Minecraft. A Origem Das Trevas escrita por Hermes JR


Capítulo 6
Saída


Notas iniciais do capítulo

"-Porque você está lançando o garoto num mundo perigoso, dando a ele uma impressão distorcida do que é o mundo lá fora! Ele acha que empunhar uma espada e sair por aí atacando tudo e qualquer um é legal, mas não é bem assim que as coisas funcionam."



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Téfires estava certamente muito longe de Colina Nevada, a dias de distância, e para uma pessoa ir de Colina Nevada até lá não era um trabalho fácil. Felizmente Steve já havia feito aquele trajeto duas vezes, tinha, portanto, uma noção da onde teria de ir. Sabia qual saída tinha de pegar e os rumos que teria de tomar ao sair da vila.

Enquanto andava, passando pelas casas, tinha a cabeça baixa e o olhar vago. Não gostava da ideia de abandonar a aldeia e as únicas pessoas que ele realmente se aproximara em anos. Deixar para trás Bruce, Nicko e até mesmo Adália era duro, mas como ele já sabia, necessário. Pelo menos ele estava indo atrás de outra pessoa na qual ele se importava, e esperava que a mesma se importasse com ele, Esmeralda. Não a vira desde o momento que estavam prestes a sair do Ninho de Creepers, que nem ele sabia o que aconteceu, pois a única coisa que lembrava era de acordar deitado em repouso, rodeado por travesseiros e cobertores. Porém, não gostava da ideia de não ficar sabendo o que ocorreu e ela, afinal, se não fosse por Esmeralda, ele já estaria morto há muito tempo. Ela o salvou incontáveis vezes, mesmo quando ele recusou sua ajuda, estava em dívida com ela. Tinha medo de que alguma coisa ruim ocorrera a ela, e não suportaria deitar e dormir com isso na cabeça, apesar de que ele não dormia bem há dias.

Agora a aldeia, quase que por completo, já estava toda acordada, o movimento de pessoas já estava claramente visível e o barulho matinal das pessoas com sono levantando e indo tomar sua primeira refeição já podia ser ouvido. Steve esperava sair antes de as pessoas acordarem, até mesmo antes de o Sol nascer, mas depois que parara para pensar, não iria fazer diferença alguma, então não havia problemas.

Steve já podia ver a saída que o levaria a Téfires quando ouviu uma voz o chamar:

–Já de pé tão cedo de novo?

Olhou na direção em que ouvira a voz e dera de cara com Fred, novamente. Ele estava sentado no telhado de uma casa, com as pernas balançando e uma roupa de frio na mão, que ele supostamente deveria usar. Usava, porém, um gorro preto na cabeça.

–O mesmo eu digo a você. –Steve respondeu, parando a caminhada.

–Talvez. –Fred disse.

–E digo mais, você devia parar de ficar aparecendo assim de repente. –Steve disse.

–Não teria o mesmo efeito... –Fred então, habilidosamente, saltou do telhado da casa e caiu de pé, em frente a Steve. –Onde está indo?

–Indo? –Steve disfarçou.

–É, ora, você está carregando essa mochila aí nas costas e ainda está carregando uma espada. –Fred disse apontando para as coisas que Steve carregava. –Já está indo embora?

–É o que parece. –Ele respondeu.

–Tão cedo...

–Eu sei, mas tem muita coisa acontecendo e eu tenho que... Bem, tomar uma posição.

Fred se aproximou dele e tocou na espada embainhada delicadamente, como se fosse algo muito precioso e raro.

–É sua? –Ele perguntou.

Steve tinha que responder que era, não podia contar a um garotinho que tinha roubado uma espada.

–É sim, mas está meio velha e desgastada, mas dá para o gasto. –Respondeu enfim.

–Posso pegá-la? –Fred o encarou com olhos tão delicados que, mesmo que ele não achasse correto, teve de deixar.

–Só um pouquinho, mas não a tire da... –Fred o interrompeu tirando a espada de sua cintura, deixando-a cair no chão logo depois.

–Que troço pesado! –Exclamou, esforçando-se para levantá-la.

Fred tentou fazer alguma coisa, algum movimento que simulasse um ataque, mas não tinha forças para manter a espada erguida por mais de cinco segundos. Tentou e tentou mais, com as duas mãos, em posições mais confortáveis para sua mão, mas nada era o suficiente. Cansado, ele logo desistiu e disse entregando a espada:

–Quem sabe quando eu for mais forte eu consiga fazer alguma coisa melhor...

–É, quem sabe... –Steve disse embainhando-a. - Tenho certeza de que será mais forte.

Ele sabia que tinha de dar palavras de incentivo para ele, o garoto idolatrava o pai, que morreu lutando. Ao mesmo tempo, não sabia se era o certo a fazer, pois estava meio que o incentivando a ir à guerra, pondo assim a vida dele em risco.

–Agora eu tenho que ir porque na posso...

–Você vai para uma batalha? –Fred indagou.

–Não! –Ele respondeu rapidamente. –Pelo menos não ainda, não está acontecendo uma batalha neste exato momento.

–Mas vai ter? –Continuou.

–Não... –Hesitou.

–Então para que a espada?

–Ah Fred, até parece que você não conhece o mundo que nós vivemos. Somente para me proteger dos perigos de mundo afora.

–E vai para onde?

Steve não queria contar muita coisa para ele, então tentou desviar o assunto.

–E quando ontem à noite? Ou hoje de madrugada... O que Roger falou com você? Ele ficou muito bravo?

–A mesma história de sempre, ele me dá uma lição de moral e fala que vai deixar de castigo... No fim das contas ele acaba não ligando muito, ainda bem.

–Ele falou alguma coisa sobre mim?

–Ele me perguntou o que eu estava falando com você, eu só respondi que te encontrei e começamos a conversar então.

–Ele parecia bem revoltado.

–E quando ele não está? –Perguntou retoricamente. –Provavelmente vai querer me matar de novo quando acordar e ver que eu não estou na cama, de novo.

–Você saiu de novo sem ele saber?! –Exclamou. –É melhor você voltar correndo, não é bom você se meter em mais encrenca, e o pior vai ser se ele me ver com você mais uma vez.

–Não se preocupe, ele não vai... –A voz dele foi sumindo e ele logo saiu correndo.

Steve não precisa ser um gênio para saber que Fred vira Roger, e assim que ele se virou, foi ele mesmo quem encontrou.

–Estou começando a confiar cada vez menos em você Steve. –Ele disse com o mesmo tom frio na voz.

–E desde quando confiou em mim?

–Desde a primeira vez que soube de sua história, mas isso não vem ao caso, duas vezes seguidas que Fred foge de casa e ele vem te encontrar.

–Acredite, não queria que ele saísse de casa para vi atrás de mim, somente nos encontramos...

–Que coincidência... –Falou com um tom sarcástico. –Mas duas vezes no mesmo dia? Quer que eu caia nessa? O garoto pode até te idolatrar, mas não está sendo um bom exemplo.

–Acho que ele só vê em mim uma figura mais semelhante ao pai dele, que na verdade ele deveria ver em você. –Steve o repreendeu.

–O que quer dizer com isso?

–Você é o responsável por ele, devia ser uma figura paterna para ele, e apesar de tê-lo visto só três vezes, sei que faço melhor isso do que você.

–Ah, mas que belo! –Caçoou. –Realmente se acha em posição de falar isso para mim? Olhe bem, ele pode me odiar, desejar a minha morte, o que for, mas eu cuido dele e sei o que é melhor para ele.

–Sabe mesmo?

–Não é porque eu não sou como o pai dele que não faço um bom papel.

–Não precisa ser igual ao pai dele, só precisa ser uma figura paterna mais próxima.

–Steve, ele só fica vindo atrás de você porque vê de alguma forma uma semelhança entre o pai dele e você, mas no fim das contas...

–E por que isso é ruim?

–Porque você está lançando o garoto num mundo perigoso, dando a ele uma impressão distorcida do que é o mundo lá fora! Ele acha que empunhar uma espada e sair por aí atacando tudo e qualquer um é legal, mas não é bem assim que as coisas funcionam.

–Nunca quis isso e em nenhuma hora demonstrei isso.

–Mas não está longe de fazer isso. Sei que sou o líder da tropa, mas é por conta disso que o quero longe de tudo isso, tudo o que eu vi acontecer, tantas tragédias, não quero o mesmo para ele, e você só está dificultando isso.

–Como? Como?! Tivemos rápidos encontros de cinco minutos no máximo...

–É só porque ele vê em você o pai dele! E sabe por que isso me incomoda? Por que o pai dele não era como ele imagina! Morrer em um campo de batalha pode ser honroso, mas querer empurrar seu filho ara cima disso não é. O pai dele não sabia de nada, muito pelo contrario, a guerra, a luta não é algo bonito para ser idolatrado, quem faz isso não tem um pingo de consciência, só está cuspindo besteira atrás de besteira! Não podemos...

–Está bom! Só cala a boca! –Steve o interrompeu. –Não sou obrigado a ficar aqui ouvindo você desabafar esse monte de asneira em cima de mim! Se não gosta disso, dane-se! Estou indo embora agora mesmo!

Steve saiu andando pisando forte, colidiu com Roger no caminho e não olhou para trás.

–E aonde vai? –Roger perguntou.

Steve não respondeu, tampouco se virou, não tinha de dar satisfação a ele, somente a si mesmo.

E foi desse jeito que ele deixou Colina Nevada, ouvindo um monte de besteira e completamente estressado.


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