The Legend of Anorle escrita por Guskey


Capítulo 8
• City of Dragons? •


Notas iniciais do capítulo

♦ Boa leitura!



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O único som naquela manhã era o simples ruído que o bico de um pássaro produzia no parapeito da janela na cabana. Catava facilmente os pequenos grãos de arroz que Reddra sempre deixava ao anoitecer. O moinho começara a rodar suavemente com o vento frio que embalava, assim as primeiras lâmpadas da cabana ascenderam e a maga acordara de um sono sem sonhos. Colocara os pés para fora da cama, viu que Ane já voava sobre ela e então entraram no menor corredor da casa, indo a cozinha preparar um delicioso café da manhã.

Anorle foi o segundo a acordar, o pássaro agora bicava o vidro da janela e o ruído aumentara repentinamente. Elevou a cabeça, notou que todos ainda estavam adormecidos e então levantou-se e ajustou sua roupa de couro. Sentiu um calafrio nos pés descalços, ignorou e então fora na cozinha onde sentiu o cheiro de biscoitos, lembrou dos que a mãe fazia. Encontrou-se com Ane no corredor, cumprimentou-a com um "bom dia" e então viu Reddra, sentada na cadeira com um sorriso belo para ele.

— Curiosidades? - Perguntou ela pedindo para que o elfo se sentasse e então serviu a ele um pouco de chá. - Notei que não adormeceu rápido na noite passada, é uma pena.

Anorle tentou sorrir, mas estava trancafiado com o frio e o ódio de pensar que a mãe mentira para ele, escondera partes principais que o filho deveria saber.

— Ela foi escolhida... - Lastimou o elfo que bebericava o chá.

— Era um belo dia, sabe? Eu já tinha sido expulsa de Tanzta há alguns meses e então fiz a casa. Eu sabia que seria visitada por cinco grandes pessoas, esperei-os como fiz com vocês. Sua mãe era uma bela jovem, amava seu pai. Eles passaram uma noite aqui, pediram informações para ir nas Ruínas de Ethan. Um dia depois partiram, só que Ane ficou, ela era insegura e não queria perder a vida. Então foi-se os outros quatro. O pai de seu amigo ogro morreu logo ao chegarem nas ruínas. Seu pai... ah, seu pai fora jogado do alto de um precipício. Sua preceptora então levou sua mãe para Drohat, fugiram de lá e nunca voltaram. Nunca ousaram por o pé para fora de sua cidade. - Esclareceu a maga sussurrando.

— Mas porque? Porque minha mãe nunca contara a minha pessoa? - Indagou ele, bebendo mais um pouco do chá esverdeado. - Isso foi cruel.

— Cruel é você ter ódio da sua mãe. Ela veio para Drohat para que você não ficasse em qualquer mão. Cuidou de você desde sempre. Se alguém que você deve amar é sua mãe, você e ela possui um ótimo relacionamento. - E então ela mordiscou um pedaço do biscoito em forma redonda.

Anorle parou, ficou quieto por segundos e então ouvira passos atrás dele. Era Pofotta que tinha o rosto todo marcado de sono. Sentou-se e cumprimentou todos, bebeu e comeu até não aguentar mais.

— Dormira bem? - Perguntou Anorle ao amigo. Pofotta olhou para ele com um sorriso meio forçado. O elfo entendera perfeitamente que sim.

— Do que estavam conversando? - Perguntou o prezado pela sabedoria. Curvou seu olhar na tigela pescou mais um biscoito.

— Nada. - Disse Anorle e então levantou-se, mirou Reddra. - Estaremos de saída em minutos, agradecemos-lhe por tudo, que vossa pessoa seja abençoado pelos espíritos primordiais. - Disse o elfo, e foi-se ao quarto organizar tudo.

Os minutos de passaram. Laak demorou um pouco para dormir, sentiu seu pé em perfeito estado e então arrumou seus pertences. Vanetac fez o mesmo, infiltrou sua espada na cintura e tomou o café da manhã. Chegando no turno da tarde, os quatro estavam de fora da cabana, deram os últimos olhares e Anorle deixou claro.

— Voltarei, vossa pessoa sabes disso. - E então sumiu por entre as árvores que ficavam ao fundo do casebre.

Anorle ia na frente, como sempre, com seu arco armado e aljava atrás. Laak vinha em seguida e depois Poffota e Vanetac. Caminharam por mais ou menos quinze minutos até encontrarem uma árvore carregada de amora, apanharam todas e colocaram numa trouxa especialmente para frutas, onde Reddra havia colocado alguns tomates também.

— Para onde devemos ir? - Perguntou Vanetac que saboreava as amoras, ela desmanchavam facilmente na boca. - Norte, sul, leste, oeste?

— Seguiremos reto, não sei qual direção. Afinal, a maga construiu sua cabana logo atrás de Tanzta, creio que se seguirmos atrás da cabana e caminharmos longe, acharemos a cidade. - E então disse Pofotta. - Mas tudo pode mudar né? - E foi então um erro que saiu.

— Devemos nos separar. - Disse Anorle para todos, Laak apoiou e o anão e o humano nem pensaram na situação.

— Separar? Você acha que nos damos ao luxo de separar? Anorle, olha bem... do que lhe adianta você chegar em Tanzta? Todos devemos ouvir o que o oráculo dirá. Não vou me separar, desculpe. - E disse o anão com total confiança em sua atitude.

— Então andaremos, encontrarmos com os malditos esqueletos, com os loucos touros selvagens. Morreremos com total facilidade. - Disse Laak, com seu cabelo no ar.

— É mais fácil apunhalar alguém sozinho do que um grupo inteiro. - Disse Vanetac que terminava de comer as amoras.

Anorle olhou para o céu frio, a copa das árvores estavam todas com neves e o chão coberto pela mesma substância. Ao longe via-se somente árvores, em todas as direção tinha-se somente árvores.

— Laak poderia entrar em contato com a natureza. Se chegássemos a alguma árvore alta, poderíamos facilmente ver Tanzta. - Mas as árvores eram longas e grandes, ninguém conseguiria escalar.

E foi nesse momento que a elfa de cabelos rosados tocou o lábio na flauta. Uma bela melodia, um pouco negra começara a soar pela floresta. Foi-se trinta segundos e então uma águia de rapina pousou no braço da elfa. A ave tinha penas douradas e o bico amarelo como o sol, as garras eram negras e marrons, esticavam a pele da elfa fortemente. E então ela encostou seus olhos nos da ave, entrou em transe e Anorle segurou-a para impedir a queda da elfa. A águia voou alto, deu algumas cinco voltas no ar e então voltou ao braço de Laak, que saiu do transe e postou-se de pé.

— Eis que estamos perto, como o sábio anão dissera dia anterior. - E então ela contou tudo. Disse que trocara de olhar com a águia e lá de cima viu Tanzta e a cabana de Reddra. Ao longe e muito longe vira uma torre, pensou que seria a da vila abandonada, onde Pofotta vivera.

Laak guiou-os na direção certa, atravessaram árvores e mais árvores, pularam riachos largos. Vanetac até mesmo pescou usando uma simples vara grande, usara um metal pequena e fez ele virar anzol. Fizeram uma fogueira e ali mesmo saborearam-o. Continuaram a vagar pelas florestas, caçaram javalis e algumas corujas que dormiam tranquilamente. Anoitecera tão rápido que todos assustaram-se. Tiveram de dormir ali mesmo.

— Já faz... três dias que estamos fora? É, acho que sim. - Disse o humano que mordiscava a carne de uma coruja. - Essa viagem será longa, creio eu. Ainda nem sabemos com quem deveremos acabar.

— Palpito que seja algum exército que se aproxima de Drohat e de Tanzta, talvez arqueiros esqueletos loucos, ou então mais touros selvagens. - Disse o anão. - E penso se aqueles que encontramos não ousaram invadir os portões de nossa cidade. E pobre do Valuge, espero que esteja vivo. - Lamentou-se o anão.

Ficaram em silêncio o resto da noite. Anorle adormecera primeiro e por fim restara somente o humano Vanetac, estava pensativo e preocupado. Apagara a fogueira e então deitou-se. Pofotta ainda não adormecera completamente, estava quase, e então viu um vulto passar por entre eles, não venceu o sono e dormiu.

Eles acordaram na manhã seguinte com um bocado de neve que havia caído sobre eles, Laak até mesmo engasgou-se pois dormia de barriga para cima e tinha mania de dormir com a boca aberta. Estavam todos de prontidão.

— Onde está o Vanetac? - Perguntou Anorle, preocupado.

— Ali estás. - E apontou Laak para uma moita mais próxima. Vinha carregando na blusa um bocado de maçãs que encontrara.

Porém mais alguém estava ali. Anorle fitou rapidamente uma figura branca com partes verdes-musgo, pareciam ossos podres. E então a mão de Vanetac ergueu-se ao ar e balançou-a acenando.

— Cuid... - Gritou Anorle correndo até a companhia dele. Mas era tarde demais, em sua barriga via reluzido a ponta de uma espada de ouro, estava perfurando violentamente a barriga do humano. Caiu-se ao chão num estrondo e as maçãs rolaram pela neve.

Era um outro esqueleto, agora utilizava uma espada banhada a ouro. Fora acertado com a lança de Pofotta bem no crânio oco, desabou no chão ao lado de Vanetac que sangrava.

— Nãooo. - Gritou o elfo e Laak fora correndo para sua trouxa, pescou um frasco e então despejou no ferimento do rapaz.

— Morto. - Disse Pofotta checando os pulsos e os batimentos cardíacos. - Ele não está respirando.

E então mais dez esqueletos com arcos, espadas e lanças chegaram perto deles. Iam atacar quando viram uma labareda voar por cima deles, fazendo os ossos dos brutais esqueletos virarem carvão. Os três caíram no chão de desmaio por um baque de bastão na nuca. A última coisa que Anorle viu e sentiu foi seu corpo deitado sobre uma pele escamosa.


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Notas finais do capítulo

♦ Meus amados, comentem o que vocês acham que aconteceu nesse conflito. Será que uma ajuda chegou ou apenas mais um exército para combaterem? Conseguiram dar conta do recado ou serão levados como prisioneiros? As coisas agora podem acontecer em um estalar de dedos.

♦ A pergunta que não quer calar: o humano morreu depois de tanto batalhar?