POV Fred

Eu gostaria de dizer que acordei tranquilamente com raios de sol batendo em meu rosto, mas é claro que não posso. Acordei com uma Angelina furiosa sobre mim.

–Fred Weasley, eu não acredito que você dormiu até essa hora!

–Quantas horas?

–10 horas!

–10 horas? Eu não acredito que você me acordou às 10 horas da madrugada, Angelina!

–Desde quando isso é madrugada?

–Desde que seja sábado e não tenha aula.

Ela revirou os olhos.

–Anda, levanta. Você tem adiado isso a muito tempo.

–Adiado o quê?

–A minha prova do vestido. Eu ainda não decidi o que usar, e isso é culpa sua!

Eu gemi.

–Vista-se logo. Não temos o dia inteiro.

–Eu poderia me vestir se não tivesse uma garota em cima de mim. Aliás, ta precisando emagrecer uns quilinhos, hein?

Seu rosto, de expressões zangadas, se transformou em um rosto de expressões tristes. E ela desabou a chorar.

–Ei, Angelina. Calma, era brincadeira, ok?

–Fred, eu sou apaixonada por você desde o momento em que nos conhecemos! Quando estou com você, meu coração acelera e a cada toque seu, eu me arrepio. Mas você não tem o mínimo de sensibilidade, fica fugindo de mim e dizendo que eu sou gorda!

Ela falava entre soluços. Peguei seu rosto com delicadeza e a forcei a olhar para mim. Nesse momento, colei meus lábios ao seus. Minha língua pediu passagem e ela cedeu. Eu, pessoalmente, já vi, ou melhor, senti, beijos melhores. Ela se afastou de mim e esboçou um sorriso.

–Me beijar não vai te livrar de me ajudar com o vestido.

–Eu imaginava que não.

POV Hermione

Eu estava em um lindo bosque, uma cachoeira se estendia a minha esquerda, e pude ver um unicórnio passar correndo por trás de uma árvore. Uma mão tocou a minha cintura. Olhei para trás e vi o búlgaro mais lindo que já conheci. Ele sorria pra mim de modo tranquilizante. Me puxou pra junto de si e colou seus lábios aos meus. Seu hálito era de hortelã. Ele se separou de mim cedo demais.

–Hermione...

Sua voz não estava rouca, e sim aguda.

–Hermione, vamos, levanta.

Todo aquele cenário se pulverizou, levando Vitor junto. Cabelos ruivos caíam sobre meu rosto e dois olhos verdes me encaravam.

–Ginny?

Ela abriu um sorriso.

–Você estava dizendo o nome de Vitor enquanto dormia. Achei melhor te acordar antes que tivesse sonhos pervertidos.

–Talvez tenha sido tarde demais, não é mesmo?

Ela ria com vontade. Ginny era assim, feliz, mais nada.

Ela esperou eu me trocar, e fomos juntas, tagarelando, até a Sala Precisa.

–Estou tão ansiosa para hoje à noite.

–Nem me fale. Estou louca para chegar ao baile, mas não quero. Eu tenho receio, você sabe.

–Relaxe Hermione, Vitor Krum parece ser um cara legal. Tenho certeza de que não irá fazer nada que você não queira.

Abri um sorriso. Realmente, Vitor era muito educado.

Entramos no nosso Quartel General de ultimamente e eu fechei a porta.

–Ginny, isso me lembra que eu ainda não vi seu vestido.

–Ah minha cara, pois vai vê-lo agora.

Ela pegou um cabide que estava encostado perto de uma prateleira. Nele, estava pendurado um lindo vestido de alcinhas. Era preto, porém a medida que ia se aproximando da barra, tomava a cor prateada. Ele era até na altura do joelho e não era muito justo.

–Ginny, ele é lindo!

–Eu prefiro o seu.

–Então, o que você quer que eu te ajude?

–Sapatos e acessórios.

Ela testou diversos sapatos até encontrar um scarpin preto. Escolheu também uma pulseira prata, simples, e um anel, também prata, coberto de brilhantes. Admito que ela estava linda.

–Mione, dá uma olhada nas horas pra mim?

–Merlin, estamos aqui há 4 horas!

–O quê? Já são 3 horas?

–Pois é. Perdemos o almoço.

–Caramba, tenho que começar a te arrumar, senão não vai dar tempo.

–Ginny, o baile só começa às oito.

–Eu também tenho que me arrumar, e isso por si só, demora 3 horas.

Suspirei. Ela me levou à mesma cadeira reclinável da última vez e começou a passar uma pasta sebosa no meu cabelo.

–É pra alisar, Hermione. Agora fique quieta

Novamente, adormeci enquanto ela me arrumava. Quando acordei, ela estava vestida, maquiada, com o cabelo em um coque frouxo, onde caíam lindos cachos que emolduravam seu rosto.

–Por Merlin, você está... Maravilhosa!

Ela sorriu, evidentemente satisfeita.

–Você também, garota!

Me levantei e fui até o espelho. O que eu via ali não podia ser verdade. Uma garota linda, os cabelos castanho-claro presos em um elegante coque, as maçãs do rosto bem destacadas pela perfeição da maquiagem que cobria seu rosto. Aquela não podia ser eu. Simplesmente não podia. Olhei para Ginny e ela me observava com satisfação.

–Vejo que gostou. Agora vá colocar seu vestido que o baile começou há 15 minutos.

Aquilo me fez cair a ficha. Peguei meu vestido, corri para o provador. Pego o sapato, coloco no pé. Pausa para equilibrar.

–O colar e a pulseira?

–Aqui, Srta. Granger.

Minha amiga me ajudou a colocar os acessórios e me olhei no espelho novamente. Respirei fundo. Realmente estava linda.

–Antes de sair, um pouco de perfume.

Quando ela disse um pouco, estava mentindo. Praticamente usou o vidro todo em mim.

–Vamos?

Assenti levemente com a cabeça. Saímos pelos corredores, enquanto sentia todos os olhares sobre mim. Os masculinos, com desejo, e os femininos, com inveja. Aquela seria uma noite para realmente ficar na memória. Sendo isso bom, ou ruim.