O Retorno - A Marca Negra Renasce (Hiatus) escrita por Laurent


Capítulo 11
A Reunião


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora rs. Muita tarefa de casa por aqui...



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— Eu gostava de Harold Greyback — começou Ralph. Ele mandou todos, inclusive os recém-chegados, se alinharem à sua frente, como um exército faz para seu líder. — O garoto podia ser meio esquisito, mas era muito útil. Ele era, talvez, o mais forte dentre todos nós. E isso não é algo que eu encontre com frequência em bruxos da nossa idade — o Lestrange olhou a minúscula Elora Carrow de cima a baixo, curvando os cantos da boca para baixo. — Enfim. Chamei-os aqui na Sala de Treinamento porque quero fazer algumas perguntas a vocês.

Ninguém disse nada. Liadan olhou para o lado, observando Kenrick. Ele não pode contar... Não pode...

— Marshal — chamou Ralph, e Scabior levantou a cabeça. — Você foi o último a ver Greyback? — perguntou o Lestrange.

— Não sei — respondeu o outro. — Vi Greyback pela última vez quando ele retornava da cozinha comigo. Alguém pode tê-lo visto depois disso.

— E alguém viu? — quis saber Ralph, dirigindo-se a todos.

Os bruxos balançaram as cabeças em sinal de negação.

— E por que vocês dois voltavam da cozinha? — questionou Ralph.

— Greyback estava se comportando como um louco lá dentro. Mordiscava bifes crus quando fui encontrá-lo.

— Bifes? Quando isso aconteceu?

— Depois do almoço.

— Mas essa é a hora em que os elfos estão limpando a cozinha — estranhou Ralph. — Por que raios estariam preparando bifes?

Scabior franziu as sobrancelhas, sem saber a resposta.

— E quando vocês voltaram... — começou o Lestrange. — Encontraram alguém no corredor?

— Sim — Marshal virou os olhos para os irmãos Blackwood, indicando-os. — Eles.

— O que vocês estavam fazendo? — Ralph os observava curioso.

Liadan engoliu em seco.

— Conversando — respondeu Kenrick na frente dela. — Uma página do meu Livro padrão de feitiços estava borrada, então eu fui perguntar à minha irmã o que estava escrito no local.

Ralph respirou fundo.

— Isso não está levando a lugar nenhum — disse ele. — Sabem, eu fiquei pensando ontem à noite: por que Greyback se transformou? Fui até o quarto dele, verifiquei o frasco da poção, mas estava vazio. Ele deve tê-la bebido. Claro, com certeza ele a bebeu. Cheguei a pensar se ele não haveria jogado o líquido fora, mas com que motivo? Da última vez, prometi expulsá-lo do grupo se não fizesse o que lhe fosse mandado. Por que ele me desobedeceria? Parecia estar gostando das minhas aulas ultimamente. Além disso, por que ele se transformaria aqui dentro? Não há coisa mais estúpida. Cheguei então a uma conclusão: trocaram seu frasco de poção por alguma outra coisa.

— Mas como...? — começou Liadan, uma falsa voz de dúvida.

Antes que ela completasse a pergunta, o Lestrange retirou do bolso de sua capa o vidrinho de poção de Greyback. Todos ficaram pasmos, os olhos arregalados de surpresa.

— Onde achou isso? — quis saber Paige Malfoy, a primeira vez que falava naquela manhã.

— No quarto de Scabior — disse ele, fechando o cenho para Marshal. — Como explica isso?

Marshal Scabior parecia tão surpreso quanto o resto dos colegas. Abriu a boca para falar, mas nada saiu. Em seguida, tentou novamente, e disse, gaguejando:

— Mas... Mas... Isso não...

— Vou repetir a pergunta — falou Ralph, feroz, sacudindo o frasco na frente da cara de Marshal. — Como explica isso?

— Eu não faço a mínima ideia. Não sei como foi parar lá, eu juro!

— Está me dizendo que alguém o colocou em seu quarto?

— Eu... — e, de repente, o olhar de Scabior faiscou para cima de Liadan, lembrando-se do que ocorrera. — Ela! Foi ela que me chamou para controlar Greyback na cozinha. Deixei meu quarto aberto...

— Por que ela faria isso? — indagou Ralph, defendendo a garota. O que alguns sorrisinhos não fazem, admirou-se Liadan.

— Não sei — confessou Scabior. — Ou pode ter sido o Greyback, Ralph. Veja, ele não gostava de mim, você sabe bem disso. Talvez estivesse tentando me incriminar. Talvez quisesse botar a culpa em mim, para que ele pudesse sair por aí atacando sem que fosse punido na volta.

— E por que ele não saiu? Por que ele ainda estava aqui?

— Algo deve ter dado errado — esclareceu Scabior. — E, ainda mais, se eu tivesse mesmo trocado a poção dele por outra coisa, por que diabos eu iria esconder a poção no meu quarto? Se é a “prova do crime”, então por que eu a manteria comigo? Não seria mais fácil destruí-la?

Ralph começou a recuar, pensando um pouco nas palavras do outro garoto.

— Sabe que eu não seria tão tolo a ponto de fazer algo assim, Ralph. Isso mais parece coisa do Greyback, pois você sabe, ele era forte, mas inteligência não era uma de suas características mais marcantes. — continuou Scabior.

O Lestrange parecia resignado de seus argumentos.

— Talvez você esteja certo — disse ele, finalmente. Parecia cansado. — O lobo não gostava muito de você. E era burro, ah, isso ele era. Coitado. Morreu por sua idiotice.

Scabior ficou aliviado. Suas feições se suavizaram, e ele relaxou o corpo, outrora tenso pelas acusações de Ralph. O debate havia terminado, Liadan sabia disso, mas uma dúvida ainda perdurava em sua cabeça: por que Kenrick não disse a verdade?

***

Os dias seguintes passaram mais rápido. Depois do incidente com Greyback, todos pareciam estar mais silenciosos e retraídos, mas ao mesmo tempo, concentrados em aprender.

Kenrick e Liadan terminaram de ler o Livro padrão de feitiços, e surpreendentemente, conseguiram executar todos os encantamentos que Miranda Goshawk ensinava.

— Vocês são mesmo filhos de Voldemort — dissera Ralph, enquanto Liadan punha fogo com a varinha num bonequinho de plástico e Kenrick congelava um diabrete da Cornualha. — Aprendem numa velocidade assustadora.

E era verdade. Ralph tinha tanta certeza da capacidade dos gêmeos que lhes entregou a coleção completa dos livros do primeiro, segundo, terceiro e quarto ano. Liadan e Kenrick logo começaram a executar alguns feitiços de defesa e de ataque, e a preparar poções simples. Estavam progredindo. Logo seriam bruxos hábeis, isto é, se continuassem naquele ritmo.

Os dois também começaram a participar dos duelos realizados todo dia no fim de cada treinamento.

— Kenrick — dissera Ralph ao bruxo. — Você e sua irmã estão aptos para duelar agora. Podem começar.

Foi uma surpresa imensa. Era muito chato ficar só observando os outros bruxos duelando, e poder finalmente testar os conhecimentos nessa área era um alívio para Kenrick.

Em seu primeiro duelo, ele conseguira aceitar a irmã de raspão no braço esquerdo, mas ela revidara tão selvagemente com um Estupore que ele desmaiara antes de poder fazer qualquer coisa. Ficara com raiva dela; mas um dia, haveria revanche e ele faria questão de vencê-la.

Liadan parecia estar evitando Kenrick. Eles já não estavam se falando muito, ou sequer ficando juntos na Sala de Treinamento, como fora nos primeiros dias. O grupo de Comensais se subdividira em dois (“Assim é mais produtivo”, dissera Ralph Lestrange): Liadan, Orson e Scabior, e Kenrick, Paige e Elora. É claro, todos ainda eram um só, como Ralph fazia questão de frisar toda reunião. Mas, normalmente, os dois grupos iam treinar cada um para um lado (exceto que Ralph supervisionava os dois, mas tirando isso, estavam realmente divididos). Isso só distanciou ainda mais os irmãos Blackwood.

— Ei, Kenrick — chamara Paige, em um dia em que ele estava treinando seu Diffindo.

— O quê? — respondeu ele, interrompendo-se. Não costumava muito dirigir a palavra à Malfoy.

— Sua irmã, ela... — a garota parecia estar um pouco acanhada. — Ela precisa muito da ajuda do Ralph?

— Por quê?

— Eu queria trocar de lugar com ela. Tem um feitiço que não consigo executar, e acho que só o Ralph poderia me ajudar nisso.

— O Ralph também nos supervisiona. Não precisa trocar de grupo.

— Eu sei, mas ele passa muito mais tempo no grupo de lá — disse ela, encarando o outro lado da sala, onde Ralph se misturava com os outros.

— Se você estiver realmente com problemas, acho que ele largará um pouco aquele grupo e focará no nosso.

Paige respirou fundo, os cabelos prateados caindo pelos ombros como cortinas lisas.

— E que feitiço é esse? — indagou Kenrick. — Quem sabe eu posso te ajudar.

Paige não olhava para o garoto. Estava observando o outro grupo enquanto eles praticavam seus feitiços em alvos.

— Não, acho que não. — disse ela, gentilmente. — É muito avançado.

Assim que ela se virou, Kenrick voltou-se para seu treinamento. Ele estava tentando cortar um pedaço de madeira com o Diffindo, mas tudo o que conseguira até agora foram um pequenos buracos desajeitados na tábua.

Diffindo! Diffindo! — ele não entendia. O feitiço aparentava ser tão fácil. Por que ele não estava conseguindo executá-lo?

— Quer ajuda? — indagou Paige. Ele não vira, mas a garota tinha se aproximado dele novamente.

— Não, obrigado — respondeu Kenrick. Ele conseguiria lançar aquele encantamento sozinho, de um jeito ou de outro.

— Você está fazendo errado...

— Como assim? — perguntou Kenrick, olhando para Paige como se ela fosse louca. — A pronúncia está correta...

— A pronúncia está, mas você está fazendo os movimentos errados.

— Mas aqui no livro... — começou o garoto, verificando o Livro padrão de feitiços – 3ª Série. —... Diz que devo fazer com que a varinha percorra o sentido horário...

Anti-horário. — corrigiu Paige.

— Não — discordou Kenrick. — Horário.

— Deixa eu ver isso aí — a garota foi para o lado dele e seguiu com o dedo a linha que tinha as instruções do feitiço. — Mas é claro. Seu livro está borrado no “anti”.

Kenrick semicerrou os olhos, observando com mais atenção. Uma mancha negra era visível antes de palavra horário. O garoto pensara que aquilo era um erro de impressão, mas não custava nada confirmar.

Diffindo! — disse ele, apontando para a tábua, dessa vez executando os movimentos no sentido anti-horário. Um corte bem feito e profundo separou a madeira em dois. Kenrick conseguiu sorrir.

— Eu não disse? — falou Paige, sorrindo também.

— Obrigado.

— Por nada.

Eles começaram a conversar depois disso, e Kenrick ficou espantado em saber que Paige não era tão chata e sem graça como ele pensava. Ela podia ser um pouco ruim em alguns feitiços, mas a habilidade dela era inegavelmente maior do que a de Kenrick. Além do mais, ela não tinha aquela aura de superioridade que todos os outros colegas carregavam, cada um se achando mais esperto que o outro. Isso era algo que Kenrick não via fazia bastante tempo. Talvez ele conseguisse achar uma amiga em meio à toda aquela confusão de bruxos.

***

Após ser dispensada do treinamento daquele dia, Paige foi andando a passos apressados até Ralph Lestrange. O garoto olhou-a de forma sigilosa. Espiou para todos os lados a fim de ver se alguém estava prestando atenção neles, mas não havia ninguém por perto.

— E então, conseguiu? — perguntou Ralph aos sussurros.

— Claro que não! — respondeu a garota, um pouco irritada. — Ele e eu só tivemos uma pequena conversa. Mas não se preocupe, é só uma questão de tempo até que eu o convença a me contar a verdade.

— Ótimo — Ralph sorriu, satisfeito. — Estou quase certo de que foi Kenrick quem trocou a poção de Greyback.


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