Minecraft. A Origem Das Trevas escrita por Hermes JR


Capítulo 5
Rápidos Encontros


Notas iniciais do capítulo

"Apreciava lentamente cada coisa que via, desde as mais simples casas até as mais bonitas construções, queria poder se lembrar de tudo antes de partir."



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O vento gelado soprava direto contra a direção de Steve. O dia havia acabado de começar e como o Sol mal havia surgido, o frio ainda predominava, até mesmo porque o clima de Colina Nevada era gelado naturalmente.

Apreciando pela última vez a bela aldeia que o acolheu, mesmo que por um curto período de tempo, sentiu uma pontada de arrependimento por deixar toda aquela maravilha para trás de novo. Era necessário, mas muito cruel.

Nas ruas, havia já algumas poucas pessoas. Um casal de senhores com baldes de leite na mão, uma mulher com duas crianças e um homem com uma enxada. Todos, muito educados, o cumprimentaram sempre que passavam ao seu lado, e ele retribuía. Era estranho isso, havia tempos que ele não vivia em comunidade assim, com pessoas alegres de um lado para o outro, trocando sorrisos e favores. Parecia tudo tão superficial, tão forçado, mas transmitia uma sensação boa, afinal, ele vivera sozinho quase a vida toda, companhia, por mais forçada ou patética que fosse, era boa demais.

Apreciava lentamente cada coisa que via, desde as mais simples casas até as mais bonitas construções, queria poder se lembrar de tudo antes de partir. Algumas apresentavam partes improvisadas para disfarçar estragos, estragos que Steve sabia muito bem como haviam surgido, na noite do ataque dos Endermen. Aquele ataque que ele, Bruce e Dave haviam impedido de se tornar algo maior, mas que só Dave havia ganhado reconhecimento, e as pessoas sequer sabiam da participação dele e de Bruce, ou pior, da existência deles. No inicio, aquilo o incomodou como um monstro tentado-o matá-lo, mas depois de todos os acontecimentos que ele passou, depois de tudo o que viu e conseguiu sair vivo, não ligava nem um pouco para isso mais. Até mesmo também porque depois só veio problema em cima de problema para cima de Dave, problemas que poderiam ter caído sobre ele e Bruce. Definitivamente ele estava bem anonimamente.

Antes de sair da aldeia, Steve queria fazer uma coisa, tinha de se despedir de Nicko também, pois como Bruce, ele o ajudara sempre e era alguém de estrema importância. Não sabia ao certo onde era a casa dele, mas pelo tempo que conversaram e pelo o que Nicko o contou, tinha uma ideia aproximada do que podia ser a casa de seu amigo.

Andando enquanto pensava aonde ia, viu uma casa que ele deduziu ser a de Nicko. Não era muito diferente da de Bruce, um pouco maior, parecia haver um andar superior, mas fora isso, era igual à de Bruce, toda de madeira, como todo o resto da vila.

Entrou na varanda da casa e quando ia bater na porta, ela se abriu e de lá saiu Dave, uma das pessoas que ele menos esperava ver. Dave fechou a porta e só então percebeu a presença dele.

–Steve. –Disse Dave, num tom que não demonstrava nada, nem surpresa nem raiva. –Quanto tempo.

–Pois é... –Steve disse.

–Não o vejo desde Téfires... Achei que havia amarelado e voltado para cá, não o vi quando fomos atrás do ninho.

–Tive alguns problemas, e acho que você sabe muito bem. –Steve respondeu.

Antes que Steve e Bruce pudessem entrar no castelo em Téfires junto com o resto da tropa, foram agarrados por guardas e jogados nas masmorras, sem nenhum motivo. Steve tinha certeza de que era por culpa de Dave, afinal ele ficara revoltado assim que descobriu que Steve e Bruce adentraram na busca como intrusos, ou quase isso. Na época ele fez o maior barulho, mas aconteceu tanta coisa que era então a menor das coisas na qual ele devia se preocupar. Sabia que Dave havia contado para o rei que eles deviam ser alguém perigosos ou algo assim e por isso foram presos.

–Sei? –Dave perguntou. –Sei do que?

–Ora, vamos lá, não se faça de otário, vai me dizer que não foi você que mandou eu e Bruce para aquela maldita masmorra? Para apodrecermos no escuro.

Dave franziu a testa, fazendo cara de quem não tinha ideia do que ele estava falando.

–Masmorra? –Indagou. –Do que você está falando? Não mandei nada...

–Já imagina isso de você. –Steve não o deixou terminar de falar. –Quando o conheci pensei que era alguém, mas depois percebi o quão inútil e infantil você era.

Dave se revoltou então.

–Infantil? Steve, sei que deve me odiar, assim como eu não gosto de você, mas fazer acusações falsas para cima de mim? Não, isso já é demais. Você entrou naquela busca e depois sumiu de vez.

–Porque alguém nos mandou para uma prisão! –Steve disse alto, pondo o dedo indicador bem no meio do peito de Dave.

Dave revirou os olhos e afastou a mão de Steve.

–Já te disse que não faço a mínima ideia do que você está falando, mas aproveitando que você está tocando nesses assuntos desconhecidos, por que não me conta o que foi aquilo que aconteceu em Téfires?

–Aquilo o quê?

–Oh, agora você vai se fazer de bobo? –Dave reagiu. –Como esperava passar despercebido enfrentando um demônio gigante no meio da cidade? Ainda mais com a filha do rei, a princesa Steve, você sabe o que é isso?

Foi então que de repente a ficha caiu para Steve. Ela ainda não havia percebido que havia enfrentando aquele demônio flamejante no meio da cidade, debaixo dos olhares de centenas de pessoas, fora o fato de que fizera isso com a filha do rei, além de terem fugido depois.

–Havia um monte de gente atrás de você, Bruce, a filha do rei e uma garota uns dias aí. –Dave disse. –Não sei porque pararam... Estranho.

Steve o fitou com o olhar, acabara de perceber que as pessoas sabiam mais do que podiam, haviam visto demais e numa visão bem distorcida, e ele podia ser visto tanto como um herói por salvar o reino ou como vilão por fugir com a filha do rei.

–Ah é. –Dave falou. –Você ainda foi achado apagado ao lado da Colina Nevada, todo machucado e acabado. Por que você não me conta o que aconteceu com você?

–E por que eu deveria? Você é uma das últimas pessoas que devem saber o que eu tenho a falar.

Dave não respondeu, somente ficou ali, parado encarando Steve. Depois saiu andando e saiu de dentro da casa.

–Ninguém falará alguma coisa para o outro, certamente. –Disse antes de sair. –Mas o que você tem a esconder é muito maior do que qualquer coisa que eu poderia ter. Pode me acusar de quantas coisas quiser, meus problemas com você são passado, se eu o mandei para aquela masmorra como diz, o que eu ganhei? Nada. Pois é, não teria sentido eu fazer isso, quem sabe se você tivesse ido para a busca estivesse morto exatamente agora...

–Dave, só vá embora... –Steve disse virando-se.

–Com prazer, mas antes de ir tenho que falar que tem muita gente atrás de você Steve, e seja no que for que você está envolvido, é melhor dar um jeito logo.

–Dane-se. –Steve respondeu, virado de costas para Dave.

–Pois bem então...

Steve não viu mais Dave a partir de então, não quis virar para vê-lo uma última vez, isso tampouco o importava, mas pensando um pouco, tudo o que Dave falara mexeu um pouco com ele, porque ele sabia que parte daquilo era verdade, e pelo visto os problemas deles só se apresentavam maiores e piores.

Balançando a cabeça para espantar esses pensamentos, como se funcionasse, Steve bateu a porta da suposta casa de Nicko. Ouviu logo depois:

–Dave... Não tenho o que falar mais com você, só vá embora. –Era a voz de Nicko.

–E comigo? –Steve perguntou.

A porta se abriu rapidamente então e a surpresa na cara de Nicko ficou claramente visível.

–Steve! –Exclamou. –Mas... O que faz aqui a essa hora? Como me achou?

–Eu tenho meus meios. –Steve respondeu, sorrindo um pouco.

–Vamos, entre, entre! –Nicko foi dizendo enquanto praticamente o arrastava para dentro de casa. –Só não faça muito barulho pois meus pais ainda não acordaram.

Aquilo o pegou de surpresa, nunca havia parado para pensar que Nicko tinha pais, porque como ele, Bruce e Adália, todos eram órfãos.

–Tudo bem. –Respondeu.

Nicko o acomodou num sofá enquanto ia pegar alguma coisa. Estava vestindo uma roupa engraçada, velha e larga, o pijama muito provavelmente. Trouxe logo depois um copo de leite gelado.

–Está novinho, uma delícia! –Disse entregando um copo cheio para Steve enquanto tomava outro. Steve não recusou, nem tomara café. –Então, o que lhe traz aqui?

Steve tomou um longo gole do leite e estava realmente delicioso. Após engolir, endireitou-se e falou:

–Estou partindo.

–Partindo? Agora mesmo?

–Exatamente.

Estava claro que Nicko havia sido pego de surpresa, assim como Bruce e Adália foram.

–Mas você acabou de se recuperar. –Disse.

–Eu sei, eu sei... Mas Nicko, já te contei tudo isso antes e você sabe muito bem tudo o que está acontecendo... Tenho que fazer alguma coisa, não posso ficar parado enquanto sei que há muita coisa acontecendo lá fora e que de alguma forma eu...

–Steve, você não vai enfrentar nada sozinho, não tem como. –Nicko o interrompeu.

–Eu... Já pensei nisso, mas uma coisa de cada vez, vou atrás de Esmeralda primeiro, tenho que saber o que aconteceu com ela, de verdade, isso me perturba.

–Steve, sei o que você me contou, só que acho que agora não é a hora para fazer isso, você devia esperar mais, eu poderia ir com você, sei de...

–Não mesmo! –Steve exclamou. –A última coisa que eu quero é arrastar pessoas comigo nessa busca, pode ser uma busca suicida, admito, e não quero matar ninguém.

–Só vai matar a si mesmo.

–Talvez, pelo menos não vou ter nenhum peso na consciência.

–Que... Pensamento peculiar...

–Pense o que quiser, só não queria sair sem antes me despedir de você. –Respondeu.

Nicko terminou o leite e pôs o copo em cima da mesa, e disse:

–Sei muito bem o que o leva atrás disso. –Disse. –E ainda falo que caso isso fosse comigo, faria o mesmo. Mas como não é, tenho a obrigação de te dizer o que é certo, assim como sei que faria comigo.

–É uma situação um tanto quanto complicada...

–Embaraçosa, certamente. –Completou. –Mas você não está preparado.

–Um pouco eu sei que estou, e só quero fazer isso o mais rápido possível.

Steve então terminou o leite em seu copo também e o colocou ao lado do de Nicko, se levantou, agradeceu e disse:

–Eu queria ser rápido e direto. Vim agradecer por tudo que fez por mim, mas preciso ir. Vou sentir sua falta, e como sei que posso não voltar, achei que merecia um... Adeus justo...

–Você vai voltar, seja positivo.

–Espero, de verdade.

–E vai começar por onde?

–Vou a Téfires primeiro, é onde suponho que Esmeralda esteja, e daí verei o que vou fazer.

–Saiba que não estará sozinho.

–Bom, muito obrigado... Espero vê-lo de novo.

Os dois deram um rápido abraço de despedida, e Nicko disse:

–E sei que verá, muito em breve.

Ele levou Steve até a saída, deram um aperto de mão como uma última despedida, e Steve disse antes de partir:

–Novamente, obrigado por tudo.

–Não precisa agradecer. –Respondeu. –Boa sorte.

–Estou precisando...

Steve então saiu da casa de Nicko e quando a porta se fechou, percebeu que não havia comentando o porque de Dave estar lá, entretanto, não era nada do interesse dele, devia se preocupar somente com si mesmo agora.


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