estão namorando há quantos anos? – o garoto sentando não muito afastado de mim perguntou, olhando-me.

Eu não estava afim de bater papo com ele, mas algo em seu olhar me pedia para dar-lhe uma oportunidade. Não custava nada tentar. Eu podia estar enganado em relação a ele. E também, nós éramos os únicos garotos ali e querendo ou não teríamos que conviver até o dia em que eu voltaria para São Paulo e nunca mais voltaríamos a nos ver outra vez.

― Não, cara. - eu ri, bem humorado. ― Namoramos apenas há quatro meses. Mas, nós conhecemos faz três anos.

E a partir dali começamos a conversar.

Eu estava mesmo enganado quanto a ele. O cara é legal, um pouco recatado, mas é bom de papo, tem boas histórias e experiência, é risonho e não deixa o assunto morrer.

Conversávamos tão entrosados que eu nem notei que as garotas estavam demorando mais do que deveriam. Mas não me preocupei. Elas voltaram minutos depois com sorvetes. Diferentemente de antes, sentaram-se as duas no banco ao lado como se precisem colocar o assunto em dia. E eu, e o Artur continuamos a conversar como dois bons amigos.

Artur jantou conosco, em casa. Ele já estava familiarizado ao ambiente.

Mais tarde, assim que minha mãe saiu pra dar uma volta com o Vicente, eu conheci o Yuri, o irmão do Artur. Outro cara bacana, divertido, animado, empolgado, como se fosse ligado a bateria. Nós seis ficamos assistindo televisão até mais tarde e comendo besteira.

Na sexta-feira fomos ao cinema: um encontro de casais. Eu e Marina e Clarissa e Artur. Naquele momento, saindo da sala escura do cinema após o filme percebi que estava tudo mudado. O Gustavo já não era mais o namorado da Marina e nem o Bernardo da Clarissa. Agora somos eu e o Artur. A vida é um ciclo e está mudando a todo instante. A única coisa que eu não quero que mude é o que eu sinto pela Marina e ela por mim. Isso nunca. Porque se tem uma coisa nesse mundo que nunca muda é o que há dentro de nós, quando é verdadeiro E se a vida algum dia chegar a nos separar, o que sinto por ela não vai mudar. Da mesma forma que o que o Bernardo sente pela Clarissa nunca mudou.

Eu não sei se esse relacionamento entre o Artur e a Clarissa vai durar pelos próximos anos, não tem como eu saber. Amanhã pode ser outro. Ou até mesmo pode voltar a ser o Bernardo. Nesse momento, a única coisa que eu sei é que aqui em BH ela parece bem feliz com o Artur. E lá em São Paulo o Bernardo está triste por não ter mais a Clarissa ao seu lado. E isso me aperta o coração, por saber que poucas coisas nessa vida são certezas.

Naquela mesma sexta-feira com o chegar da noite, eu lamentei pelas horas estarem passando tão depressa. Quando eu cheguei em BH quis imediatamente voltar pra casa e agora, que estou aqui, vivendo isso aqui, curtindo isso aqui, eu não quero ir embora tão cedo. Mesmo sabendo que uma vida toda espera por mim em São Paulo. Ou que o Bernardo espera por mim, precisa de mim como amigo.

Em BH eu fiz dois novos amigos, conheci novas pessoas e lugares diferentes. Vai ser muito difícil ter que me despedir de tudo isso.

― Eu preciso desligar, Bernardo. – disse eu depressa. ― Quando eu chegar a gente conversa.

E saí, porque tínhamos combinando de ir a uma festa da faculdade dos amigos do Yuri. Uma festa bem animada, muito parecida com as que costuma acontecer na nossa cidadezinha, no interior de São Paulo. Com muita bebida, meninas com pouca roupa, piscina, drogas, cigarro, música alta e nada da supervisão de adultos.

Voltamos pra casa faltava cinco minutos para as quatro da madrugada, ainda com a roupa caí no sofá e adormeci.

No sábado fomos fazer um piquenique no parque Ecológico, daqueles muito parecido com os de comerciais de margarina da tevê: uma toalha enxadrezada sobre a grama, o céu azulzinho, as pessoas sentadas em volta de uma cesta repleta de comida e as arvores chacoalhando em volta com a brisa.

Aproveitando a ausência da mãe do Artur e do Yuri em suas viagens a trabalho, nós nos reunimos na casa deles e fizemos uma noite entre amigos, como se nos conhecêssemos há anos. Colocamos colchões e almofadas no chão, fizemos pipocas e pedimos pizza, compramos refrigerante e alguns bebidas alcoólicas para misturar, alugamos alguns filmes para assistir e inventamos algumas brincadeiras de desafios.

Sem dúvidas alguma, a parte mais legal da noite foi quando o Yuri após termos bebido um pouco além da conta, inventou de cantarmos no karaokê deixado de lado há anos. Não podíamos aumentar muito o volume por causa dos vizinhos que poderiam chamar a polícia, mesmo assim foi bastante engraçado. Não chegávamos nem perto de sermos bons cantores ou quem sabe um dia, no futuro, montarmos uma banda.

Morreríamos de fome se dependêssemos disso.

Acabamos dormindo ali mesmo pelo colchões tarde da noite, após a permissão de nossos pais.

― Você não vai atender? – perguntou a Marina, enquanto arrumávamos nossas coisas dentro das malas no domingo de manhã após o café da manhã.

Olhei para o meu celular pela milésima vez, jogado sobre a cama da Clarissa. Era o Bernardo, que não parava de ligar desde que cheguei em BH apesar de todas as minhas tentativas de ignora-lo.

Não estava preparado para conversamos.

― Melhor não. Quando eu chegar converso melhor com ele.

Já estávamos terminando de arrumar as coisas e o celular ainda vibrava enlouquecidamente, quando a Clarissa entrou no quarto.

Peguei meu celular em um rápido movimento, antes que ela visse o nome do Bernardo piscando na tela.

Ela estava tão bem, parecia tão feliz, contente, satisfeita. Eu não queria estragar isso com a uma simples lembrança dele.

Outra vez, pela última vez, fomos almoçar fora antes de voltarmos para São Paulo de avião.

Eu estava começando a gostar do Vicente. Ele já não era mais aquele cara misterioso, cara-fechada e mal-humorado de antes. Pelo contrário, está nítido o esforço que ele vinha fazendo para ser meu amigo, ou algo assim. Tentando puxar conversa, sendo gentil e educado. Mesmo que as vezes eu não colaborasse muito.

Naquela manhã quando voltamos da casa do Artur e do Yuri, nós ficamos sozinhos na sala de estar, enquanto ele prepara o café. As meninas foram juntas até o quarto. Fiquei entretido na televisão, em um canal qualquer, enquanto o cheiro de café fresco invadia o ambiente. Vicente sentou-se muito perto de mim e puxou conversa. Mas não uma conversa qualquer, ele estava dizendo que gostava de mim, que estava feliz por eu estar ali, que tinha gostado dos nossos momentos em família, que poderíamos ser grandes amigos se eu permitisse que fôssemos e que nada daquilo era porque agora ele era o namorado da minha mãe, e sim, porque ele sentia empatia por mim e esperava que eu sentisse o mesmo por ele, se não agora, talvez um dia.

Suas palavras ficaram martelando na minha cabeça a partir de então. E agora, olhando pra ele sentando a minha frente para aquele almoço, sorrindo para as filhas e segurando a mão da minha mãe, eu estava começando a acreditar que ele era o cara certo, o cara ideal. O único depois de anos sozinha após a morte do meu pai, conquistou verdadeiramente o coração da minha mãe. Ela nunca pareceu tão apaixonada, tão envolvida, tão inteira. E eu, bem, como seu único filho, precisava estar feliz por ela, apoia-la em suas decisões. Afinal, ela sempre será a minha mãe. Isso nada e ninguém irá mudar. E eu sempre serei o seu filho, mesmo que daqui alguns anos eu não faça mais parte necessariamente de sua vida para seguir com a minha própria. E é por isso que ela merece alguém. Como o Vicente. Para não ficar sozinha, não se sentir sozinha, quando eu precisar me ausentar.

E pensando bem, não há um cara que a mereça mais que o Vicente, que desde o início foi seu amigo. Ou pelo menos era isso que eles diziam e eu fingia acreditar. Ele já é um homem feito, trabalhador, responsável, pai de duas filhas, solteiro, tem casa própria, é bonitão, tem carro, inúmeras qualidades, alguns defeitos também, é esforçado, um pouco exigente demais e pra mim, isso já é o suficiente, se for o suficiente pra ela. E claro, se algum dia ele partir o frágil do coração da minha mãe, eu juro, que partirei ao meio o rosto dele.

― Queria aproveitar esse momento, essa oportunidade, aqui, diante de vocês, a minha família – Vicente era o único a falar naquele instante, olhando mais pra mim do que qualquer outro, como se pedisse a minha autorização com os olhos. ― para dizer o quanto eu amo essa mulher. – ele referia-se a minha mãe, claro. ― No início éramos apenas amigos, apesar de que desde que eu a vi pela primeira vez, eu logo soube que ela era a mulher certa não só pra mim, mas qualquer outro homem. E por nada no mundo eu deveria deixa-la escapar ou a perderia para outro. E foi isso que aconteceu: eu só queria conquista-la dia a após dia até que um dia descobrimos que o que sentíamos um pelo outro ia além da nossa compressão. Foi complicado, aconteceram inúmeras coisas que pareciam querer nos separar logo quando justamente tínhamos nos encontrado de vez. Eu me mudei pra cá, pra longe dela. Mas mesmo assim decidimos que queríamos ficar juntos, apesar de toda a distância, mesmo que pra isso tivéssemos que esconder esse pequeno detalhe das pessoas que mais amamos no mundo. Mas sabíamos que não ia ser um segredo escondido por muito tempo e eis que o dia chegou – ele levantou-se, segurando a mão da minha mãe e com a outra vasculhando o bolso do casaco de camurça marrom. ― Aline, quer casar comigo?

Minha mãe começou a chorar.

As meninas, as três, ficaram emocionadas também.

O Artur, que não conhecia muito bem aquela história, pareceu indiferente, mas contente também.

E eu bem, só estava com medo que aquele noivado a distância não desse certo e aquilo machucasse a minha mãe com toda a saudade que ela sentiria dele e da vida que ela idealizou para dois juntos.

Por fim, mentalmente, eu me perguntei: O que será de nós? Digo, Vicente e as meninas iriam voltar para São Paulo ou eu e minha mãe nos mudaríamos para BH?


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Notas finais do capítulo

Eu disse que ia tentar correr um pouco com as coisas, até porque, às vezes, eu acho que vocês estão de saco cheio dessa enrolação, dessa distancia entre o Bernardo e a Clarissa, de tantos talvez, o sofrimento, a saudade... Enfim, eu só quero que dê tudo certo no final e estou me esforçando ao máximo pra isso. Comentem, e me digam o que acharam desse capítulo.