Minecraft. A Origem Das Trevas escrita por Hermes JR


Capítulo 31
Como Cães Guias


Notas iniciais do capítulo

"-Steve, oh Steve... –Ele sorriu. –Com os lobos eu aprendi muitos segredos, vi muita coisa, amigo..."



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Num salto e atento para qualquer ataque foi o jeito que Steve acordou. Assim que percebera que havia dormido, tratou de se levantar e sacar sua espada. Com um urro ele cortou o ar, e sua espada zuniu.

–Mas o que é tudo isso? –Era a voz de Adrian.

Assim que Steve conseguiu se acostumar com a claridade, pois já havia amanhecido, ele viu tudo o que estava acontecendo ao redor dele. Primeiro, constatou que estava vivo e inteiro, e depois viu ao seu redor que ele era o único que ainda estava dormindo até aquele momento. Todos os seus companheiros já estavam de pé e estavam comendo, completamente inteiros, e o mais incrível de tudo era que os pertences deles, tudo que eles haviam deixado para trás na fuga, estava ali na caverna.

–Mas... –Ele balbuciou.

–Pedi aos meus lobos que pegassem seus pertences. –Adrian respondeu como se estivesse lendo a mente dele. –Sei que não tivemos uma boa recepção, mas ouvi vocês conversando ontem e tratei de trazer seus pertences de volta.

Steve se agachou e revistou sua mochila. Tudo que era dele estava lá, inclusive as comidas e o reservatório com água. Além disso, a água havia sido renovada e estava geladíssima.

–Puxa... Muito obrigado, Adrian. –Ele agradeceu.

–Não há de quê. –Adrian respondeu. –Sei que passamos uma grande má impressão a vocês e agora quero recompensar. Não é o bastante, mas minha perda nessa noite foi enorme... Muito dos meus lobos se foram também.

–Bom... –Ele não sabia o que falar numa situação daquelas. –Sinto muito pelos seus lobos... Eu não tinha a intenção de mata-los, mas se eles... Bom, você sabe, não tivessem tentado me matar também, poderíamos ter ficado bem...

–Sim, sim, eu sei. –Ele respondeu. –Todos cometemos erros na vida, e o erro deles lhe custou a própria vida...

–Sinto muito...

–Obrigado... Agora se junte aos seus amigos, quero fazer um enterro digno aos meus amigos que partiram, e se não se importam, queria que fosse só eu e meus lobos.

–Não, imagina... Pode ir... –Steve respondeu com certa insegura.

Adrian saiu da caverna, seguido de alguns lobos. Ele carregava tochas nas mãos e os animais que o seguiam entoavam algo que parecia ser uma canção, o que eles faziam, no entanto, era uivar somente.

Steve sentou-se junto de todos, num círculo onde eles comiam. A comida era a deles mesmo, o mesmo pão seco de sempre com água. Aquela refeição, no entanto, estava muito boa, estavam muito felizes de poderem comer de novo.

–Pensamos que ia dormir para sempre. –Nicko disse assim que Steve se juntou a eles.

–Bem que eu queria dormir por uma eternidade. –Respondeu. –Estou precisando.

Deram-lhe um pão e ele aceitou, começando a comer. Conversaram descontraidamente durante algum bom tempo, esquecendo-se de que estavam no meio do nada e numa jornada que podia não ter volta. Entretanto, mesmo em situações sérias e de extremo risco, um momento assim é sempre necessário, todos precisam dar um tempo para si mesmo, precisam sair da realidade de que vivem para viverem, nem que por um segundo, algo melhor.

Do lado de fora, o funeral, ou enterro, ninguém sabia do que se tratava, seguia. Uivos e cânticos sombrios cantados pelos lobos eram entoados sem parar. Era assustador, o som assemelhava-se com o choro de um fantasma, ecoando e ecoando. Mais baixo do que o uivo dos lobos, podia-se ouvir a voz de Adrian falando alguma coisa.

–Eu ainda não acredito que caímos no sono. –Stuart praguejou.

–Pelo menos estamos vivos. –Bruce respondeu.

–Talvez Adrian não seja tão ruim quanto pensamos que ele seja. –Nicko continuou.

–Não, de maneira alguma. –Stuart continuou sério. –E se ele quisesse fazer alguma coisa a nós? Ele poderia ter nos matado e nem poderíamos nos defender! Olhe para nós! Todos nós dormimos! Fomos fracos, vacilamos!

–Mas Adrian é uma boa pessoa! –Bruce respondeu. –Se acalme Stuart, você está gritando!

–Não é isso! Ele pode ser bom, e pode não ser! Se ele quisesse ter nos dado de comida para seus lobinhos, já era! Estávamos mortos! Não podemos fazer isso de novo, temos que ser mais forte do que isso se quisermos sobreviver!

Ninguém respondeu, ficaram em silêncio somente.

–Stuart está certo... –Steve disse enfim, e todos o encararam. –Devíamos ter sido mais forte, se Adrian fosse alguém realmente mal, estávamos perdidos, estaríamos mortos. Nossa sorte foi que ele não era quem pensávamos ser, caso contrário, já era.

–Tudo bem, tudo bem, não vamos ficar chorando pelo leite derramado. –Esmeralda pôs um fim a tudo aquilo. –Erramos sim, podíamos ter feito diferente, erramos. Não vamos persistir nisso, o que devemos fazer agora é levarmos uma lição disso e sermos mais duros na próxima situação, somente.

Continuaram a comer em silêncio. Passaram-se minutos e quando voltaram a conversar, evitaram tocar nesse assunto de novo. Falaram sobre os acontecimentos que acabaram de passar, ou seja, da matilha que conseguiram fugir e driblar. Dos momentos de medo e desespero, e de como tiveram sorte.

–Acho que atraio azar para quem vive perto de mim. –Steve disse num momento.

–De maneira alguma. –Nicko riu.

–Ninguém disse que seria fácil essa jornada. –Marty completou.

–É, talvez você seja um pouco mesmo. –Stuart finalizou e todos riram.

–Agora falando sério, o que devemos fazer? –Bruce perguntou. –Continuar?

–Claro, - Esmeralda respondeu. –agora que temos tudo que precisamos, temos que partir assim que pudermos, e isso é quando terminarmos aqui.

–Já sabemos em que direção seguir? –Stuart perguntou.

–Conversei com Steve ontem e nós já tomamos alguma providência, não posso garantir que estaremos indo totalmente na direção certa, mas no final vamos conseguir sair daqui.

–Se precisarem de ajuda seria um prazer ajuda-los. –De repente Adrian ressurgiu na entrada.

Seus olhos estavam vermelhíssimos, o que contrastava com sua pele branquíssima. Seu cabelo branco estava desarrumado e caído.

–Não, obrigado, pode deixar para depois. –Stuart respondeu. –Acho que já fez demais por nós.

–Pois é. –Dave concordou. Ele normalmente nunca se manifestava, pois todos o consideravam um intruso, ou era isso o que ele pensava.

–Como? –Steve perguntou.

Todos voltaram seus olhares para Steve, como se ele fosse um louco de fazer aquilo. Todos, todos menos Esmeralda, que continuou:

–Caso queira vir conosco, agradecemos, mas não precisa não, sério.

–Não, de maneira alguma, não posso deixar meus queridos lobos aqui, o que eu venho lhes oferecer são dois de meus lobos. –Continuou. –Dos mais experientes acrescento.

–E como seus lobos iriam nos ajudar? –Steve indagou.

–Eles conhecem todos os mínimos detalhes dessas cordilheiras, sabem de tudo muito mais do que eu. –Explicou. –Confio a eles minha vida, e caso queiram, posso pedir que eles o guiem.

Stuart puxou Esmeralda e Steve para um canto e sussurrou:

–Vamos levar dois lobos conosco mesmo? Os mesmo que antes tentaram nos matar?

Steve olhou para Esmeralda.

–São apenas dois lobos. –Esmeralda respondeu. –Antes enfrentamos uma matilha inteira, caso eles decidam nos atacar vai ser moleza mata-los.

–E se eles nos levarem para um lugar... Sei lá, como uma armadilha! –Exclamou. –Vamos confiar a animais nossa trilha?!

–Eu conheço o caminho para a saída, pelo menos em parte, se eles estiverem nos levando na direção errada, vou saber.

–Ainda não gosto dessa ideia. São animais! Lobos! Ora, como assim? São irracionais!

–Podem ser animais, mas não são irracionais, colega. –Adrian disse de repente. –Sei que é estranho dizer é isso, mas podem confiar suas vidas aos meus animais que estarão seguros.

Stuart ia revidar com algumas poucas e grossas palavras, mas Steve o conteve com a mão em seu ombro.

–Então mande esses lobos conosco. –Steve disse pondo um fim a esse assunto. –Mas saiba que se eles tentaram fazer qualquer coisa suspeita, não hesitaremos em cortar as cabeças fora.

–Naturalmente. –Adrian saiu da caverna e desceu, provavelmente indo atrás dos lobos.

–Que palhaçada! –Stuart se levantou e foi juntar suas coisas.

Cada um foi fazer o que devia fazer, preparando a partida.

–Não liga não, ele é assim. –Marty disse a Steve.

–Como se eu não soubesse. –Riu.

Juntaram tudo em poucos minutos e no mesmo instante Adrian surgiu com dois lobos. Eram grandes, fortes e pareciam ser bem mais velhos do que os outros. Fred, ao ver os animais, encolheu-se atrás de Adália.

–Já estão sabendo do que estão encarregados de fazer. –Adrian disse e logo depois sorriu. –Desejo-lhes uma boa viagem.

Os lobos saíram da caverna em disparada e ficaram aguardando do lado de fora.

Somente para não parecem mal educados, todos agradeceram a Adrian pela estadia e lentamente foram saindo.

–Ainda peço desculpas pelo o que aconteceu nessa noite. –Dizia.

Stuart somente se despediu e foi embora sem olhar para trás.

–Muito obrigada por confiar a nós seus animais. –Esmeralda agradeceu. –E lamento pelos lobos mortos, nós não tínhamos a intenção...

–Eu entendo, saibam que, seja onde for que estiverem indo, quando voltarem, façam questão de dormir aqui novamente. Garanto que terão uma recepção melhor.

–Obrigada, Adrian, até mais.

Esmeralda saiu e cobriu a cabeça com seu capuz marrom. Estava usando a sua tradicional manta, aquela que Steve reconhecia ao longe. Era a mesma manta que ela vestia sempre que queria passar despercebida.

–Até mais Adrian. –Steve era o último de todos.

–Até, Steve. –Adrian respondeu.

Quando Steve estava com o pé de fora já, sentiu a mão de Adrian em seu ombro e parou. Virou-se e Adrian disse sério:

–Olha, não sei o que vocês estão fazendo, mas tomem cuidado.

–O que você quer dizer com isso? –Questionou.

–Ora, não me venha com essa. Olhe o tamanho de seu bando! Já vi famílias nômades bem menores. –Respondeu. –Além de que ninguém anda tão bem armado como vocês.

–Pois é... Mas eu tenho que ir...

–Ainda mais com dois feiticeiros entre vocês... –Adrian continuou.

Steve cessou a caminhada e dessa vez voltou por conta própria.

–Dois? Como assim dois?

Adrian riu. Gargalhou.

–O que vocês está tentando esconder? É claro que a ruiva... Esmeralda, -Corrigiu-se. –é uma feiticeira.

–Sim, e ela é de fato. Mas só ela.

Adrian o encarou seriamente.

–Não é só ela não Steve... Você não sabe?

Steve parou um momento. Adrian podia estar tentando algum truque com ele, talvez fosse mentira e ele só queria confundi-lo.

–Como você sabe que há mais um feiticeiro entre nós? –Desafiou-o.

–Steve, oh Steve... –Ele sorriu. –Com os lobos eu aprendi muitos segredos, vi muita coisa, amigo... Sei que quem é feiticeiro emite uma aura mágica, e Esmeralda tem uma muita forte, com certeza é uma garota incrível.

–Tudo bem... –Ele pensava. –Como você sente a aura dela? Você é feiticeiro também?

–Não, de maneira alguma. Mas como eu lhe disse, os lobos me ensinaram mil segredos, consigo sentir o cheiro de um feiticeiro ao longe! Meus lobos conseguem farejar a aura de qualquer um sem problemas!

–E...

–Esmeralda foi fácil, ela não se preocupou em esconder sua aura. Mas há mais alguém entre vocês... Meus lobos sentiram, eu não... Enfim, à noite, consegui finalmente perceber que de fato havia mais um feiticeiro entre vocês.

–E quem é? –Steve perguntou nervoso. –Como assim? Quem é?

–Isso eu não sei, de todos aí, pode ser qualquer um. Uma coisa eu sei, no entanto, não é qualquer um que consegue esconder a aura tão bem quanto essa pessoa consegue, tem que ser muito experiente. Seja quem for, de fato é mais forte do que qualquer um que já vi.

–Mais até do que Esmeralda? –Steve perguntou ainda nervoso.

–Certamente. –Disse. –Não tenho a mínima ideia de quem é, mas vocês tem uma bênção em mãos.

–Steve! Vamos logo! –Era a voz de Bruce vinda do lado de fora.

–Estou indo! –Gritou em resposta. Virou então para Adrian e disse: - Obrigado pelo alerta aí...

–Não agradeça.

–Até mais, Adrian.

–Que os espíritos o guiem, Steve.

Steve desceu lentamente e enquanto andava muita coisa passava pela sua cabeça. Não podia ser verdade que havia mais um feiticeiro entre eles... Ou podia? Se havia, quem seria? Dave? Stuart? Marty?

–Não pode ser... –Balbuciou.

Essas pessoas não podiam ser, não tinha como. A única explicação razoável era que Adrian estava mentindo, tentando enganá-lo, o que não era uma opção a ser destacada. Podia estar mentindo somente para deixa-los confusos e inseguros, não o conheciam bem, podia ser alguém muito sádico.

Por outro lado, e se ele falasse a verdade?


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Notas finais do capítulo

OK.... Sei que demorei para postar e eu ficar aqui me justificando não vai adiantar de nada no final das contas, mas já que eu tenho que dar um motivo de qualquer jeito, é melhor irmos logo né... Bom, depois que o site ficou fechado durante aquele tempo todo e ninguém podia mais entrar, acabou que eu fiz um monte de coisas por aí (realmente um monte de coisas pela internet), e numa dessas minhas ideias, acabou por sair mais uma história original. Da última vez que eu falei que ia começar uma saga original (uma que nao use elementos de outros universos, como Minecraft nesse caso), nao deu muito certo e acabou que não deu em nada no final... Mas dessa vez eu tenho certeza de que dará certo (acho que nao tem como nao dar, até mesmo porque eu já escrevi umas oitenta páginas para essa história, realmente muito mesmo).
Enfim, nao vou abandonar o site aqui, mas comecei a escrever creepypastas tb e possivelmente vou apostar mais nessa área da "literatura virtual". Vou sempre mantê-los informados de tudo o que eu fizer, no fim de tudo ;)
See ya!