O nome no espelho escrita por Gui Montfort
Notas iniciais do capítulo
Então? O que espera por Conrad nesta mansão? Vamos juntos descobrir.
Conrad estava atento às explicações de Perla. Seus olhos demonstravam que ela não dormia direito a algumas noites. Os longos cabelos ruivos indicavam que a escova e o pente não estavam tão íntimos daquela jovem senhora. Perla contatara Conrad na noite anterior, de imediato o investigador aceitou o convite para aquele serviço que era muito peculiar. Tão peculiar que Alexis Conrad dirigiu a noite toda a fim de iniciar suas investigações o mais rápido possível. Graças a isso os olhos de Conrad também não eram naquele momento nenhum esplendor de beleza. O chá de camomila que bebiam enquanto conversavam não foi uma escolha inteligente, dada as condições dos dois. Conrad bebericava o chá - doce demais - e tomava nota dos relatos de Perla.
– A senhora tem certeza que não havia mais ninguém na casa que pudesse ter escrito meu nome no espelho do banheiro? - Fitou Perla enquanto esperava pela resposta. Teve tempo de observar que a mulher possuía bastante elegância, mesmo cansada e assustada com os últimos acontecimentos em sua casa.
– Tenho certeza sim. Eu estava no banho e o box do banheiro é de vidro, um vidro fosco, mas nada que impeça a visão por completo. - Levou a xícara mais uma vez à boca. - E por favor, não me chame de senhora, me sinto mais a velha. – Uma preocupação válida. Perla tinha 27 anos, mas seu semblante neste momento a deixava mais velha. Conrad ponderou o argumento de Perla.
– Compreendo. Sua mãe faleceu no ultimo mês, segundo você me disse. A relação de vocês, como era?
– Muito forte. – O olhar de Perla estava fixo em seu chá. – Eu não tinha amiga que chegasse aos pés da amiga minha mãe era pra mim. – Um sorriso frio surgiu. – Esse chá que tomamos agora, nós duas fazíamos isso quase todos os dias. Era o pretexto para sabermos as aventuras que estávamos vivendo. E... e agora ela não está mais aqui.
– Não temos certeza disso. – A voz fria de Conrad era desprovida de emoções. – Quem mais poderia ter escrito meu nome? Até onde sei, sua mãe foi a única pessoa que morreu nesta casa. O que é estranho é o chamado dela.
Perla suspirou e se recompôs. Ajeitou-se no sofá e neutralizou as emoções expressas em sua face.
– Conrad, você me desculpe. Pra mim é tudo muito estranho. Essa conversa de espírito, mortos que ainda vivem, tudo isso é muito esquisitice. Parece que estou num desses contos piegas que lemos na internet ou roteiro de cinema.
– Verdade. E ainda assim você me chamou. – O tom era de desafio. – Perla, isso me leva a crer que não foi graças a meu nome surgir escrito no espelho de seu banheiro que a fez me ligar. Tem algo mais. Tem peças soltas e pretendo encaixá-las. – Conrad virou mais uma folha de sua caderneta. – Conte-me, o que tem acontecido de estranho nesta casa?
– Percebo que você era a pessoa certa, por isso seu nome estava escrito naquele espelho. Pois bem, contarei tudo. Vamos ao jardim? Preciso tomar um ar. – Alexis Conrad concordou com a idéia proposta por Perla. Ambos caminharam com passos lentos até o jardim. A mansão era muito bonita. Muito valiosa – pensou enquanto via o imenso jardim. Sentaram em um banco de ferro próximo ao chafariz.
– Desde que minha mãe morreu algumas coisas estranhas tem ocorrido em minha casa. Ouço alguns gemidos em diferentes horas do dia e da noite. Tem dias que os quadros estão no chão. E algumas vezes sinto um frio muito grande quando vou deitar. – O vento balançava levemente os ruivos cabelos de Perla. Essas coisas não aconteciam antes. Antes de...
– ... De sua mãe partir. Vocês vivem nessa casa desde quando?
– Quando meu avô morreu ele nos deixou essa casa em seu testamento. Ela é muito grande, a manutenção é cara então resolvemos vendê-la. – Conrad pensou em perguntar o preço, não que isso fosse relevante, mas viu que não era hora de satisfazer curiosidades banais.
– E quando seu avô morreu, houve algum tipo de manifestação estranha? Como as de agora?
– Não. Nada. Minha mãe pouco antes de morrer havia até oferecido a casa por um preço bem menor que o seu valor real. Queria logo se livrar desse peso, estava nervosa.
– Peso? – Indagou Conrad.
– Sim, para meu avô era um tesouro e para minha mãe um peso.
– E para você?
– Um sepulcro caiado. Apenas isso. Pretendo vendê-las o quanto antes. Não quero que essa história se espalhe. – Claro que não, uma mansão mal assombrada não é uma boa fama para os negócios. Falou para si mesmo o investigador.– O que o você acha de tudo isso?
– Vou averiguar cada cômodo da casa a partir de agora. A tarde já está indo embora, é melhor você ficar aqui no jardim. Demorarei cerca de uma hora - Perla não viu problemas na sugestão de Conrad e ficou por ali, conversando com as flores enquanto o investigador entrava mais uma vez na casa. Agora, sozinho. Ou não? Quem realmente me espera nestes cômodos vazios? – pensou consigo mesmo enquanto subia abria a porta da casa de Perla.
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