Minecraft. A Origem Das Trevas escrita por Hermes JR


Capítulo 36
Batalha Sobre as Águas do Mar


Notas iniciais do capítulo

"Foi então que um grito alto e doloroso encheu todo o ambiente da embarcação, um urro de dor tão sofrido que cada um sentiu sua espinha gelar e o sangue bombardeado pelo corpo parar de correr."



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/451875/chapter/36

Os corsários concordaram em entregar a eles suas próprias armas, afinal, como poderiam lutar se não tinham nada em mãos? As espadas foram jogadas de qualquer jeito onde eles estavam, e cada um pegou a que sabia que era sua, com destaque à espada de Steve, a única feita de pedra dentre todas ali.

Esmeralda mesmo tomou outras providências, pois como já sabia que os piratas não facilitariam para eles, e facilitar no sentido de serem honestos, ela especificou o quanto podia de termos e regras para aquele combate, termos que ela sabia que uma hora ou outra seriam ignorados por aqueles brutamontes, mas a intenção ainda valia. Disse que cada um teria somente um único e exclusivo combatente, que não era para ocorrer lutas de dois contra um, por exemplo. Essa foi a especificação mais destacada, e era a que ela esperava que fosse cumprida, quanto ao resto, confiava em seus companheiros tudo o que estivesse por vir. Ao menos, tinha que confiar agora.

Esmeralda acrescentou, segundos antes de as lutas terem início, que somente desarmar o oponente já era vitória, não havia necessidade de matá-lo. Ninguém precisaria ter sua cabeça arrancada do pescoço.

Os corsários trataram de eles mesmos escolherem com quem lutariam. Um alto e gordo, com as banhas saindo da camisa escolheu Nicko; um baixo e barbudo, com duas espadas pequenas que se assemelhavam a facas foi até Bruce; Dave ficou com um negro careca e musculoso, e assim por diante. Cada pirata tinha uma característica única que o destacava, mas o que mais amedrontou a todos ali foi o capitão da embarcação, que Steve queria enfrentar, afinal, se enxergava como o líder do grupo, de seu grupo, e por isso lutaria com o líder dos inimigos. O que aconteceu, no entanto, foi que o capitão quis enfrentar Marty, e nada o faria mudar de ideia.

Depois de muita relutância e insistência, a decisão dele não mudou, e continuou firme e forte.

–Deixe que eu vá, Steve. –Marty disse para acabar com aquilo logo. –Já que é a nossa única saída, não há nada que possamos mudar.

–E você vai conseguir detê-lo? –Steve perguntou apertando os dedos ao redor do cabo de sua espada.

–Está duvidando de minha capacidade? –Ele perguntou levantando as sobrancelhas.

Aquilo pegou Steve de surpresa, e tentando se expressar melhor, respondeu apressado:

–Não! Não Marty! De maneira alguma!

–Eu sei Steve, sei que não duvidaria de mim. –A voz de Marty era tranquila, e mesmo Steve passando a maior parte de seu tempo com Stuart, sentia-se muito mais amigo de Marty, algo estranho. –Então eu vou dar o meu melhor. Ele é grande, forte e fedorento, mas não vai ser capaz de ir contra mim, tenha certeza.

Aquilo não tranquilizou Steve, mas ele só podia aceitar a situação e deixar acontecer para ver no que daria.

Cada um tomou seus postos e Steve ficou cara a cara com um homem baixo, barbudo e ruivo, meio corcunda e que aparentava ser o mais velho de todos ali. Depois de um sinal que saiu de algum lugar desconhecido, os piratas avançaram contra eles numa atrocidade monstruosa.

Steve aparou o golpe de seu oponente a um centímetro de sua face e empurrou de volta. O choque de metal com pedra fez um barulho estridente que penetrou a alma de cada um ali, desnorteando-os momentaneamente. O baixinho voltou a atacar, e Steve ficou impressionado com sua força, só podendo se defender depois de cada golpe. A lâmina do homem se movia ferozmente, indo de cima para baixo, de baixo para cima, atingindo-o em todos os sentidos. Steve mal tinha tempo de pensar em um ataque, pois sua mente somente se ocupava em prever os próximos movimentos de seu inimigo e impedi-los de mata-lo.

Ao seu lado, a situação não era da melhor, e Nicko também sofria para deter seu oponente. Sua sorte era que sua gordura atrapalhava seus movimentos, e diferentemente de Steve, Nicko podia e conseguia atacar mais, e o corsário que era seu oponente, ficou surpreendido com o fato de estar quase sendo desarmado. Suas espadas se chocavam no ar e soltavam faíscas alaranjadas, que pingavam e queimavam seus olhos. Empurrar seu inimigo para ganhar algum espaço era impossível, ele era muito mais forte e pesado do que Nicko, e quando estavam se enfrentado cara a cara, com as lâminas coladas uma a outra, e seus olhos fitando a alma do outro, Nicko lutava e ofegava para não ser jogado para trás. Resistir e permanecer duro como uma estátua era sua estratégia no momento.

A vantagem de Nicko era que ele vivera muitos meses de sua vida no exército de Colina Nevada, e assim como Dave, Marty e Stuart, era muito mais habilidoso do que o corsário com quem lutava. A batalha durou muito, e assim que viu o cansaço tomando conta de seu oponente, permaneceu somente na defensiva, aparando os golpes e esperando a exaustão abatê-lo. Foi dito e feito, e depois de uns quatro minutos, Nicko, com um golpe forte e rápido, tirou a espada da mão de seu inimigo e não cortou sua mão somente por pena dele. O pirata recuou assustado. Nicko vencera sua luta, agora faltavam seus companheiros.

Stuart era, de longe, o mais habilidoso de todos do grupo, e mostrara isso muito bem quando lutavam em Téfires na fuga para encontrar Esmeralda. Seu inimigo, um branco loiro extremamente alto, cheio de cicatrizes por todo o corpo, era habilidoso, mas não o bastante para ele. Stuart talvez fosse um dos mais hábeis de sua aldeia, e conseguiu detê-lo segundos depois de ver Nicko desarmar o homem com quem lutava. Aquele ato o renovou por dentro de tal maneira que ele tirou forças de onde ele nem sabia que podia, e desarmou seu oponente também. Dois já eram.

O barco balançava violentamente com ondas que se colidiam com sua lateral, pois assim como o clima dentro da embarcação, o oceano estava agitado.

Bruce, que lutava com o baixinho com duas pequenas espadas, não estava se saindo muito bem. Por mais que houvesse amadurecido com tudo o que passara ao lado de Steve e Esmeralda esse tempo todo, depois de todos os acontecimentos no Ninho de Creepers, depois de tudo o que vira e sobrevivera, ainda não abandonara seu espírito de garoto assustado. Nervoso até os ossos, seu movimentos eram bagunçados e fracos. Além disso, Bruce fora treinado toda a sua vida para lutar com um arco, e não com uma maldita e pesada espada. Infelizmente, não era possível ganhar todas as lutas, e ele foi logo desarmado, quase no mesmo instante em que Nicko vencera seu inimigo.

Caindo para trás e rolando, seu inimigo o desarmara atingindo-o com o cabo de uma de suas espadas diretamente no olho. Ele não sabia se aquilo valia, mas sabia, pelo menos, que de nada adiantava contestar. Seu olho esquerdo ficaria roxo e inchado logo. Perderam, portanto, uma das batalhas.

Dave não teve problema algum contra seu oponente, foi uma luta equilibrada, a mais de todas por ali. Cada um atacava e defendia na mesma medida, os golpes de cada um eram de mesma intensidade, e lutavam com tanta semelhança que acabou se tornando uma batalha entediante, tanto de ser ver como de se participar. Felizmente, ele acabou com seu pirata e amentou a vantagem para seus companheiros.

Steve jurou que venceria com facilidade seu inimigo, mas depois de minutos e minutos o enfrentando, começou a duvidar de sua capacidade. O homem baixo atacava com uma ferocidade como ele nunca vira. Outro fator que o deixou mais nervoso foi o fato de que ele quase nunca precisou enfrentar homens, pois sua vida inteira lutara quase que exclusivamente contra monstros e outras criaturas. Em meio a esses seus muitos pensamentos e pouco espaço para refletir e pensar em algum possível ataque, Steve foi surpreendido com um golpe inesperado e desarmado com facilidade, e, imponente, recuou enquanto ouvia sua espada de pedra cair com um estrondo ao seu lado. Steve perdera sua luta, e agora a batalha estava nas mãos de Marty, tudo dependia dele.

Marty, por sua vez, nem olhava ao redor, estava concentrado demais em sua luta com o capitão do barco. O capitão era, provavelmente, um dos homens mais poderosos por ali e, consequentemente, um dos mais habilidosos também. Marty, assim como Bruce, fora treinado praticamente sua vida inteira para lutar com um arco, e estar com uma espada em mãos enfrentando um homem mais velho e experiente só servia para deixá-lo mais aflito.

Suas espadas cortavam o ar com zunidos agudos, que desapareciam tão rápido quanto surgiram. Choques, colisões, arfadas, bufadas, era basicamente disso que o barulho na embarcação se tratava. As ondas que quebravam na lateral do barco eram esquecidas devido à atenção e foco de todos naquela batalha que decidiria o destino deles por ali.

Marty não estava vendo o que acontecia ao seu redor, mas ouviu que todos os barulhos de espada se chocando ao seu redor haviam cessado, o que significava que era o único que ainda estava lutando, e começou a tremer involuntariamente. Suas mãos tremiam tanto que ele mal podia segurar direito o cabo de sua arma. Ele não sabia se precisava ganhar aquela luta ou não para poderem permanecer no barco, e isso, como tudo o deixava mais tenso.

Depois de cerca de quase dez minutos terem se arrastado, seus músculos começaram a pedir socorro. O pirata a sua frente parecia forte e decido, e nem um pouco cansado. Sorria enquanto desferia golpes que assustavam Marty. E o inevitável aconteceu, e num último golpe, Marty foi desarmado, cambaleando para trás e tropeçando em sua espada. Seu oponente riu alto e jogou sua própria arma para trás.

–Parece que vencemos! –Exclamou feliz.

–Ou não! –Adália revidou. –Houve um empate!

Ele riu mais alto, e seus corsários imitaram seu ato.

–Empate! –Zombou. –A embarcação é nossa, e nós decidimos o que acontece por aqui. O trato era você vencerem, e não foi isso o que aconteceu, não é? Afinal, um empate não é uma vitória.

O silêncio mais desconfortante de todos reinou sobre eles, pairando sobre cada um e atormentando cada pessoa da maneira mais diferente possível. O pequeno Fred se agarrou a Adália, com medo. Steve quase não se matou de raiva por ter perdido uma luta para um desconhecido magrelo e baixo. A perda os atormentava.

Esmeralda não acreditava que haviam perdido, e pensou em recorrer a sua magia para contornar a situação, mesmo que fosse desonesta, afinal, suas causas eram mais honestas e sabia que sua missão era valiosa demais para ser jogada fora por um grupo de piratas suados.

Foi então que um grito alto e doloroso encheu todo o ambiente da embarcação, um urro de dor tão sofrido que cada um sentiu sua espinha gelar e o sangue bombardeado pelo corpo parar de correr.

E, ao desviarem o olhar para onde o grito viera, a cena assustado de Nicko caído e contorcido numa poça de sangue fez todos perderem o ar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!