Quando Tudo Aconteceu escrita por Mi Freire


Capítulo 35
Capítulo XXXIV


Notas iniciais do capítulo

Sempre achei um exagero absurdo quando as pessoas me diziam que a faculdade iria ser muito pior, bem mais sério, bem mais complicado e difícil pra conciliar com o restante das coisas. Não é tão difícil assim, se você for alguém organizado, diferentemente de mim. Mas essas semanas têm sido bastante complicado por causa dos muitos trabalhos para entregar para a primeira nota. Eu estou muito estressada e nervosa! Escrever parece ser uma das únicas e poucas coisas que realmente me acalma e me anima.



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O Bernardo não só fez o pedido de joelhos, segurando a minha mão, como o noivo pediria a noiva em casamento, como também trouxe consigo uma aliança de prata para simbolizar o nosso namoro oficial. Eu não estava preocupada com esse momento, nem pensava muito sobre isso. Porque sabia, que qualquer coisa vindo do Bernardo seria incrivelmente inesquecível e marcante, como agora.

O que aconteceu a seguir, com o pôr-do-sol de fundo, como um papel de parede natural, em tons azul, laranja e rosa foi o que já era de se esperar, e o melhor, todos estavam presentes no momento em que aceitei seu pedido – sem sombra de dúvidas - todos os nossos amigos, inclusive a Mari tirava fotos de tudo, de cada momento.

Naquela mesma noite o Bernardo preparou um jantar romântico pra gente no quarto dele. Ouvimos música, comemos, namoramos, conversamos, demos risada, e até arriscamos dançar juntinhos – o que foi um desastre, nenhum de nós era bom naquilo - e por fim, ficamos calados, deitados sobre o carpete em frente à janela, olhando para as estrelas ao redor da lua, apenas ouvindo nosso corações bater no mesmo ritmo.

A última semana antes de retorno das aulas foi bem mais fácil pra gente, já que meu pai de uma vez por todas havia aceitado o fato de que pertencíamos um ao outro. Até agora eu não consigo entender o porquê do Vicente ter mudado de ideia assim tão repentinamente. Não acredito que tenha sido somente a coragem do Bernardo de ter ido falar com ele no domingo. Bom, isso não importava agora. O mais importante é que ele estava se esforçando pra nos aceitar, e isso estava me deixando extremamente feliz e satisfeita com a minha vida no geral.

Apesar de tudo, eu e o Bernardo preferíamos não abusar. Nos víamos sempre que podíamos, no tempo livre. Ou na minha casa ou na casa dele. Saímos com os amigos, tínhamos momentos em família ou ficávamos sozinhos namorando, mas nunca abusávamos dos horários, que foi um dos acordos que o Vicente fez com a gente pra não mudar de ideia em relação ao nosso namoro. Fazíamos de tudo um pouco, inclusive nada. Qualquer coisa torna-se especial e melhor de certa forma quando ele estava por perto, mesmo que não fosse exatamente ao meu lado, ou porque tinha que dar atenção a família, ou aos amigos ou a sua filha, que eu já considerava uma parte de mim.

Meu relacionamento com a Liz era um dos melhores, porque apesar dela ainda ser um bebê, não saber falar e não saber andar, nós nos entendíamos de uma maneira que eu nunca achei ser possível. Afinal, nunca fui muito boa com criança pelo simples fato de não conviver com nenhuma. Quando eu cuidava dela para o Bernardo fazer as coisas dele, eu me sentia quase mãe dela, não totalmente, mas quase. Não era em nada como quando eu era uma menininha e brincava de bonecas – o que por sinal eu adorava - a coisa é bem mais séria quando sua boneca se mexe de verdade, chora de verdade, sente fome, precisa de cuidados e carinhos especiais. A Liz é real, e isso faz toda a diferença.

Já o meu relacionamento com a Lorena nas poucas vezes em que nos encontrávamos não era dos melhores. Não da minha parte, mas acho que ela ainda não gosta muito de mim, o fato de eu e o Bernardo estarmos namorando e eu passar um bom tempo com a filha dela quando ela estar na casa do Bernardo. A Lorena não precisou ter dito isso exatamente na minha cara, mas percebo certas coisas pela maneira como ela me olha ou se dirige a mim. Eu não sou boba, nem nada. Talvez ela só tenha receio, sei lá, que eu tome seu lugar – o que é impossível e fora de cogitação – ou tenha ciúmes do ex e da filha. Eu não sei, ainda. Também não me interesso muito em saber, a não ser que ela mesma queira me contar, conversar comigo algum dia desses.

Meus novos amigos são maravilhosos, apesar de serem bem diferentes um do outro. Eu nunca me senti tão bem rodeadas de pessoas que gostam mesmo de mim, e eu gosto ainda mais delas. Foi algo que aprendi, e tenho aprendido mais a cada dia. O Gustavo é um palhaço, está sempre me apelidando, me fazendo rir. A Marina é como uma mãe, só que da minha idade. Ela me dá conselhos, dicas, sugestões. É um bom ombro amigo. O Edu, apesar de ser o mais calado, é adorável, inteligente, me ajuda nos estudos, sugere livros didáticos e é um amor, como namorado da minha irmãzinha, Isabel. Não consigo imaginar ninguém melhor do que ele para colocar um pouco de juízo na cabecinha dela. O Miguel é como um irmão, ele é especial. Temos nos dado muito bem ultimamente, até por ele ser o melhor amigo do meu namorado.

Com todas essas novas novidades, de ter um namorado, ter um família maior, amigos, uma vida mais agitada, sociável, do jeitinho que eu e a Isa sempre sonhamos, eu acabei deixando de lado a minha curiosidade sobre os envelopes e telefonemas misteriosos do Vicente.

O namoro dele com a Karen vem sofrendo mais baixos do que altos, ainda por causa da Aline, que têm sido uma amigona e tanto pra mim. Às vezes acho que seria uma boa ela namorar o meu pai, quem sabe assim ela moldaria o eu dele completamente, facilitando a vida de todos, inclusive a minha e da minha irmã.

Isabel tem preferido manter seu namoro com o Eduardo em segredo. O meu namoro com o Bernardo é uma boa desculpa pra ela estar com ele sem que o Vicente levante suspeitas. Eles têm medo, por causa da pouca diferença de idade. Talvez o Vicente não aceite tão bem assim e tome providencias drásticas quanto a isso. Isabel e o Edu acreditam que ainda não vale a pena arriscar tanto assim. Fora isso, os dois são fofos juntos. Eu nunca vi eles brigarem. Estão sempre unidos, jogando, rindo, mais parecem dois amigos de infância. São o par ideal.

Agora, finalmente, eu não tenho o que lamentar. Minha vida chegou em um ponto no auge que está tudo muito perfeito. Tanto que as vezes, antes de dormir, eu me pego imaginando que a qualquer momento isso tudo pode desabar e voltar a ser aquela vidinha mais ou menos de sempre. Isso, nunca mais. Eu não quero ter aquilo de volta, porque estou mesmo gostando desse jeito. É assim que eu quero que seja sempre, sem acrescentar ou tirar absolutamente nada.

Acordei na segunda-feira de manhã, no primeiro dia de aula, e o primeiro dia de agosto, me sentindo uma nova pessoa. Como se eu tivesse tido a opção de voltar no tempo para recomeçar.

Agora eu iniciaria uma nova etapa da minha vida, ao lado da pessoa que eu amo, ao lado das pessoas que eu gosto, levando a vida que eu imaginei pra mim, de uma adolescente comum e normal de dezesseis anos. E nada estragaria isso.

Fui a uma das primeiras a chegar no colégio, o que automaticamente me fez dar de cara com o Diego pelo corredor da minha sala. Sim, isso mesmo. O meu ex-namorado. Aquele que no início era um fofo e até foi meu cúmplice na tentativa de me afastar do Bernardo imaginando ser o melhor e que depois tornou-se um monstro, assim, de uma hora pra outra, forçando-me a coisas que eu não queria. Eu realmente não esperava que fosse assim.

― Oi, Clarissa. Como você está? Quanto tempo! – ele sorria lindamente. Naquele momento eu não sabia dizer se ele era o bom Diego ou o mau Diego. E agora? Como eu deveria agir?

― Ah, oi Diego. – não fui muito amigável, mas também não fui complemente fria. Aquela Clarissa monstruosa nunca mais! ― Eu estou muito bem. E você? Tem viajado muito? Como foram suas férias?

― Foram ótimas! Eu viajei com uns amigos. Eu e a minha namorada até retomamos o namoro. Lembra da Vanessa? A gente voltou! Percebemos que é bem mais difícil viver longe um do outro do que imaginávamos. – ele passou a mão pelo cabelo castanho. E eu até reparei que ele estava mesmo mais bronzeado. ― Olha Clarissa, eu sei que a gente terminou de uma forma não muito legal. Eu ainda quero me desculpar por aquilo. Eu não sei onde é que eu estava com a cabeça. De repente, achei que você era como a Vanessa. E eu estraguei tudo. Não precisa ter medo de mim. – ele se aproximou, tocando meu braço. No início senti um arrepio percorrer por minha espinha, mas bastou olhar dentro os olhos cor de amêndoas dele para aquela sensação horrível sumir. ― Isso nunca mais vai voltar a acontecer.

― Tá tudo bem aqui? – senti um mão firme apertar o meu ombro, vindo de trás de mim. Naquele mesmo instante, como a aparição do Bernardo, o Diego recuou, tirando a mão do meu braço e abaixando o olhar. Por sua vez, o Bernardo parecia mesmo nervoso. ― Atrapalho?

― Não, não. Bernardo, não é nada disso que você está pensando. – eu virei-me pra ele.

― Ah não? Como não Clarissa? Eu estou vendo com meus próprios olhos! Pensei que você fosse mais inteligente que isso! Pensei que você nunca mais voltaria a se aproximar desse moleque. Não depois de tudo que ele fez pra você aquele dia. – dito isso o Bernardo saiu de perto da gente, andando firmemente até a sala de aula, entrando na mesma sem nem olhar pra trás.

― Desculpe-me. Eu não queria complicar o relacionamento de vocês. Eu não fiz por mal. – o Diego desculpou-se, parecendo arrependido. ― Eu vou indo. Espero que vocês se resolvam. Se quiser que eu converse com ele e explique a....

― Não, tudo bem. Você não tem culpa de nada. Foi bom falar com você. E saiba que, apesar de tudo, eu desculpo você. Acho que todo mundo merece uma segunda chance. Foi tudo um mal entendido. – dei um rápido abraço nele, e saí, despedindo-me.

Quando entrei na sala de aula, agora bem cheia, com quase todos os alunos presentes, eu vi o Bernardo lá no fundo conversando com os amigos dele, de costas. Exatamente como era antigamente. Eu ia até ele pedir uma explicação sobre seu comportamento minutos atrás ou sei lá, qualquer coisa que acabasse com o clima pensado que ficou entre nós, mas aí o professor de história apareceu e estragou tudo, mandando cada um ir para o seu lugar, porque daria início a aula.

A ideia de ter um vida perfeita e nada no mundo estragar isso, foi por água a baixo em um piscar de olhos.

Durante as primeiras aulas não pude de forma alguma conversar com o Bernardo. Ele agia indiferente, como se mal nos conhecêssemos, nem se quer chegou a olhar pra mim. A ideia de termos brigado pela primeira vez me afetou bastante. Eu já deveria saber que isso uma hora ou outra iria acontecer. Afinal, não somos perfeitos, ele não é perfeito, eu não sou perfeito, nada é perfeito. Eu boba que por um momento acreditei que poderia chegar perto disso.

No intervalo eu fui me juntar a eles, na mesa não muito longe do banco onde eu costumava ficar sozinha, lendo. Isabel já estava por lá também, sentada entre eles, ao lado do Edu. Sentei-me entre o Miguel e o Bernardo. Se dependesse do Bernardo eu nem estaria ali, afinal, ele não esboçou nenhuma reação com a minha chegada. Por sorte o Miguel foi bem mais educado e me deu um espacinho pra sentar entre eles.

O clima estava pesado, apesar do Bernardo tentar disfarçar ao máximo. Mas todos na mesa perceberam que algo de muito errado havia acontecido entre nós que sempre fomos bem unidos. Já que ele nem conversava comigo, não segurava a minha mão, ainda não olhava pra mim, não agia como meu namorado. Basicamente me ignorava completamente. A minha vontade era sair dali e voltar ao meu banquinho. Mas nada eu fiz, porque simplesmente não conseguia ficar longe dele, ainda mais agora, que estávamos brigados.

Na aula de matemática depois do intervalo, tivemos que montar duplas. Eu até pensei que o Bernardo por um momento deixaria essa crise de lado para se juntar a mim. Mas ele não se moveu, de longe eu apenas observei. Até que a Marina veio até mim, colocando uma cadeira ao lado da minha mesa.

― O que aconteceu entre vocês? O Bernardo tá todo estranho, credo. Vocês brigaram?

― Parece que sim. – fiz uma careta, bem mais chateada do que eu esperava. Então contei a ela exatamente o que aconteceu.

― Relaxa. O Bernardo é assim mesmo. As vezes ele é muito orgulhoso. Só precisa de um tempo. Conversa com ele na saída. Com certeza ele vai te levar até em casa. Ele ainda é o Bernardo.

Terminamos o trabalhinho em vinte minutos, entregamos ao professor e ficamos o resto do tempo da aula conversando, mas sem atrapalhar as outras duplas. Por alguns instante eu esqueci de tudo, a Mari tinha esse dom de me distrair enquanto tagarelava sem parar sobre a sua vida inteirinha. Acho que gosto cada vez mais dela.

Na saída, fiquei confusa. Não sei se deveria ou não esperar pelo Bernardo porque ainda não sabia o que exatamente ele esperava de mim. Pra minha sorte, ele apareceu muito antes de eu ter que tomar uma decisão. Naquele dia em especial eu deixei minha bike em casa.

― Ah, você veio. – ironizei, quando ele chegou perto de mim. Nós começamos a caminhar pela calçada, lado a lado, rumo a minha casa. Nada de mãos nada, nada de contatos íntimos. ― Nós vamos ou não conversar? – quebrei o silencio um tempinho depois.

― A gente não tem nada pra conversar. – ele disse, seco. Sem esboçar qualquer reação. Nem se quer olhava pra mim, ainda preferia manter a postura séria, como se fossemos algum tipo de desconhecidos.

― Pode parar, Bernardo. – eu parei, virando-me de frente pra ele. Sem me importar com as pessoas passando por nós. ― O que foi aquilo hoje de manhã? Uma crise de ciúmes? O que deu em você?

Então, ele finalmente me olhou. Ainda sem expressão, com um certo desdém. Como se eu tivesse falando alguma bobagem.

― Eu não quero você falando com aquele moleque novamente. Ele só te fez mal e isso eu não admito, vindo de qualquer um, independentemente de quem seja.

― Tá falando sério? – olhei bem pra ele, soltando um riso sem humor. ― Agora que você é o meu namorado acha mesmo que pode me pedir algo assim? Francamente, Bernardo! Que bicho te mordeu?

― Clarissa, é só isso que eu tô te pedindo. Para o seu bem, porque eu me importo com você. Você não tem nada que ficar de papo furado com esse garoto. Não é só ciúmes. O que vocês tiveram no passado acabou. Acabou. Não tem pra que e nem porquê....

― Sim. – interrompi. ― Você tem razão em quase tudo que está me dizendo. Mas não pode simplesmente me pedir algo assim. Sim, o garoto errou comigo. Errou feio. Foi um babaca estupido. O que ele fez aquele dia foi muito grave e poderia ter sido pior se você não tivesse aparecido para me ajudar. Sou muito grata a você. Mas assim como eu, que já fui uma estupida e hoje sou melhor do que antes, o Diego também se arrepende do que fez e só queria se desculpar. E eu o desculpei, porque eu vi que ele estava sendo verdadeiro....

― Como você pode ser tão tolinha? – agora sim, o Bernardo parecia bem bravo. Fora de si. ― É claro que ele não se arrepende, é claro que ele não tá nem aí pra você, é claro que você só foi uma das vítimas dele. É claro que ele está mentindo Clarissa! Tudo isso só pra se aproximar de você novamente!

― Se aproximar de mim? Por quais motivos, Bernardo? Será que nem por um momento você pode acreditar nas pessoas? Ele pode sim ter se arrependido, pode sim ter sido falho, como qualquer um, ele pode sim merecer outras chances. Quantas forem necessárias! Eu acredito nele e ponto final. – eu praticamente gritava, chamando a atenção de vários curiosos. O Bernardo olhava pra mim com indignação. ― O.K. Eu posso ser estupida, ingênua, inocente, burra, mas se você não é capaz de entender uma coisa dessas, eu sinto muito Bernardo. Mas essa discussão acaba aqui. – saí andando, sozinha.

Cheguei em casa bem mais rápido que o normal. Eu praticamente corri até em casa. Sentia um mistura de raiva e tristeza. A raiva porque em meio a nossa briga o Bernardo se comportou como um verdadeiro babaca, ele me olhava como se tivesse nojo de mim, ele me olhava como se eu tivesse dizendo bobagens com aquele olhar de desprezo e deboche, ele me olhava como se eu fosse uma criança que tivesse acabado de fazer algo muito errado. Eu me senti muito diminuída, muito reprovada e não era exatamente isso que eu esperava dele. Não vindo dele, do meu Bernardo fofo, romântico e compreensível. E tristeza, por termos brigado tão feio, ao ponto de gritarmos um com o outro no meio da rua, como se não tivéssemos respeito um pelo o outro. Isso me preocupava, e muito. Será que seria sempre assim enquanto estivermos juntos? Todas as nossas brigas, crises e discussões.

― Clary? Tá tudo bem? – Isabel entrou no meu quarto, meio preocupada. Éramos só nós duas em casa naquele início de tarde. Após o termino das férias, a nossa rotina praticamente voltou ao normal.

― Não, não está. Só me deixa sozinha um pouco, Isa. – eu pedi, suspirando forte. Ela assentiu, voltando a fechar a porta.

Eu tirei o resto da tarde para dar uma relaxada. Escutei um pouco de música, apesar de todas elas, literalmente, me direcionarem ao Bernardo. Fiz as lições de casa, porque mesmo sendo o primeiro dia pós férias os professores mandavam ver. Li alguns capítulos do meu livro e por fim, escrevi algo na minha caderneta. Uma espécie de desabafo.

O Vicente chegou do trabalho aparentemente cansado, mas ao invés de mandar eu e Isabel colocarmos a mesa para o jantar enquanto ele tomava um banho, ele trouxe lanches pra gente jantar, pra sair um pouco da rotina, do mesmo de sempre.

Desde que o Bernardo se dispôs a falar com ele sobre o nosso namoro, a minha relação com o Vicente melhorou e muito dentro de casa, voltando aos eixos, apesar de algumas mudanças que a minha vida deve com a chegada do Bernardo. Vicente estava se saindo um bom pai, ainda mais que antes. A gente conversa, brinca, se distrai, vê tevê, sai juntos e acima de tudo, nos respeitamos como pai e filha.

Já eram quase nove da noite, e eu me perguntava se algum momento o Bernardo iria me ligar pra gente dar um basta nessa briguinha atoa. Precisávamos ter uma conversar civilizada, tudo não passou de um mal entendido. Deveríamos ser mais sinceros um com o outro, impor nossas opiniões, ouvir um ao outro e por fim chegar a uma solução.

― Clarissa! Ei, acorda! Tá em que mundo? – Isabel falava comigo, mas eu estava tão dispersa que não tinha escutado antes.

― Tem visita pra você. – Vicente complementou, já subindo as escadas. ― Eu vou deitar. Não demorem muito a ir também. Amanhã é outro dia e vocês tem aula cedo.

― Eu também já vou indo para o meu quarto. – Isabel levantou-se do sofá, deu-me um beijinho e sorriu. ― Boa sorte pra vocês.

Ela e o Vicente subiram juntos abraçados, conversando entre si. Deixando-me mais à vontade para conversar com o Bernardo, parado na minha porta como se fosse sua primeira vez ali, na minha casa, parado na minha porta.

― Precisamos conversar. – ele disse, prontamente. O cabelo preto meio molhado grudando na testa, as mãos enfiadas no bolso da calça de moletom cinza-claro. Ele usava uma camiseta básica, branca.

Nunca conheci alguém tão bonito quanto o Bernardo, mesmo parecendo estar pronto para ir dormir.

― Entra. – eu disse, levantando-me e indo até ele.


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Notas finais do capítulo

Eu sei que não é legal parar no meio de uma cena que parece bem importante. Sei também que é sacanagem. É intencional, admito. Tudo isso pra vocês quererem ler o próximo capítulo o quanto antes. E como eu sou bem legal, não costumo demorar muito para postar o próximo. Então, comentem! Façam sua parte como bons leitores.



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