Quando Tudo Aconteceu escrita por Mi Freire


Capítulo 52
Capítulo L


Notas iniciais do capítulo

Consegui escrever esse capítulo ontem mesmo, no feriado, curtindo a preguiça e o friozinho.



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― Então a Clarissa vai voltar a morar aqui? – perguntei, sentindo o coração pular de alegria só de pensar na possibilidade de tê-la de novo. Nem que pra isso eu precise dar tudo de mim para reconquista-la. Eu sei que sou capaz, sei que vou conseguir. Eu a quero de volta e só assim me sentirei vivo outra vez.

― Não, Bernardo. Calma aí amigo. – o Miguel sentou-se na cadeira giratório da minha escrivaninha. Era terça-feira e não fazia muito tempo que ele tinha chegado de viagem. Mas pouca coisa ele tinha me contado desde então. Tudo que eu sabia é que ele passou quatro dias na casa da Clarissa e apesar de toda a minha empolgação pra saber de cada detalhe, ele parecia receoso, sempre tomando cuidado ao tocar no assunto como se não pudesse me contar tudo. ― A minha mãe e o pai dele estão noivos e vai ser assim, por um bom tempo, até eles resolveram essa situação: se eles vêm pra cá, ou se nós vamos pra lá. De uma coisa eu sei: eu não quero ir embora daqui. Eu gostei muito de lá. Mas poxa, a minha vida inteirinha está aqui em São Paulo e não consigo nem cogitar a possibilidade de recomeçar longe de tudo e todos lá em BH.

― Belo horizonte? Minas Gerais? – arregalei os olhos, surpreso com a nova informação. Há quase cinco meses desde a sua partida, eu ainda não sabia onde a Clarissa estava morando. Eu escrevi inúmeras cartas pra ela para poder enviar, mas eu não tinha o endereço... E hoje, as cartas continuam guardadas dentro da minha gaveta. Toda juntas, amarradas com um pedaço de barbante colorido que eu peguei da minha mãe.

― Não, você entendeu errado. – Miguel levantou-se, virando-se de costas pra mim. Aparentemente nervoso por ter dito mais do que deveria. Eu não o culpava. Ele estava passando por um momento deliciado, quando tinha finalmente aceitado que sua mãe merecia uma segunda chance, um novo amor e então ela decide noivar com um cara que mora a dois estados daqui. ― Não foi isso que eu disse.

― Eu ouvi muito bem, Miguel. – soltei um riso bem-humorado. ― Vamos lá, deixa de besteira. Me conta tudo. Cada detalhe. Como ela está? Como é a casa dela? A nova vida e a rotina? Vamos! Me fala tudo, por favor, não esconda nada. Nós somos amigos, não somos?

Nada melhor que uma pequena chantagem emocional.

― O.K. Você venceu. Eu já disse mais do que deveria mesmo, não custa nada contar todo o resto. Mas depois não diga que eu não fui cauteloso. Eu não queria te contar tudo por vários motivos, mas já que você insiste. Prepare-se que aí vem bomba.

Além de empolgado e curioso, comecei a ficar preocupado. Sentei-me sobre o carpete, onde a Liz estava brincando com seus novos brinquedinhos. Era uma tarde tranquila de sol. Não era meu dia de trabalho e nem de cursinho, já que não haveria aula aquela semana inteira por motivos-que-eu-não-sei-muito-bem.

O Miguel, como o bom amigo que sempre foi, começou a me contar tudo que ele sabia. Começando a dizer que a Clarissa não havia mudado em nada aparentemente, ainda era pequenina, a pele branca, magra, os mesmos cachos dourados, os olhos escuros, o jeans surrado, os vestidinhos de verão, os moletons escuro, as sapatilhas claras e o velho All Star.

Me falou um pouco de como era seu apartamento em BH, bem próximo ao centro em uma avenida movimentada. Falou detalhadamente sobre os pontos turísticos que visitou e de como ela parecia em casa todo o tempo, a vontade, satisfeita com sua nova vida em todos os sentidos. Me falou do novo Vicente e também me disse que a Isabel já não era aquela garotinha divertida de antes. Me falou também que o Pepel ainda era um gato bastante preguiçoso, folgado e nada amigável.

E por fim, finalmente disse o que tanto ele temia que eu soubesse: a Clarissa tinha um novo namorado. Chama-se Artur. Miguel elogiou muito o garoto como se fossem amigos de longa data. Naquele momento enquanto ele ainda falava foi se todos os meus sentidos tivessem sido desligados para tentar assimilar aquilo. Eu não podia dizer que estava surpreso, já era de se esperar, afinal, a Clarissa é a melhor garota que eu já conheci. Eu não esperava ser o único a notar isso. Acima de tudo eu só queria que ela fosse feliz, mesmo que no fundo eu ainda tivesse esperanças que voltássemos a ser um casal no futuro. Mas se tratando dela, não tem como não ficar preocupado, sabendo que outro a ama, outro a toca, outro a beija, e abraça e esse outro não sou eu. Será que ela o ama também? Pelo que o Miguel me disse não tem como eu saber. Ele disse que ela parece gostar muito dele e ele dela. Eu só espero que dessa vez ela tenha feito a escolha certa e que ele não seja em nada parecido com o Diego. E se for, que ela precise de mim como precisou aquele dia, quando eu a salvei das garras do Diego. Eu vou correndo até BH para socorre-la. Nem que pra isso eu precise passar por cima de muita coisa.

A nossa conversa foi longa o bastante e o céu já estava escuro quando o Miguel terminou com toda aquela falação. A Mari ligou pra ele e em minutos ele foi embora. Aproveitei o momento para levar a Liz para casa. Eu tinha ficado com ela a tarde inteirinha, mas a Lorena também precisa dela. E bem, nem é o meu final de semana para busca-la e mesmo assim a Lorena cedeu com o bom coração que tem.

Na volta pra casa, eu ainda pensava na Clarissa e tudo que o Miguel me contou ao seu respeito naquela tarde. Naquele momento eu senti que precisava de uma única coisa: eu precisava vê-la, olha-la nos olhos, para ter a certeza de que ela havia conseguido seguir com a sua vida diferentemente de mim que apesar de todos os esforços sempre voltava para o mesmo buraco. Eu precisava ter a certeza, porque quem sabe assim, com toda a esperança que me restou, eu também pudesse seguir a diante com a certeza de que ela já não me amava mais.

Porque eu continuava a amando incondicionalmente com toda a força que me restou.

Meu celular vibrou no bolso interrompendo meus pensamentos.

Uma mensagem de texto da Letícia:

“Preciso te ver. Estou desesperada.”

Digitei como resposta:

“Sinto muito. Não estou muito bem hoje. Nos vemos outro dia.”

Em casa, após ter dispensado o jantar, deitado em minha cama no quarto-porão enquanto ouvia música baixinho, eu tomei um decisão: faria de tudo para conseguir o novo número de telefone da Clarissa para ligar pra ela, mesmo que ela me odeie por isso ainda mais. Ou conseguir seu novo endereço (agora fica mais fácil, eu já sei mais ou menos a localização. Que por sinal é longe pra caramba).

Conclusão: independentemente se eu conseguisse o número ou o endereço, eu estava ferrado por vários motivos A) ela me odeia nem sei se vai me atender ou querer falar comigo B) ela mora longe pra caramba, nunca que eu ia conseguir ir até lá e C) ela provavelmente agora deve amar outra pessoa, não me resta muitas esperanças.

Mas eu precisava saber de muitas coisas, vindo diretamente dela.

Na sexta-feira estava aliviado por ser o último dia de aula da semana, mas estava meio que pra baixo, tinha acabado de receber minha prova de química das mãos da professora e tirei quatro e meio. Era uma das muitas novas vermelhas eu tirei no último mês, pois estava com a cabeça cheia demais para me dedicar aos estudos.

― Mari, eu preciso que você me passe o número da Clarissa. Eu tenho que falar com ela! E dessa vez é sério. – estávamos saindo do colégio naquele começo de tarde. Um dia ensolarado e quente.

― Não Bernardo! Quantas vezes eu vou ter que te dizer isso? – ela já estava começando a se irritar com a minha insistência. ― Olha só pra você, está um caco. Tirou quatro e meia na prova? Não acredito Bernardo!

Ela estava parecendo a minha mãe, ou pior.

― Olha só, eu vou te ajudar sim. Porque eu ainda acredito que você tome um jeito antes que quebre a cara completamente. – ela tirou o aparelho celular do bolso lateral da mochila. ― Toma aqui. Mas promete pra mim, pelo amor de Deus, que vai parar de agir assim feito um babaca e que vai estudar mais, como nos velhos tempos, se dedicar mais a sua filha e a sua família, que vai aquietar esse rabo em casa e parar com essas festas, com toda a bebedeira e curtição com essas garotas de esquina....

― Já entendi. – interrompi-a. ― Eu prometo, Mari. Prometo.

Contente eu beijei a testa dela agradecido pela caridade. Com o novo número do celular da Clarissa salvo da agenda no meu celular eu corri até em casa, de baixo do sol escaldante, cheguei por lá todo suado, tomei um banho, almocei rapidamente e antes de sair de casa para me encontrar com a Letícia antes de ir para o trabalho eu precisava fazer uma ligação muito importante.

Tocou. Tocou. Ninguém atendeu. Insisti. Insisti de novo. E nada.

Pensei comigo: última vez por hoje.

― Alô? – ouvi a voz dela do outro lado da linha. ― Quem é?

Obviamente ela já não tinha mais o meu número e nada que ainda estivesse ligado a mim. Totalmente compreensível. Nem fiquei chateado.

― Oi, sou eu. Posso falar com você?

Com o celular preso entre o ombro e a orelha eu fechei a porta de casa e saí com a minha mochila de trabalho nas costas.

Letícia estaria me esperando no centro em frente a sorveteria, onde eu pegaria o ônibus ou um táxi para ir ao shopping.

― Bernardo? Ah, não. De novo não. - eu quase pude sentir ela revirando os olhos naquele momento. Eu comecei a sorrir.

― Por favor, Clarissa. Me escuta. É importante. Eu preciso que você me diga uma coisa. É importante! Por favor, só me escut...

Ela desligou sem nem esperar eu terminar de falar.

Primeira chance negada. Mas eu não iria desistir facilmente.

Não dessa vez.

Comprei um sorvete para a Letícia com toda a insistência dela, ficamos uns quinze minutos juntos sentados na praça namorando e eu tive que ir embora apesar de ela sempre fazer charme, me pedindo pra ficar como se eu tivesse escolhas. Mas eu não tinha infelizmente, ou felizmente.

Passei a tarde inteirinha trabalhando e pensando no que eu precisaria dizer a Clarissa para convencê-la a me escutar por alguns minutos. Pelo que eu conheço dela, não seria nada fácil. Aquela ali quando fica emburrada com alguma coisa é persistente até o fim.

Tirei o final de semana de folga pela minha excelente conduta no trabalho, para passar um tempo a mais com meus amigos. Eu havia percebido, nesse meio tempo em que eles estiveram fora no feriado em BH, que eu precisava deles mais do que poderia admitir. Mesmo que não estivessem mais todos juntos. Eu percebi também que não valia a pena destruir a minha vida por uma história de amor que não deu certo. Eu estava destruindo a mim e as pessoas que amo, uma hora ou outra eu acabaria as perdendo e perdendo a mim mesmo.

E se eu ainda tinha esperanças de voltar com a Clarissa, ela precisava saber que eu ainda era o mesmo Bernardo pelo qual ela se apaixonou: tranquilo, estudioso, romântico, parceiro, sossegado.... Caso contrário, ela teria ainda mais ódio de mim, no mínimo sentiria nojo desse meu novo eu inconsequente e me deixaria de vez, se é que ela já não o fez. Mas ainda há esperanças, essas sim parecem nunca morrerem. A nossa história não terminou ainda, porque quem coloca o ponto final somos nós. E eu ainda vivo em eterna reticencias.

― E a sua namoradinha, não vem? – Marina perguntou cheia de sarcasmo. Eu tentava recuperar o folego, após ter nadado de uma borda a outra na imensa piscina do Clube. Eu tinha sentindo falta daquilo, da sensação do prazer infinito de estar de baixo da água, como se o mundo a minha volta estivesse em total silencio.

― Ela foi ao shopping com as amigas fazer compras. – disse eu, naturalmente. Porque aquilo sim era normal para a Letícia naquela sua nova fase de garota celebridade.

Sai da piscina com o corpo molhado e me sentei ao sol para tentar secar mais rápido, próximo ao Miguel e a Marina. Quando vimos o Gustavo passar por nós só de bermuda, cabelo pingando e seu sorriso sacana.

― E ai galera, só de boa? – ele estava alegre, indiferente. ― Senti sua falta nas festas, Bezão. – ele é o único a me chamar assim. O Gustavo tem um queda por apelidar as pessoas. ― E vocês dois, quando é que vão se casar? – ele agora falava com a Mari e o Miguel. ― Casem logo! E por favor, não esqueçam de me chamar parar ser um dos padrinhos.

Todos nós soltamos uma risadinha, como nos velhos tempo, sempre que ele fazia uma de suas piadas sem-graça. Ninguém disse mais nada e ele se foi, andando até a outra piscina e pulando dentro da água para se juntar a um grupo de amigos e mais algumas garotas.

Mais tarde, eu voltei a ligar para a Clarissa. E agora, que ela já tinha meu número registrado no celular fez o favor de ignorar todas as minhas chamadas. Houve um momento em que ela desligou o aparelho, pois estava caindo direto da caixa-postal.

Resolvi tentar outro método. E deixei duas mensagem de voz.

― Faz quase duas semanas que eu estou tentando falar com ela e ela me ignora. – disse eu frustrado durante o intervalo enquanto devorava meu pedaço de bolo de chocolate com chantilly.

― Dá um tempo pra ela, Bernardo. Ela não queria falar com você mais, não é de repente que ela vai mudar de ideia. – aconselhou o meu amigo. Naquele momento a Marina voltou da cantina com mais um pedaço de torta de frango que ela dividia com o namorado.

― Ela fala comigo todos os dias normalmente. – ela entrou na conversa, já estava a par de tudo. Pouco ela podia fazer para me ajudar. Já havia feito até demais por mim ao me passar o número da Clarissa que fez com que ela ficasse sem atender suas chamadas por três dias.

― Eu vou até lá. – disse, terminando meu último pedaço do bolo. Limpei os cantos da minha boca com guardanapo e tomei um pouco do meu Sprite gelado. Apesar do dia está nublado e nem fazia tanto calor assim como estávamos acostumados.

― Até lá? – perguntou o Miguel, surpreso. ― Até lá onde?

― Até BH. Eu vou falar com ela. Ela não vai poder não me atender quando eu tocar a campainha da casa dela.

― Ficou maluco? – Marina perguntou. ― O que de tão importante você tem pra falar com ela em? E você nem tem o endereço de lá.

― É por isso mesmo que eu vou precisar da ajuda de vocês. Vocês não vão me negar isso, não é mesmo? – eu sorri, afetado. ― É muito importante. Ou eu falo com ela, ou não vou prosseguir em paz.

A ideia de ir até Belo Horizonte só pra falar com a Clarissa cara a cara parecia absurda, mas não era impossível. Eu estava trabalhando, tinha economizado bastante ultimamente. Havia uma boa grana acumulada na minha conta no banco. Eu só precisaria da autorização dos meus pais, porque ainda sou menor de idade. E se eu conversasse com eles com jeitinho, quem sabe até conseguiria convence-los.

― Mas e a Letícia, o que ela vai achar dessa história?

― Eu resolvo com ela depois que conversar com a Clarissa. Por enquanto ela não sabe de nada e vai continuar assim até tudo estar acertado. Então, por favor, não digam nada a ela. – eu nem precisava pedir, até porque a Marina não é nenhum pouco fã da minha namorada e o Miguel, bem, não fica de conversinha com ela.

Eu precisava pelo menos ter uma garantia. Se nada desse certo com a Clarissa eu ainda teria a Letícia aqui esperando por mim. Era minha unica opção. O que eu não podia e nem conseguiria era ficar sozinho.

― Você aqui? – a Lorena abriu a porta assim que toquei a campainha pela primeira vez aquela noite. E me cumprimentou com um beijinho na bochecha e um sorriso gracioso. ― Entra, Bê.

E eu entrei, dando de cara com um rapaz mais velho, de paletó e sapato social, sentado em um dos sofás. O cabelo curto loiro escuro, a barba no mesmo tom, e os olhos cor-de-mel mesmo em meio a pouca luz.

― Quero aproveitar esse momento para apresentar ao pai da minha filha o meu namorado, Augusto. – Lorena estava radiante. ― Augusto, meu amor, esse é o Bernardo de quem tanto de te falei. O pai da Liz.

O cara levantou-se para me cumprimentar com um aperto de mão, ele sorria. Dentro do seus olhos claros eu vi algo completamente diferente de quando olhei para o Rafael pela primeira vez. Augusto me transmitia segurança, diante dele eu não me sentia ameaça.

Às vezes eu acho que certas pessoas já nascem para fazer o mal e outras nascem com o dom de conquistar as pessoas com simples gestos. Elas nem precisam se esforçar muito, já são assim por natureza.

Sentei-me um pouco mesmo que aquilo não fizesse parte dos meus planos e troquei algumas palavras com o Augusto, conhecendo-o melhor.

O cara também trabalha no meio artístico, mora sozinho na cidade vizinha, tem vinte e quatro anos, é maduro e sensível, conheceu a Lorena há dois meses e automaticamente apaixonou-se por ela quando a viu dançando pela primeira vez, assim como eu. E me perguntei quantos caras já sentiram o mesmo ou ainda sentiriam. Eu, do fundo do coração, com toda a minha verdade, esperava que dessa vez fosse diferente e que desse certo pra ela, ou melhor, para eles.

― Lorena, podemos conversar um pouquinho?

― Claro, Bê. Vem! Vamos subir.

A Liz não estava em casa, pois havia saído com os pais da Lorena para dar uma voltinha no centro. No quarto da Lorena, eu ainda conseguia sentir o perfume da minha filha por todos os lados. Sentei-me em sua cama e ela sentou de frente pra mim na escrivaninha e um ursinho da Liz no colo.

Comecei a contar o porquê eu tinha aparecido ali aquela noite.

― Parece até um filme! – ela sorriu quando por fim eu terminei. ― Olha, é claro. Sem problemas algum. Você nem precisa se preocupar em depositar dinheiro esse mês. Se você precisar pode ficar com ele e viajar para encontrar seu grande amor. Eu sempre soube que vocês se amavam de verdade, então, não a deixe escapar como da última vez. Estaremos aqui, torcendo por você. – ela me abraçou forte e naquele momento eu me senti muito melhor, sabendo que pelo menos alguém acreditava em mim.

Estava me preparando mentalmente para falar com os meus pais sobre eles me autorizarem ir a BH ver a Clarissa.

Sim, era loucura. Mas eu precisava disso. Ansiava por isso todos os dias e sentia que isso estava mesmo afetando a minha cabeça.

Tomei o ultimo banho quente do dia deixando a musculatura do meu corpo relaxar por completo e permitindo que levasse embora todo o meu estresse. Vesti meu pijama, era tarde da noite. E saí do quarto, rumo as escadas, meus pais estavam lá em baixo, esperando por mim para jantarmos como costumávamos fazer sempre.

Quando coloquei meu pé no primeiro degrau da escada ouço meu celular tocar desesperadamente lá no meu quarto.

Corro de volta para poder atende-lo.

Quase não consigo conter a alegria em ver o nome da Clarissa piscando na tela, pedindo para ser atendida.

Foi como se ela lesse meus pensamentos mesmo à distância.

Eu tinha que atender.

― Você não é nem louco de vir até aqui. – foi a primeira coisa que ela disparou assim que atendi. ― Está me ouvindo, Bernardo?

Mas quem poderia ter dito a ela que eu estava pensando em ir até lá?

Marina. Claro. Tanto quanto é amiga minha é amiga dela também.

Eu não poderia nem ficar com raiva.

Pelo contrário, naquele momento comecei a sorrir feito um idiota, pois a Clarissa se importava comigo o suficiente para ter passado por cima de todo seu ódio por mim, todos os seus princípios em nunca mais voltar a me ver ou falar comigo, só para me impedir de fazer uma loucura.

Tudo em nome do amor.


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Notas finais do capítulo

E ai? Ainda vai ter continuação desse diálogo. Vou tentar escrever hoje mesmo, provavelmente eu poste no final de semana. Não gosto de enrolar nas postagens!