Minecraft. A Origem Das Trevas escrita por Hermes JR


Capítulo 9
Contato Imediato


Notas iniciais do capítulo

"Sentando-se, cansado, ele retirou sua arma ensaguentada do corpo de sua inimiga."



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O dia seguinte fluiu melhor e mais rápido que o primeiro. Steve evitou parar tanto para descansar ou comer, andava a passos largos e quando pressentia que alguma podia estar errada, simplesmente sacava sua espada, mas não cessava a caminhada.

Havia momentos em que ele ficava um pouco desorientado sobre qual direção tomar, pois sem um mapa ou alguém que realmente sabia o caminho, ele era guiado somente por sua boa e velha memória. Quando chegava a pontos que não sabia por onde seguir, sempre olhava atentamente para cada um dos lados, e a única coisa que via eram árvores e mais árvores, o que obviamente não o ajudava em nada, e ele seguia na direção que julgava correta, arriscando-se.

Steve levava consigo uma pequena garrafa onde ele armazenava água, e na tarde desse dia ela se esgotou. Não havia algum lugar por perto onde ele pudesse abastecê-la, pelo menos até onde ele conhecia a rota, e não se arriscaria a sair dela e se perder depois, então permaneceu com ela vazia mesmo.

O resto seguiu sem mais problemas, mas por dentro Steve estava bastante confuso, não conseguindo tirar de sua mente as imagens do estranho sonho que teve, a sensação de estar sobre a influência de uma tempestade, de ser invisível. No início ele achou que era somente um sonho muito macabro, um pesadelo, mas quando parou e encaixou as peças do quebra-cabeça, soube na hora do que se tratava. Tudo aquele que ele vira em seu sonho não era nada mais do que uma noite de sua vida, uma terrível noite que ele passara. Daquele dia, Steve só trazia más recordações, e era por isso que ele evitava pensar nele, e essa memória ficava no canto mais obscuro de sua memória. Era muito estranho, reviver os momentos daquele dia, depois de recordar de tudo, Steve podia lembrar-se de cada mínimo detalhe que passou, do medo que crescia e crescia em seu peito, das poucas vezes que ele teve um medo muito grande de morrer. Os barulhos de trovões pareciam ficar soando dentro de seus ouvidos, indo e voltando, graves como o bumbo de uma bateria, e qualquer pequena faixa de luz o lembrava um raio vindo do céu. Aquilo realmente mexeu com ele.

Mas fora todos esses detalhes que o perturbavam, havia um em particular que o deixava ainda mais confuso. Antes, e ele tivera sonhos de seu passado também, ele sonhou com o dia em que perdeu os pais, sonhou no dia em que conheceu John e Peter e sonhou com o dia em que ambos faleceram também. Chegou a pensar que era alguma coisa maior do que ele podia ver, como uma intervenção divina, algo mágico, porém, logo esses sonhos pararam e nunca mais voltaram, ele nunca voltou a pensar neles e tudo não passou de pesadelos onde ele relembrou o seu passado obscuro. Entretanto, ele voltou a sonhar novamente, e as perguntas voltaram a martelar em sua cabeça. Steve agora tinha conhecimento de que magia era algo bastante real, e que podia ser usada tanto para o bem quanto para o mal, e o que ele não parava de pensar era sobre isso, se tudo o que ele sonhava tinha alguma coisa ligada com o mal que o assolava. Havia dezenas de ligações entre esses sonhos, havia pessoas que ele conhecia morrendo, ele sendo deixado para trás, lutas, e no final ele sempre falhava, não podendo fazer nada. Ele estava indo a Téfires atrás de Esmeralda, e aproveitando a viagem iria perguntar a ela o que era isso que o assombrava tanto.

Numa de suas paradas, já no fim do dia, ele decidiu parar por mais tempo, já havia avançado demais por aquele dia e achava que merecia um descanso. Procurou por uma sombra onde ele pudesse descansar, e logo achou uma debaixo de uma grande árvore. Sentou-se lá e tirou um pão de sua mochila improvisada, estava todo amassado, mas com a fome que ele estava engolia qualquer coisa que fosse feita para comer.

Apreciando a paisagem, ele tirou a espada de sua cintura e a pôs ao seu lado, não muito longe caso precisasse recorrer a ela em algum momento. O arco e as flechas também estavam tão próximos quanto a espada. Steve usou sua mochila para apoiar a cabeça, como um travesseiro.

Olhando o Sol no horizonte, seu olhar começou a pesar, e o cansaço a abatê-lo. A luz alaranjada cortava o céu e abria passagem entre as nuvens, criando assim um ambiente que só existia nos mais belos quadros. Enquanto admirava a bela vista, Steve acabou cochilando um pouco. Acordou assustado logo depois, sacudindo a cabeça furiosamente para despertar, mas não adiantou, e não passou alguns minutos e ele dormiu novamente.

Já era noite, Steve acordou muito assustado, ergueu-se de uma vez só com a espada em punho, atacando o ar.

–Droga! –Ele xingou baixinho.

Steve adormeceu ao pé da árvore, e por ali ficou mesmo, até o momento em que acordou de repente, percebendo sua situação. Tinha de procurar logo por abrigo, não sabia por quanto tempo ficara ali dormindo, talvez só por ura sorte ele não fora pego por alguma criatura noturna, e já que conseguira sair ileso de sua soneca, não ia arriscar mais, pegou então sua mochila, arco, flechas e sua espada e partiu, procurando um abrigo.

Com a espada empunhada, ele avançou tomando todo o cuidado possível. Havia, até onde ele sabia, cinco tipos de criaturas diferentes, os Creepers, que eram os mais temidos, e os que mais o perturbavam também; havia os zumbis e os esqueletos também, que na visão dele, eram muito próximos, talvez apenas uma variação do outro, uma coisa peculiar entre eles, entretanto, é que os esqueletos tinham uma habilidade mais desenvolvida, quase sempre carregavam consigo um arco e flechas, e pouquíssimas vezes ele topou com alguns que utilizavam armadura; havia as Aranhas, que eram meio que uma mutação, aranhas caranguejeiras gigantes de mais de um metro, basicamente, além das que viviam em cavernas que eram venenosas, não eram caranguejeiras, mas eram sim uma mutação e ele contava como uma só; e além de todos esses, havia o Enderman, que para Steve sempre fora o que mais o chamou a atenção, tanto pela sua forma física tanto por sua natureza incomum, que só ataca quando se sente ameaçado.

Ninguém, realmente ninguém sabia a origem desses monstros, eles simplesmente surgiram de um dia para o outro, sem mais nada. Num dia todos viviam num mundo pacato e normal, e ao raiar do dia seguinte o mundo estava tomado por criaturas violentas e sedentas de sangue. O mundo se mergulhou em pânico e medo desde então, alguns se arriscaram a ir atrás de explicações para isso, outros preferiram ficar escondidos com medo.

Steve sempre levou muitas perguntas na cabeça quanto a esse assunto, como por exemplo, de onde eles surgiram, ou por que atacavam os humanos, sua origem. Eram muitas indagações, e não melhoraram em nada depois do encontro que tivera no Ninho de Creepers, onde ele esperava conseguir algumas respostas para tudo aquilo, pelo menos saber como começaram ou o motivo pelo qual foram criadas para atacarem as pessoas.

Ele não pôde pensar muito mais, pois uma flecha passou zunindo bem a sua frente, quase arrancado seu olho. Não precisava de muita coisa para saber o que era, não havia outra explicação que justificasse isso, e logo ele descobriria que não estava errado.

Com a espada erguida, ele deu uma volta rápida, passando o olho por cada canto que conseguia ver, entretanto, a escuridão não o ajudou, e nada ele viu. Recuando um pouco mais, ele olhou na direção em que a flecha veio, mas depois de um tempo olhando lá, pode constatar que seja o que fosse que o atacou, não estava mais lá.

Começou a correr, não que estivesse com muito medo ou algo assim, já passaram por situações semelhantes e até muito piores, mesmo assim, não ia arriscar se ferir logo agora. Com passos largos e rápidos, ele atravessou a mata rapidamente. As sombras da noite passavam ao seu lado tão rápido que chegavam a formar silhuetas dançantes, que mais pareciam espíritos o seguindo.

Depois de estar a metros e metro do lugar que vira a flecha passar, ele deu de cara com algo que realmente o surpreendeu, algo que ele não via realmente há muitos anos. De dentro do canto mais obscuro da floresta, surgiu uma Aranha, nada demais, só seu um metro de comprimento e altura, todavia, o detalhe não era esse, e sim a criatura que ela carregava em cima de si, um esqueleto. Ele estava, como de costume, com um arco na mão, e incrivelmente trajava uma armadura.

Steve não se deparava com essa cena fazia muitos anos, e quando se deparou, dificilmente saiu totalmente ileso. Tinha ao seu lado, entretanto, toda a experiência que adquiriu com os anos que se passaram e com tudo que ele lutou. Tinha certeza de que aquilo não seria não nenhum desafio para ele, e logo atacou.

Com um rápido movimento, sua espada foi direto contra o esqueleto, e ele o teria matado se não fosse sua armadura. O monstro se desequilibrou em cima de sua companheira, que retribuiu com um belo bote, dando assim uma mordida no antebraço de Steve.

Recuou. Seu braço começou a sangrar devido a mordida, porém, não fora tão profunda e não era nenhum risco.

O esqueleto, já de volta, atirou uma flecha, que Steve conseguiu desviar a tempo, e assim que conseguiu, pulou em cima da Aranha com a espada em mãos, e habilmente, a atravessou pelo crânio de seu inimigo. O corpo dele caiu duro no solo, produzindo um baque estridente.

A Aranha então atacou novamente, derrubando-o. Steve não tinha como recorrer a sua espada, pois ela estava presa na cabeça do esqueleto. Chutando-a então, tratou logo de se levantar e correr. Pegou o cabo da espada e puxou-a rapidamente. O que ele conseguiu, entretanto, não estava em seus planos. Quando ele tentou arrancá-la do crânio dele, ele acabou trazendo junto a cabeça de seu inimigo, com elmo e tudo mais.

–Que beleza... –Ele disse sarcasticamente.

Sacudindo a espada na tentativa de tirar o crânio de lá, nada ele conseguiu, e quando se deu conta de que a criatura armava outro bote contra ele, atacou-a. O elmo, que estava no crânio do esqueleto, saiu voando e colidiu certeiramente com a Aranha, desorientando-a. E se aproveitando desse momento, ele avançou e fincou sua espada no corpo dela, dando um fim definitivo àquela luta.

Sentando-se, cansado, ele retirou sua arma ensaguentada do corpo de sua inimiga.

–Que nojento. –Ele disse fazendo uma careta, limpando o sangue na grama.

Quanto ao crânio do esqueleto, se partiu no momento do ataque.

Enquanto descansava, ele olhou para o corpo morto ao seu lado e então percebeu que poderia usar a armadura de seu inimigo para sua proteção. E foi o que ele decidiu fazer, erguendo-se, ele pegou o elmo e seguiu para pegar o resto, quando algo inesperado aconteceu, novamente.

Steve já estava agachado, retirando a armadura do corpo esquelético caído no chão, quando ouviu um som muito comum atrás de si. Era um som que ele conhecia muito bem, e o único pensamento que veio a sua cabeça foi o de correr. Levantando-se, ele correu, mas não adiantou. Rapidamente o Creeper atrás dele explodiu e ele foi arremessado alguns metros para frente. Sua cabeça bateu contra uma árvore e sua visão ficou turva.

Massageando o local que ele machucou, repreendeu a si mesmo:

–Você não devia ficar parado por aí à noite, imbecil... Essa foi por pouco...

Sentando-se novamente, Steve viu ao longe alguma coisa na escuridão se movendo. Tudo foi muito rápido, e logo outra flecha veio em sua direção, passado, porém, bem longe. Mesmo assim, ele sabia que não estava livre do perigo, havia mais um esqueleto ali. Levantou-se, mas uma flecha veio de novo e o atingiu bem no ombro, seus músculos vacilaram e ele caiu de joelho. Erguendo a cabeça, viu o monstro um pouco distante de si. Sua face, com aquela mesma feição sempre. Embora ele não pudesse demonstrar emoções fisicamente, Steve sabia que se pudesse, ele estaria com um belo sorriso malicioso em sua cara agora.

O monstro recarregou o arco de novo e prestes a atirar, algo o atravessou. Uma espada veio violentamente destroçando toda sua caixa torácica, as costelas foram feitas em pedaços, e como se não fosse o bastante, logo depois veio uma flecha e atravessou o crânio dele.

O monstro não tinha como sair vivo dessa, e Steve logo viu quem era:

–Nicko...


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