POV Katniss

Estava eu a dormir quando a porcaria do celular toca. A sério? Quem ousa acordar-me as 6 e meia da manhã? Grrr me levanto da cama atirando as cobertas para trás com força. O celular continuava a tocar irritantemente. Quem será o filho da puta a ligar-me a estas horas? Olhei para o ecrã: “Johanna”

– Que porra é essa Johanna? Acordar-me a estas horas é muita sacanagem viu? – cuspi para ela.

– Tem lá calma esquentadinha. Se queres irritar-te com alguém, fá-lo com o Cato está bem? Foi ele que me mandou ligar-te! Temos ensaio daqui a uma hora. Prepara-te, beijos. – e desligou com certeza para evitar a merda que iria sair da minha boca.

Só pode estar de brincadeira comigo! Um treino a essa hora? Eu preciso do meu sono de beleza ou ele pensa que este corpo e esta linda cara são perfeitos por acaso? Irritada, fiz a cama o mais depressa possível e fui tomar um banho. Banho tomado fui ao closet me vestir e colocar qualquer roupa no saco de treino. Nem valia a pena me maquilhar porque iria borrar tudo com certeza mas coloquei a minha bolsinho com alguns básicos de maquilhagem também no saco. Mais tarde iria almoçar com meus queridos pais e não queria parecer uma morta-viva sem cor. Olhei para o espelho e estava óptima. Agradeço aos deuses terem-me deixado nascer com estes belos olhos cinzentos e com este adorável cabelo. Meus pais tem ambos olhos castanhos, então meus olhos devem ser de um antepassado qualquer. Isto de genética as vezes pode pregar partidas mas comigo arrasou. Claro que meus treinos ajudavam na tonificação do meu corpo e tudo mais. Peguei no saco e desci as escadas rapidamente para a cozinha. Ahh bolo de chocolate acabado de fazer! Como minha mãe me conhece bem. Me sentei e comecei a devorar uma fatia de bolo.

– Eii, calminha Katniss, o bolo não vai fugir não. Estará aqui quando voltar. Já agora, onde vais tão cedo? – Minha mami perguntou toda sorridente enquanto me beijava a bochecha.

– Eu vou treinar dona Effie! Mas não se preocupe não que eu vou chegar a horas a esse seu almoço com sua amiga. Quem é ela mesmo? – Falei tudo de boca cheia e minha mãe riu.

– Hazelle Hawthorne! Ela era minha amiga nos tempos de colégio. Ela tem um filho pouco mais velho que tu. O Gale.

– E ele também vai ao seu almoço? E o pai dele?

– Vem sim Katniss. Hazelle é mãe solteira, meu amor. Você não que ir para o treino?

– Merda! Tenho de ir – dei um beijo a minha mãe e fui saindo.

– Olha essa linguagem Katniss! Não se esqueça, uma da tarde do restaurante bizonte´s – ela gritou.

Bolas, tenho dez minutos para chegar ao centro. Normalmente demoraria quinze mas desatei a correr para poupar tempo e assim também já ia com o aquecimento feito. Parei à frente do centro e olhei para o relógio. Boa, cheguei em nove minutos. Abri a porta e me encaminhei para a nossa respectiva sala. Mas parei na sala onde os músicos praticavam. E claro que estava lá a Johanna. Ela passava mais tempo nessa sala do que na nossa. A peguei a paquerar com um guitarrista.

– Oi pessoal! Johanna, lamento interromper mas está na hora! – falei encostada à porta. Ela me olhou contrariada mas veio. Ela sabia que Cato odiava mais os músicos do que odiava atrasos. Agora juntem os dois e vêm um Cato completamente enfurecido.

Johanna me deu a mão e me puxou para a nossa sala. Já estavam na sala todos menos Cato. Fantástico, o rei da pontualidade resolveu fazer uma excepção à regra. Pousamos nossas bolsas e começamos a aquecer os músculos. Quinze minutos depois chega Cato todo sorridente. Me levanto colocando as mãos na cintura e batendo o pé num gesto dramático.

– Não sei se sabe “chefe” – fiz aspas com as mãos – mas a regra da pontualidade é para todos!

– Vem aqui Katniss! – ele me puxou por um braço irritado até que estávamos os dois do lado de fora da sala. – Ficaste louca? Desrespeitares-me assim à frente do grupo? Não é porque namoramos que podes fazer o que queres!

– Tu me obrigas a acordar cedo a um sábado de manhã, chegas atrasado ao treino que tu mesmo marcaste em cima da hora e ainda vens com sermões? Ah, Cato menos drama.

– Tudo bem, vamos esquecer isto. – assenti – eu cheguei atrasado porque consegui alguém para juntar ao nosso grupo! Ela é realmente incrível.

– Ela? Fantástico! Quem é?

– Clove, sabe quem é? A do clube de ontem à noite. Ela é fantástica

– Só podes estar de brincadeira comigo! Eu odeio aquela garota! Ela passa a vida a olhar para ti como se fosses um delicioso bolo de chocolate!

– Deixa de drama Katniss – ele riu e me deu um selinho – vamos para o treino.

Cato explicou ao outros o que havia falado para mim a respeito do seu atraso. Que Clove tinha aceitado entrar no nosso grupo de dança. Johanna olhou para mim como que se perguntasse: “É sério?” e eu acenei que sim. Ela deu uma risadinha ao ver a careta que eu estava a fazer enquanto Cato falava como ela era boa bailarina, era magnífica, fantástica blá-blá-blá…. Cato mandava para as duas olhares repreendedores mas eu não estava nem aí. Então ela chegou toda risonha e pronta para treinar. Cato começou a passar uma nova coreografia que havia preparado e em todas as oportunidades a piranha dizia que não percebia ou pedia ajuda ao meu namorado com algum movimento e o idiota lá ia. Lindo, o bicho vai pegar, ah vai,vai!

– Muito bem, Katniss, Clove e Johanna, venham aqui à frente por favor? Como vocês já apanharam bem esta parte da coreografia vamos mostrar para os outros, tudo bem para vocês? – Acenámos que sim. Eu me posicionei ao lado de Cato, mas ligeiramente atrás para poder ver os movimentos caso me perdesse (de calções). Clove colocou-se atrás de nós dois e Johanna do outro lado de Cato. Um dos nossos colegas colocou a música e então reproduzimos os passos.

Foi fantástico em como em tão pouco tempo eu já havia apanhado todos os passos. A coreografia estava muito boa e a música era bastante convidativa. Os nossos colegas começaram a bater palmas e Johanna veio dar-me um Hi-five com o seu coque no alto da cabeça já a decompor. A Clove atirou-se para o colo de Cato agarrando-se ao seu pescoço. Ela pensa que é quem?

– Cai fora piranha! – Agarrei-a pelos cabelos e puxei-a para trás até que ela se soltou do meu namorado. Então larguei-a mas a louca se virou e me atirou para o chão, me dando tapas e puxões de cabelo – Aiii sua louca, você me paga.

Inverti nossas posições ficando em cima dela golpeando a cara enjoada dela e então alguém me pega e me puxa para trás. Eu continuei a debater-me para chegar até ela mas Cato me segurava fortemente enquanto que a Evans estava presa nos braços por Johanna e outra garota. Sem outra solução, me acalmei respirando fundo.

– Se eu largar-te vais voltar ao ataque, amor? – ele perguntou ao meu ouvido.

– Não, Cato. Podes soltar. – então ele soltou e me virou para ele me abraçando.

– acho melhor terminar o treino por hoje. Vai tomar um banho. Tens um almoço a comparecer. – Eu concordei, nos beijamos e fui tomar um banho. A Clove já havia desaparecido do centro, melhor assim. Depois do banho fui me vestir e Johanna apareceu à minha frente no balneário.

– Ahh Meu Deus, Katniss! Olha como ela deixou você! – ela exclamou

– Tá tão ruim assim? – perguntei e me olhei ao espelho para ver os estragos. Minha bochecha tinha um arranhão pouco profundo mas bem visível. O meu olho esquerdo estava bastante vermelho. O meu pescoço e ombros todos arranhados. Aquela pequena deixou marca!

– Bastante! Mas não te preocupes, o estrago nela é bem pior – caímos as duas na gargalhada. Ela foi tomar banho e eu vesti-me para não me atrasar. Fiquei pronta e a Jo continuava no banho. Então mandei-lhe um beijo e um bye bye.

Sai para fora e apanhei um táxi para não correr o risco de chegar atrasada. O táxi parou em frente ao restaurante, paguei e saí para fora. Pelas amplas janelas pude ver que já estavam os três lá dentro, minha mãe, a sua amiga e o filho que estava de costas para mim. Entrei e me dirigi para a mesa onde eles estavam. Minha mãe quando me viu fez uma expressão de horror fazendo com que os outros dois olhassem para mim curiosos. Minha querida mãe consegue ser ainda mais dramática que eu. Até parece que era a primeira vez que chegava a casa machucada.

– Minha filha, o que aconteceu contigo? – minha mãe me fez sentar e começou a passar a mão para as zonas machucadas me deixando um pouco embaraçada. Afinal dois pares de olhos curiosos olhavam para nós.

– Ai mãe, pára! Não foi nada não, eu caí apenas. – minha mãe arqueou uma sobrancelha mostrando que não engoliu a história mas felizmente deixou para lá e começou a falar animadamente com sua amiga esquecendo até de fazer as apresentações. Essa definitivamente não era minha mãe.

– Sabe, eu não acredito que fez isso caindo – olhei para o meu lado e o cara olhava para mim sorrindo – entrou em uma briga foi?

– Mais ou menos isso – sorri – eu sou a Katniss, já agora

– Gale, filho da amiga de sua mãe – ele constatou o obvio – Vai me contar o que aconteceu com sua cara?

– Eu estava treinando com minha equipe e aí meu namorado resolve convidar uma garota que eu odeio para se juntar ao nosso grupo. Ela passou o ensaio todo paquerando com meu namorado. Chegou a um ponto que eu pirei e me lancei a ela. Fim – ele ouviu com bastante atenção e depois começou a rir

– Bem me parecia que tinhas ar de bailarina! – brincou – mas isso aí ficou feio, a garota deve ser fera!

– Como sabe que sou bailarina? Eu não mencionei isso – perguntei curiosa. Quem era esse cara? Um adivinha? Ele voltou a rir-se

– um dançarino sabe reconhecer outro dançarino – falou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

– Uau, tu danças? Mas essa tua teoria está errada porque eu não te reconheci – falei com ar superior segurando o riso.

– Isso é porque não estava prestando atenção – ele se recostou para trás me permitindo ver melhor seu corpo. Musculado, escultural, realmente um corpo de atleta mas nada que dissesse que ele dançava. Deixei o assunto para lá. Começamos a almoçar e a falar de coisas banais. Fiquei a saber que ele vivia nos Estados Unidos com sua mãe, filho único e que estudava numa escola de artes na divisão de dança. Quando terminamos o almoço minha mãe e a sua foram dar uma volta pelo mercado e nos ficamos por ali mesmo conversando. Ele era realmente encantador. Fomos para um parque e eu sentei-me num banco e ele noutro.

– Como seu namorado pode sequer olhar para outras garotas com uma namorada como tu? – ele perguntou e eu corei envergonhada. Então para aliviar o clima pesado que se instaurou ele começou a dançar e eu entrei na onda – Vamos ver se realmente sabes dançar