Minecraft. A Origem Das Trevas escrita por Hermes JR


Capítulo 11
Encontro Com o Passado


Notas iniciais do capítulo

"-Já imaginava que você tinha uma carta na manga. –Respondeu. –Vai ser difícil me mostrar algo que me tire do sério.

-É o que veremos.

-Boa sorte."



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Saltando com o coração acelerado foi o modo como Steve acordou. Assustado, levantou a cabeça olhando para um lado e para o outro tentando se localizar. Tivera o mesmo pesadelo da noite passada novamente, nos mesmos detalhes e na mesma intensidade de antes. Tocando todo seu corpo para se certificar de que estava seco e inteiro, se aliviou ao perceber que realmente só fora outro pesadelo muito real.

Ele não queria ter dormido, por ele, ficaria de guarda a noite inteira, sem se importar, mas Marty acordou em um momento e insistiu que ele fosse dormir. Steve recusou e recusou, mas seu colega foi persistente e ele acabou não resistindo ao sono que o tomava e dormiu. Certamente Stuart e Nicko também revezaram e ficaram de guarda, mas assim que Steve acordou, já estavam todos de pé e prontos para partir, com exceção dele obviamente.

–Bom dia, bela adormecida. –Stuart caçoou. –Pensamos que você nunca iria acordar.

Steve se levantou com a mão na testa, sua visão se acostumava ainda com a claridade do local. Suas pálpebras pesavam e seus olhos ardiam de sono, balançou a cabeça na tentativa de espantar a preguiça e começou a caminhar em direção ao seu equipamento, o único que ainda jazia caído no fundo da caverna.

Os outros três estavam fora da caverna, pareciam conversar enquanto Steve terminava de acordar, saindo daquele estado de transe matinal. Comiam pão e conversavam, e assim que Steve saiu já pronto, entregaram um a ele também.

–Aqui está seu lanche matinal. –Marty o entregou o humilde pão. –E possivelmente seu almoço também...

Steve pegou o pão seco e ainda sem dizer nada, deu-lhe uma mordida. Agradeceu com um gesto e os quatro ficaram ali, comendo e parados sem fazer absolutamente nada.

–Como eu gostaria de ter um cavalo numa hora dessas. –Nicko comentou para quebrar o silêncio.

–Pouparia bastante tempo. –Marty disse.

–E energia. –Stuart finalizou. –Andar essa distância me dá preguiça só de pensar, ainda mais que vai ser a segunda vez...

Nenhum deles comia com muita vontade, o pão seco estava difícil de descer pela garganta, além da dificuldade de somente mastigá-lo, com a boca ficando cheia.

–Devia ter enchido meu odre quando pude. –Stuart lamentou-se.

–Podia mesmo. –Marty disse. –Estou morrendo de sede.

Stuart o fitou com um olhar incomum.

–E ia continuar morrendo, se eu tivesse um cheio ia esfregá-lo na sua cara e não ia tomar uma gota sequer.

–Como você é mal, ainda me deve uma, se lembra?

–Aquilo que aconteceu aquela noite fica naquela noite.

–Não tem nada disso.

Stuart e Marty ficaram ali discutindo esse assuntou que somente os dois tinham conhecimento, e enquanto conversavam, Nicko se dirigiu a Steve:

–Tudo bem? Sua cara não está muito bem.

–Temos que ir logo. –Respondeu, fugindo totalmente da questão feita a ele. –Quanto mais cedo formos, melhor.

Nicko o encarou, estranhando a resposta, e ele logo retratou sua resposta:

–Estou bem... É só o sono... Estou meio cansado demais...

–A vida anda meio exigente com você, não é?

–Meio? Meio? Ela está é muito, não tenho um minuto de paz...

–Um dia isso acaba e vai poder viver normalmente.

–Se as senhoritas já acabaram aí, é melhor irmos andando. –Stuart se intrometeu, jogando fora um ultimo pequeno pedaço de seu lanche. –Temos que fazer o dia render.

–Então o que estão esperando? –Nicko perguntou retoricamente. –Vamos andando.

Partiram então, Steve ia a frente, guiando-os, apesar de saberem o caminho, ou pelo menos uma boa parte dele. Seguiam sempre numa linha reta e contínua, evitando ao máximo mudar o rumo do curso. Tinham certeza de que quando chegassem podiam ir parar num local um pouco distante de onde Téfires realmente está, mas nada que fosse extremamente preocupante.

Num momento, eles chegariam à velha ponte, que foi um verdadeiro problema na primeira vez que foram, tanto que quando a tropa foi voltar, tomaram um caminho alternativo pois certamente o caminho estaria obstruído.

Nicko, que estava um pouco mais atrás de todos e sozinho, apertou o passo para chegar perto de Steve.

–Steve. –Chamou.

–O quê? –Steve disse sem parar de andar.

Nicko andou um pouco mais depressa e quando estava já lado a lado dele, perguntou:

–E quanto à ponte? Ela está destruída, não poderemos passar por lá, vamos ter que dar a volta.

Steve riu.

–Acho que quando eu te contei você não prestou muita atenção, não foi?

–Me contou o quê?

–Quando fugimos de Téfires para cá, Esmeralda consertou a ponte para nós, e agora ela está muito mais segura do que antes, sem problemas.

–Quer dizer que ela está completamente nova?

–Completamente não, mas melhor do que antes está, tenha certeza disso.

Eles continuaram caminhando em silêncio, atravessavam os campos verdes sem ligar muito para a paisagem. Stuart e Marty estavam atrás dos dois e ia conversando. Stuart levava a sua espada na mão, balançando-a de um lado para o outro, enquanto Marty nada carregava, indo com os braços livres e soltos.

Steve olhou para trás, observando os dois.

–Eles realmente me surpreendem... –Comentou.

–São realmente boas pessoas, além de ótimos lutadores. –Respondeu. –Nada pode passar por cima desses dois aí.

–Ainda não acredito que vieram atrás de mim só porque você pediu...

–O mundo está cheio de surpresas, e algumas boas são boas às vezes, ainda mais para você que só encontra problemas.

–Com certeza.

–E não tem com o que se preocupar.

–É que tudo é muito... Incomum.

–Eu sei, eu mesmo não acreditaria numa coisa dessas, mas está acontecendo. Eles vieram para ajudar e não pediram nada em troca.

–Isso é o mais estranho.

Nicko caminhou mais um pouco antes de responder.

–Steve, não pudemos te contar tudo o que passamos juntos, mas passamos sim por alguns momentos bem sufocantes, devemos nossa vida um ao outro, é como você e... Bruce, mais ou menos...

–Tudo bem, não precisa explicar, é só muita... Generosidade, não estou muito acostumado com isso.

–Pelo menos acostumar com o que é bom é mais fácil.

Continuaram sem dizer mais nada, seguindo sempre. Pararam extremamente poucas vezes, e quando paravam, evitavam ficar mais de cinco minutos, e quando passava disso, apressavam-se logo e continuavam.

O dia seguiu sem mais problemas, não encontraram nenhuma criatura no caminho, somente alguns poucos animais.

Já no fim daquele dia, chegaram à ponte.

–Mas que... –Nicko balbuciou.

–Como assim?! –Marty exclamou.

Stuart somente se aproximou de Steve e disse num tom de voz baixo:

–Você é cheio de surpresas garoto.

–Não vai nem demonstrar alguma emoção.

–Já esperava alguma coisa por aqui, afinal, a ponte estava destruída, não tinha sentido você nos levar por esse caminho. –Disse. –Pelo menos foi o que pensei.

–Exatamente, esperava algum sinal vindo de você.

–Pensei em falar com você sobre o trajeto, mas lembrei então que você já havia feito esse trajeto sem nós e, consequentemente, passado aqui.

–Aonde quer chegar?

–Já imaginava que você tinha uma carta na manga. –Respondeu. –Vai ser difícil me mostrar algo que me tire do sério.

–É o que veremos.

–Boa sorte.

Atravessaram a ponte e dormiram numa outra caverna que encontraram, que estava mais para um buraco na parede do que uma caverna, de tão pequeno que era, porém, era o que tinham para passar a noite.

No dia seguinte foi tudo do mesmo jeito, conversavam enquanto seguiam a jornada, evitavam ao máximo parar e não encontraram uma criatura sequer.

No fim já do segundo dia, a noite já havia caído, mas eles ainda não haviam encontrado um lugar para dormir, então seguiram mais um pouco na esperança de acharem algum mais a frente.

–Fiquem atentos. –Steve avisou, pois já era noite.

Cerca de dez minutos depois eles viram ao longe imagens de pequenos objetos brancos. Inicialmente ninguém sabia do que se tratava, mas assim que foram se aproximando, deram de cara com túmulos, os mesmo que enterraram seus companheiros antes.

Já lá no pequeno cemitério todos pararam e ficaram em silêncio, prestaram algumas homenagens aos falecidos colegas e pela primeira vez nos dois dias pararam mais do que minutos.

–Quanto desperdício. –Stuart lamentou-se. –Tantas boas vidas deixadas para trás...

Steve não conhecia ninguém que fora enterrado ali, com exceção somente de Leon, um homem que conhecera pouco tempo antes de sua morte. Ele era feliz e sorridente, além de muito positivo, era o único que realmente não esperava por um ataque e foi o primeiro a ser levado, quanta ironia.

–Se Dave tivesse me ouvido toda essa destruição poderia ter sido evitada. –Steve praguejou.

–Não se lamente tanto, a culpa não foi sua, esse fardo quem vai ter que carregar não será você.

–Como tem certeza? –E dizendo isso continuo, deixando as lápides para trás. –Vamos logo, é perigoso ficar aqui a essa hora.

–Ele é sempre estranho assim? –Stuart perguntou a Nicko.

–Você se acostuma, assim como eu me acostumei a você.

Nicko saiu como Marty rindo enquanto Stuart ficava para trás com a testa franzida.

–Engraçadinho você, hein...


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