O Segredo dos Códigos escrita por Luna Sapphire Calhoun


Capítulo 4
Códigos Gêmeos




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Safira voltou com um grande sorriso no rosto.

"Tive uma grande ideia!" Ela exclamou animada.

Rubi olhou para ela confusa.

"E os policiais?"

"Foram embora. Interrogaram todo mundo, sorte sua que fui eu que te encontrei."

"Então... Qual foi a sua ideia, Blue?" Ela usou o apelido só para ver a reação da amiga. Imaginou que não tivesse ganhado o direito de chama-la assim, mas para sua surpresa Safira sorriu ainda mais.

"Eu vou te ajudar."

"Como disse?" Rubi perguntou surpresa.

"Vou te ajudar. Sempre quis ver como era fora daqui, conhecer outros jogos, outros personagens, viver aventuras. E você não vai conseguir ajuda para o seu jogo aqui em Niceland. Além do mais, vai precisar de ajuda se quiser sair sem que os policiais te peguem."

"E o que você pode fazer à respeito?"

"Fácil!" Safira andou até uma mesa no fundo e tirou da caixa, que estava em baixo da mesa um pequeno dispositivo.

"Estava montando isso para conseguir passar despercebida pelo sistema de segurança. Não aguento mais ficar trancada aqui, se é que me entende. Temos uma semana livre a partir de amanhã. Se me ajudar, terminamos isso antes do Arcade abrir e podemos ir quando ele fechar."

"Acho que conseguimos salvar seu jogo em uma semana. O que acha?"

"Meu jogo já está perdido. O que acontece amanhã?"

"Isso é um problema." Safira largou-se em uma cadeira, pensativa.

"Espera!" Rubi exclamou de repente. "Malcom disse alguma coisa sobre esperar eu voltar..."

"Mas se ele quer que você volte, tem que ter um lugar para você voltar..."

"Ele deve ter planejado alguma coisa que não me contou, por isso não estava preocupado sobre eu sair do jogo."

"Então aceita a minha ajuda?" Perguntou Safira, esperançosa.

"Vai ser perigoso." Rubi avisou.

"Não me importo. Quem sabe eu encontre o que busco também."

"E o que exatamente você busca?"

"Liberdade."

"Então parece que temos um trato." Rubi sorriu.

Safira se levantou e abraçou a amiga.

"Porque tenho a impressão de ter recuperado o que sempre imaginei que tinha perdido?"

"Não sei, mas tenho a mesma sensação."

As duas estavam tão distraídas que nem perceberam a porta se abrindo.

"Blue!" Ralph exclamou surpreso.

"Oh!" As duas se separaram, Rubi parecia preocupada por ter sido descoberta, mas Safira apenas sorriu. "Olá Ralph!"

"Eu sabia que tinha algo errado, mas não imaginava que fosse tanto. Então você é a garota que os policiais estão procurando. Blue, por que está escondendo ela aqui?"

"Essa é a Rubi..."

"E ela é uma fugitiva da polícia, se você ainda não percebeu. Ela é perigosa."

"Não. Não é. Conversamos dois dias atrás Ralph. Há algo errado com aquela turma. Rubi está aqui porque o vírus que fugiu atacou o jogo dela, ela precisa de ajuda."

"É seu amigo?" Rubi perguntou a Safira.

"É. Red, esse aqui é meu melhor amigo, Ralph."

"Tem certeza que ela não é um vírus disfarçado?" Ele perguntou desconfiado.

"Ralphie!" Safira protestou, indignada com a desconfiança do amigo.

"Não. Ele está certo. Não se pode confiar em qualquer pessoa. Eu confiei na pessoa errada e veja só onde vim parar."

"Eu me responsabilizo." Safira se ofereceu.

Ralph suspirou.

"Tá certo. Não vou contar pra ninguém, mas só porque é você. Mas assim que tudo acalmar ela cai fora. Sabe como estamos encrencados se descobrem que estamos escondendo ela aqui?"

"Relaxa Ralph. Depois de amanhã não vamos estar aqui para nenhum problema."

"Então tá. Melhor vocês... Espera, disse vamos? Não está mesmo pensando em ir com ela, está?"

"É só por essa semana. Prometo estar de volta antes do Arcade reabrir na segunda."

"Mas..."

"Sem mas, Ralph. Não posso mais viver desse jeito. Achei que você, mais do que qualquer um, entenderia."

"Eu entendo Tinny, é só que... Lá fora é perigoso, e se algo acontecer a você e eu soubesse que fui eu que a deixei sair, eu nunca iria me perdoar. Além do mais, vão procurar você, Felix vai ficar preocupado. Não pode simplesmente sair assim."

"Pela segurança dela eu me responsabilizo." Rubi disse. "Mas ele está certo. Talvez sua vida não seja a que você queria, mas você pelo menos tem uma. Foi por isso que nunca deixei meu jogo antes. Você não deve ir." Ela segurou gentilmente o braço da amiga, acidentalmente sobre a pulseira da outra, então ambas as pulseiras emitiram um forte brilho.

"Agora é tarde de mais pra voltar atrás. Não ligo se vão se preocupar ou não. Pretendo que, quando eu voltar, ninguém mais se importe se saí ou não. Mas se Felix perguntar, só diga a ele que eu não disse a onde fui, mas que mandei dizer que eu amo ele, que estou em segurança e vou voltar logo."

Você realmente não vai desistir, não é?" Ralph soltou um suspiro resignado.

"Não. É algo que eu preciso fazer."

"Tudo bem. Mas leve seu comunicador e mantenha contato. Se alguma coisa fora do comum acontecer me avise imediatamente."

"Pode deixar."

Ele olhou para a mesa da menina, onde havia algumas peças que ela deixara ali.

"Ainda precisa de ajuda com o projeto? Ou Rubi vai te ajudar."

"Nós podemos trabalhar todos juntos. Sabe que eu ainda preciso daquele livro e de uma mão aqui."

"Posso procurar o livro se você quiser, sabe que não me dou bem com todas essas pecinhas pequenas." Ralph ofereceu.

"Mas pelo menos sempre me ajudou quando eu precisei. Felix pode ser muito bonzinho, mas sempre disse que eu estava perdendo tempo construindo coisas assim. Os outros eu já nem conto."

"Nunca achei que fosse perda de tempo. Sempre achei que você tinha um dom especial. Achei que Felix, mais do que qualquer um, entendesse isso."

"Teoria da conspiração." Rubi resmungou.

"Como disse?" Ralph perguntou confuso.

"Não sei. Sempre imaginei que houvesse algo errado aqui, algo que só eu conseguisse perceber. Algo como uma força maligna que afetava a todos, menos eu. Eu notava, em pequenos detalhes, contrários aos que esperados de cada um... Não sei como explicar... Tem algo estranho e ruim aqui, e alguém por trás de tudo isso."

"Foi o que sempre pensei também." Safira concordou.

"E eu sempre disse, bobagem." Ralph respondeu.

"Mas concordou comigo da última vez!" Safira protestou.

"Eu sei Blue, há algo errado sim, mas você, e agora a sua amiguinha aí, fazem parecer que é algo tão grave."

"Mas..." Rubi começou a protestar, mas foi interrompida pelo baque de um livro contra o chão.

Como ele tinha caído ninguém sabia. Nenhum dos três estava nem perto da estante onde ele estava. Rubi se aproximou e pegou-o. Estava repondo o livro na estante quando Ralph notou algo.

"Espera! Tem uma página marcada."

"O último dono do livro deve ter marcado, não deve ser importante." Falou Safira, desinteressada.

"Mesmo assim vou olhar. Quem sabe tem alguma coisa aqui sobre como combater vírus."

Ela sentou-se ali no chão mesmo e abriu o livro. Vendo-a ocupada em sua pesquisa, Ralph foi ajudar Safira. Algum tempo se passou assim, tranquilo e em silêncio, quando de repente, Rubi se levantou e colocou o livro sobre a mesa em que a amiga estava trabalhando.

"Achou o que procurava?" Safira perguntou.

"Não. Mas acho melhor vocês ouvirem isso."

"Códigos gêmeos." Safira leu. "O que tem de mais? São códigos de personagens não oficiais gêmeos que compartilham o mesmo núcleo. São mitos do Arcade visto que não existem personagens não oficiais aqui."

"Bem, só escuta. Códigos de núcleos gêmeos, até hoje são o maior mistério que já encontrei, mesmo eu sendo uma das raras personagens a ter um. Códigos gêmeos, são dois ou mais códigos que compartilham o mesmo núcleo. Os personagens podem ter aparências e personalidades diferentes, mas o núcleo que os reconhece é idêntico. Apenas códigos de personagens não oficiais podem compartilhar núcleos gêmeos de forma que, ao serem retirados de seu jogo de origem, adotam uma forma idêntica, podendo apenas serem diferenciados pelas cores.

Mas esses códigos podem reconhecer uns aos outros, eles brilham quando se aproximam, como uma espécie de chamado..."

"Espera aí um minuto!" Safira exclamou de repente, tomando-lhe o livro e examinando as palavras que a amiga acabara de ler. "O brilho..."

"O que tem?" Ralph perguntou confuso.

"A pedra em minha pulseira, começou a brilhar... Foi quando saí e vi Rubi entrando no prédio..."

"Minha pulseira também brilhou quando cheguei." Rubi disse, examinando a joia. "Notei a sua brilhando quando me escondeu. Mas... Não pode ser... Pode?"

"Como?" Safira perguntou. "Mas as palavras estão claras aí no papel, preto no branco, escritas à mão por alguém que sabia o que estava dizendo."

"Então... Quer dizer que somos irmãs!" Exclamou Rubi.

"Não. Isso não é possível. Eu me lembraria se tivesse uma irmã, ainda mais uma irmã gêmea. Além do mais somos de jogos diferentes e..."

"Deixa de querer ser tão lógica, Blue!" Rubi protestou. "Foi você mesma quem disse, coincidência de mais... Somos parecidas de mais. Nós duas não tínhamos códigos em nossos jogos... Porque aparentemente estávamos com eles o tempo todo... Não temos ideia de nada do nosso passado, somos bugs... Posso apostar que fazemos aniversário no mesmo dia e que provavelmente lembramos de ser plugadas no mesmo dia..."

"Tá bom. Supondo que você esteja certa, porque vivemos em jogos diferentes até hoje? E de onde exatamente nós viemos?"

"Isso eu não sei. Também não sei porque não nos lembramos, mas temos um motivo a mais para ir, certo? Em busca de respostas."

"Certo. Vou aceitar a teoria por enquanto. Eu sempre quis mesmo ter uma irmã. Acho que, se nenhuma de nós conseguir o que quer, pelo menos ainda teremos uma à outra." Ela se calou por alguns segundos. "Ralph, acha isso possível?"

"Acho que está tudo aí no papel, Blue. Se vocês concordam que aconteceu, de alguma forma isso está certo."

"Bem, se todos concordam, acho que só nos resta encontrar as respostas para os como e o porque de tudo isso. Só nos resta sair e procurar."

Rubi sorriu, Safira sorriu de volta. Talvez aquele pudesse ser o começo da vida nova que ambas sempre desejaram.


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