Minecraft. A Origem Das Trevas escrita por Hermes JR


Capítulo 2
O Presente


Notas iniciais do capítulo

"Você já sabe, minha vida nunca foi normal, mas isso está passando dos limites para qualquer um."



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Depois de saí do “centro de reabilitação” e estar completamente inteiro, Steve foi à casa de Bruce. Bateu na porta e quando Bruce a abriu a felicidade estampada no rosto dele foi tanta que Steve até se assustou com tamanha demonstração de afeto por parte de seu amigo.

–Steve! –Disse, quase gritando. –Steve! Como você está... Vivo! –Disse abraçando-o.

–Estou bem, estou bem. –Steve sorriu. –Mas ainda sinto algumas dores, então vai devagar aí jovem...

Bruce largou-o e convidou-o para entrar. Assim que ele entrou avistou Adália no fim da casa, sentada na cama de Bruce.

–Steve! Não acredito que você está bem! –Adália o abraçou. Eles nunca foram muitos próximos, mas ele aproveitou o momento.

Logo depois de algumas outras palavras de felicidades, Bruce fez questão de acomodar seu amigo, deu-lhe algo para comer e beber e tratou logo de revirar toda a sua pequena e humilde casa atrás de algo que ele pudesse fazer um colchão e acomodar a todos.

Enquanto Bruce ia de um lado para o outro, Steve ficou perto de Adália, e logo ela comentou:

–Que bom saber que você está bem.

–Realmente... –Afirmou. –Obrigado por se importar, fico feliz em saber disso.

–Ora, não poderia ser diferente, você e Bruce me salvaram, e agora vivo com vocês, não podia ser de outro jeito. –Respondeu. –Agora, mesmo que... Bom, vocês são meio que minha família...

Aquilo o pegou de surpresa, não esperava nada assim vindo de Adália. Para ser sincero, ele nunca esperaria aquilo de ninguém, somente de Bruce e talvez, muito talvez Nicko. Mas Adália, foi estranho. Ele e ela nunca foram tão próximos, todo o tempo que eles passaram juntos, fugindo de Téfires, quando ele a salvou, os momentos antes de ele sair de Téfires, nunca chegaram a se falar. Adália era sempre tímida, mas Steve entendia, devido a tudo o que ela passou, o que ela viu, todos os dias na escuridão. Fechada e sempre calada era o jeito dela, e Steve que sempre vivia desconfiado de qualquer passo ao seu redor acabava se esquecendo dela. De fato os dois sabiam muito pouco um sobre o outro, mas aquilo foi a prova do quanto o perigo podem unir as pessoas.

–Puxa... Que... –Steve estava meio perdido. –Saiba que sempre estaremos ao seu lado quando você precisar de nós, não importa quando.

–Muito obrigada...

Aquela conversa, apesar de ter sido muita pequena, estava deixando Steve constrangido. Papos melosos nunca o deixaram a vontade, e ainda mais com Adália. Steve sabia manejar bem uma espada, mas usar as palavras de uma maneira que soassem decente, isso com certeza não era com ele.

Para a sorte dele logo Bruce apareceu, chamando-o para conversar:

–Vamos vocês dois, vamos conversar um pouco. –Disse. –Estamos todos vivos! Isso é muito difícil de acreditar, não é momento para ficar parados!

Os três conversaram, comeram e beberam durante muito tempo, mais de horas. Jogavam conversa fora, conversando sobre assuntos mais inusitados possíveis. Tentavam ao máximos os assuntos que falavam sobre morte ou alguma coisa relacionada ao que eles passaram. Mas mesmo não falando sobre isso, a mente de Steve estava muito longe da conversa deles.

Depois de muito tempo, quando Adália saiu e foi ao banheiro, Steve chamou Bruce, dizendo:

–Bruce, vem aqui, quero trocar uma palavra cm você.

Bruce franziu a testa, sem entender o que ele queria dizer com isso, mas foi atrás dele mesmo assim. Steve abriu a porta da casa de Bruce e foi para fora, olhando para a aldeia.

–Tem muita coisa acontecendo... –Disse Steve.

–Bom... Eu sei. –Bruce respondeu. –Nós vimos o que aquele... Seja lá o que for disse. Além de que, não o matamos Steve, ele ainda está por aí...

Steve suspirou.

–É muito mais do que isso Bruce, tente entender. Você ouviu o que ele disse, você viu do que ele é capaz, nós sabemos, e ele está por aí... O pior é saber que há gente ao lado dele, cada vez mais. E Esmeralda, ela sumiu.

–Eu tentei amenizar as coisas aqui hoje... Sabe, você se recuperou, saímos vivos, achei que merecíamos um momento de descanso, só isso.

–Não há nada demais nisso, também acho que precisávamos disso. –Respondeu. –Só estou... Com medo. Ele disse que me conhecia, que eu o abandonei... Não tenho a mínima ideia do que ele quis dizer com isso, mas agora não passo um minuto da minha vida sem olhar para os lados procurando vê-lo. Vivo cada minuto com medo... Minha cabeça é um tornado de pensamentos, penso no que pode vir a acontecer, em onde Esmeralda está, aonde minha vida vai parar...

–Steve, sei que você está assustado, eu estou também. Mas vamos tentar relaxar, descansar, quase morremos diversas vezes. Puxa vida, olhe isso, Nicko está vivo! Tente esquecer um pouco tudo o que o atormenta.

–Não dá! Simplesmente não dá! –Steve gritou socando a parede. –Estou com medo e preocupado. Preocupado comigo, com Esmeralda, com você e Adália! Tenho medo de que enquanto eu durma ele venha e corte minha garganta ou faça sei lá o que, me possua! Tem tanta coisa na minha cabeça que mal dá pra entender!

Ninguém disse mais nada depois disso. Bruce se afastou assustado com o tom do amigo, encarando-o.

–Desculpe-me... –Steve pediu depois. –É só que... Você já sabe, minha vida nunca foi normal, mas isso está passando dos limites para qualquer um.

–Sei que é difícil, também vivo com medo... Bruce tentou consolá-lo, mas Steve interrompeu-o:

–É diferente, estou me sentindo... Culpado. Aquele homem, o jeito que ele me encarava, que falava comigo, dizendo que eu era o culpado por todas as mortes que causou, de seu ódio.

–Steve, não escute o que ele fala. Você viu do que ele é capaz. Além de que eu sei do que você é capaz, aquilo não é culpa sua, você não podia evitar. O que temos que fazer então é só esperar para o dia que iremos encará-lo novamente, só podemos esperar.

–Não, podemos prevenir isso também. Pense comigo, se eu for atrás, seguir as pistas, juntar as peças do quebra-cabeça, posso conseguir evitá-lo antes do momento.

–Que peças? Que pistas? Não há nada. -Bruce disse.

–Mas eu não posso ficar simplesmente parado aqui. –Steve respondeu. –Antes de tudo, eu vou atrás de Esmeralda, para aí eu poder conseguir.

–Steve, você acabou de se recuperar, já vai querer ir trás de problemas?

–Essa não é a questão, se eu não for atrás deles, eles vem atrás de mim.

Bruce ficou com o olhar fixo no resto da aldeia, vendo as pessoas que viviam normalmente, que passavam suas vidas sem nada demais, sem saberem o que eles já passaram e o que pode estar por vir.

–Há muitas pessoas que podem precisar de nós um dia. –Steve disse.

–O que você quer dizer com isso?

–Ora Bruce, você sabe. Sabemos que ele tem planos para algo muito maior que pode estar por vir e sabemos também, somente nós, sabemos quem ele é...

–É tanta...

–Eu sei que é uma carga muito pesada para carregar. –Steve o interrompeu. –E por isso não quero obrigá-lo a vir atrás de mim. Fique aí com Adália, vai ser bom para ela e para você. Tente esquecer o que passou...

–É como você, eu não posso... Mas tampouco quero sair daqui também...

–Essa é a questão chave Bruce. Há muita coisa prestes a acontecer, vou atrás de Esmeralda primeiro, procurá-la, mas também não vou obrigá-la a vir comigo, só quero uma ajuda de alguém que saiba mais do sobrenatural para, sabe, eu saber por onde começar...

–Steve, nós já nos separamos uma vez quando você foi atrás do Ninho, e isso não foi uma boa ideia, depois nós quase morremos. –Bruce falou. –É muita coisa para absorver...

–Exatamente, por isso peço que fique aqui. –Disse. –Desde que você me conheceu você quase morreu uma centena de vezes, por isso a distância entre nós dois pode ser para sua segurança também.

–Steve, só vamos logo direto ao ponto. –Bruce disse decidido. –Você quer partir e ir atrás dele, mas não quer que eu vá atrás, porém você está com medo... Não sei se isso é uma despedida, mas não acho que você esteja tomando uma decisão certa.

–Não há mais decisão certa. –Respondeu. –E sim, tenho medo, pois não sou nada comparado ao que ele é, mas penso que somente eu posso impedi-lo. Além de que eu não quero envolver mais ninguém nisso também. É só que... Estou muito assustado, e não posso ficar...

–E você pretende partir quando?

–O mais cedo possível. Não posso esperar mais. Já há dias que não sabemos do paradeiro de Esmeralda e tenho medo do que possa ter acontecido a ela. Pensar que ela pode estar aprisionada numa cela apodrecendo me dá calafrios, por isso não agüento esperar mais.

–Pelo menos não se esqueça de nos avisar.

–Só espero que fique aqui com Adália, você já cumpriu o seu papel, não há mais nada que possa fazer, a não ser que queira morrer.

–Vamos tentar não brigar igual fizemos da última vez. –Disse. –Sei que não posso impedi-lo de novo, mas agora estou com medo de ir atrás de você de novo, depois do que vi... Não que eu não me importe com você, é só que...

–Eu entendo perfeitamente. –Steve o poupou de continuar. –Ficar aqui é o melhor que você pode fazer. Não se sinta culpado. –Steve ficou calado um tempo, e logo depois continuou: -Tenho medo de que isso possa vir a se transformar numa guerra...

–Vamos tentar não falar disso e... Vamos entrar, não estou com vontade de continuar a falar disso...

–Igualmente, só queria que você soubesse o porquê de eu partir, para eu não parecer injusto ao abandonar vocês.

–O que me importa é que você consiga voltar um dia...

–Vou tentar me esforçar ao máximo. –Steve disse.

E assim a conversa foi encerrada, os dois entraram na casa e a porta bateu atrás deles, fechando-se.


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