Sinal escrita por Universo das Garotas


Capítulo 19
19º Capítulo




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19º Capítulo – Fred


Eu devo estar perdendo todo meu juízo. Não consigo me afastar da advogada quando deveria, pelo bem dela e do meu. Eu não sei se é o fato de ser proibida ou perigosa a nossa relação, mas eu simplesmente a desejo cada dia mais. Agora mesmo estive com ela no Hospital e vi Beatriz em uma situação lamentável de uma concussão. Isso por causa de um vaso de planta. O mais incrível é quem ficou completamente vulnerável fui eu. A sua imagem despertou em mim sentimentos que eu desconhecia.


Quando sua mãe me ligou, pedindo ajuda porque tinha nos braços uma Beatriz que sangrava e ainda estava desmaiada, perdi a cabeça. Saí de casa colocando apenas calça jeans e uma camiseta. Por pouco chegava ao Hospital sem sapatos. Não importava. A única coisa importante na minha cabeça naquele momento era chegar em Beatriz.


Precisava me preparar para a minha viagem, marcada para próxima semana. Só de imaginar os assuntos pendentes com a empresa alemã LhermanJess minha barriga dava voltas. Geralmente eu tinha estômago para quase todo o tipo de negócios mas esse estava longe de ser algo minimamente aceitável, do ponto de vista moral. Ainda assim, rendia bons frutos para as partes. E era parte do esquema necessário que alimentava minhas empresas.


No entanto, precisava acertar todas as pendências dos negócios antes de viajar. Havia diversas demissões no ar para serem efetivadas, contratações de terceirizados para os nossos serviços das obras de expansão e ainda os vários processos, incluídos os de Beatriz que estavam sendo tocados pelo amigo advogado. Agora compreendi que aquele sujeito que me encarava no dia que aguardei Beatriz na recepção do escritório era o mesmo que eu atendi quando ligou para Beatriz, o dia em que o pai morreu. O que agiu de maneira excessivamente intrometida. Ele acompanhava os processos de Beatriz durante seu afastamento de maneira implacável. Tornou os dias do Sr. Antônio no mínimo infernais. Todos os dias ele me ligava desesperado e eu tive que contratar mais dois escritórios de advocacia para atender a demanda de intensas movimentações processuais.


Hoje eu tinha uma reunião com um dos maiores escritórios especializados em defesas trabalhistas. Estava aguardando o horário da reunião quando minha Secretária Ângela avisou me da chegada de dois representantes.


Entraram formalmente na minha sala, trajando belos ternos italianos, embora apenas um deles o vestia com elegância. O outro era tão largo que o terno parecia apenas embrulha-lo guando deveria vesti-lo. O mais novo no entanto, era esbelto e aproximou-se de mim, estendendo a mão para um cumprimento formal:


– Boa Tarde, Sr. Frederico Costa. Sou o Sr. Gustavo Moura e este é Dr. Serafim Neto de Alcântara. É um prazer conhece-lo – falou em uma voz que não denotava prazer nenhum.


– Certamente o Senhor tem muitos afazeres então vamos diretamente ao ponto – eu disse cortando qualquer tipo de amenidades. O mais velho pareceu sorrir com meu comentário e disfarçou ajeitando o bigode. O sujeito era estranhamente astuto mesmo naquele aparência corpulenta.


– Acredito que o Dr. Antônio já tenha adiantado as informações processuais das ações contra a minha empresa e gostaria de ouvir as atitudes jurídicas que pretendem tomar.


– Sim, já conhecemos os processos da Global Time mas não precisamos informar os procedimentos que meu escritório costuma tomar nesses casos, apenas precisamos saber exatamente qual é o objetivo da empresa. Certamente, o Sr. Frederico poderia nos dizer as diretrizes da empresa no tocante aos trabalhadores demitidos – disse novamente o mais novo com aquela voz irritante, de quem apenas circula em torno do assunto sem ir direto ao ponto.


– A Global Time demite trabalhadores quando não há obras e serviços a serem realizados na mesma proporção. É uma regra de matemática simples, Sr. Gustavo. O que quero saber é o que pretendem fazer e quando, a respeito das ações judiciais pendentes. Posso te esclarecer que o objetivo de qualquer empresa, Doutor, é o lucro – eu disse sem nenhum pingo de empatia na voz demonstrando que eu não estava disposto a falar bobagens.


– Senhor Frederico temos certeza disso. Na verdade, sabemos da realidade da sua empresa. Apresenta balanços extremamente positivos que não condiz com a quantidade de rescisões trabalhistas não pagas. E entendemos o porquê de empresas agirem assim. A questão é: o porquê da sua empresa fazer isso? - e vendo que eu responderia com uma série de impropérios, acrescentou - e o mais importante, Sr. Frederico se me permite concluir, o que você quer que aconteça nesses processos?
– O que eu quero? - eu disse desafiadoramente - bem eu gostaria que eles terminassem definitivamente sem que seja necessário gastar mais que o mínimo em nenhum deles.

– Sendo assim, temos uma proposta – falou o mais velho que se manteve em silêncio durante toda a conversa – mas para isso iremos primeiramente discutir o preço mínimo que isso lhe custará – disse sorrindo abertamente e mostrando todos os dentes implantados de sua boca.


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