Minecraft. A Origem Das Trevas escrita por Hermes JR


Capítulo 12
Noite em Claro


Notas iniciais do capítulo

"-Como se seus pesadelos previssem que algo ruim vai acontecer? –Marty concluiu.

-Isso."



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Quando enfim encontraram um bom lugar para passar a noite, trataram logo de fazer o que sempre faziam, o que consistia em bloquear parte da entrada com algumas pedras grandes e acender uma fogueira no canto mais escuro e mais longe o possível da saída. Com certeza não eram de forma alguma os melhores modos defensivos que podiam fazer, mas na pressa e no improviso era o que conseguiam fazer.

Dividiram depois quem seria o responsável por cada turno, e mesmo que Steve insistisse ser o primeiro, acabaram tirando na sorte, e Marty foi o primeiro, depois Stuart, então Steve e por último Nicko. Marty assumiu então seu posto e o restante se pôs a deitar.

Steve estava mergulhado em profunda preocupação dentro de si, não estava nem um pouco com vontade de dormir, apesar de o sono abatê-lo com uma enorme força. Tentou cochilar um pouco, somente para não passar a noite em claro e passar o dia seguinte em claro, até porque sua última noite já não fora muito boa.

Já deitado, virava de um lado para o outro procurando uma boa posição para poder dormir, porém, nada funcionava. Sua cabeça estava trabalhando a mil por hora, ele pensava nos mais diversos assuntos e problemas, e mesmo que tentasse afastar tudo isso de sua mente, quanto mais se esforçava, menos certo dava.

Era possível ouvir Stuart roncar no outro canto de seu abrigo e a respiração pesada de Nicko ao longe. O fogo crepitava lentamente e no silêncio daquela noite era possível ouvir cada detalhe do som que as brasas faziam, como se conversassem entre si.

–Vamos Steve, vá dormir. –Cochichou para si mesmo.

Na sua cabeça imagens como as de seu estranho sonho o atormentava, além de nunca parar de pensar em Esmeralda. O rosto dela, a voz dela, tudo vinha à cabeça dele mais constantemente do que ele pensava em si próprio. Não pensava em suas necessidades ou coisa assim, como fome, somente nela.

Além de tudo isso, frequentemente pensava nos acontecimentos do dia em que eles adentraram o Nicho de Creepers. As correntes presas em seus braços, a dor e a agonia de ter pensado momentaneamente que seus companheiros estavam mortos e a culpa ser sua. O medo o consumia por completo quando imaginava aquele homem de olhos brancos, que o possuiu que agora vagava por aí com um corpo exatamente igual ao seu, até onde ele sabia.

De repente, no meio de seus tormentos, alguma coisa o tocou e ele deu um pulo, assustado.

–Steve? –Marty o chamou, estava ao seu lado.

–Marty? O que... Você não está...

–Sim, estou de guarda, mas você estava aqui atrás de contorcendo todo, o que está acontecendo? –Perguntou. –Algum pesadelo?

–Mais ou menos isso... Vou tentar dormir de novo.

–Foi como o da noite passada? Isso é constante? –Marty questionou.

Steve arregalou os olhos, como Marty podia saber?

De repente um milhão de coisas veio a sua cabeça, mas só uma foi o que ele conseguiu dizer:

–Marty... Você não é por acaso um...

–Um...

–Feiticeiro? É?

Dessa vez foi Marty quem se assustou, e demonstrou isso franzindo a testa.

–Feiticeiro, como assim?!

–Você, ora... –Steve parou para pensar e logo se retratou: - Deixa para lá, loucura minha...

–Você não está bem, não é?

–Está tão na cara assim? –Perguntou ficando de pé.

–Nem tanto, mas nas duas últimas noites que passamos você ficou se contorcendo no chão como uma lagartixa.

–Fiquei?

–E como amigo, parecia estar tendo uma convulsão. –Ele respondeu, e ainda completou: - Mas melhor falarmos disso outra hora, vá dormir e assuma seu posto mais tarde, temos eu descansar.

–Dormir é o que estou tentando fazer há séculos. Estou aqui nesse chão frio desde não sei quando me contorcendo e sofrendo, melhor eu ficar acordado mesmo.

–Certeza?

–Nem tanta assim. –Respondeu sinceramente. –Mas vou lá te fazer um pouco de companhia.

–Seu turno é bem mais tarde...

–Que se dane meu turno, não vou dormir agora mesmo.

–Se quer assim.

Os dois se dirigiram até a saída e se sentaram numa distância relativa, que podiam tanto ver o que acontecia lá fora como tinham domínio total de seu abrigo. Marty tinha uma espada em mãos, já Steve estava desarmado, nunca acontecera nada naquelas vigias e, portanto ele sequer tinha o trabalho de pegar armamento.

–O que é? –Marty perguntou de repente.

–O que é o quê? –Steve perguntou de volta.

–Não se faça de bobo, o seu pesadelo, o que tanto de atormenta para tirar noites de sono?

Steve pensou se devia contar isso a ele, se recusou a contar a Nicko, alguém que ele confiava bastante. Não que ele não tivesse confiança em Marty, mas eles acabaram de se conhecer, entretanto, tinha sempre um peso na consciência que também o incomodava, que era o fato de Marty e Stuart terem ido atrás dele sem nem conhecê-lo. No final acabou respondendo:

–É como uma visão que eu tenho do que aconteceu comigo numa noite.

–Uma noite bem ruim pelo visto.

–Você não imagina o quanto, uma das piores da minha vida... Minha inexperiência e despreparado naquela época também não ajudaram muito.

Marty não queria forçar a barra para cima de Steve, só que eles não tinham o que conversar:

–E o que aconteceu de tão ruim naquela noite? –Steve fez uma cara de desgosto enquanto olhava reto, Marty logo percebeu que aquelas lembranças não faziam bem algum a ele. –Só conte se sentir-se a vontade com isso... –Tentou amenizar a situação.

–Sem problemas, é que é tudo tão... Só não acho que isso seja normal. –Ele disse desviando o assunto, e deu certo.

–Bom, é normal ter pesadelos, ainda mais com momentos ruins de nossas vidas.

–Eu sei, só que não é bem isso. –Explicou. –Minha vida passada tem tantos acontecimentos estranhos que eu poderia ter um pesadelo diferente cada dia pelo resto da minha vida que eles nunca iam acabar.

–É só uma fase, não? Você está tenso e preocupado, quem sabe passa com o tempo.

–Quem sabe... Mas o que me atormenta ainda é outra coisa.

–Se quiser falar, estou aqui a noite toda.

Steve não ia ter nada a perder mesmo, então compartilhou o que o preocupava.

–Há algum tempo atrás eu tive pesadelos com uns momentos bem específicos da minha vida, e logo eles passaram, depois aconteceu toda aquela série de problemas e minha vida deu uma “acalmada” de poucos dias. –Disse. –E agora, de uns dias para cá, eu voltei a sonhar com outro momento da minha vida, e como antes, não um bom, e sim um bem trágico, que envolve tragédias e tudo o mais.

–E o que há demais?

–Não percebe? Quando eu tive aqueles pesadelos pela primeira vez, não demorou muito para que aquele monte de acontecimentos viessem a ocorrer comigo, e agora que estou indo novamente em uma outra busca eles voltam a me atormentar!

–Não sei aonde quer chegar...

–Veja bem, antes de eu ir atrás do Ninho, tive sonhos com o meu passado, esses pesadelos vieram antes de alguns outros acontecimentos bem ruins, e pararam subitamente, e agora voltam do nada, bem quando eu sei que corro perigo! –Disse. –Tive contato com magia e sei pouco do que eu gostaria de saber, mas acho que tudo isso tem uma ligação.

–Como se seus pesadelos previssem que algo ruim vai acontecer? –Marty concluiu.

–Isso.

–Improvável, bem improvável. Afinal, pesadelos são comuns demais, ainda mais quando se está preocupado ou tenso, talvez seja só uma fase, como eu lhe disse, e logo vai passar.

–Assim eu espero que seja, mas não me sinto tranquilo...

A conversa sobre aquele assunto acabou ali, permaneceram calados durante um tempo curto, e Marty perguntou:

–Esmeralda é especial para você?

Aquilo pegou Steve de surpresa de novo.

–Como... Quer dizer, é claro que é, ela me salvou diversas vezes, devo minha vida a ela e...

–Não é isso que eu quero dizer, e você sabe bem.

Steve hesitou, mas logo pôs tudo para fora.

–Talvez eu esteja num conflito comigo mesmo, na verdade eu estou... Uma parte de mim gosta muito dela, já outra me obriga a somente considerá-la como uma pessoa... Importante.

–E qual parte fala mais alto?

–Acho que a segunda...

–E qual você quer ouvir?

Steve o encarou então, nunca pensou em momento algum que estaria tendo uma conversa desse tipo com Marty, mal o conhecia e eles já falavam desse tipo de coisa.

–Acho que a primeira.

–Então faça o que achar que é certo, se realmente gosta dela não há motivo para ficar calado, fale com ela e...

–Não é tão simples assim, nossas vidas são tão tempestuosas que...

–Se você gosta dela isso não é desculpa. –Ele o interrompeu. –Não deixe passar essa oportunidade, além de que não vai conseguir esconder isso muito tempo.

–O que quer dizer?

–Bom, você saiu de Colina Nevada completamente desarmado e despreparado para ir atrás dela, e não sabe nem onde ela está de verdade.

–Minha intenção não é esconder isso...

–Então fala com ela.

–É mais complicado do que parece, tente entender, provavelmente você sabe tudo o que eu e ela passamos juntos, o que eu passei sozinho e ela também, nossas vidas são simplesmente extremas demais para podermos... Ficar juntos.

Marty pensou no que ouvira por um tempo.

–Realmente pode ser até um pouco difícil, mas você só vai saber se arriscar um dia.

–Prefiro adiar um pouco esse dia.

–Faça como quiser.

De repente Stuart apareceu atrás deles, dizendo:

–Achei que esse ia ser o meu turno.

–Volte a dormir, eu cubro o segundo, te acordo quando for sua hora. –Steve respondeu. –E você também Marty, vá descansar.

–Tudo bem, estou morto mesmo.

Stuart não hesitou nem um pouquinho e já estava dormindo novamente quando Steve se virou.

A verdade é que ele não ia acordar ninguém, ia cobrir o turno de todos. Não que ele se sentisse obrigado, somente não queria dormir e sonhar de novo.


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Notas finais do capítulo

Eu sei que deu demorei para postar, mas as aulas começaram e nessa semana tive que ir me acostumando com o novo ritmo, então não tive muito tempo para visitar o site... Mesmo assim, estou aqui :) Consegui