O nome no espelho escrita por Gui Montfort


Capítulo 2
Capítulo 2 - Laços de família - pós morte.


Notas iniciais do capítulo

Conrad entra na mansão e descobre novas informações sobre seu novo caso. Estaria ele mais próximo das respostas?



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Seu coração palpitava forte, como o de costume em situações semelhantes a esta. Ele havia deixado sua mochila na sala, junto ao sofá. Seus utensílios estavam lá, não todos, mas os principais. Conrad parou no centro da sala para ter uma visão geral do cômodo. Um belo sofá em forma de “L” de couro legitimo. Uma enorme estante de mogno puro, ela estava repleta de fotografias, jarros e tinha uma bela urna. Urna!? O que essa urna faz aqui? – a mente de Conrad acendera o sinal de alerta diante daquele fato. Os restos mortais de alguém estavam depositados naquela velha urna de bronze. Conrad olhou para a parede que ficava na posição oposta à estante e viu uma seqüência de lindos quadros, no centro da parede estava uma linda e imponente pintura a óleo, uma espécie de retrato de família. Perla não estava nela, nem sua mãe. Devem ser os pais de seu avô e ele. – Deduziu pela data assinalada no canto inferior direito do quadro. Conrad não tinha muito tempo, pegou a mochila que estava encostada junto ao sofá e a abriu. Tirou dela uma máquina digital, fotografou os principais pontos da sala e guardou novamente a máquina.

– É melhor não fechar o zíper. – Falou pra si mesmo.

Continuou a averiguação cômodo a cômodo. Não encontrou nada que indicasse a presença de um espírito ali. A temperatura não sofreu nenhuma alteração drástica em nenhum lugar da casa. Conrad não conseguia entender o significado daquilo. Terminou sua ronda em menos de uma hora. Voltou ao jardim com um ar de desapontamento. Perla estava roendo as unhas e tirando o esmalte turmalina de cada uma delas quando viu Conrad se aproximar.

– Devo confessar que essa mochila estraga sua jaqueta. – Sorriu para ele sem reservas.

– E suas unhas ficam mais bonitas sem esse esmalte. – Tentou sorrir para Perla, porém o desânimo era evidente. – Perla...você tem razão...

– ...Tenho? – Ela não fazia a menor idéia do que Alexis Conrad queria dizer com aquilo.

O investigador se sentou ao lado de Perla, com uma respiração lenta e cansada.

– Tem. É muito estranho tudo isso. Não há nenhum sinal da presença de espíritos na sua casa. Temo não poder fazer nada para te ajudar. – Olhou para o chamariz em busca de um refrigério. – Me desculpe.

– Conrad, minha mãe o chamou. – Repousou sua mão sobre o ombro esquerdo do investigador. – Ela não fez isso por acaso. Ela deveria o conhecer. Não sei como, mas só isso explica o chamado dela. Tem certeza que não encontrou nada? – Sua voz soava mais altiva que o de praxe.

– Não, não encontrei...espere um pouco... – tirou mais uma vez a máquina digitou da mochila e a ligou. – De quem é essa urna? – Entregou a máquina para Perla.

– De meu avô. Ele foi cremado e suas cinzas ficaram guardadas ai por um tempo. Depois a jogamos no jardim.

– Depois? Por que depois de um tempo?

– Quando minha mãe resolveu vender a casa ela achou melhor deixá-lo repousando no lugar que mais amava. - Disse enquanto olhava as fotos da sala. – Que estranho... – Disse intrigada.

– O que é estranho? – Além de todo o resto, claro. – pensou em dizer isso, todavia se controlou.

– Esses quadros sempre que ficavam assim, tortos na parede, horas depois estavam organizados. Minha mãe, quando viva, tinha uma espécie de TOC. Ela odiava ver os quadros desalinhados. E desde que decidiu vender a casa parece que programaram as correntes de vento para essa parede.

– Por que diz isso? – Conrad estava com os olhos voltados para Perla. Algo lhe dizia que a luz surgiria em breve, justamente quando a noite caia.

– Porque desde então esses quadros passaram a sofrer influencia do vento e ficavam assim, como agora...tortos... no mesmo dia em que vi seu nome escrito no espelho, esse quadro aqui...o maior – apontou para o retrato de família – estava no chão. O que achei mais estranho nisso tudo, vendo essas fotos é que...

– ... Os quadros não foram reorganizados. – Completou Conrad. Perla aquiesceu meneando a cabeça. – Acho que já sei o que está acontecendo aqui. Como era a relação de seu avô com sua mãe?

– Que eu me lembre era um pouco tumultuada, ele era muito arcaico sabe? Preto no branco. Essa casa valia mais que minha mãe para ele. Pelo menos parecia valer. – Perla não se sentiu bem em dizer aquilo, as palavras saíram por instinto.

– Perla, não é nenhuma corrente de vento que desorganiza os quadros. Sua mãe não é o único espírito aqui. Se olharmos com atenção tudo tem a ver com a venda da casa. E pelo que percebi as coisas estranhas, por mínimas que fossem, começaram a aparecer pouco depois que sua mãe resolveu vender a casa. – Sorriu. – Seu avô passou a perturbar sua mãe, o que deve tê-la levado a procurar informações sobre como se livrar de espíritos e fantasmas, chegando até meu blog. Por isso ela escreveu meu nome no espelho. Ou melhor, o espírito dela. – Respirou mais aliviado e se levantou do banco. – A morte dela foi causada pela queda no banheiro, não foi?

– Sim, ela bateu a cabeça no sanitário. Só não sabemos como ela escorregou se o piso estava seco.

– Ela levou um susto. Imagino que seu avô tenha ficado visível para ela. Ele é o que chamamos de espírito avarento. Que fica preso a esse mundo por amor a um bem material. Isso explica a pressa de sua mãe em vender a casa. E também explica os frios que sentia quando ia dormir...

– Não entendi, como assim? – Perla estava confusa.

– Sua mãe ficava ao seu lado quando você se deitava. Uma forma de te proteger de seu avô. Montava guarda, entende? – Perla disse que sim com um aceno. – Agora só uma coisa não faz sentido. Por que os quadros estão desordenados? E por qual motivo não identifiquei a presença de nenhum deles na casa? A não ser que...

– A não ser o quê, Conrad? – Perguntou angustiada. – A não ser o quê?


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Notas finais do capítulo

O que será que Conrad está pensando?
Comente ai se gostou :)



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