18 anos atrás

POV EVELYN

Após minha festa de aniversário desastrosa, eu tenho vindo a evitar Zac. Não porque não o havia perdoado mas porque eu não sabia como me aproximar de novo. Da escola ia para a academia de dança e da academia para casa. Claro que ia pelo caminho mais longo para não passar em frente à loja onde ele trabalhava. Quem ficou feliz com tudo isso foi minha mãe é claro, achando que se havia livrado de vez de tudo o que dizia respeito a ele. Mal ela sabia que eu estava grávida dele.

Henry apareceu a minha casa uns dias atrás me pedindo desculpa. Mas o que desculparia? Não havia nada para desculpar! Ele não tinha feito nada de errado. Se Zac soubesse que Henry era casado, provavelmente nada daquilo havia acontecido mas são apenas “se”. Alias, Henry tinha até um filho, bebezinho. Ele e sua mulher me haviam apresentado a joiazinha deles. Era um encanto e me fez querer que meu bebé nascesse logo.

Hoje era sexta –feira, mais um dia de aulas. Com meus constantes enjoos as aulas agora eram insuportáveis. Era sempre uma luta para conseguir estar concentrada. E então para não vomitar com o cheiro a comida no refeitório… Não desejaria isso a meu pior inimigo.

Minhas amigas e eu estamos ao portão do colégio no fim das aulas conversando um pouco sobre tudo. Olho por acaso para a estrada e vejo do lado de lá, sentado num banco, Zac. Ele estava me olhando e acenou para eu ir ter com ele. Me despeço das minhas amigas, me encho de coragem e atravesso a estrada e me sento ao seu lado sem nenhuma palavra.

– Ele é casado. Sabia disso. – Solto antes que ele se pronuncia-se.

– Não. – Sussurra envergonhado.

– Ele é. E tem um bebé. – continuo. – Ele é meu melhor amigo. O único que compreende o que passo naquela casa.

– Eu lamento muito… - Ele mantém-se de cabeça baixa. – Não sei o que aconteceu comigo.

– Eu sei. – Por fim ele me olha. – Ciúmes. Que por sinal eram infundamentados.

Ele me segura delicadamente o queixo tentando encontrar algum vestígio do incidente.

– Você está bem? – Pergunta.

–Tirando os enjoos e os vómitos, sim, estou bem – declaro.

– Eu me referia ao seu rosto. – Ele sorri delicadamente – Mas é bom saber que nosso filho está dando problemas.

– E dos grandes! – Ambos começamos às gargalhadas. Ele subitamente pára e desliza a mãe pela minha barriga.

– Está começando a se notar… - Ele fala alarmado.

– Eu sei… O que faço? – Pergunto quase suplicando.

– Acho que é a altura de colocarmos o nosso plano em ação. – Ele me olha esperando minha reação.

– Casar para fugir? – Ele assente – Eu irei para onde você for.

Ele sorri e me beija delicadamente. Eu nunca me irei cansar de seus beijos ou do seu toque. Parece uma sensação mágica. Combinamos encontrarmo-nos em frente à academia de dança. Assim minha mãe achará que estou indo para a aula e nem desconfiará que eu estarei fugindo. Nos despedimos com muitos beijos e promessas e regresso a casa.

– Onde estiveste? – Minha mãe me intercede mal entro em casa.

– Conversando com minhas amigas – suspiro – Também é crime agora?

– Sua insolente! – Ele explode – Para o seu quarto agora!

– Com prazer – Faço uma referencia e subo para meu quarto.

Tomo um banho frio que me ajuda com os enjoos e depois pego na minha bolsa de dança e abro em cima da cama. Abro o armário e pego as roupas mais simples e despercebidas que tenho, deixando para trás os vestidos que minha mãe me obriga a usar, chapéus… Está na hora de recomeçar. Longe de tudo. Apenas Henry poderá saber para onde iremos pois eu confio nele. Minha mãe entra no quarto quando termino de fechar a bolsa.

– O que estás a fazer? – ela questiona.

– Estou a arrumar a bolsa para a aula de dança de amanha, não é obvio?

– Hum, tudo bem. – Ela fala – Seu pai chegou, venha jantar.

* * *

Há meia hora que estou à espera de Zac em frente à academia. Começo a suar frio e a ficar nervosa, à espera que ele ainda venha. Ele não pode ter desistido. Pode? Não, ele nunca faria isso. Aliás, fora ele que propusera casar comigo. Eu nunca o pressionei a fazer nada. Mais meia hora se passa e eu ali sozinha, vendo o sol se pôr sem controlar as lágrimas.

– Ele já foi querida! – Me coloco de pé assustada e vejo minha mãe se aproximar.

– O quê?

– Não se faça de desentendida. – Ela olha para as unhas aborrecida – O seu precioso se foi. E não vai voltar.

– O que você fez? – Grito entre as lágrimas.

– Eu? Só lhe dei uma chance de escolha. Ou fugia com você e nunca teria dinheiro suficiente para sustentar você ou…. Ia embora com um bom dinheiro e me deixava você a mim para eu sustentar você.

– Não!! Ele não me abandonaria por dinheiro!! – Grito novamente.

– Ah não? Ele veio ao seu encontro querida? Eu não creio.

18 anos depois

POV KATNISS

– Agora você fica aqui comigo, retirando toda esta tinta dos nossos corpos.

Com certeza isso não vai correr bem.

– Aff e como faremos isso? – Questiono cruzando os braços.

Ele se levanta e pega numa pequena lata. Banha um pedaço de pano no liquido dentro e começa a limpar meu pescoço.

– Não se preocupe, esse produto é para pele mesmo. – Ele continua me limpando, próximo demais e eu agarro o pano.

– Obrigada. Eu consigo me limpar sozinha – Ele sorri desdenhoso e limpa seu próprio corpo. O problema é que o maldito retira a camiseta. – Se importa?

– O que? – Se vira para mim com expressão confusa. – A culpa de tudo isso é sua. Então se estou sem camisa, é graças a você.

– Você é um idiota! – Atiro o pano para o chão e pego minha bolsa.

– Espera, você ainda está suja de tinta….

– Eu me limpo depois! – bato a porta atras de mim.

Que garoto metido, presunçoso, idiota e chato! Aff eu tinha que o deixar me beijar? Que droga Katniss! Corro mais que depressa ao encontro de Johanna que deve estar já a preparar ameaças de morte. Chego ofegante ao nosso quarto.

– O que aconteceu com você? – Ela arregala os olhos ao ver-me coberta de tinta.

– Longa história…. – Suspiro e lhe conto tudo desde aquele dia na festa.

– Está falando sério? Você mal chegou e já pegou o mais cobiçado da escola? – Ela dá pulinhos.

– E o mais rodado. E foi um erro! – Enfatizo.

– Que se repetiu – Ela provoca.

– Mas não voltará a repetir-se.

* * *

– Atenção alunos! – A professora de dança expressiva pede atenção e todo o mundo se cala. – É o seguinte. Recebemos um convite para participar de um show no centro da cidade, no coliseu.

Todo mundo fica eufórico, incluindo eu, é claro. Até mesmo Gale que abraça meus ombros.

– Calma! – Professora chama de novo. – O problema é que temos penas uma semana.

Dessa vez todo mundo se calou. Todo o mundo sabe que é muito complicado montar uma coreografia deste calibre em uma semana.

– Portanto – Prossegue. – Peço apenas dois voluntários para nos representar. Que se voluntaria?

Tudo fica silencioso e cada um olha para os lados, fingindo nem ter ouvido. Gale coloca a mão no ar e se voluntaria. – Eu me voluntario.

– Fenomenal! – A professora bate palmas. – Agora uma garota ficava magnifica! Katniss, que tal você?

– Eu? – Pergunto olhando para os lados vendo se tem mais alguma Katniss. Não tem. – Não sei se estou preparada para isso…

– Baboseiras! – Ela desvaloriza. – Gale é um excelente par e suporte! Vocês se sairão bem!

Então aquela semana foi um borrão. Todos os dias treinava com Gale, chegava ao dormitório de madrugada, passava as noites em claro devido às dores em todo o corpo. A coreografia exigia bastante do meu corpo e flexibilidade. Para o Gale também não era moleza, pois ele sempre tinha que suportar meu peso. Ele brincava que eu era tão pesada como uma pluma mas eu sabia que era desgastante, mesmo para ele. O dia finalmente chegou e eu estava morrendo de medo. Nem os incentivos de Joh me ajudavam. Terminamos o ensaio geral e Gale foi logo embora enquanto eu ainda fiquei a melhorar um passo. Qual minha surpresa, vejo Peeta no palco.

– Você? – falo pasma – Que está fazendo aqui? Me perseguindo?

– Por acaso até não gatinha – Ele pisca o olho e eu bufo. – Sua professora me pediu para cuidar do cenário e das luzes. Sou um artista completo sabe?

– Ah tá. Eu estou indo! – me preparo para sair mas ele me agarra e me beija.

– Meu jeito de dar boa sorte a você – o cafajeste sorri.

– Você tem que parar com isso! – Falo birrenta. – Que droga!

– Eu pararei quando tiver certeza que você não quer.

Eu simplesmente o ignoro e vou tomar um banho antes do show. Quando entro no camarim está lá minha professora com minha roupa.

– E não vou usar isso! – digo escandalizada.

– Porque não?

– Porque isso não é roupa! É uma combinação de lingerie!

– Sim, e ficará perfeito! Pode acreditar em mim – Ela tem um rosto tão angelical e amoroso que acabei por aceitar. Maquilhagem e cabelo pronto ( Destruiram meus lindos caracóis) me dirijo para a entrada do palco onde Gale já espera.

– UAU!! Vou ter de força extra e concentração para não te deixar cair! – Ele se diverte.

– Cala a boca! Me deixa cair e eu juro que arranco seu olho fora com uma colher!

– Opa, calei!

– Shiu! É o vosso momento. Arrasem.

Eu entro no palco sozinha. Gale se juntará a mim um pouco mais tarde. A musica toca e me concentro. Tu consegues Katniss!

https://www.youtube.com/watch?v=xDeprRiA6SM&hd=1