Minecraft. A Origem Das Trevas escrita por Hermes JR


Capítulo 34
O Reino de Mísfene


Notas iniciais do capítulo

"O barco tremia e balançava de um lado para o outro seguindo os suaves movimentos das águas do mar, e do lado de fora os passos apressados dos soldados em suas armaduras podia ser claramente ouvido."



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–Não! –Steve alertou. –Se corrermos vamos só piorar nossa situação!

Eles continuaram a passar a vista de um lado para o outro esperando que os soldados viessem colher informações dele, e logo descobrissem Esmeralda.

–Podemos correr o risco, quem sabe se eles vão reconhecer Esmeralda? –Marty sugeriu.

–É arriscado demais... –Esmeralda respondeu. –Só vamos apostar com o azar fazendo isso.

–E se a gente se apresentasse e Esmeralda ficasse escondida? –Nicko perguntou. –Nosso grupo é grande, eles não têm como saber quantas pessoas estavam com a gente.

–E se eles desconfiarem? –Steve perguntou. –Esmeralda falou com o guarda, ele sabe que tem uma garota com a gente.

–E se não desconfiarem? –Bruce entrou na conversa.

–Ainda vamos continuar correndo risco. –Steve respondeu.

–Ei, calma aí! –Dave se manifestou, incrivelmente. –Estamos baseando tudo no “E se?”! Temos que decidir logo o que vamos fazer porque ele está chegando. –E apontou na direção de onde o soldado vinha.

A atenção de todos foi desviada para a direção que Dave apontava e constataram que o soldado estava realmente se aproximando deles, e logo eles não teriam mais tempo para pensarem no que fazer.

Steve, como era de sua índole, pensou o mais rápido que pôde e tomou uma decisão, que ele considerava a melhor. A melhor, não a mais segura.

–Vamos fugir. –Disse decidido.

–Mais uma vez?! –Stuart quase cuspiu as palavras de tamanho susto. –Acho que agora não vamos conseguir nos livrar do exército igual aquela noite em Téfires, aquilo foi pura sorte!

–E quem disse alguma coisa sobre correr? –Steve perguntou retoricamente. –Vamos sair andando e nos misturar com a multidão. Andamos a passos largos e tentamos parecer pessoas normais, ignorando qualquer coisa que ocorra a nossa volta.

Todos olharam para o homem que cada vez ficava mais perto, e depois para Steve. Fizeram a mesma ação mais uma vez e então Adália se proclamou:

–E vamos para onde então?

–Acho que isso não tem muita importância agora, só temos que conseguir distância e fugir. –Respondeu.

–Então estamos esperando o que aqui? –Stuart indagou percebendo que o homem logo os alcançaria.

Eles saíram todos na mesma direção, simultaneamente. Adália segurou forte a mão do pequeno Fred e com a outra, segurou o braço de Bruce. Steve foi à frente guiando seus colegas.

–Me sigam. –Ele disse num tom de voz que todos pudessem ouvir.

Eles andaram sem se preocupar em esbarrar nas pessoas e nas mercadorias que elas levavam. Andaram apressadamente e sem rumo, somente se importando em não serem pegos. O mundo que passava a volta deles não tinha a menor importância agora.

Mísfene era um belo reino, muito semelhante à Téfires em alguns aspectos, porém, ninguém fez questão de prestar atenção nos detalhes da cidade, ou nas casas, em nada seus olhares pararam. As ruas eram largas, coisa que diferenciava aquele reino de Téfires, e o que os facilitava a se movimentarem mais facilmente também.

–Estou com medo Adália. –Fred disse apertando mais forte a mão dela.

–Não se preocupe Fred, nós vamos conseguir sair dessa. –Ela trouxe o pequeno para mais próximo dela.

Steve ia andando e mantinha a cabeça erguida, olhando de um lado para o outro procurando uma possível rota na qual eles pudessem se dirigir e escapar. Passava o olho pelas grandes ruas e pelas ruelas que se emaranhavam pela confusão de ruas no inicio do reino. A luz do Sol ofuscava sua visão e somente servia para deixa-lo mais nervoso, se desesperando a cada segundo.

Empurrando as pessoas e esbarrando em outras, ele foi abrindo caminho no meio daquele mar de gente. Percebendo que se continuassem desse jeito poderiam se perder um dos outros, ele segurou a mão de Esmeralda que estava logo atrás dele e gritou para os demais atrás dele:

–Se segurem, não deixem ninguém ficar para trás!

Esmeralda pegou a mão de Marty, que era quem estava mais próximo dela. Em resposta, Marty segurou o antebraço de Stuart, que fez o mesmo com Bruce, que já estava com Adália, que já estava com Fred. Ninguém fez questão de segurar a mão de Dave, no entanto, a inocência de uma criança e o bom espirito solidário de Fred fez com ele segurasse a mão do homem.

–Não podemos deixar ninguém para trás. –O garoto disse, e Dave segurou a mão dele em retribuição.

Agora, naquela corrente humana, eles seguiram. Com Steve como guia, eles prosseguiram sem se preocupar para onde iam.

Steve, por sua vez, estava tenso e nervoso. Com seu braço livre, ele ia tirando a pessoas da sua frente sem se preocupar se pareceria um mal educado, isso claramente não era preocupação para o momento.

Indo na direção de uma rua muito estreita que ficava no meio de duas velhas casas, ele puxou seu grupo para aquele canto mais reservado. Estavam quase correndo, e isso certamente chamaria atenção, e assim que entraram na ruela, fizeram questão de prosseguir mais algumas dezenas de metros até que percebessem que estavam fora da vista das pessoas. Na rua havia somente um homem barbudo com uma galinha.

Soltaram suas mãos e pararam para respirar.

–Estão atrás de nós? –Steve questionou ainda tenso.

Stuart deu uma breve olhada na direção de onde eles haviam vindo e respondeu:

–Por ora não, mas alguns segundo atrás eu tinha visto dois homens do reino atrás de nós.

–Pelos menos é o que você acha... –Marty finalizou.

–E eles estariam atrás de mais quem? –Stuart retrucou.

Não se passaram dois segundos e logo na entrada da rua três homens entraram. Portavam espadas e escudos.

–Droga! –Steve xingou. Pegou a mão de Esmeralda e fez um sinal para que retomassem a corrida.

Seguiram na única direção que podiam e foram acompanhando os desníveis e as curvas daquela rua que com certeza havia sido feita improvisadamente. Haviam muitos animais soltos pelo caminho, que se assustavam e saíam do meio quando viam o grupo passando.

A rua acabou então desembocando numa outra rua maior, que seguia na mesma direção até acabar na entrada do grande e imponente castelo do reino de Mísfene. Steve passou o olho pelo local ignorando tudo a sua volta, e a única coisa que foi capaz de chamar sua atenção foram os muitos barcos ancorados logo atrás do castelo, onde boiavam e flutuavam tranquilamente nas águas mornas do mar.

Sabendo exatamente para onde eles tinham que ir, ele apertou o passo e, como antes, eles quase começaram a correr, em vez de simplesmente andar. Apertou mais forte a mão de Esmeralda para que eles não pudessem se perder e seguiu.

Cerca de quase dez minutos depois, eles estavam completamente encharcados de suor, abatidos pelo cansaço e não se aguentavam em pé, mas pelo menos haviam chegado à beira do mar e estavam cara a cara com o monte de barcos que estavam ancorados nas docas por ali.

–E agora? Roubamos um barco?! –Marty quase gritou enquanto falava.

–Não mesmo. –Steve respondeu sério e depois de olhar em volta respondeu: - Sei exatamente o que vamos fazer, me sigam.

–É o que estamos fazendo, não? –Stuart retrucou voltando a andar.

Para a sorte deles, ali naquela parte havia bem pouca gente e eles não precisavam sair esbarrando e empurrando as pessoas. Somente alguns pescadores estavam sentados em cantos distintos bebendo e conversando.

Steve atravessou todo o litoral e passou por uma doca onde um barco estava ancorado, e uma prancha estava disposta em sua entrada de modo a permitir que as pessoas entrassem na embarcação.

–Vamos, entrem. –Steve disse.

–Mas... –Stuart ia intervir, mas no meio da frase percebeu que não tinham alternativas melhor e seguiu os outros conforme iam adentrando a embarcação.

Assim que todos já estavam lá dentro, ao longe a silhueta dos homens do reino surgiu de repente, e os homens logo trataram de olhar todo o local a procura dos fugitivos.

–Ali, atrás daquele monte de caixas! –Steve apontou.

Quando as nove pessoas todas se amontoaram atrás do monte de caixotes de madeira, Adália percebeu que eles estavam em cima de um alçapão que dava para algum compartimento num nível inferior, onde eles poderiam se esconder até o tumulto passar.

Já lá dentro, eles permaneceram imóveis e ofegavam forte. Ninguém se preocupou em ser encontrado.

No meio daquele silêncio, uma risada histérica de Stuart quebrou a calmaria.

–Não acredito que conseguimos! Mais uma vez! Somos muito sortudos!

Os outros começaram a dar leves risadas também, não tendo certeza se aquele era o momento apropriado para poderem comemorar.

O barco tremia e balançava de um lado para o outro seguindo os suaves movimentos das águas do mar, e do lado de fora os passos apressados dos soldados em suas armaduras podia ser claramente ouvido. Eles conversavam entre si e trocavam palavras aos berros que do lado de dentro eram impossíveis de serem compreendidas. Nenhum dos homens fez questão de entrar no barco em que eles estavam e seguiram caminho sem nem desconfiarem de que estavam deixando suas presas para trás.

–O que eu disse? Somos muito sortudos! –Stuart repetiu.

Eles se levantaram e esperaram mais um pouco para terem certeza de que os homens do reino estariam numa distância segura deles.

–Realmente somos muito sortudos... –Steve concordou se largando em cima de uma caixa de madeira.

Um tempo de silêncio de seguiu então até que Esmeralda decidisse seguir com a conversa:

–Acho que dois de nós devia ir até o centro do reino e conseguir um pouco de comida, suprimento.

–Mas como? Não temos nada que possamos trocar. –Marty indagou.

–Realmente, somente conseguimos nossas armas com Hans porque ele está do nosso lado dessa luta. –Stuart complementou.

Esmeralda suspirou e se sentou ao lado se Steve, apoiando a cabeça em suas mãos, escondendo sua face. Pensou durante um longo tempo. Tirou então o capuz de seu rosto e revelou seu rosto vermelho e suado, dizendo:

–Gosto disso tanto quanto vocês gostam, mas acho que vamos ter que roubar algumas coisas se quisermos sobreviver.

A expressão na cara de cada um foi diferente em todos os aspectos, a única semelhança era que demonstravam surpresa.

–Roubar trabalhadores honestos não é nada fácil... –Nicko disse. –É cruel...

–E necessário... Pelo menos na nossa situação... –Esmeralda respondeu. –Já disse que não gosto nem um pouco disso, só que é o que precisamos fazer, infelizmente.

De repente toda a embarcação tremer e todos que estavam de pé foram arremessados para o lado, caindo. Adália ainda tentou impedir que Fred caísse, porém, ninguém ficou de pé. Steve e Esmeralda foram os únicos que escaparam por estarem em cima dos caixotes.

Os movimentos do barco se tonaram mais intensos e nervosos, sacudindo cada vez mais forte, e enjoando o estômago de todos.

–Acho que isso não vai ser mais necessário... –Stuart balbuciou se levantando e se apoiando na lateral do barco.

–Não diga que é o que estou pensando. –Dave falou se erguendo também.

–O barco partiu. –Stuart respondeu. –Estamos em alto mar, a partir de agora não tem mais volta.


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