O Retorno - A Marca Negra Renasce (Hiatus) escrita por Laurent


Capítulo 7
Na Casa do Lestrange


Notas iniciais do capítulo

É isso aí, espero que gostem. Aquele aviso de sempre: comentem ao final da leitura! Isso é muito importante para mim. Falem o que vocês acham que está bom, o que está ruim, o que precisa melhorar. Falem qualquer coisa. Mas falem.



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Os pés deles atingiram solo duro de pedra. Estava bem escuro, e assim que os olhos de Liadan e Kenrick se acostumaram à pouca luz, puderam ver o vulto de uma enorme construção erguida à sua frente.

— Bem-vindos à minha casa, senhores — disse Ralph, com uma formalidade desnecessária. — Nossa casa, agora.

Liadan detestou aquilo, mas seguiu o Lestrange quando este caminhou até a porta da frente, que era feita de madeira com detalhes de ferro. O garoto bateu três vezes e a porta se abriu. Um homem alto e com expressão severa recebeu-os carrancudo, sem dizer absolutamente nada.

O lado de dentro da casa estava fracamente iluminado pela luz de candelabros nas paredes. O homem velho se dirigiu a uma porta no fim de um corredor e se trancou lá dentro.

— É seu criado? — quis saber Kenrick.

— É meu pai — respondeu Ralph, sem se incomodar com a pergunta. — Vamos. Já separei os quartos em que vocês vão ficar. Ficam no terceiro andar. Sigam-me.

Os três subiram alguns lances de escadas, e desembocaram num corredor longo e sombrio, de ar espectral. Havia quatro portas em cada lado, todas de madeira escura polida, e no final do corredor, havia uma janela alta e arqueada, que deixava a luz da lua entrar para projetar-se no assoalho. O quarto de Liadan era o primeiro à esquerda.

— Este é o seu quarto — Ralph disse para a garota. Ela simplesmente abriu a porta, encarou o cômodo, que era até um pouco grande, fez uma cara de insatisfação e desdém e fechou-a com um grande baque. Em seguida, ouviu-se o barulho de chaves enquanto Liadan trancava a porta por dentro.

— Ela deve estar cansada — murmurou Ralph, e continuou a seguir pelo corredor. — Kenrick, seu quarto é o terceiro da direita.

Os dois pararam em frente ao respectivo quarto. Mas antes de abrir a porta, Kenrick lembrou-se de algo.

— Por que à meia-noite? Por que quis nos encontrar tão tarde?

Ralph esperou um pouco antes de responder.

— Porque — começou ele. — É mais seguro, não? Não queríamos que ninguém nos visse.

— Ah — disse Kenrick. — Então...

— E também porque, na véspera, vocês fizeram aniversário. Não expliquei isso ainda, mas todos os bruxos têm um rastreador quando são menores de idade. Quando completam dezessete anos, que é a maior idade para nós, esse rastreador não funciona mais. Mas, como vocês são filhos de Voldemort, achei melhor esperar um pouco, para saber se o Ministro iria querer fazer alguma coisa com vocês, agora que já estão crescidos...

A expressão de Kenrick tornou-se sombria.

— Você está dizendo que considerava a hipótese de o Ministro invadir o orfanato e nos capturar?

Ralph ficou um pouco sem jeito.

— Não exatamente capturar...

— E por que não nos avisou?! — indagou Kenrick.

— O que vocês poderiam fazer se ele viesse?

Kenrick mirou o garoto com desprezo.

— Liadan tem razão em detestar você — falou ele, entrando no quarto e trancando a porta.

***

O sol iluminou o quarto de Liadan, clareando tudo o que os raios conseguiam encobrir. Mesmo cansada, ela forçou-se a se levantar. Começa agora. Tenho que desbancar esse Ralph idiota e ser a líder.

Bocejou e pôs-se de pé. Fuçou a mochila, pegou alguma roupa e vestiu-a. Penteou os cabelos negros até ficarem lisos e brilhantes, e colocou alguma maquiagem no rosto. Escovou os dentes e saiu para o corredor.

Agora que a casa estava clara, era muito mais fácil descrevê-la. O papel de parede era de um verde bem escuro e desbotado. O chão, de madeira escura, liso e brilhante. Os móveis eram um pouco antiquados, mas muito refinados.

Descendo as escadas, Liadan se deparou com Ralph, sozinho, na sala comum. Ele estava de costas para ela, mas virou-se quando ouviu os passos da garota.

— Ah, já está acordada? — ele parecia surpreso.

— Não, querido. Sou um fantasma. A versão real ainda está dormindo lá em cima — disse Liadan, a frieza pesando em sua voz.

— Você é muito hilária, sabia disso? — falou Ralph, sorrindo.

Liadan ignorou o rapaz.

— Onde acho comida por aqui?

— Eu mesmo faço. Espere um minuto, e te arranjo um excelente café da manhã...

— Você sabe cozinhar?

— Liadan, quando se é bruxo, você não precisa, digamos, fazer certas coisas. Cozinhar é uma delas. Tenho elfos-domésticos trabalhando para mim, e eles fazem todo o trabalho necessário.

— Elfos-domésticos? — pela primeira vez, desde que conhecera Ralph Lestrange, Liadan parecia estar interessada no que ele dizia.

— Sim. Criaturas pequeninas, mas que têm mão boa para alguns trabalhos, como cozinhar, limpar, lavar e coisas do tipo. Adoram trabalhar, e não exigem salário em troca.

— Quero vê-los — falou Liadan, repentinamente curiosa.

— Pois sim. Siga-me.

Os dois passaram por um corredor apertado que acabava numa escadinha em espiral. Ela descia para uma espécie de porão, que Liadan descobriu ser uma cozinha ao chegar lá. E uma cozinha enorme.

Criaturinhas com cerca de trinta centímetros trabalhavam freneticamente em frente à mesas e balcões de madeira escura. Os elfos-domésticos tinham orelhas pontudas que se sobressaíam em meio a pele maltratada e enrugada. Eles vestiam trapos sujos de suor, que balançavam conforme eles se remexiam ao cumprir seus afazeres.

— Sandor! — chamou o Lestrange, fazendo com que um dos vários elfos parasse de estapear uma massa de pão ainda crua e viesse até ele. — Essa é Liadan Blackwood, nova moradora. O que ela disser, você vai fazer.

O elfo fez uma reverência.

— Às suas ordens, minha senhora.

Liadan achou aquilo sensacional. Agora, ela teria escravos para fazerem o que ela bem entendesse.

— O que deseja comer? — indagou Ralph, olhando para ela e esperando por sua resposta.

Ela sorriu. Aquilo era mesmo divertido. Pelo jeito, as coisas não iriam ser tão chatas quanto pensava.

— Ovos mexidos, pães doces com canela, uma maçã e suco de laranja.

— Por que não experimenta suco de abóbora? É muito mais saboroso. — sugeriu Ralph.

— Que seja — ela disse. — Ao trabalho, elfo.

Assim que Liadan deu a ordem, Sandor saiu correndo a passos apressados para aprontar o café da manhã a tempo.

— Vamos até lá em cima. Acho que o resto do pessoal já está acordado.

Ambos retornaram ao andar superior. Havia gente na sala comum agora, três pessoas. Estavam todas aconchegadas nos sofás de couro cor de vinho quando Ralph anunciou:

— Senhores! Temos novos membros no grupo. Conheçam Liadan Blackwood, a filha de Lorde Voldemort.

E o espanto congelou as feições dos bruxos. Enquanto todos viravam as cabeças para encarar Liadan de olhos arregalados, ela aproveitou para estudar seus rostos. Eram dois rapazes e uma garota. Um deles era o cara mais estranho que Liadan já vira; era enorme, e tinha um cabelo que lhe batia nos ombros, castanho, da mesma cor de sua barba. Tinha uma expressão diferente, quase como a de um cão bravo. As unhas, ela reparou, eram afiadas e amareladas, prontas para causar problemas.

O segundo garoto era mais normal. Atarracado, seus cabelos eram marrons e estavam presos num rabo de cavalo. De sobrancelhas franzidas e uma expressão nada amigável, ele encarava Liadan com um olhar de reprovação, o que ela não gostou nem um pouco.

Por fim, a última pessoa nos sofás, a garota, não era muito chamativa. Tinha cabelos loiro-prateados longos e ondulados, e uma cara um pouco redonda. Era magra e baixa, e tinha olhos acinzentados. A expressão dela era neutra enquanto olhava para Liadan, mas adquiriu um brilho esquisito quando encarou Ralph.

— Levantem-se — ordenou Ralph, conduzindo Liadan até os três, que puseram-se de pé de imediato. — Esse aqui — ele indicou o cara-de-cachorro. — É Harold Greyback. Esse — e apontou para o garoto de cabelos marrons. — É Marshal Scabior. E essa — a garota — É Paige Malfoy.

Liadan não cumprimentou ninguém, e os outros tampouco saudaram-na. Ficaram apenas se encarando, sem se atrever a dizer nada.

Finalmente, Kenrick desceu as escadas para a sala comum, e Ralph tornou a fazer as apresentações, enquanto Liadan observava a reação do irmão. Ficou claro que o garoto também achou Harold Greyback muito esquisito, pelo modo como o olhava. Mas era impossível não estranhar a aparência de alguém como ele.

Liadan descobriu que, além dela, Kenrick e Ralph, só havia os outros três no grupo. Ralph ficou cochichando com ela que ainda iria recrutar mais pessoas, mas que para isso era necessário bastante tempo. Liadan aprovara aquele comportamento. Ele não fazia tantas brincadeiras perto dos outros, e se as coisas continuassem do jeito que estavam, tudo estava bem para ela.

Exceto por uma coisa: quem iria liderar os Comensais da Morte?

Ralph não tocou nesse assunto em nenhum momento. Quando o café ficou pronto, todos foram até a sala de jantar, e comeram numa mesa longa e fina, com Ralph sentado na ponta. O fato de se sentar ali fez com que Liadan pensasse se ele já não estava querendo dizer inconscientemente — ou conscientemente, talvez — que ele era o líder. Mas, de qualquer forma, ela fez uma anotação mental de que iria se lembrar de conversar sobre isso com ele depois. Enquanto comia os pães com canela, os outros contavam suas histórias.

Harold Greyback fora gerado quando seu pai, Fenrir Greyback, um lobisomem, violentara uma bruxa indefesa. Talvez ele nem soubesse que tinha um filho, mas isso não importava para Harold. Enquanto falava, Liadan notou que a voz dele era tão estranha quanto a aparência. Sua fala parecia um latido gutural, e o hálito quente lembrava bafo de cachorro misturado com sangue. Assim como Liadan e Kenrick, ele fora notificado pelo Ministério da Magia de que não poderia estudar em Hogwarts.

Marshal Scabior nascera pouco antes de o pai morrer na batalha de Hogwarts. Ele crescera com a mãe, e também fora proibido de estudar na Escola de Magia e Bruxaria. Aprendeu algumas coisas básicas em sua própria casa, mas logo, recebera o convite de Ralph Lestrange para se juntar ao grupo. Desde então, ele só ficava na casa do garoto.

Paige Malfoy tinha uma história que era até um pouco triste. Os pais e o irmão dela pediram clemência ao Ministro da Magia, após a morte de Voldemort e a derrota dos Comensais da Morte, mas ele não quis aceitar. Contudo, eles conseguiram entrar num acordo: recentemente grávida na época, Narcisa Malfoy, sua mãe, propusera ao menos trocar a liberdade de Paige pela do irmão dela, Draco. Acabou que os pais foram presos, Paige foi obrigada a viver confinada numa Casa para Bruxos Menores, e Draco foi perdoado. Se isso acontecesse com Liadan, ela iria sair correndo atrás desse irmão desgraçado e não iria descansar antes de ter seu coração nas mãos. Mas Paige não parecia ser muito rancorosa. Liadan achou a garota muito sem graça e chata. Chegou a perguntar-se o que ela estava fazendo ali.

Mas, enfim, chegou a sua vez de falar. Ela contou toda a história, das coisas estranhas que conseguia fazer, da mudança de orfanatos, até o dia em que Ralph chegara no St. Charles e lhes contara toda a verdade. Kenrick complementou suas falas, contando alguns detalhes de como era a vida por lá.

Ao fim do café, o tal Greyback comera quatro pratos de ovos mexidos e tomara seis copos de suco de abóbora. Não era de se espantar: muita comida deveria ser necessária para sustentar alguém daquele tamanho.

Ralph foi o primeiro a se levantar.

— Vamos trabalhar — anunciou ele, e Liadan ficou imaginando o que Ralph ensinaria a ela e Kenrick.

E então, ela percebeu que Rabastan Lestrange não tinha aparecido em momento algum, durante toda a manhã.

— E seu pai, Ralph? — indagou ela, as sobrancelhas franzidas de curiosidade.

O garoto riu de forma estranha, quase triste, e ignorou Liadan.


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