Quando Tudo Aconteceu escrita por Mi Freire


Capítulo 36
Capítulo XXXV


Notas iniciais do capítulo

Eu estou cheia de ideias. Queria poder escrever pelos próximos dias sem intervalos, para as ideias não evaporaram de uma hora pra outra. Mas como é impossível, eu vou tentar seguir assim mesmo. Espero que dê tudo certo. Leiam as notas final, é importante.



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A primeira coisa que eu fiz antes de mais nada foi abraça-la bem forte. Pois durante todo o dia em que me mantive afastado pra não estourar por tão pouco com ela – apesar da minha distancia não ter funcionado muito bem no final das contas – tudo que eu mais queria era estar com ela. Sentia sua falta a cada segundo, mas eu precisava de um tempo para absorver tudo aquilo. Não queria maltrata-la com a minha estupidez. Achei que o melhor era me afastar por algumas horinhas, mas pelo visto me enganei. Não foi melhor pra nenhum dos dois.

E aquilo estava me matando pouco a pouco. A vontade imensa de estar com ela, sentir seu cheirinho, seu toque, olhar em seus olhos, observar o seu rosto, ouvir sua voz só aumentava cada vez em que eu tentava fingir que não estava nem aí. O que por fim só me fez ter a certeza de que não sou mais nada sem ela.

― Me desculpe, Clarissa. Por favor. – segurava suas duas mãos, quando nos sentamos no sofá mais próximo. ― Eu agi de maneira errada com você hoje. Eu até pensei em esperar até amanhã pra gente conversar. Mas aí logo percebi que não iria conseguir dormir sem antes falar com você pessoalmente. Precisamos conversar.

― Sim, precisamos. – ela sorriu de lado, desviando o olhar. Era visível sua chateação com essa situação. ― Não foi por querer que eu trombei com o Diego hoje cedo no corredor do colégio. Foi sem querer, por acaso. Eu não consegui ser grossa, não consegui ignorar. Achei que ele merecia ser ouvido, merecia a minha simpatia. Você pode até estar certo, talvez ele não se arrependa mesmo. Mas naquele momento, enquanto ele se desculpava, eu olhava dentro dos olhos dele e via a verdade. Eu acreditei nele, eu consegui acreditar e o desculpei, porque meu coração dizia que eu deveria desculpar para seguir em frente...

― Olha, tudo bem Clarissa. Eu entendo. – ergui o queixo dela devagar. ― E é por isso e muito mais que eu sou louco por você! Nunca saberemos se ele está sendo verdadeiro ou não. Mas se você optou por acreditar nele, saiba que eu estou com você. Apesar de ainda não engolir aquele garoto pelo o que ele fez! Só não sei se vou ser capaz de suportar ver vocês dois juntos, agindo normalmente, como antes, dois velhos amigos que já foram namorados. Sei que é pedir demais e....

― Quer saber? Eu também nem cogitei a possiblidade de voltar a ser amiga dele. Claro que se ele quiser conversar de vez em quando, eu estarei à disposição. Mas não vou deixar que ele estrague o que existe entre nós. Então, por favor, não se preocupe. Somos apenas eu e você, não quero que haja nada que possa nos prejudicar.

Era exatamente algo assim que eu precisava ouvir para me acalmar, para tirar tantas paranoias da minha cabeça. Foi como se ela lesse meus pensamentos. Eu estava sensível, frágil, preocupado com o que a aproximação do Diego poderia fazer com nós. Tinha medo de perdê-la novamente pra ele, tinha medo que ele a tirasse de mim. Pois eu nunca estaria preparado para perde-la.

Eu a beijei com todas as minhas vontades, apertando o corpo dela o meu para sentir que seria sempre assim. Estaríamos juntinhos para o que der e vier e nada no mundo tiraria isso de nós.

― Eu amo você. Eu me preocupo com você. Eu quero cuidar de você. Proteger você. Viver com você. – disse, tocando seu rosto de leve enquanto ela olhava com ternura pra mim. ― Me desculpe pela maneira como eu te tratei hoje o dia inteirinho. Eu fui estupido! Não pensei em nada melhor e acabei sendo um idiota com você.

― Não tem problema, eu também agi muito mal. Fiz você entender tudo errado. E também, você sempre será meu idiota preferido. – ela brincou, fazendo-nos rir. Então, eu a abracei. Certo de que não a soltaria nunca mais se fosse possível. Mas não era.

― Eu vou embora. Está ficando tarde! Eu vou antes que seu pai desça lá de cima com uma espingarda. – foi a minha vez de brincar, arrancando o sorriso dela. Ah, como gostaria de poder admirar aquele sorriso tão precioso todo o tempo.

Clarissa me acompanhou até a porta, nos despedimos com outro beijo carinhoso e eu fui embora, voltando pra minha casa. Onde eu finalmente poderia dormir em paz e tranquilamente, sabendo que estava tudo resolvido entre nós. Nada de brigas por enquanto.

No dia seguinte no colégio as coisas estavam bem normais: tivemos todas as aulas, passei o intervalo inteirinho somente com a Clarissa, o professor de geografia passou um trabalho em grupo em sala de aula e por fim, na saída, a Clarissa me dispensou para leva-la até em casa pois preferiria ir pedalando. Aproveitei para passar na sorveteria no centro com o Miguel, senti que ele estava precisando conversar.

― Vamos lá, desembucha. – digo, ao sentar-me em uma mesa vazia. A sorveteria estava bem movimentada naquele horário, parece que todos os alunos do nosso colégio tiveram a mesma ideia que nós.

― Você nem vai acreditar. – ele abriu um largo sorriso, antes de dar a primeira colherada no seu sorvete de creme. ― Eu saí com a Brenda nesse final de semana. Foi uma loucura! Ela ficou bêbada e eu tive que ajudar, carregando-a até em casa. Achei que aquele seria um bom momento para fazer o que tinha vontade, não que eu quisesse me aproveitar de sua fragilidade, mas resolvi arriscar. Acredita mesmo completamente bêbada, quando eu fui beija-la... Ela recusou?

Comecei a rir na mesma hora, imaginando a cena.

― Cara, você é muito ruim! – tentei conter o riso.

― Ah fala sério, Bernardo. Você não pode dizer que não tentei, porque eu tentei mais de uma vez e todas as vezes ela recusou. – ele riu também, descontraído. ― Não são todos que nascem com esse par de olhos azuis tão claros quanto o céu como você e esse charme que você tem que faz qualquer garota babar.

― Não é isso. – revirei os olhos, tomando um pouco do meu sorvete. ― Acho que ela te considera... Especial. Porque se você não fosse, ela já teria te beijado e te dado um pé na bunda, partido pra outra, como ela sempre faz. Ela te respeita, sinal de que você não é como os outros. Então, tenha paciência. É uma questão de tempo.

Passamos o resto do tempo conversando, quando dei por mim já eram quase três da tarde e já estávamos tomando o quinto sorvete.

Chegando em casa liguei pra Clarissa, pra conversar, saber o que ela estava fazendo, se iriamos nos ver aquela noite, essas coisas. E sim, ela pediu que eu fosse até a casa dela lá para as sete da noite, para darmos uma voltinha por aí, pra qualquer lugar.

Estava tomando um copão de água quando meu pai chegou em casa. Ele se jogou no sofá e eu logo soube que ele dormiria em questão de segundos, parecia mesmo muito cansado. E quando minha mãe chegasse iria gritar com ele por não ter comido nada antes, nem ter tirado a roupa de trabalho ou tomado um banho.

Deixei minha mochila no quarto, quando desci de volta a sala de estar ele estava mesmo dormindo no sofá maior com a tevê ligada, todo desconjuntado. Saí pra dar uma corrida, sem nem avisar.

Ainda estava fazendo muito calor, mesmo com a chegada do inverno. A verdade é que na minha cidade, por ser interior, quase sempre faz esse calorzão. Mas ouvi dizer no jornal da televisão na noite passada de que os próximos dias vão mudar e que devemos estar preparados para um período mais friozinho.

Apesar de não ser muito fã do frio por já ser acostumado com o calor, eu estava ansioso para a chegada do friozinho, até porque queria aproveitar tudo, cada momento, agora com a Clarissa como minha namorada. Já dava até pra imaginar a gente de baixo das cobertas, no meu quarto, namorando pelo resto da tarde depois do colégio.

Corri por uma hora. Em casa tomei um banho gelado, vesti algo mais confortável, fiz as lições de casa e tirei o resto do tempo para ficar no computador, atualizando minhas redes sociais, conversando com os amigos no Chat e olhando para as fotos da Clarissa no Facebook.

Quando minha mãe chegou em casa quase seis e quinze da noite, do meu quarto, lá em cima, eu ouvi ela gritar com o meu pai que ainda dormia no sofá. Mesmo com a porta do quarto fechada eu ouvi quando ele subiu para o quarto resmungando para tomar um banho e vestir outra coisa. E ela logo atrás, dando-lhe ordens.

A vida de casados as vezes me parece tediosa, irritante, monótona e sem graça. Tudo me lembra rotina. Mas acho que tudo depende de você e do companheiro ou companheira que você escolheu para viver junto pelo resto da vida. Cabe a vocês dois fazerem disso algo legal e divertido ou ao contrário.

Não sei dizer – por ser novo demais ainda – se algum dia eu e a Clarissa teremos a chance de viver assim, como meus pais, tendo seus dias bons de casados e outros nem tanto. Certamente a minha vontade é de que sim, um dia isso possa acontecer conosco. E a ideia de não conseguirmos, talvez não seja possível, a vida nos reserva outros planos me assusta um pouquinho. Tento não ficar pensando nas possibilidades que não me agradam, prefiro imaginar, sonhar alto e acreditar que será possível sim. Enquanto penso nisso, pergunto-me como serão esses dias para nós. Se será ou não como eu imagino ou completamente o contrário disso. Bom, independentemente do aconteça no futuro, eu só quero que valha a pena seja como for.

― No que está pensando? Você está muito calado. – a voz da Clarissa me desperta. Ela está ao meu lado, seus dedos entrelaçados aos meus. Caminhamos pela calçada, rumo a pracinha no centro. É noite.

― Nada não. Bobagem! – disfarço, com um sorriso. Continuamos a andar. ― Como foi seu dia? Me conta tudo o que você fez.

Conversamos até chegar na praça, chegando lá nos dirigimos até um banco vazio mais afastado de um grupinho de adolescente em outro banco, aparentemente mais velhos que nós.

Eu não reconheci nenhum deles, nenhum deles eram meus amigos ou colegas. Mas sabia que eles moravam na cidade, pois poucas vezes vem gente de fora pra nossa cidade, já que ela é muito afastada de grandes civilizações. Estamos rodeados de grandes arvores e colinas, que mais lembram uma grande e assustadora floresta.

Um lugarzinho no meio do nada.

― Bernardo! Oi. – alguém grita, saindo de dentro do grupinho. Logo reconheço, é a Lorena, puxando o Rafael junto com ela enquanto se aproxima de mim e da Clarissa no nosso banco. ― Oi, Clarissa.

Clarissa dá um sorrisinho para a Lorena.

Lorena com o Rafael ao lado está impecavelmente bonita, usando uma calça legging preta de couro, uma blusa branca mais solta deixando o ombro direito a mostra e parte da barriga, tênis Nike e os cabelos presos em um coque mal feito e maquiagem forte.

Pela minha dedução, ela acaba de sair de um de seus ensaios e o grupinho ao lado é o grupo de dança dela.

― Até que vocês formam um bonito casal. – Lorena comenta, olhando pra mim depois pra Clarissa.

― Hum, obrigado. – digo meio sem graça. O Rafael até agora não falou nem comigo, nem com a Clarissa. Não que eu me importo, afinal, ele é mesmo muito mal educado. ― E a Liz, está bem?

― Ah sim. Está ótima! Cada vez mais esperta. Ela aprende algo novo todos os dias. Ficou em casa com a minha mãe, eu estava dançando. Por falar nisso, tem algo importante que a gente precisa resolver. – eu olhei bem pra ela, esperando que continuasse.

Rafael ao seu lado parecia realmente incomodando, por ser praticamente obrigada a fazer parte daquilo.

Ele olhava para os lados, como se quisesse sumir dali.

― Eu e a mamãe estivemos conversando e pensei que o melhor seria colocar a Liz em uma creche, o que você acha? Ela já está grandinha o suficiente e, bom, ela precisa se relacionar com outras crianças o quanto antes, para o bem dela.

― Eu acho uma boa. Podemos conversar melhor sobre isso depois? Com mais tempo? – ela assente, sorridente.

― Tudo bem. Er... Vocês não querem sem juntar a nós? – ela aponta os olhos na direção do grupo. ― Estamos pensando em pedir algo pra comer e beber... Jogar conversa fora, dar risada.

― Melhor não. A gente ta bem aqui, não é amor? – eu olho para a Clarissa, e ela assente olhando de volta pra mim com um meio sorriso.

― Então tá. Qualquer coisa é só chamar. Estou logo ali, do lado. – Lorena inclina-se para dar um beijinho no meu rosto e um no rosto da Clarissa. Até que ela está sendo bem simpática essa noite. ― Aproveitem a noite. E juízo!

Lorena arrasta o Rafael de volta para o grupinho dela.

Agora sim, eu e a Clarissa finalmente poderíamos namorar em paz. Se não fosse pelo incomodo que eu percebi ao longo dos minutos que ficamos juntos a sós, pois algumas vezes eu olhava para o lado e via a Lorena mesmo agarrada ao namorando olhando pra gente, como se tivesse inspecionando alguma coisa. Se não era ela, era o Rafael. Me perguntei se havia alguma coisa de errado comigo e com a Clarissa.

― É, eu sei. Eu também percebi. – a Clarissa soltou-se de mim, sorrindo. ― Acho que ela ainda gosta muito de você. E o Rafael, bom, definitivamente ele te odeia.

Eu ri.

― Que seja. – digo, indiferente. Levanto-me, pegando sua mão, olhando pra ela. ― Vamos? Está ficando tarde. E bom, a noite não aconteceu exatamente como esperávamos.

Levei a Clarissa pra casa.

Nos próximos dias o tempo realmente ficou mais friozinho, principalmente de manhãzinha e ao anoitecer. Antes de sair de casa para ir para o colégio eu vestia um casaco não muito grosso, mas tirava ao entrar na sala de aula e voltava a colocar na saída.

Alguns dias foram piores que os outros, fazendo-me usar meus moletons que há um bom tempo ficaram trancados no guarda-roupa. Até comprei um cachecol e uma touca. Aproveitando para comprar um cachecol também para a Clarissa, um azul Royal.

Ela o usava todos os dias, e eu não conseguia imaginar ninguém melhor que ela naquele cachecol que combinava perfeitamente com a sua pele macia e pálida.

Sentia-me como se fosse possível ama-la cada vez mais.

O primeiro mês de namoro passou voando, quando dei por mim eu tinha que pensar em alguma coisa para comemorarmos juntos.

Escrevi uma carta romântica, uma das minhas maiores especialidades. Principalmente, porque tudo parece mais fácil agora que eu tenho absoluta certeza dos meus sentimentos por ela. Sabia também que ela é louca por chocolate amargo, então comprei uma cesta de chocolate pra ela que vinha com um ursinho.

Sim, é complemente clichê. Mas o amor é assim, nos deixa mais sensível. O melhor foi que ela adorou tudo, não esperava por tanto. E se desculpou por não poder me dar nada, mas que logo me recompensaria.

Eu disse a ela que não se preocupasse, pois o seu amor já me bastava. Mesmo assim ela insistiu e eu não discuti mais.

Dividimos a cesta de chocolate em uma tarde fria no meu quarto, de baixo da coberta ouvindo nossas músicas preferidas. Clarissa garantiu que desde que ganhara o ursinho, dormia com ele todas as noites e sempre que lia a carta – que não era a primeira – ficava emocionada, porque eu era muito bom com as palavras.

― Eu trouxe isso pra você, pra compensar. – ela entregou-me um embrulho, três dias depois. ― Abra, pode abrir.

Abri com cuidado, deixando o embrulho azul de lado.

Era um porta-retratos. Com a nossa primeira foto juntos.

― Tem também um bilhetinho. Mas por favor, não leia agora. Eu vou morrer de vergonha. – ela riu, aninhando-se a mim sobre a cama.

― Obrigado. Eu adorei a surpresinha. – disse beijando sua cabeça. Deixei o porta-retratos ao lado, sobre o criado mudo. Eu realmente gostei do presente, assim poderia olhar para nós todas as noites antes de dormir e todas as manhãs depois de acordar.

Como se já não olhasse pra foto dela no visor do meu celular. Ou como se eu não olhasse pra foto dela na tela do meu Notebook.

Era uma sexta-feira à noite, e tínhamos acabado de devorar uma pizza que meus pais pediram. Agora estávamos aconchegados no meu quarto-porão que é bem mais quentinho que outro, enquanto uma garoa fina caia do lado de fora, tomando chocolate-quente.

Virei a cabeça de lado para poder beija-la, Clarissa retribuiu o beijo passando a mão carinhosamente na parte de trás da minha cabeça.

― Que sorte a minha – sussurrei, com a boca ainda próxima a dela. ― no meio de tanta gente eu encontrei você.

Voltamos a nos beijar, agora mais intensamente.

Puxei-a para cima de mim, afastando o cobertor. E enfiei minha mão dentro da sua roupa, sentindo a pele quente das costas. Clarissa acariciava meus rosto enquanto mordia meus lábios. E eu a puxava cada vez mais para mim, querendo senti-la por inteiro.

Sim, a porta do quarto estava fechada.

― Eu preciso de você. – fechei meus olhos, ao ouvir sua voz doce e suave no meu ouvido. ― Não importa como.

Tentei me livrar rapidamente do moletom dela, abrindo o zíper. Lá fora estava tão frio e de repente ali dentro ficara tão quente, como se estivéssemos dentro de um forno. Também tirei a minha camiseta. Só o simples ato de beija-la, deixava-me excitado e ao mesmo tempo nervoso. Eu a queria. Queria muito, de todas as formas. E não sabia nem por onde começar.

Tirei a blusa dela, ainda a beijando, observando suas curvas esbeltas. Como ela não protestou, pensei que não havia problema em continuar. Há tanto tempo eu não fazia aquilo. A última vez foi com a Lorena e de repente me senti tão sem pratica. Peguei a coxa dela e apertei, Clarissa gemeu baixinho, rindo timidamente pelo nariz depois.

Dois desajeitados.

Senti um leve tremor quando ela passou a ponta dos dedos na minha barriga, subindo até o meu peito. Continuei a beija-la com mais vontade, para incentiva-la. Houve um momento em que ela deitou-se ao meu lado, dessa vez me puxando pra cima dela.

Beijava cada centímetro do seu corpo.

Parei tudo que estávamos fazendo para olhar pra ela em meio a pouca iluminação do meu quarto. Ouvi meus pais lá em cima, comentando alguma coisa em frente a televisão. Olhei dentro dos olhos da Clarissa e vi ternura em seu olhar, certa admiração e contentamento. Sorri pra ela e ela sorriu pra mim. Nunca vi algo tão bonito, algo que só existia entre nós, quando estávamos juntos.

― Eu te amo.

Voltamos a nos beijar, agora com mais doçura, mais devagar. E quando eu ia com a mão no fecho do sutiã dela para facilitar as coisas, a Clarissa suspirou forte e travou, dando-me sinais de que ela não queria avançar tanto assim. Talvez não estivesse preparada.

― Eu preciso ir embora. – ela se livrou de mim, sentando-se na cama, desesperada para calçar o All Star.

― Ei. Não. – segurei-a pelo braço, virando-a pra mim. ― Espera. O que foi? Não precisa ir agora, ainda é cedo.

Sentei-me ao lado dela.

― Não, não é. Já são quase onze horas! Eu preciso ir, você sabe que sim. – ela não me olhava, estava vermelha. Devia estar envergonhada pelo o que aconteceu segundos atrás.

― Você não está preparada... É isso? Porque se não estiver pode ser franca comigo. Somos namorados, somos amigos. Você não só deve, como precisa confiar em mim pra qualquer coisa. Vamos conversar, não vai embora assim. – toquei seu rosto. ― Olha pra mim, Clarissa.

Ela suspirou antes de olhar.

― É cedo demais pra mim, entende? Eu quero muito, quero mesmo. Mas quando senti que estávamos prestes a chegar.... Quase lá, eu senti um bloqueio, senti que não iria conseguir continuar e seguir a diante. Por favor, me entenda. Eu não...

― Ei. – puxei-a para um abraço. Ela estava com a voz embargada e aquela típica carinha de choro. ― Tudo bem. Sem problemas. Não precisamos disso. Se você não estar pronta, eu também não.

Beijei sua testa, e depois passei na mão na sua bochecha fria.

― Eu te levo até em casa, só preciso encontrar meu chinelo. – disse enquanto colocava minha camiseta de volta.

Eu também me sentia meio desorientado.

O caminho todo até sua casa ela permaneceu calada, e aquilo me incomodava um pouquinho. Mas sabia que ela precisava de um tempo para espairecer. Não dei uma de insistente e respeitei seu silencio.

― Tem certeza de que está tudo bem? – perguntei, antes dela entrar. Se tem uma coisa que eu não suporto é deixar pra resolver as coisas no outro dia, porque as veze eu nem consigo dormir para esperar.

― Tenho amor, tá tudo bem. Só preciso descansar. – ela sorriu timidamente, beijando o canto da minha boca. ― Obrigada, por tudo.

De volta ao meu quarto, suspirei fundo sentando na minha cama, achando aquilo tudo muito vazio e sem graça agora sem a Clarissa.

Então lembrei-me de algo: o bilhetinho dela.

Aproveitei para ler.

“Você é como um sonho bom, daqueles de quando eu acordo faço de tudo para voltar a sonhar. Você é como o pedaço do meu chocolate preferido, que quando acaba da vontade de comer mais e mais. Você parece aquela música, que quanto mais eu ouço mais eu me apaixono. Você é como aquela estrela que brilha mais no céu, cada vez que eu a vejo, acho que ela está sempre mais brilhante, mais bonita, mais admirável. Você é como um sorriso bonito, daqueles que dá vontade de olhar incansavelmente. Você é assim pra mim, meu início, meio e fim.”


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Notas finais do capítulo

Pessoal, é o seguinte: eu estou pensando em escrever até o capítulo quarenta (não é certeza). Na verdade, é assim, antes de postar essa historias eu tinhas planos pra ela. Eu ia fazer uma segunda temporada separada. Mas aí eu vi que ia dá mais trabalho, então vai funcionar do mesmo jeito, vai ter uma segunda temporada, só que eu vou postar aqui mesmo, mas como se fosse Parte II. Deu pra entender? (espero que sim, sou meio confusa). O que significa que a primeira parte vai até o capítulo quarenta mais ou menos e a segunda parte em seguida com algumas mudanças que só vou revelar mais pra frente. Basicamente a história vai ter muitos capítulos por ter Parte I e Parte II. Tudo bem? Eu só quero saber se isso vai ser bom ou não pra vocês. Então, deem suas opiniões.



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