"Resista-o antes de o pedir, oh, flor maligna" - Waga Routashi Aku no Hana, Ali Project.

Ela havia dito para ele não ler até que chegasse em casa. Naruto quase sorriu, pensando no que a bela louca estaria pensando, mas nada lhe vinha à mente. Algo em seu íntimo dizia que ela jamais o perdoaria se ele abrisse o caderno antes de chegar em casa, então ele engoliu em seco. Como não era capaz de se concentrar na aula, ele apenas fechou os olhos, repousando a cabeça levemente sobre a mesa da carteira. Provavelmente aconteceria o mesmo clichê: o professor Kakashi bateria em sua cabeça com um de seus pesados livros e ele acordaria de um belo sonho.

Ninguém queria permitir que ele vivesse em um sonho.

Mas e se a realidade fosse um sonho, como bem lembrava a Temple of the Vampire? "O sonhador escolhe o sonho", eles dizem. Para Naruto, era mais uma desculpa para seguirem a ordem ocultista deles, mas deixando isso de lado, talvez eles estivessem certos. De fato tudo era Maya, tudo era Ilusão, então o Universo poderia ser uma grande mente e tudo que nele existe um sonho, imagens oníricas. E nós vivemos em um sonho não-lúcido, a não ser que essa situação mudasse, que todos percebemos que estamos sonhando. Talvez o Universo acordasse quando todos percebessem.

Naruto ficou tanto tempo nessas divagações, que nem percebeu quando a aula acabou. A aula de História de Kakashi era justamente a última do dia, mas Naruto só percebeu quando sentiu algo tocando a sua face. Era quente, era macio... ele se perguntava o que era. Espere! Ele se perguntava? Então ele estava acordado! Ele abriu os olhos e viu que era Hinata, que fielmente acariciava a bochecha do loiro com um sorriso nos lábios. Um sorriso encantador.

– Vamos indo, Naruto-kun - Hinata disse. Naruto, que via tudo embaçado, esfregou os olhos para ver melhor e se levantou da carteira em seguida.

E assim se sucedeu que os dois caminhavam para fora da escola, sem dizerem uma única palavra, mas foi Hinata que tomou esse direito.

– Naruto-kun, há algo muito especial dentro deste caderno que lhe entreguei - ela dizia, com Naruto com o caderno em mãos. - Por favor, só leia quando chegar em casa, quer ouvir a sua opinião depois.

Naruto, que ainda estava com sono, apenas concordou com a cabeça.

– Bem, é aqui que nos separamos, loirinho - Hinata disse. - Até amanhã - e sorriu ternamente. Naruto corou um pouco.

– Sim, até amanhã, Hina - ele disse. E então arregalou os olhos diante do que dissera. - Digo, eu quis dizer Hinata!!! - ele exclamou, ao notar que Hinata estava estática.

Ela sorriu em seguida.

– Poderia me chamar de Hina? - ela pediu, Naruto não entendeu. - Mas me chame assim se um dia nos casarmos, certo? - ela dizia. - Bem, até amanhã, Naruto-kun.

E ela foi pela a direção oposta. Naruto suspirou.

Indo para casa, ele não pensava em muita coisa, apenas sobre o que faria dali pra frente. Ele não queria estudar, se pudesse seria um mangaká e por alguma razão estava curioso sobre o que havia no caderno de Hinata. Ele decidiu se apressar um pouco para chegar em casa e ver, ele poderia ver na rua mesmo, mas sentiria que estaria traindo a confiança de sua estranha amiga. Sim, amiga, afinal de contas. Era irritante para o loiro, mas ele tinha uma amiga. Ao chegar em casa, ele foi correndo até o quarto, subindo as escadas, e sequer trocou de roupa antes de se jogar na cama. Ele abriu o caderno e seu coração quase saltou pela a boca.

Eram desenhos! Mas não desenhos comuns, era um name, um rascunho de mangá. Naruto olhou para a primeira página e notou que era um name quando viu que os desenhos formavam uma sequência, uma história. Era um pequeno mangá sobre a infância de uma garota atormentada por monstros. Ele olhou curioso, avançando nas páginas, notando tudo que acontecia com ela: ela sendo internada e vista como uma garotinha louca, ela sendo rejeitada e olhada com desdém. Naruto notou que aquele era um mangá sobre o passado de Hinata.