Minecraft. A Origem Das Trevas escrita por Hermes JR


Capítulo 20
Legítima Defesa


Notas iniciais do capítulo

"-Eu não o matei, ele só está bastante machucado..."



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Não é necessário dizer o quanto ficaram assustados e sem muita reação naquele momento. Inicialmente, achavam que conseguiriam resolver tudo como antes, e foi então que se deram conta que antes eles resolveram tudo passando por algumas muitas dificuldades, além de terem derrubado uma torre; estavam feridos e sem energia, foi então que perceberam o quão encrencado estavam.

Stuart recuou e sacou uma espada, todos fizeram o mesmo, inclusive Esmeralda. Steve ficou um pouco desorientado com a espada de pedra, mas tratou logo de tomar seu lugar ali porque a situação deles não permitia vacilo.

A tropa ficou ali completamente imóvel na frente deles, somente os cavalos se movimentavam inquietos. Até mesmo o ambiente ao redor deles pareceu se calar, porque Nicko teve certeza de aquilo que ouvia era o seu acelerado coração querendo pular para fora.

De repente algum dos soldados gritou alguma coisa que eles não entenderam (estavam assustados demais para quererem saber do que se tratava), e simultaneamente toda tropa partiu para cima numa velocidade insana.

–Corram! –Esmeralda gritou.

–Correr para onde?! –Marty gritou vendo que eles não tinham aonde ir.

–Me sigam! –Esmeralda mandou.

Ninguém a questionou, mesmo que quisessem. O importante ali agora era correr.

Entraram novamente no celeiro e dessa vez não foram cuidados sobre onde pisavam, passaram disparados sem sequer olhar para trás ou para o lado.

Na esperança de poder atrasá-los, Nicko quebrou uma das porteiras que prendiam os porcos, soltando-os. Os animas saíram alegres de sua prisão e começaram a obstruir a passagem. Obviamente deu certo a ideia.

–Muito bom! –Stuart o parabenizou.

Pularam umas janelas que havia e assim saíram do celeiro de madeira. Agora estavam indo na direção do centro de Téfires.

–Vamos para o centro do reino?! –Nicko indagou.

–Vai ser nossa única saída! –Ela respondeu.

–E por quê?!

–Porque eu sei onde podemos fugir.

Continuaram sem diminuir o ritmo em um segundo sequer, e se sentiram mais motivados ainda ao ouvirem atrás deles o barulho dos cascos dos cavalos que indicavam que cada vez mais eles se aproximavam.

–Não vai dar! Eles vão nos alcançar! –Steve alertou percebendo que eles não teriam mais do que alguns segundos até os homens os pegarem.

–Então vamos improvisar! –Stuart respondeu e parou de correr de repente.

–O que você está fazendo?! –Marty perguntou olhando para trás e parando.

–Improvisando, ora.

Stuart empunhou sua espada com o seu braço bom. Preparou-se para o impacto. Os cavalos vinham rápido, o vento zunia ao redor deles e um raio ia tão depressa quanto eles. Os soldados montados sacaram suas espadas assim que se aproximaram.

Foi então que Stuart pulou para cima de um deles, com a espada empunhada claramente. O homem caiu e tentou se defender, mas Stuart conseguiu deixá-lo inconsciente com um soco do cabo da espada.

O outro homem, por puro instinto, ignorou quem devia seguir e foi socorrer seu companheiro. Stuart aproveitou a deixa para fugir.

–Eu não o matei, ele só está bastante machucado... –Disse enquanto voltava.

–Nunca mais faça isso de novo! –Esmeralda o censurou.

–Se necessário...

Correram mais um pouco e chegaram assim no centro de Téfires, que é onde há mais casas e mais construções, ou simplesmente onde está concentrada a maior parte da população. O núcleo do reino.

A população agora já se encontrava desacordada, mas não tardaria para aquela barulheira voltar a despertar a todos, e o tumulto teria retorno novamente.

Correndo por ruelas e becos que Esmeralda parecia conhecer como a palma da mão, eles conseguiram ganhar uma incrível vantagem da tropa. Dessa vez eles estavam realmente aproveitando cada segundo que podiam, com Esmeralda como guia, eles agora cobriam um território muito mais rapidamente do que antes, além de cortarem trajetos por incríveis passagens que passariam despercebidas até para as pessoas mais observadoras.

No meio desse trajeto e do desespero, Marty disse:

–Não vou aguentar muito tempo nesse ritmo... –Estava claramente morrendo ali. –Está muito longe? Ai... Ai... –Ele segurava a barriga.

–Não muito. –Esmeralda respondeu.

–Força amigo, vamos! –Nicko o ajudou passando o braço de Marty sobre seu ombro.

–Só mais um pouco Marty! –Stuart gritou na esperança de animá-lo, e em seguida fez o mesmo que Nicko.

Eles foram para logo depois numa rua mais ampla e aberta, onde havia somente casas e seu único sentido ia em linha reta. Bem ao final dela eles puderam perceber que a tropa vinha. Estava a centenas de metros de distância, porém, a velocidade em que os soldados vinham era explicitamente maior do que a deles, não demoraria nada para serem alcançados, fora os cavalos.

Aumentaram a velocidade em que corriam e subitamente Marty começou a ficar branco e gelado. Stuart e Nicko perceberam juntos que ele estava num péssimo estado e alertaram Steve e Esmeralda.

–Ei! Ei! Vocês dois! –Stuart gritou. -Nosso amigo aqui está ficando mais branco que leite!

Marty perdeu o controle das pernas e apagou ali mesmo, sendo segurado por Nicko e Stuart.

Steve e Esmeralda voltaram correndo.

–Ele apagou! –Nicko gritou. –Apagou mesmo! Marty! Marty! Acorda colega! –Ele começou a gritar depois sacudindo o corpo desacordado dele.

–Ele não vai acordar! –Esmeralda o interrompeu. –Não estamos muito longe da saída! Vocês conseguem carregá-lo?

Stuart e Nicko se encararam, depois lançaram um olhar para o corpo de Marty, depois olharam para si mesmos de volta, e assentiram juntos.

–Sim. –Responderam os dois ao mesmo tempo.

–Que bom... É melhor voltarmos porque... Eles estão vindo! –Steve apontou para a tropa.

Stuart e Nicko ergueram Marty e começaram a correr, logo estavam todos de volta no mesmo ritmo.

Puderam ver então logo a frente, a algumas centenas de metros, a muralha destruída de Téfires. Esmeralda foi esperta, os levou justamente para a parte do muro em que ele se encontrava mais destruído, o que desse modo os possibilitava cruzar a barreira sem muitos problemas.

–Será que não há homens lá? –Steve perguntou enquanto corria, ofegando.

–Não temos mais saída. –Esmeralda respondeu. –Havendo ou não, agora é nosso único rumo.

–Que medo...

Os homens ficavam cada vez mais próximos. Flechas eram lançadas e chegavam mais perto ainda deles.

Um minuto depois já haviam alcançado a muralha caída, e os soldados também. Eles, porém, tinham uma vantagem sobre eles: Estavam em menor número, e por causa disso foram mais hábeis. Os soldados ficaram um pouco dispersos e os cavalos assustados. Os animais atrapalharam mais ainda nessa parte, pois ficaram descontrolados.

No final, somente poucos homens passaram pela muralha. Os que passaram eram aqueles que realmente tinham sangue nos olhos, os mais motivados. Muitos dos homens desistiram pela exaustão e pelo cansaço, além da confusão que tomou cota ali. Outros, todavia, não desistiram e seguiram atrás de seus alvos.

Adentrando no meio das plantas, ainda mais na escuridão, eles tentaram se camuflar. O sol já começava a apontar no horizonte e o céu negro se tornava alaranjado aos poucos, mesmo assim ainda podia se ver pouco e eles tiraram proveito disso para não serem vistos.

Continuaram a partir dali agachados e se misturando à vegetação. Avançaram durante alguns minutos e, quando se julgaram seguros, se largaram no chão.

–Somos muitos bons... –Stuart riu. –Duas vezes no mesmo dia...

–Na mesma noite... –Nicko corrigiu. –Agora que está amanhecendo...

–Em compensação Marty parece não estar muito bem... –Steve foi em direção ao seu colega.

Steve sentiu o pulso dele, seu coração ainda batia. Ele respirava, mesmo que descompassado.

–Acho que ele vai ficar bem... –Esmeralda disse ofegante se apoiando em sua espada. –Foi só muita adrenalina...

–Muita... –Nicko concordou.

–Quando ele acordar vai precisar de alguma coisa para comer... –Steve disse. –Caso contrário ele vai dormir de novo... Para sempre.

–Deixe-o acordar então, estamos morrendo também... –Nicko caiu no chão respirando forte. –Ai...

De joelhos, Steve olhava em volta, ainda muito desconfiado de estarem sendo observados. Aproximou-se de Esmeralda e falou ao ouvido dela:

–Acho melhor não ficarmos parado aqui, estamos muito próximos de Téfires...

–Eu sei, mas vamos terminar como Marty se continuarmos correndo, temos que... –A voz dela foi sumindo conforme o olhar dela permanecia fixo em um canto escuro da mata.

Steve seguiu o olhar dele e encarou o nada. Ficou com o olhar fitando aquele canto, até que sentiu o coração parar.

–Abaixa! –Steve puxou Esmeralda para baixo na mesma hora em que uma flecha passou voando bem onde eles estavam.

Um soldado surgiu da escuridão com uma espada em mãos então e saltou para cima de Nicko, com a intenção de feri-lo fatalmente. Stuart conseguiu impedir que a espada fosse fincada na cabeça dele, mas a arma dele partiu-se no impacto.

O homem cambaleou e partiu para cima de Stuart, com a espada em mãos.

Steve veio como um raio e pulou em cima dele. Os dois caídos no chão iniciaram um rápido confronto.

Com a espada de pedra, Steve atacou primeiro, e teve seu ataque defendido por outro muito mais rápido. O soldado com quem lutava estava louco, não media a força que usava e atacava para matar.

Steve só tinha tempo para defender, atacar estava fora de cogitação no momento. Defendia em cima, em baixo, e os golpes eram tão fortes que seus braços já fracos não aguentariam muito mais.

Então, entre um ataque bruto, ele caiu de costas. Não que Steve não fosse páreo para o seu oponente, muito pelo contrário, a questão ali é que ele estava se sentindo como um trapo, não tinha forças nem para respirar.

O soldado veio com a espada para atingir bem a cabeça de Steve.

–É o seu fim! –O homem gritou insanamente enquanto vinha como um animal faminto por carne.

Steve defendeu o golpe e o soldado recuou. Olhou para ele friamente e sorriu, como um último adeus. Pulou com a espada para atingir o peito dele dessa vez, foi aí que a coisa deu errado para os dois.

Steve não queria de forma alguma matar ele, todavia, isso era exatamente o contrário do que o soldado queria: Morte.

Vindo como uma flecha, o homem ia matar Steve sem pensar duas vezes, e Steve, num ato natural de defesa, ergueu sua espada. O que aconteceu foi o seguinte: A espada de Steve atravessou o tronco do homem, entrando de um lado e saindo do outro.

Nessa hora o mundo parou para os dois. Desesperado com o que havia acabado de fazer, Steve começou a tremer ao ver a sua espada (sua, para dar uma ênfase), atravessada no corpo daquele homem. E o homem se sentiu congelado porque, claramente, ia morrer.

O soldado começou a se inclinara para frente lentamente e caiu duro em cima de Steve. Sem reação, ele permaneceu ali. O sangue escorria em cima dele e não sabia o que fazer. O olhar morto do homem ainda estava direcionado para ele, e sua boca aberta demonstrando medo continuava ali, parecendo gritar no silêncio.

Steve sentiu tudo girar, tentou pensar que não havia feito aquilo. Matar pessoas era uma coisa, mas uma pessoa é bem diferente. Foi para sua defesa, ele sabia, o homem o teria matado se ele não tivesse feito isso, porém, se sentia com vontade de explodir.

Nada que fizesse ia mudar aquele fato, Steve matou um homem.


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