Era a terceira aula, eu estava sentado na terceira fileira da esquerda para a direita e na antepenúltima carteira, estávamos na aula do senhor Finnigan, o professor de poesia. Eu não estava prestando muita atenção, já que esta aula, dentre todas as que eu tenho, ou vá ter na vida, é a mais chata, pra que raios eu vou precisar de poesia? Não vou ser poeta nem escritor, isso não vai mudar em nada na minha vida, e eu também não conseguia nem que quisesse prestar atenção na aula, aquilo que Jhonan havia falado me deixou inquieto. “Nós todos o conhecemos”, “Tudo irá ser explicado na hora certa”

– Ei Marco, a aula está mais chata do que de costume não? – Pergunta Felipe Vladir, o garoto que senta à minha frente e também amigo meu, ele é bem magro, mas estranhamente ele come mais que qualquer um que já conheci, tem cabelos castanhos, olhos verdes, sua pele é bem clara, ele estava vestido com uma camiseta azul, uma caça preta e um all-star azul, esse cara parece que não usa outra coisa.

– Hã? Como? Desculpa Fe, eu estou meio desligado – Falo um pouco desconfortável.

– Ainda está pensando no Jhonan? Cara, ele é o garoto mais popular da escola, acha mesmo que ele vai se interessar por você? – O Felipe sabe como desanimar alguém quando quer.

– Valeu pelo voto de confiança, espera, eu estou mesmo ouvindo conselho do cara que é chamado de louco do piano por quase a cidade inteira? – Brinco com ele.

– Louco do piano não, louco do piano júnior! Minha avó é que é a Louca do piano oficial – Ele ri um pouco.

– Os senhores podem me dizer o que é tão interessante para não prestar atenção na minha aula? – Senhor Finnigan fala com o olhar de “eu vou lhes desculpar, mas tentem não fazer de novo”, e isto me deixa um pouco desconfortável...

Felipe vira para frente rapidamente e muito vermelho.

– D-desculpe professor...

Olho ao redor e me dou conta de que todos estão nos olhando, mas estranhamente eu não me senti mal por eles estarem me olhando.

– Foi mal professor, não vai acontecer de novo. Não hoje – Digo sorrindo para ele.

– Muito bem então, vamos seguir com a aula – Senhor Finnigan continuou lendo o seu livro de poesia, estranho. Agora que todos estavam me olhando, eu percebi algumas coisas, nossa sala é meio que dividida em duas, exatamente metade da sala as pessoas tem a pele pálida como a do Jhonan, e as outras são de tom de pele claro, não chegando a ser pálido. Deve ser loucura minha, que isto seja algum tipo de padrão...

A terceira aula havia acabado e era hora do intervalo. Eu e o Felipe estávamos sentado no chão encostados na parede de trás da escola conversando para matar o tempo.

– É sério Fe, você pode até ser muito animado, mas tem que perder esta sua timidez! Desse jeito nunca vai conseguir falar com nenhuma menina.

– Menina? Marco, você sabe que eu gosto de homens! E você tem que parar com suas mentiras e admitir logo que também gosta! – Ele fala como se estivesse me provocando e mexendo em uma ferida... o que em partes estava.

– Q-quem lhe disse que eu gosto de homens? Seu retardado! – Eu estava vermelho e olhando para o lado.

– Vamos Marco, acha mesmo que eu nunca percebi a maneira que você olha pro Jhonan? Depois eu é quem sou o ingênuo – Ele debocha de mim.

Continuamos conversando por um tempo, até que Jhonan e suas “fãs” passaram por aqui. Tudo o que ele fez foi olhar para mim e sorrir, bastou isto para eu ficar com um rosto muito vermelho, e mais uma vez eu percebi que todos à volta do Jhonan eram pálidos.

– Mari, por que está tão vermelho assim? – Pergunta se aproximando Iara Alexander, uma amiga de outra sala, ela é bem baixinha e tem uma pele bem clara, seus cabelos são longos e ondulados, seu principal chamativo são seus olhos que de tão negros até parece que não possui pupila, e apesar de ser baixinha seu corpo até que é desenvolvido, ela também possui sardas na bochecha e nos ombros, ela estava com uma camisa de manga curta rosa e uma saia azul clara, e usava uma sapatilha preta.

– N-não é nada Iara... – Eu falo escondendo meu rosto por vergonha.

– Será que é febre? - Felipe coloca a mão na minha testa e na dele para medir a diferença de temperatura – É parece que não é isso não.

– Não seja idiota! Eu sei quando estou com febre – Eu me recomponho – Pessoal, já notaram que a nossa escola possui muito mais pessoas pálidas do que qualquer outro tom de pele e eles nunca se misturam com ninguém com o tom de pele parecido?

– Você ta doido? Tá achando o que? Que metade da nossa escola é só de vampiro é? Você só pode ser doido! – Iara debocha de mim.

– Não é isto que eu quis dizer! Foi só uma coisa que eu reparei! – Falo um pouco emburrado.

– Bom... agora que você falou eu lembrei que sempre que eu tentava conversar com alguém com o tom de pele pálida ela era muito ignorante comigo... Será mesmo que é algum tipo de padrão? – Iara deixa de debochar de mim.

– Vocês tão doidos, não tem nada haver, todo mundo aqui na escola é legal! – Felipe com sua ingenuidade tenta nos contrariar.

– Não sei, mas hoje depois da escola vou seguir o Jhonan para saber se existe alguma coisa por trás disto! – Digo para eles confiante!

– Sei, você só quer é ficar paquerando ele a distância seu maníaco! – Iara mais uma vez debocha de mim.

– Cale a boca, não é nada disto! – Eu grito com ela – Se quiserem vir, que venham, mas eu vou assim mesmo!

Antes que eles pudessem dizer mais alguma coisa o sinal toca, e nós subimos para a sala. Já estava decidido! Hoje eu vou descobrir o que ele quis dizer com aquilo de manhã! Não vou fugir disto! Pode esperar por isto Jhonan!