Minecraft. A Origem Das Trevas escrita por Hermes JR


Capítulo 1
Visões Futuras


Notas iniciais do capítulo

"-Se quiser ir em frente, vá. Steve disse, sem demonstrar medo. -Não tenho medo de morrer."



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/451875/chapter/1

Steve caiu direto de cabeça no chão, foi arremessado. Primeiro foi lançado contra a parede e depois largado no chão. Seus olhos ardiam e cada músculo do seu corpo tremia, até sua alma pedia por piedade. Tentou se levantar, e assim que conseguiu erguer pelo menos um pouco de si do chão, foi chutado de volta.

–Não posso acreditar... Brian... –Disse, quase sem voz, somente num cochicho. –Eu confiei em você, todos nós...

–Assim como eu confiei em você anos atrás e você me abandonou. –O homem chamado Brian respondeu, chutando-o novamente.

Steve cuspiu e junto com sua saliva sangue foi lançado também. Ele sentiu um gosto amargo na boca, tentou se levantar, mas seus músculos não obedeciam mais a ele. Virou-se de costas e olhou para cima. Nada viu, tudo girava num espiral e mesmo que ele colocasse sua mão bem na sua frente não iria reconhecê-la.

Arrastou-se em silêncio para onde Adália estava caída, ainda tinha alguma esperança de que ela estivesse viva, mas assim que chegou próximo a ela e sentiu seu sangue encostar-se a sua pele, tremeu todo. Virou-a de lado e havia uma faca enfiada ao lado de seu pescoço, havia provavelmente penetrado a artéria dela. Steve mexeu o corpo morto dela chorando e tentando fazer algum som sair de sua boca.

–Acorde, não nos deixe agora! Por favor, Adália! Desculpe-me! –Falava entre choros.

Segurou a mão dela e apertou-a contra seu peito, dando logo após um beijo em sua testa. Pôs então a mão na faca que estava fincada no pescoço dela e tentou tirá-la, mas logo que fez o primeiro movimento, todo o seu corpo arrepiou-se e ele não pôde continuar, simplesmente não podia. Havia matado criaturas, enfrentado os mais temíveis monstros e até chegou a matar homens, mas não tinha coragem para tirar a faca que tirara a vida de sua amiga.

Virando-se de lado, mexendo-se em meio à poça de sangue dela, encarou o rosto frio de Brian, que não apresentava sequer algum remorso, muito menos algum arrependimento. Queria poder xingá-lo, esfaqueá-lo assim como ele fez com Adália, decepá-lo, mas não estava em condições.

Ignorando o olhar de Brian que o seguia, ele se moveu até Nicko, que estava encostado na parede, logo abaixo de uma tocha. Sua cara completamente inchada e roxa por conta da surra que levara. Sua espada estava caída longe dele, partida em duas.

–Me desculpe amigo. –Steve disse chegando ao lado dele. –Me desculpe, eu estraguei tudo, eu coloquei a gente nessa...

–V-você não fez... Você fez o que pôde... Todos nós fizemos... –Nicko fechou os olhos. Não que estivesse morto, mas não estava nada bem. Steve podia vê-lo respirar ainda, mas isso não o tranquilizou ainda.

Arrastou-se, como estava fazendo, onde Stuart estava caídos com o escudo e a espada todos quebrados. Pedaços de madeira do escudo que se se estilhaçaram estavam atravessados em sua barriga, não muito profundamente. Era, por incrível que pareça, o que estava em melhor estado de todos.

–Ainda estou aqui, amigo... –Stuart respondeu. –Não vai ser hoje que esse desgraçado vai me matar...

–Assim eu espero... Onde está Marty? Ele está m... –Steve perguntou.

–Não desde a última vez que eu o vi, pelo menos...

Steve deu um “abraço” em Stuart e voltou ao lado de Adália. Olhou desesperadamente para todos os cantos procurando por Esmeralda, mas não a viu.

–Ela está perdida, esqueça-a. - Brian disse de repente. –Assim como o restante de seus amigos fora daqui.

–Deixe-os fora disso, não o porquê matá-los agora, o problema é comigo!

–Não mais Steve, o meu problema com você é só entre nós. –Brian disse sério. –Mas o resto envolve a gente, eles aqui, eles fora daqui, e o mundo todo, é problema de todos, pois quando o momento chegar, todos vão sofrer as consequências.

Steve tentava não chorar, mas enquanto se arrastava pelo sangue de Adália e a via caída bem a sua frente, depois de tudo o que passaram, era difícil se manter sério. Queria poder gritar sem parar, mas não podia.

–Você é patético Steve. –Brian caçoou-o. –Luta contra exércitos de criaturas amaldiçoadas, mas não consegue lutar contra pessoas.

–Você não é uma pessoa. –Steve respondeu.

Brian sorriu maliciosamente, encarando-o.

–Oh! Quer dizer que eu não sou uma pessoa? –Perguntou retoricamente. –E o que você me diz do que fez comigo aquela noite? Aquilo foi um ato humano?

–Não fiz por querer! Não tinha escolha! Era ela ou todos nós, incluindo ela também! Era o certo a fazer, sacrifícios são necessários! –Respondeu dessa vez com voz para se defender.

–Não me importa, podia ter havido outra saída, não precisávamos daquela medida drástica! E você ainda teve a coragem de fugir depois!

–Eu não fugi!

Brian o chutou na barriga de novo e ele rolou para o lado, cuspindo mais sangue.

–Sim, você fugiu! Fugiu e nos deixou para morrer!

–Se eu tivesse feito isso não teria deixado tudo o que tinha com vocês, eu comecei do zero de novo enquanto vocês todos estavam com o que eu ganhara em semanas e semanas de esforço!

Brian o chutou de novo, e dessa vez Steve caiu ao lado do corpo de Adália. Passou a mão ao redor dela, como se a defendesse, apesar de ela ter falecido.

–Você me enoja... –Brian disse.

–E o que me diz do que você se tornou?! Está valendo a pena tudo isso?! Se tornar o que se tornou?!

–É por uma justa causa! A culpa é sua!

–Se você não tivesse saído aquela noite para fazer não sei o que diabos, nada daquilo teria acontecido! Não teríamos atraídos eles e ela estaria viva ainda! –Steve explodiu.

De repente Brian ficou em silêncio e não respondeu, apenas continuou a encará-lo com um olhar assassino. Steve temia o que ele podia fazer no momento seguinte, mas não ia deixar o terror estampado na cara, tinha de se mostrar firme, por dignidade.

Brian, entretanto, durante todo o tempo que se seguiu não fez nada, apenas o encarou a cada segundo, sem piscar.

–Se quiser ir em frente, vá. –Steve disse, sem demonstrar medo. –Não tenho medo de morrer. Mas antes de agir pense nela, porque você está julgando a pessoa errada. Mate-me mesmo assim se achar que é o que deve fazer.

Brian não o respondeu. Andou para trás em silêncio onde seu arco estava guardado. Não olhava para Steve, porém, a tensão no ar era tanta que estava difícil respirar, até porque Steve para morrer.

Brian então pegou o arco e uma flecha e apontou para a cabeça de Steve, puxou o cordão e disse:

–Estou fazendo o que é certo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!