O Retorno - A Marca Negra Renasce (Hiatus) escrita por Laurent


Capítulo 10
O Uivo do Lobisomem




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— Sandor! — gritou Liadan para as criaturinhas na cozinha, assim que Ralph partiu, depois do almoço. O pequeno elfo veio de encontro a ela e fez uma sofrida reverência.

— Minha senhora — saudou ele, a voz fina como papel.

Os elfos estavam lavando a louça usada no almoço, além de passar esfregões e espanadores pela cozinha suja de comida.

— Separe as carnes mais fedidas e malpassadas que tiver — disse Liadan. — Coloque-as em cima de alguma mesa, ou em qualquer lugar. Mas o importante é que junte-as todas e que estejam cruas.

— Sim...

— Mais uma coisa: não conte a ninguém que te mandei fazer isso.

— Sim, minha senhora, sim. Vou separá-las...

***

Liadan trancou-se em seu quarto e colocou o ouvido na porta. Os aposentos de Greyback ficavam ao lado dos dela, e portanto, ela ouviria quando ele saísse de lá. Ela segurava nas mãos um frasquinho que surrupiara da mesa da Sala de Treinamento, cheio de ectoplasma, pronta para agir.

Enfim, um som gutural chegou aos ouvidos de Liadan, ao mesmo tempo que a porta do quarto de Greyback se abria e depois fechava. Idiota, pensou Liadan. A garota saiu assim que os passos dele ficaram inaudíveis.

Ela entrou no quarto do lobisomem e procurou pela prateleira onde ele guardava suas poções para conter a licantropia. Encontrou apenas um frasco na prateleira velha que ficava sobre a cômoda. O último do estoque. Liadan já sabia disso, pois Ralph dissera que, durante a sua ausência, compraria mais poções para Harold, já que só havia mais uma. Nem o próprio Lestrange sabia prepará-la.

A poção tinha a mesma coloração e consistência do ectoplasma — uma informação valiosa que Ralph dera a Liadan de bandeja, quando estavam almoçando. Ele era muito idiota. Talvez pensasse que o que ele falava não fosse nada demais, mas era um tesouro para Liadan. O novo comportamento dela parecia ter feito com que o Lestrange confiasse mais na garota, o que era ótimo para ela. As coisas estavam correndo como o planejado.

Cuidadosamente, Liadan foi até a prateleira e trocou a poção de Greyback pelo ectoplasma. Saiu apressada do quarto logo depois disso, tomando o cuidado de esconder o frasco dentro de uma pequena bolsa que carregava consigo.

Em seguida, ela foi até a porta do quarto de Scabior, que ficava em frente ao de Harold. Bateu na porta e esperou ser atendida.

— O que quer? — quis saber ele ao abrir a porta. Carregava um exemplar de livro de feitiços em uma das mãos e a varinha na outra.

— Greyback está enlouquecido na cozinha. Acho que está assustando os elfos...

— Aquele lobo sem vergonha... — grunhiu Marshal, sem pedir mais explicações. Ele e Harold não se davam muito bem. — Será que ele não consegue esperar pelo jantar?

Marshal Scabior jogou o livro em sua cama e saiu a passos largos de seu quarto, passando por Liadan e descendo as escadas determinado, segurando a varinha de forma imponente.

Assim que ele se foi, Liadan entrou no quarto dele e escondeu a poção de Greyback na última gaveta da cômoda, bem no fundo. Sem perder tempo, voltou ao corredor a passos apressados.

Foi quando uma voz congelou-a por inteiro.

— E então, Liadan. Vai me contar o que está tramando? — perguntou Kenrick Blackwood, a voz fria e ao mesmo tempo cheia de entretenimento.

— Como... você estava me espionando? — indagou Liadan, subitamente nervosa.

— Tem certeza que é sobre isso que iremos conversar? — falou Kenrick, rindo.

Liadan fechou os punhos e os dentes.

— Escute bem — começou ela. — Você não vai se meter nisso.

Antes que Kenrick pudesse responder, passos ressoaram da escada. Marshal Scabior e Harold Greyback voltavam da cozinha, o lobisomem com sangue escorrendo da boca.

— Seu cachorro estúpido... — esbravejou Scabior, mas sua atenção voltou-se para os gêmeos quando os viu no corredor. — Estão brigando de novo?

Liadan olhou para o irmão. Sentia raiva dele. Estragara seus planos...

— Não — respondeu Kenrick. — Não estamos brigando. — o garoto virou as costas e foi até seu quarto, calmamente, fechando a porta depois de entrar.

O quê?!, pensou Liadan. Aquilo não estava certo. Será que o irmão não tinha visto o que ela fizera? Será que estava esperando Ralph chegar para contar tudo a ele?

— Se é assim — concluiu Scabior — Então não tenho mais nada para fazer aqui. — ele andou até seu quarto, virando-se para Greyback antes de entrar. — Estou de olho em você.

O lobisomem grunhiu em resposta. Em seguida, quando apenas ele e Liadan estavam no corredor, Harold simplesmente passou por ela e, assim como os outros, se fechou em seu quarto. Eles costumavam ficar praticamente o dia inteiro lá dentro, lendo os livros de feitiços e tentando aperfeiçoar os conhecimentos. E por incrível que parecesse, o selvagem Harold Greyback sabia ler.

E, quando ele tomasse a suposta poção — com o tanto que Kenrick não abrisse a boca —, Liadan finalmente obteria sucesso.

***

Ralph Lestrange voltara com mais dois jovens bruxos, Orson Dolohov, um garoto rechonchudo e de aparência feroz, e Elora Carrow, uma menina miúda com um olhar diabólico. Ambos foram direcionados aos seus respectivos quartos após o jantar.

E de onde saíram repentinamente quando os uivos começaram.

O barulho que vinha do quarto de Harold Greyback era infernal. A lua cheia acabara de aparecer no céu, e agora, parecia que um terremoto se estendia apenas pelo quarto dele.

— O que está acontecendo? — quis saber Ralph, ao sair de seu quarto, a voz levemente desesperada. — Harold está se transformando?!

A resposta era óbvia, mas ninguém foi capaz de dizê-la. Todos estavam lá, em pé em um meio-círculo no corredor, os olhos alarmados e espantados.

— Mas... — balbuciou Ralph, tentando abrir a porta de Greyback. — Ele não tomou a poção?! Ele...

O Lestrange parecia estar confuso, mas ao mesmo tempo apavorado. E, antes que pudesse dizer mais alguma coisa, a porta voou para fora, esmagando-o contra a parede.

Uma forma negra, animalesca e muito estranha saiu lá de dentro. Harold adquirira uma aparência terrível: os dentes estavam pontudos, pelos cobriam todo o seu corpo e as suas costas estavam inclinadas, como se ela não conseguisse se decidir se iria andar de quatro ou apenas com os pés. Um uivo medonho saiu de sua boca, que derramou baba no assoalho.

Scabior foi o primeiro a agir.

Estupefaça! — gritou ele, o feitiço atingindo Greyback, mas sem efeito algum. Na forma de lobo, Harold era inúmeras vezes mais forte.

Impedimenta! — um raio alaranjado saiu da varinha de Paige Malfoy, atingindo o lobisomem, mas novamente sem efeito.

— Vocês! — gritou Marshal para o resto dos bruxos. — Corram!

Os outros se apressaram escada abaixo, rumo à sala comum. Liadan, porém, se escondeu atrás de uma curva do corredor, tentada a observar se seu plano daria certo ou não.

Ralph empurrou a porta para longe de si mesmo, parecendo dolorido e cansado, mas a adrenalina fez com ele se pusesse de pé no mesmo instante. Ele, Marshal e Paige apontavam suas varinhas para Greyback.

Feitiços foram lançados, mas ele não pareceu sentir nada. A garota Malfoy tentou lançar algo mais poderoso, mas ao murmurar Crucio, uma fraca luz saiu de sua varinha, sem produzir feitiço algum. Sem mais delongas, Harold avançou para Ralph, feroz, faminto, e abriu a boca, os dentes todos à mostra, pronto para cravá-los no Lestrange.

Mas Ralph apontou a varinha para ele, e com um olhar meio arrependido, meio raivoso, pronunciou:

Avada Kedavra!

O lobisomem caiu morto no chão, seu último uivo se desvanecendo no ar.


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Notas finais do capítulo

OBS: Se depender de mim, mato qualquer um que me der na telha kkkkkkk, brincadeira, não sou George R.R. Martin. Ou, pelo menos, vou tentar não ser...



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