O Retorno - A Marca Negra Renasce (Hiatus) escrita por Laurent


Capítulo 9
O Plano




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Liadan Blackwood estava tentando com todas as suas forças se manter sob controle. Não posso fracassar, pensava ela. Não posso fracassar. Se fracassar, não vou conseguir.

Mas era difícil seguir essa linha de raciocínio quando Ralph Lestrange estava por perto. Aquele garoto era detestável. Se achava capaz de liderar os Comensais da Morte quando na verdade não passava de um tolo que não sabia o que estava fazendo. Ele tinha conhecimento em magia, isso Liadan não podia negar. Mas logo, ela também teria, e então os dois poderiam se equiparar — isso se Liadan não o superasse. E quando chegasse a hora certa...

Uma batida na porta do quarto interrompeu seus pensamentos.

— Quem é? — perguntou Liadan em voz alta. Ela tinha acabado de voltar do jantar e agora repousava tranquilamente em sua cama, ora pensando, ora lendo o Livro padrão de feitiços.

— Kenrick — anunciou a voz do irmão por trás da porta. — Quero falar com você.

Liadan levantou-se e destrancou a porta. Kenrick entrou rapidamente, quase esbarrando na irmã.

— Ei! — reclamou ela, ainda com a porta aberta. — Qual é o seu problema?

— Feche a porta — disse Kenrick, impaciente.

Liadan não sabia muito bem por que o irmão estava agindo daquela maneira, mas resolveu obedecê-lo. Assim que ela trancou a porta novamente o silêncio reinou pelo quarto.

— O que está tramando? — indagou Kenrick, por fim, os olhos semicerrados para irmã em tom de desafio. — Qual é a desses sorrisinhos para o Ralph? Por que você está se comportando assim com ele?

Não posso fracassar. Se fracassar, não vou conseguir.

— Não sei do que você está falando — disse Liadan, disfarçando ao máximo suas verdadeiras intenções. — Ralph nos deu abrigo, comida, e nos apresentou à magia. Se não fosse por ele...

— Basta, Liadan — falou Kenrick, erguendo a mão. — Nem tente mentir. Acha mesmo que eu vou acreditar nisso? Que você está apenas retribuindo a gentileza do Ralph?

Não posso fracassar.

— Quem sabe eu até goste um pouco dele — ela disse. Ânsia de vômito, repulsa, nojo... Liadan sentiu tudo isso ao dizer aquelas palavras. Mas era preciso. Se ela deixasse sua máscara cair... Se fracassar, não vou conseguir, pensava ela. Por mais simples que seu plano fosse, não deixaria que Kenrick descobrisse. — Ele é simpático...

— Escute-me — falou Kenrick. — Nós somos irmãos. Não estou contra você. Pode me dizer...

Não!, gritava uma voz sensata na cabeça de Liadan. Ele é seu irmão, mas pode muito bem te trair. Não lembra do que ele quis fazer com você quando era pequena? E Liadan lembrou-se, com pesar, daquele episódio terrível. Kenrick podia até parecer meio bonzinho à primeira vista, mas no fundo, ele talvez fosse tão perverso quanto a irmã. Não!, repetiu a voz. Não conte nada a ele.

— Kenrick, não sei qual é o seu problema — disse Liadan. — Eu não estou tramando nada. Pare de ser imbecil.

— Você... — começou ele, com um olhar feroz, agarrando o braço dela.

Tire essa mão imunda de mim! — gritou Liadan, tentando se desvencilhar do toque indelicado do irmão. — Saia daqui!

— Não antes de você me dizer a verdade! — ele também estava gritando. Mas por que Kenrick queria tanto saber aquilo?

Três batidas na porta fizeram com os dois esquecessem um pouco a briga.

— Está tudo bem aí? — perguntou uma voz. Era Ralph Lestrange. — Liadan? Liadan?

— Estou bem — gritou Liadan. Em seguida, baixou o tom de voz e lançou um olhar frio a Kenrick. — Saia.

Ele soltou o braço de Liadan, deixando marcas onde seus dedos se afundaram na pele dela. Quando o garoto abriu a porta, ele se deparou com um Ralph desconfiado no corredor, acompanhado de Scabior. Os dois o encararam, e Kenrick retirou-se para seu quarto.

— Está mesmo tudo bem? — indagou Ralph, as sobrancelhas franzidas.

Não posso fracassar. Se fracassar, não vou conseguir.

— Está — respondeu Liadan, o resquício de um falso sorriso brotando em seus lábios.

***

No dia seguinte, estavam todos novamente reunidos na Sala de Treinamento. Liadan levitava um frasco com o Wingardium Leviosa, e Ralph não parava de sorrir enquanto ela fazia o objeto flutuar.

— Excelente! — disse ele, batendo palmas. — Estão vendo isso? — ele perguntou para os outros. — É assim que espero que vocês sejam! Leiam e depois pratiquem, leiam e pratiquem, leiam e pratiquem... não tem erro! Liadan, meus parabéns!

Aquele fora um dos vários feitiços que Liadan aprendera. Ela lera metade do Livro padrão de feitiços e esperava ler a outra metade assim que saísse da Sala de Treinamento. O conteúdo era bem explicado e no livro, havia as instruções corretas de como executar as magias, passo a passo. Liadan não entendia a surpresa de Ralph: era tudo tão fácil.

Mas Kenrick era tão habilidoso quanto ela, e disso, Liadan não gostava nem um pouco. A atenção de todos voltou-se para o irmão quando ele executou um Skurge para eliminar o ectoplasma de um dos frasquinhos de vidro que estavam espalhados na mesa da Sala de Treinamento. Não era nada muito surpreendente, mas o feitiço era bem difícil. Ralph também adorou ver aquela cena.

Paige ainda não conseguira lançar um Crucio decente, mas estava cada vez melhor. Ralph dissera à Liadan e a Kenrick o que aquele feitiço — na verdade, maldição — fazia: torturava quem fosse atingido por ele. Chegou a dizer que alguns eram capazes de implorar a morte para cessar a dor, mas Liadan ficou pensando se aquilo não seria um exagero.

O duelo do dia foi entre Ralph e Marshal. Scabior era bom, mas o Lestrange não demorou a derrubá-lo com três Estupefaças na barriga. Radiante, Ralph dispensou-os, dando outro “meus parabéns” aos irmãos Blackwood.

Ralph saiu após o treinamento. Ele disse que precisava arranjar mais membros para o grupo. Liadan só esperava que fossem pessoas mais interessantes do que os que ela já conhecera.

Greyback, segundo o que Ralph falara no café da manhã, era um lobisomem — fazia sentido. O bafo de sangue dele provinha das carnes cruas que roubava da cozinha, pois, quando ele sentia o cheiro (ele tinha um faro muito potente), não se aguentava, simplesmente invadia o local de trabalho dos elfos e saia abocanhando bifes ensanguentados. Nas noites de lua cheia, ele ficava mais animalesco e selvagem do que de costume, e para controlá-lo, era necessário beber uma poção. Ralph o obrigava a tomá-la — não queria chamar a atenção de ninguém, por hora — mas ele dissera que, por duas vezes, Harold ignorou-o e saiu para atacar algumas fazendas trouxas. O Lestrange esbravejou-se com isso, mas deu mais uma chance de Greyback se redimir. E até agora, ele não saiu da linha.

Aquela noite seria de lua cheia. Com Ralph fora, era a hora perfeita para colocar o plano em ação. Não posso fracassar, relembrou-se Liadan. E não podia mesmo. Se fosse pega, estaria perdida.


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Notas finais do capítulo

Um muito obrigado aos meus leitores que acompanham a história e leem cada capítulo até o final. E que comentam kkkkk!



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