Our Peace, Their War escrita por somedayrobsten


Capítulo 4
Capítulo IV


Notas iniciais do capítulo

Olá meninas, voltei tão rápido quanto havia imaginado. Obrigada por cada comentário no capítulo anterior. Vocês são a maior razão para eu estar voltando hoje.
Para falar a verdade, estava até pensando em preparar um cronograma e postar uma nova fanfic! Nham nham!
Bom, espero que gostem desse capítulo. Escrevi com muito amor, mesmo com milhares de coisas me desconcentrando e ele ficou exatamente o que eu queria (ou talvez melhor)!!!!!!! Deixem seus comentários assim que terminarem, é sempre bom saber o que vocês estão achando da história.
Obrigada mais uma vez, e sem mais delongas: ótima leitura.



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Capítulo IV

"Mas eu não posso te deixar entrar, e também não posso deixa-lo de fora." (Lana Del Rey)

Edward jogou Isabella dentro do jipe e ligou o motor, indo embora. Ele não acreditava no que havia acabado de fazer. Ele não queria falar, não queria olhar na cara dela, mas tampouco queria deixa-la ser levada para sofrer mais.

Ele também não podia mais acreditar nela, para ele, a confiança que ele havia dado à ela anos atrás estava quebrada, e por conta de coisas que ele não sabia se era verdade.

Às vezes, quando as coisas dão errado, não é apenas obra do acaso.

– Vá, suma. Desça ao seu quarto. –ele disse, empurrando Isabella porta adentro em sua casa. – Quanto ao vestido, lave-o e me devolva.

Isabella não proferiu uma palavra sequer. Enquanto seguia para a cozinha e ouvia os passos de Edward na escada, ela tocou seus lábios, sentindo-os inchados pelo beijo voraz de Edward.

Ele acabara de destruí-la de uma maneira que levaria uma vida inteira para se recuperar. A verdade é que ela sempre teria feridas.

E então, pensou em seus pais e seu irmão. Esperava encontra-los logo, esperava que ainda estivessem vivos, esperava que seu irmãozinho estivesse bem. Mas ela sabia que todas as suas expectativas eram completas ilusões para satisfazer sua mente.

Victoria já dormia e então Bella permitiu-se algumas lágrimas, fungadas, e virar de um lado para o outro na cama. Ela pensou em como era a vida de Victoria, e porque ela estava ali. Victoria bem tinha seus segredos também.

A dor no peito de Isabella era tanta, que chorou até dormir durante todos os dias que se seguiram. Chorou com a lembrança do nascimento de Jacob, chorou quando lembrou do pânico nos olhos de sua mãe, e o trêmulo bigode de seu pai quando aqueles homens cruéis, incluindo Edward, invadiram sua sala de estar.

Haviam dias em que Isabella desejava estar morta para não ter que sofrer. Dançava todas as noites, de segunda à sexta-feira, satisfazendo a vontade de seu patrão de vê-la sofrer. Ela nunca mais provocara Edward desde então. Nunca mais testara seus limites, e nunca mais trocaram uma palavra sequer. Edward se dirigia a Victoria sempre que precisava de alguma coisa, e todas as vezes em que os seus olhares se cruzaram, Edward conseguiu fazer uma cara de nojo boa o bastante para amedrontar Bella.

E isso era algo que ninguém mais conseguia.

Era um sábado à tarde, Bella se sentia cansada por chorar todas as noites, dançar todas as noites, e passar muito tempo acordada pensando. Ela tinha certeza de que se seus pais não estivessem mortos, Jacob então com certeza estaria.

Enquanto fazia costuras com Victoria no quarto que dividiam, ela perguntou:

– Vic, você não tem família? Marido, filhos... essas coisas...? – As pupilas de Victoria se dilataram. Ela sabia que um dia, uma hora ou outra, Isabella ia acabar perguntando isso.

– Eu tinha um namorado, antes da guerra começar. Ele era um judeu. – ela sorriu fraco, e Bella conseguiu ver o espelhado de lágrimas se formando nos olhos da moça. – Nós éramos almas gêmeas, Bella. A metade que completava o outro. – ela tirou os olhos de seu bordado e olhou para Bella.

– E então ele... – Victoria assentiu.

– É, sim. Só que de outro jeito. Foi num sábado à tarde ensolarado, mas fazia muito frio. O vento quase cortava o rosto. Nós não namorávamos escondidos, meus pais sabiam muito bem que eu e ele nos amávamos. Meus pais sempre fizeram tudo por minha liberdade e minha felicidade. – ela sorriu, lembrando. – E foi durante o almoço que estávamos tendo, que soldados da SS irromperam dentro da sala. Quando ouviram o barulho, a família de Aaron nos mandou correr pela porta dos fundos, e nós fomos. Foi quando eu ouvi tiros e... – Victoria começou a chorar. – O berro de uma mulher. Foi quando eu soube que meu Aaron havia sido assassinado.

– Vic, me desculpe... Eu nem sei o que dizer... eu... – Bella largou seu bordado em cima de sua cama e abraçou Victoria, tentando ao máximo conter suas lágrimas.

Quando ouviu seu nome ser chamado.

– Isabella! – Edward entrou na cozinha chamando-a. Ao ouvir seu nome saindo daquela boca, ela não pode conter o arrepio de medo em sua espinha.

– Vá! – Victoria disse. – Não o desafie, por favor. – ela segurou as mãos de Bella firmemente, pedindo como uma súplica.

Rapidamente, Bella chegou à cozinha.

– Sim, senhor? – ela perguntou, mantendo a cabeça baixa na frente dele. Ele era o único que causava essa reação em Isabella.

– Eu preciso que você engraxe essa minha bota. – ele estendeu o pé para ela. – Venha aqui. – ele a puxou pelo braço e a levou para a varanda.

Ela usava apenas trapos do que possivelmente deveria ser um vestido. A rajada de vento a fez estremecer, e então ele se sentou no banco da varanda, entregando os materiais a ela, que se sentou no chão, ambas as pernas viradas para o lado, os joelhos dobrados.

Enquanto esfregava as botas de Edward, Jacob passou pela cabeça de Bella. O sorriso fácil, a voz de garotinho e os trenzinhos espalhados por todos os cantos da sala.

– Sr. Cullen, posso fazer uma pergunta? –ela perguntou, fazendo uma careta.

– Faça. E seja breve. – ela assentiu.

– O senhor sabe... é, sabe como está Jacob, meu irmãozinho? – ela fez uma careta, chacoalhou os ombros.

Ele riu, com certeza tirando uma com a cara de Isabella.

– Querida Isabella... – ele falou, pronunciando cada palavra, a língua batendo entre os incisivos centrais. – Acho que de tudo o que você já viu, deveria saber que vocês todos são só milhares de números espalhados por aí. Ninguém se importa com o que vocês representam uns aos outros. – ele riu malicioso, e Isabella sentiu o mundo desabar.

Calou-se então, até terminar todo o seu trabalho.

Eles entraram dentro de casa.

– Mas já que você é mais um número, e um número que trabalha para mim, veja com Victoria o menu para o jantar de hoje à noite. Ah, e servirá a mesa. – ela virou-se em direção à cozinha, e ele deu um leve puxão em seu braço. Ela tropeçou e quase caiu, mas ele conseguiu segurá-la, seus rostos próximos um do outro. Ele a colocou de pé novamente. – Peça à Victoria a roupa que você terá que usar. E veja se consegue ser menos desastrada, porra! – ele esbravejou num sussurro.

Ela assentiu e sumiu na cozinha.

A presença de Isabella balançava Edward. Ele não queria demonstrar fraqueza, não sabendo o que ele sabia sobre ela. Chacoalhou a cabeça tirando as imagens de sua infância da mente, e as imagens de seu pai quando lhe contara alguns... segredos.

Para esfriar a cabeça, Edward entrou para um banho. Ao sair, amarrou a toalha branca na cintura e fez sua barba que ainda estava bem rala. Olhando-se no espelho, viu-se com olheiras. Ele não tinha olheiras antes. Não antes de Isabella entrar na sua vida sem pedir licença.

No mesmo instante, ele se arrependeu, mesmo que segundos, das coisas que falou à Isabella enquanto ela engraxava sua bota. Para outros soldados, Isabella com toda certeza era só um número... Mas para ele...

Passou a mão no cabelo molhado, e se trocou. Uma camisa branca, um suéter bege e uma calça da mesma cor da camisa.

Enquanto Victoria terminava de fazer a comida, Carlisle, Esme e Alice, irmã de Edward, chegaram. Alice trazia consigo Jasper, seu namorado que fora ferido durante o início da guerra.

Bella havia tomado banho e já estava pronta, quando Edward irrompeu a cozinha.

– Isabella, eu vou... Bem, você usará o nome Elza esta noite. – ele falou. – Sem mais perguntas ou questionamentos. Elza.

Bella tremeu. Não via Carlisle desde o dia em que deixara o lugar onde moravam, e sabia que ele não gostava muito dela.

– Vamos servir as entradas, tudo bem, Sr. Cullen? – Victoria perguntou.

– Claro. – Edward assentiu, tentando sorrir, mas tanto quanto Bella ele estava amedrontado. Elas organizaram as coisas na bandeja e Bella ouviu uma voz doce e conhecida. Alice.

Eles estavam separados de Carlisle e Esme, que conversavam animadamente com Jasper, e como ele havia adquirido a cicatriz que cortava sua bochecha direita.

– Edward, meu irmão... Você parece cansado. – ela falou colocando a mão no rosto de Edward.

– E estou. O trabalho é um tanto difícil, Alice. – ele falou.

– Não, Edward. Não é isso que está cansando você. – ela falou. – É algo aqui. – colocou a mão no peito de Edward, em cima de seu coração.

– Alice, não seja boba. – ele respondeu, franzindo o cenho, fazendo uma careta.

– Não estou sendo boba, eu sei o que estou falando. E tão bem quanto sei do que falo, eu conheço você. – ela falou.

– Bom, vamos. Minhas empregadas vão servir as entradas.

Após eles terminarem a conversa, Victoria e Isabella saíram e serviram a família.

O jantar dessa vez, pelo menos fora regado a conversas de família; nada de exército, nada de judeus.

Quando Isabella ia tirar os pratos da mesa, após o prato principal, notou que a taça de Carlisle estava vazia.

– Senhor, quer mais uma taça de vinho? – perguntou.

– Claro. – ele assentiu, e deu um esboço de sorriso.

Ela pegou a garrafa e girou, sua mão tremia e então, o líquido começou a sair com mais velocidade, e quando ela tentou parar e voltar sem derramar nada, o corpo da garrafa bateu na borda da taça. Cacos de cristal se formaram na mesa.

– Puta merda! – Falou Carlisle, secando com o guardanapo o seu terno bege, agora com uma mancha roxa, próximo ao bolso.

– Me... – ela engoliu em seco. – Me desculpe.

– Desculpe? – Carlisle se levantou. – É só isso que você tem a dizer, sua judiazinha desastrada maldita? – empurrou-a com um dedo, a fazendo cair no chão de linóleo. Agarrou a gola do vestido que a garota usava. – Qual é o seu nome, sua desgraçada? – ela olhou para Edward, os olhos dele respondendo à silenciosa pergunta. – Responda, porra!

– M-meu... nome é Elza. – ela disse.

Carlisle bufou e chutou as pernas da menina, que estava caída no chão.

– Você vê, Edward? Por que lhe digo para não trazer judias para trabalhar em sua casa? – ele berrou. – Olhe para o meu maldito terno, um desastre! Você faz parte do governo de um ditador, meu filho! Você acha certo abrigar uma judia em sua casa quando todo seu povo está contra essa gente? – ele perguntou. Edward não respondeu nada e alguns segundos depois, ele completou. – Seu silêncio é revelador...

– Elza receberá as devidas punições, pai. Você não tem porquê algum esbravejar mais. Todos entendemos o recado, inclusive a desgraçada.

Victoria não deixou mais Isabella voltar à sala. Serviu a sobremesa e então, dividiu a tarefa da louça com Isabella. Victoria sabia que havia alguma coisa, e era naquela noite que iria começar sua inquisição. Ela precisava saber exatamente o que acontecia no ‘mundo’ de Isabella.

No andar de cima, duas horas mais tarde, Alice entrou no quarto de seu irmão sorrateiramente. Sentou na beirada da cama, e cutucou o braço de Edward.

– É aquela garota, não é? – ela perguntou, baixinho. Edward levantou-se de um pulo, assustado.

– Você é louca, Alice? – perguntou.

– Me responda, Edward. Não perca o foco. – ela falou. Ele acendeu a luz do abajur ao lado de sua cama.

– O que? – ele perguntou.

– É aquela garota judia, não é? – ela perguntou. – Não adianta tentar negar. Posso ver nos seus olhos. Tanto quanto sei que o nome dela não é Elza.

Alice queria uma confissão, uma afirmação, queria ver o seu antigo irmão Edward de volta. Aquele apaixonado pela vida, pelas pessoas.

– Tudo bem, Alice. É o que você quer. Sim, é a garota judia. – ele falou. – Só que eu não posso amá-la, Alice. Sei de coisas demais e sofri o suficiente por elas. Hoje tenho uma guerra pra enfrentar. Eu e ela somos de mundos opostos, e estamos em guerra. – Alice absorveu cada palavra do irmão. Quando o silêncio tomou a maior parte da conversa, foi quando ela caiu em si.

– Oh, meu Deus. – ela cobriu a boca com as mãos. – É Isabella?

Ele assentiu. Alice o abraçou. Havia visto o sofrimento de Edward diante do segredo mais secreto da família Swan, que apenas Carlisle sabia.

– Você acredita, não é? – ela perguntou. – Você acredita na história que o papai te contou... Quando ela se mudou...

– Sim.

– Você está sendo bobo, Edward. – Alice deu um croque na cabeça dele com os dedos. – Isabella te amou de todos os jeitos que alguém pode ser amado. Eu via, pelo jeito que ela sempre estava empolgada para ver você, ou sair com você, ou só sentar no meio fio em frente à casa dela... – ela argumentou. – Você não deveria tentar se esconder. Devia parar de procurar o amor nas festas que frequenta. O amor não está lá. Agora pense. Eu vou dormir. – ela beijou os cabelos do irmão e saiu porta afora.

Segundos depois voltou e completou:

– E não ligue para o que papai pensa. Se eu tiver que acobertar seu amor proibido, Edward, eu farei! – e fechou a porta, não lhe dando a vez para falar.

Edward, como um gravador, pensou e repensou em tudo que Alice havia dito. Ele havia trazido Isabella com um passado do qual ele havia feito parte. Ele não podia deixa-la entrar, mas ele não podia ser cruel e deixar Bella do lado de fora. Como se lhe desse sombra e água fresca, mas a mantivesse do lado de fora.

Ele não poderia esperar que a vida a levasse embora, que o universo resolvesse seus problemas. Porque afinal, até mesmo assim, ele saberia: seria o ser humano mais infeliz do mundo.

E incapaz de amar de novo.

Era a hora exata de colocar a sua história com Isabella em panos realmente limpos.


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Notas finais do capítulo

Nada de notas enormes hoje! As notícias continuam sendo as mesmas! Orem para o meu pai conseguir um bom emprego, meninas! Quero estar sempre em contado com vocês!
E aí, o que acharam? E esse segredo da vida de Bella, hein? Vocês acham que é plantado por Carlisle na mente de Edward ou que ele é um segredo real dela?
Façam suas apostas para o próximo capítulo!
Comentem, recomendem, deixem suas críticas!
Beijocas e até breve! (se possível) ♥



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