O Segredo dos Códigos escrita por Luna Sapphire Calhoun


Capítulo 6
Sugar Crash




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Assim que elas saíram um alarme começou a tocar. Ninguém parecia ter vindo, mas Cristal acelerou ainda mais.

"Vai mais devagar!" Pediu Pérola.

"Só preste atenção na estrada, White!" Gritou Cristal, pela primeira vez chamando a irmã pelo apelido que elas não usavam à anos. "Me avise quando vir a entrada."

"Vire a direita!" Pérola gritou na mesma hora.

Cristal jogou o carro para a direita com toda a força.

"Vai nos matar!" Pérola gritou assustada.

"Relaxa. Tenho tudo sob controle!" Cristal gritou de volta, enquanto cruzavam a entrada para o novo jogo.

Ela diminuiu um pouco a velocidade para dar uma olhada na paisagem, parecia diferente do que mostrava nas fotos. A floresta de pirulitos que ladeava a estrada parecia formar um imenso arco-íris.

Era muito bonito. Pérola pensou consigo mesma. Ela mal tinha chegado e já estava adorando aquele lugar. Talvez fosse verdade, talvez estivesse em seu sangue. E aquele vento no rosto... A sensação de liberdade... Uma liberdade que ela não tinha antes. A emoção da fuga alimentava seu lado rebelde.

"Posso dirigir?" Ela perguntou a Cristal.

"Talvez na volta."

"Sabe a onde estamos indo?"

"Não."

"Então...?"

"Vamos continuar seguindo a estrada até chegarmos em algum lugar."

Pérola suspirou e jogou a cabeça para trás. Foi quando ela viu...

"Cris! Policiais, seguindo a gente!" Ela gritou.

Cristal olhou para trás também e assim que viu que a irmã estava certa acelerou o máximo que pode.

"Continuam nos seguindo!" Pérola avisou depois de algum tempo.

"Vamos despistá-los!" Cristal jogou o carro para o meio das árvores.

"Ficou maluca! Vamos bater!" Gritou Pérola.

Mas Cristal continuou, mais para o meio da floresta, ainda perseguida pelos policiais.

"Não se preocupe, acho que dou conta."

Ela correu por mais alguns metros até finalmente perder sinal de seus perseguidores.

"Acho que estamos salvas." Cristal murmurou aliviada.

"Para o carro!" Pérola gritou.

"Por que?" Cristal perguntou

Mas Pérola não precisou responder. A estrada terminava logo à frente. Ela pisou fundo no breque, mas já era tarde de mais. Pérola saltou do carro, mas Cristal estava presa.

Pérola assistiu horrorizada o carro caindo da borda para quem-sabe-onde. Estava dolorida mas forçou-se a levantar e correr para a borda.

"Cris!" Ela chamou, mas não recebeu resposta. O carro estava de cabeça para baixo, preso em uma árvore na floresta logo à baixo.

Pérola se dependurou na borda, tentando descer. Com dificuldade ela encontrou uma pedra dura de chocolate onde se apoiar e começou a descer. Ela murmurava uma canção para a fastar o medo. Medo de cair. Medo dos policiais a encontrarem. Medo da irmã não ter sobrevivido...

Esse último pensamento fez com que ela apressasse a descida. Depois do que acontecera em seu jogo, a irmã era a única pessoa que tinha lhe restado, não poda perdê-la também.

Pérola finalmente alcançou altura suficiente para saltar dali para as árvores. Com certa habilidade ela conseguiu chegar até o carro.

"Cris!" Ela chamou.

Nenhuma resposta, mas depois de alguns segundos ela ouviu um resmungo baixo, finalmente conseguiu localizar a irmã, ainda presa debaixo do carro.

"Cris, você está bem?" Ela perguntou.

"Ainda estou viva." Cristal resmungou. "Mas minha perna doi muito, acho que está quebrada."

"Aguenta aí!" Pérola saltou para onde o kart estava e tentou tirá-lo de cima da irmã, sem muito sucesso.

"Para White, ou vai me machucar ainda mais!" Cristal protestou. "Precisamos de um plano."

"Talvez vocês precisem é de uma mãozinha." A voz de uma terceira garota chegou até elas.

Ambas olharam para cima. Pendurada de cabeça para baixo, em um dos poucos galhos inteiros mais a cima, estava uma garotinha loira, de olhos azuis. Ela parecia ter entre nove e doze anos, usava uma blusa verde-limão com capuz, uma saia transparente, por cima de um short azul, meias listradas de verde e branco e botas cor de chocolate. Seu cabelo era longo, preso em um rabo-de-cavalo por um laço de alcaçuz preto, com duas presilhas na forma de borboletas de algodão-doce e coberto de açúcar.

"Bem, ajuda seria bom." Cristal concordou.

"Ei, Nilt!" A menina gritou, voltando a ficar do lado certo. "Preciso de ajuda aqui!"

Nilt logo apareceu. Era uma menino, aparentemente da mesma idade de sua amiga. Seus cabelos eram da cor dos de Pérola, mas bagunçados como os de Cristal e coberto de doces variados e seus olhos eram azul-safira, como os de sua amiga. Ele usava uma jaqueta azul por cima de uma camiseta roxa com dois pirulitos cruzados, calças verde-água, botas pretas e luvas brancas.

"Como vocês vieram parar aqui em cima com esse kart?" Ele perguntou, enquanto tentava ajudar as meninas a mover o veículo.

"Onde foi que arrumaram o kart?" A loira perguntou desconfiada. "Não são daqui à final, não é?"

"Não." Cristal respondeu. "Não exatamente, pelo menos."

"Dá pra explicar?" O menino perguntou.

"Não falamos com estranhos." Protestou Pérola.

"Oh, claro, que indelicadeza a nossa. Não nos apresentamos. Me chamam de Skola Sodamint, mas meu nome é Lexa. E esse é o meu primo, Vanillton. Vocês são..."

"Ela é a Pérola e eu sou a Cristal. Muito prazer."

"O prazer é nosso!" Respondeu Vanillton. "Então, vocês são de onde?"

"Caçadores de Dragões." Respondeu Pérola.

"Fugiram do seu jogo!" Os dois primos exclamaram juntos.

"Não tivemos escolha." Cristal explicou. "Vírus."

"E a polícia?" Perguntou Lexa.

"Nos perseguiu, foi por isso que caímos do precipício aqui. Fiquei presa no carro durante a queda."

"E de onde veio o carro?" Lexa perguntou novamente.

"Estava na nossa garagem." Falou Pérola.

"Era do nosso pai." Cristal explicou.

"E porque seu pai teria um carro do Sugar Rush fora daqui?" A menina insistiu.

Mas as gêmeas não responderam. Pérola finalmente conseguiu puxar a irmã de debaixo do carro, Cristal gritou por causa da perna machucada.

"Você está bem?" Os dois pequenos perguntaram preocupados.

"Acho que quebrei a perna. Não consigo mover e está doendo muito."

"Bem, acredito que nisso vocês não possam ajudar." Comentou Pérola.

"Na verdade, acho que posso." Respondeu Lexa.

Ela tirou o anel de Cristal, com dois toques na pedra, uma tela de código se abriu.

As gêmeas olhavam a loira trabalhando sem poder acreditar. Então seus códigos estavam escondidos nos anéis todo aquele tempo?

A verdade, é que nenhuma delas sabia de onde as joias tinham vindo, elas sempre as tiveram, desde que podiam se lembrar. Os anéis eram de platina, com pedras correspondentes a seus nomes.

Vanillton também parecia impressionado com o trabalho da amiga, mas por algum motivo parecia também um pouco nervoso com alguma coisa.

Lexa parecia bem experiente no que estava fazendo. Em questão de um minuto ela devolveu o anel à Cristal, que agora se sentia bem melhor, embora ainda precisasse da ajuda da irmã para ficar em pé.

"O que você fez?" Ela perguntou surpresa.

"fiz o melhor que pude pra consertar a parte danificada em seu código." Respondeu Lexa, orgulhosa. "Acho que dá peloçenos pra te levar para um lugar seguro."

"Só nos resta um problema." Vanillton acrescentou. "Como vamos descer esse kart de cima da árvore?"

"Derrubando." Lexa respondeu.

"Nem pensar! Não vão destruir nosso kart!" Protestou Pérola.

"Podemos deixá-lo novo em folha depois." A loira garantiu. "Eu sei tudo sobre karts. O problema é como vamos descer sua irmã daqui."

"Eu cuido disso, você cuidam do kart. Só tentem não estragá-lo muito. É a única coisa que sobrou da nossa família."

Lexa suspirou.

"Tudo bem. Vamos tomar cuidado. Me ajuda aqui, Nilt."

Levaram quinze minutos para finalmente conseguirem por o kart de volta ao chão sem derrubá-lo.

"Como vamos levar essa coisa para o esconderijo agora?" Vanillton perguntou, deixando-se cair deitado no chão, exausto.

"Vou buscar meu kart." Lexa ofereceu. "Posse rebocá-lo."

"Certo. Só não deixa ninguém te ver!" O menino gritou, enquanto a prima se afastava correndo.

"Por que não deixar ninguém vê-la?" Pérola perguntou confusa.

"Talvez ainda não tenha dado pra vocês descobrirem mas eu sou um bug. Sou considerado um perigo para esse jogo e seus habitantes. Enquanto os outros me baniram para o deserto, Lexa ficou ao meu lado. Me acolheu em sua caverna secreta, disse que era minha prima... Não sei se acredito nela nesse ponto. Lexa é uma garota estranha. Ela diz que escuta a mãe falando com ela às vezes, e tem um amigo que ela jura que não é imaginário, mas ninguém nunca o viu. Mas ela é legal, e bastante inteligente."

As duas não podiam deixar de se sentirem mal pelo garoto. Elas sabiam bem como era. Tinham vivido assim por quatro anos, a diferença de que elas ainda tinham a avó que cuidava delas. Então, como netas da rainha, tinham crescido em um castelo e sempre tiveram tudo.

Vanillton por outro lado, era um garoto abandonado, que lutava para sobreviver, apenas com o apoio da prima, que não podia fazer muita coisa.

Era tudo muito triste, principalmente comparando o lugar em que viviam hoje com o que ele era nas fotos e histórias naquele álbum. Era como se toda a magia e a felicidade tivesse sido perdida.

Quem sabe não tinha sido o destino que as tinha trazido ali? Talvez eles fossem a única esperança para tudo voltar a ser como antes.

Uma coisa era certa, eles iam tentar. Pelo menos as duas iam.


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