Jardim de Estrelas escrita por Hanna Martins


Capítulo 24
Capítulo especial - How I met his parents


Notas iniciais do capítulo

Como prometido aqui está o capítulo especial em comemoração aos 1000 reviews (na verdade, ainda faltam 3, mas como eu estou indo viajar agora e só volto no domingo e não queria deixar vocês sem este capítulo, resolvi publicá-lo hoje). Escrevi ele com muito carinho, espero que gostem (foi o maior capítulo que escrevi até agora). Esta é a forma que encontrei para agradecer todo carinho que venho recebendo de vocês, seus lindos (queria dar a todos vocês um brigadeiro, mas como não posso vai este capítulo mesmo rsrsrsrs). Vocês não sabem como me fazem felizes com seus comentários e como são especiais para mim. Estou sendo muito sincera quando digo isso! Eu só tenho a agradecer por ter leitores tão especiais assim. Sinto que estou ficando sentimental aqui (melhor parar de chorar, ainda tenho uma viagem por fazer). Não sei se conseguirei expressar corretamente com palavras o quanto sou grata a cada um de vocês, que dedica um tempinho para ler a fic e deixar um comentário. Ah, vocês nem imaginam a felicidade que me dão para seguir em frente e escrever capítulos cada vez melhores. Só posso dizer MUITO, MUITO, MUITO OBRIGADA!!!!



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Aos poucos abro os olhos, ele sorri para mim.

― Acorda, dorminhoca! Quem disse que iria me ajudar com este roteiro, mesmo? ― diz, mostrando o roteiro que tem nas mãos.

Sorrio para ele. Estou com a cabeça deitada no colo de Peeta, enquanto a mão dele faz leves carícias em meu cabelo.

― Não tenho culpa se o colo de alguém é tão confortável ― falo, tocando com meu dedo indicador em sua testa.

― Isso é verdade ― diz, pegando em minha mão que bate em sua testa.

Retiro minha cabeça de seu colo.

― Retiro o que eu disse, seu colo não é nada confortável!

― Ah, não é, é?

Peeta começa a fazer cocegas em mim.

― Para! ― grito entre uma gargalhada e outra.

― Quem foi que caiu no sono no meu colo, hein? E depois fica dizendo que ele não é confortável? ― fala, fazendo ainda mais cocegas em mim.

― Eu é que não sou! ― começo a retribuir as suas cocegas.

Peeta para com as cocegas e cai deitado no sofá, me levando com ele. Caio em cima de seu peito. Estamos exaustos e mesmo após pararmos de fazer cocegas um no outro, não conseguimos parar de rir.

Finalmente, um final de semana só para nós. Nada de trabalho. Ser uma celebridade é muito cansativo, fugir dos paparazzi, estar sempre com um sorriso no rosto, mesmo nos dias em que você está quase se quebrando por dentro. E claro, trabalhar, trabalhar, trabalhar incansavelmente.

― Estou morrendo de fome! ― digo.

― Que tal uma pizza? ― sugere Peeta, pegando seu celular.

― Que tal um ensopado de carneiro? ― faço carinha de cachorrinho pidão.

― Tem certeza?

Balanço a cabeça energicamente.

Peeta me olha indeciso. No entanto, é vencido por minha expressão (sou muito boa em fazer esta expressão quando estou morrendo de fome).

― Ok! Vou preparar o jantar para minha senhora ― diz em tom divertido.

― Acho bom mesmo! ― imito um tom autoritário. ― Quero meu jantar pronto em meia hora.

― Como desejar, my Lady! ― ele se levanta do sofá, pega minha mão e a beija. ― Seu pedido é uma ordem!

Faço uma posse de lady.

― Agora vá, meu servo! Prepare o jantar para sua senhora.

― Yes, my Lady! ― diz se inclinado diante de mim.

Peeta vai para a cozinha. Vou para a cozinha também e fico beliscando um pedaço de pão, enquanto espero pelo meu jantar. Me sento no balcão da cozinha.

Logo, um cheiro delicioso começa a invadir a cozinha. Ah, as vantagens de ter um namorado que cozinha bem! Principalmente, para uma pessoa como eu, que ama comer, mas, realmente, é um total desastre na cozinha.

― Esta na mesa, my Lady ― fala Peeta, se inclinando e estendendo a mão para mim.

Pego em sua mão e ele passa a mão livre por minha cintura, me ajudando a descer do balcão.

― Meu servo está muito atrevido ― faço referência ao fato dele manter sua mão em minha cintura.

― Acontece, my Lady, que seu servo também é um homem ― fala em um tom teatral.

Passo meus braços por seu pescoço, o obrigando a se inclinar.

― E sua senhora também é uma mulher ― sussurro em seu ouvido.

Aproximo meus lábios dos seus, os roço levemente. Peeta tenta captar os meus lábios, mas eu me afasto sem aviso prévio, sorrindo.

― Cadê meu jantar?

Peeta ri.

― Por que eu sempre caio neste truque?

― Porque é um pervertido!

― Ah, é? E a my Lady, não é? O que é isso aqui? ― fala, erguendo a camiseta e mostrando arranhões em suas costas.

Dou os ombros e vou para a mesa.

Começo a comer o magnifico ensopado de carneiro (meu prato favorito).

No meio do jantar, o celular de Peeta começa a tocar insistentemente.

― Melhor você atender.

Peeta olha por celular de forma aborrecida, porém acaba por atendê-lo.

― Mãe? ― diz surpreso.

Olho para ele, também surpresa.

Não sei muito sobre a família de Peeta. Nem temos dois meses que estamos namorando. É claro que antes de nosso namoro teve aquilo de inimigos com benefícios (mas isso não conta, ok?). Por isso, não sei muita coisa sobre sua família. Além disso, Peeta quase nunca fala sobre ela.

Sei que a mãe e o pai de Peeta moram em Amsterdã.

― O quê? Vocês estão aqui?

Quase deixo minha colher de ensopado de carneiro cair ao ouvir isso.

― Por que não avisaram que estavam vindo? Ok... ― mesmo não conseguindo ouvir o que a mãe dele está falando, não consigo parar de prestar atenção na conversa. ― Mas... Gale? Não, ele está viajando... ― pausa. ― Está bem, eu irei ― Peeta me olha, não gostei deste olhar. ― Vou levar uma pessoa para apresentar a vocês.

Minha colher de ensopado cai e quase me engasgo. Peeta me passa um copo de água.

― Amanhã estaremos aí.

Tomo o copo de água, em grandes goles. Não, eu não entendi esta conversa direito! Não, eu não ouvi nada disso. Peeta estava apenas brincando, não estava? Sim, é isso, foi uma apenas uma brincadeirinha.

Peeta desliga o celular e me olha.

― Meus pais estão aqui para uma pequena visita... Na verdade, eles estão em nossa antiga casa, que fica há umas duas horas daqui ― explica.

― Ah...― tento manter minha calma e tomo mais um grande gole de água.

― Eles querem que eu vá vê-los amanhã. Acho que será uma ótima oportunidade para você os conhecer.

Cuspo a água.

― O quê?

Peeta limpa minha boca com o guardanapo.

― Uma hora você vai conhecer meus pais, não vai? Por que não agora?

― Mas...

― Katniss, chegou o momento. Prometo que eles não mordem ― tenta amenizar o clima.

Conhecer os pais de Peeta, está aí uma coisa que não havia pensando até agora.

O que é mais difícil enfrentar:

a) um milhão de paparazzi loucos;

b) os pais de Peeta.

Com certeza, absoluta, a alternativa “b”.

― Vamos lá, Katniss... ― pede.

― Peeta, eu não sei... conhecer seus pais assim...

Peeta se levanta e vem até onde eu estou. Ele se ajoelha perto de mim e pega em minhas mãos.

― Isso é importante para mim... Quero apresentar você a eles ― coloca uma mecha de meu cabelo atrás de minha orelha. ― Você é a pessoa mais importante em minha vida, quero que meus pais te conheçam. Por favor, sim?

Droga, droga, droga, por que não consigo dizer “não” a este belo par de olhos azuis que me fitam como se eu fosse o ser mais importante da face da terra?

― Está bem ― digo rendida.

Peeta sorri e beija minha bochecha.

Ótimo! Vou conhecer os pais de meu namorado.

― Você nunca me falou muito sobre seus pais... ― falo.

Peeta volta para seu lugar.

― Não há muito que falar sobre eles... Eles são apenas pessoas bem normais. Minha mãe é uma engenheira aeronáutica e meu pai um pesquisador da Idade Média.

― Uau, isso para você são pessoas normais, uma engenheira aeronáutica e um pesquisador medieval?

Peeta ri.

― Sério, Katniss. Eles são pessoas totalmente normais.

― Sei...

― Não se preocupe com eles.

― Mas, eu nem sei como eles são! ― protesto.

― Ok. Vem comigo! ― diz se levantando e me estendo a mão.

Peeta me leva até seu escritório.

― Aqui ― diz me entregando um álbum de fotos, aberto em uma página.

Olho para a foto. Lá estão duas pessoas terrivelmente belas, que mais parecem deuses nórdicos, louros, altos, com incríveis olhos azuis. A mãe de Peeta é belíssima, dificilmente vi uma mulher tão bela quanto ela. Elegante ao extremo.

― Você se parecesse com sua mãe ― observo.

Porém, o pai de Peeta não fica atrás, ele também é um homem muito belo e charmoso. Acho que sei de quem Peeta herdou seu charme.

― E você ainda quer me convencer que eles são pessoas normais? ― falo, apontando para a foto. ― Seus pais parecem mais deuses nórdicos do que simples mortais!

— Agora você sabe de onde herdei minha beleza! — me dá pequenos beijos em meu pescoço.

― Isso é estranho...

— O quê? — pergunta sem tirar os lábios de meu pescoço.

— Seus pais são loiros e de olhos azuis... enquanto Gale... é moreno e de olhos acinzentados.

— Gale é filho do primeiro casamento de meu pai. A mãe dele, Hazelle, morreu quando ele era quase um bebê. Meu pai se casou com minha mãe, quando Gale tinha seis anos, ela praticamente o criou, por isso, Gale a considera como sua mãe — explica. — Mas vamos deixar isso para lá, hein? — mordisca meu pescoço, sua mão desliza suavemente por minha cintura, subindo um pouco minha blusa.

Sinto um pequeno arrepio. Como é possível ficar assim com o menor toque de Peeta? Mas eu fico.

Sinto se formarem em seus lábios um pequeno sorriso. Droga, ele sabe do efeito que possui sobre mim e adora usufruir disso.

Seus lábios começam a passear ao acaso por meu pescoço, indo até sua base e depois voltando. Repentinamente, ele beija meu queijo e depois minha boca.

Como eu perco meu poder de raciocinar desta maneira? Não sinto, mais nada ao meu redor, é apenas eu e Peeta.

Sua mão continua a subir dentro da minha blusa, lentamente, percorrendo cada centímetro, se deliciando com cada centímetro. E o fogo dentro de mim me consome cada vez mais.

Seus dedos chegam em meus seios. Eles os contornam, me deixando toda arrepiada. Solto um leve gemido.

Ah, Peeta Mellark, você não deve provocar uma garota assim!

Me afasto de seus lábios e sorrio, provocante. Empurro Peeta até a parede mais próxima e praticamente salto sobre ele. Peeta me aperta fortemente contra si. Nossas mãos, nossos corpos, nossos lábios se tocam, se procuram por todos os lados. Porque precisamos nos sentir totalmente para aplacar este fogo que nos consome. Onde eu começo? Onde termina Peeta? Impossível saber, sinto que somos um só.

Estamos tão envolvidos com nossos beijos, que nem nos damos conta de como fomos parar no chão. Seus lábios escorregam do meu pescoço até o meu colo. Sinto que sua mão passeando livremente por minha coxa, às vezes, apertando-as de leve, outras, correndo selvagemente por elas.

Minhas mãos passeiam pelos bíceps perfeitos de Peeta. Sinto eles se contraírem com o meu toque. Deslizo minhas mãos para dentro de sua camiseta. Ele solta um gemido baixinho. Retiro sua camiseta lentamente. Por um momento meus olhos contemplam o seu belo peitoral, esculpido por um algum artesão muito hábil em seu trabalho (que habilidade!). Minha mão começa a escalar seu abdômen, enquanto meus lábios roçam seu pescoço, de maneira provocante. Meus lábios vão até sua orelha, começo a mordiscá-las.

Sua mão levanta minha blusa, até os meus seios. Ele deslizada o dedo indicador, de uma maneira extremamente sexy, do meu ventre até os meus seios. Um sorriso provocante surge em seu rosto ao verificar minha pele arrepiada. Peeta leva seus lábios até o meu frente e começa a fazer um caminho de beijo até os meus seios. Seus beijos são doces, e ao mesmo tempo tão quentes. Minhas mãos puxam seus cabelos com força. Definitivamente, estou completamente perdida, sem salvação alguma, neste ser chamado Peeta Mellark.

Sua mão entra em minhas calças, solto um gritinho, ele sorri, e se livra de minhas calças. Bem devagarinho, como se quisesse me provocar ao máximo, ele desliza sua mão por minhas coxas nuas, indo do joelho até minha virilha, sem, no entanto, ousar ultrapassar este ponto.

Droga, Peeta Mellark! Você está brincando com fogo!

― Você nunca vai parar de me provocar, não?

Um sorriso brincalhão surge em seu rosto.

― Este é meu trabalho, Katniss Everdeen, levar toda a sua sanidade embora. Nunca vou me cansar do meu trabalho ― sussurra em um tom sexy e tentador em minha orelha. ― Além disso, você adora me usar este corpinho aqui. Não tenho razão? ― ele escorrega seus lábios até a base de meu pescoço, a ponta da sua língua pressiona levemente a minha pele. Como posso manter minha sanidade desta maneira? Mordo meus lábios, detendo um gemido.

Não consigo me controlar.

― Você não deve me provocar tanto assim!

― Você é que começou a me provocar, não reclame! ― o que há de errado com a voz de Peeta que a cada segundo fica mais tentadora?

Em um segundo, deixo Peeta de costas e fico em cima dele. Me livro de minha blusa.

― Você vai me pagar, Mellark! ― digo segurando seus braços perto de sua cabeça.

Peeta sorri. Agora que ele me paga mesmo. Como pode um ser ter um sorriso tão sexy e provocante? Isso deveria ser um crime, alguém deveria ir para a cadeia! Por causa deste sorriso, devo estar cometendo muitos crimes agora e tendo pensamentos nada inocentes. Céus, Peeta, por sua causa estou virando uma criminosa!

Meus lábios vão parar nos seus. E minha mente nas nuvens, adeus sanidade!

Acordamos cedo para ir até a casa dos pais de Peeta. Pensei que a viagem seria bem mais longa. Contudo, duas horas parecem dois minutos, já que em um piscar de olhos, estou diante da casa dos pais dele.

— É aqui? — pergunto receosa pela resposta. Ele pode ter se enganado de endereço, não pode? Uma garota pode sonhar, não pode?

— Sim, é aqui — diz, apontando para a casa enorme que temos em nossa frente.

Uma casa que não deve em nada a dos astros do cinema, diga-se. Ela fica no fundo de um grande jardim. Para chegar até a casa, precisamos percorrer por um caminho feito de pedras.

— Vamos? — pergunta já do lado de fora do carro, ao lado de minha porta, esperando eu sair com sua mão estendida.

Respiro fundo.

— Vamos ― pego em sua mão e saio do carro.

Peeta sorri para mim e entrelaça seus dedos nos meus.

Caminhamos pelo caminho de pedras até a casa.

Minha mão sua. E estou começando a pensar que essa ideia de conhecer os pais de Peeta foi terrível. Onde eu estava com a cabeça em aceitar esta ideia? Realmente, estava fora de meu juízo.

― Não toca a campainha! Se ficarmos quietos e voltarmos para o carro, eles nem vão saber que estivermos aqui.

Peeta sorri e me traz para um abraço.

― Eles vão gostar de você, porque você é a única pessoa que me pode dar felicidade ― ele sorri para mim.

E imediatamente toca a campainha, sem que eu possa impedi-lo.

― Ei, fui enganada! ― dou-lhe um tapa no ombro.

Peeta ri e tenta se defender colocando suas mãos em frente de si.

Me preparo para lhe dar outro tapa no ombro. Minha mão já está erguida, quando a porta se abre e magníficos olhos azuis nos fitam.

É claro que conhecer os pais do namorado para mim, não seria igual à forma das outras garotas. Isso seria fácil demais, e, absolutamente, nada em minha vida é fácil. Por isso, tenho que conhecer os pais de Peeta quando estou preste a bater nele.

Perfeito! Como devo me apresentar? Sou Katniss Everdeen, namorada de seu filho, e só estava batendo nele... Com certeza, esse não é um bom começo.

― Mãe! Pai! — diz Peeta, sorrindo para eles. — Esta é a minha namorada, Katniss — passa a o braço por meus ombros e me traz para ele.

Os pais de Peeta são ainda mais belos pessoalmente. Possuem uma beleza clássica, que me faz recordar os antigos astros hollywoodianos. A senhora Mellark parece uma versão loura da Audrey Hepburn. Sério, se a Audrey Hepburn fosse loura, ela seria exatamente como a mãe de Peeta.

Anda, Katniss, diz alguma coisa! Rápido.

―Oi, eu sou... Katniss ― Ah, meu Deus! Eu não falei isso! Alguém cala a minha boca.

― Ah, Katniss ― fala a mãe de Peeta, me analisando.

— Prazer em te conhecer, minha jovem — diz o pai de Peeta, me estendo a mão.

Peeta, você me prometeu que seus pais não mordiam! Isso é propaganda enganosa, hein!

Me apresso em apertar a mão do pai dele.

― Entrem — diz a senhora Mellark, se afastando da porta.

Peeta, que continua com seu braço em volta do meu ombro, me faz entrar.

Se a casa já é deslumbrante por fora, por dentro ainda é mais. Tudo é tão clássico e elegante.

― Vocês poderiam ter me avisado antes que estavam aqui! ― fala Peeta.

― Na verdade, não estávamos planejando vir, mas um colega meu insistiu tanto para que eu desse uma palestra em um evento de estudos medievais, que não pude recusar — explica o senhor Mellark.

— E você sabe como seu pai é, um grande pesquisador, mas um completo desorganizado. Se eu o deixasse sozinho, era capaz de perder até a data do congresso.

O pai de Peeta ri.

— Sua mãe sempre tem razão! — fala pegando na mão dela. — Ela é parte racional desta relação.

A senhora Mellark olha para mim.

— Katniss, você também é atriz, não? — pergunta.

— Sou sim ― digo, tentando parecer calma.

Acredito que estaria menos nervosa em uma audição. A culpa não é minha se eles parecem tanto com figuras irreais, extremamente belos, sofisticados. Eles poderiam ser um pouquinho mais reais, não?

― Peeta nunca nos apresentou nenhuma de suas namoradas ― fala o senhor Mellark. ― Acho que as revistas de fofocas sabem mais da vida de nosso filho que seus próprios pais... ― diz em um tom brincalhão.

― Se não fosse Gale nos mandar alguma notícia, nem saberíamos se nosso filho caçula ainda está vivo ― fala a senhora Mellark.

― Tempos que agradecer a Gale por sempre nos manter informado se nosso filho continua vivo ― diz o pai de Peeta.

― Não ligue para eles, Katniss, meus pais gostam de exagerar... Desse jeito vocês vão fazer a Katniss pensar que eu sou um completo irresponsável! ― reclama.

― E não é? ― fala a mãe de Peeta. ― Ainda bem que temos Gale para nos compensar com este irresponsável filho.

― Estão vendo porque eu nunca apresentei antes minhas namoradas a vocês!

― Olha só, nosso filho, agora está com medo de que revelemos seu passado obscuro para a Katniss ― diz o pai de Peeta.

Ele olha zangado para eles. Acabo sorrindo, involuntariamente, com a expressão de Peeta, que parece um garotinho que acabou de levar uma bronca em frente a seus colegas de classe.

― Acho que deveríamos fazer isso ― sugere a senhora Mellark.

Peeta pega em minha mão.

― Katniss, venha comigo.

― Mas seus pais iriam falar para mim sobre seu passado ― protesto.

Já não estou mais nervosa. Isso é incrível. Os pais de Peeta podem parecer mais deuses do que simples mortais, porém, já não acho que eles são tão assustadores assim... Pelo menos, eles são divertidos.

― Katniss! Vamos! ― puxa a minha mão.

― Esse nosso filho caçula sempre tendo vergonha de seu passado! ― diz o senhor Mellark, enquanto Peeta me conduz até as escadas.

― Ei, você não vai me deixar ouvir sobre seu passado obscuro? ― falo, enquanto subimos as escadas.

― Engraçadinha! ― resmunga.

Peeta me conduz até um enorme corredor. Ele abre uma das portas.

― Este era meu quarto ― faz sinal para que eu entre.

O quarto é imenso. As paredes estão cheias prateleiras com diversos brinquedos, a maioria são legos, que formam robôs, casas, aviões, navios e carros. As paredes são pintadas em diversos tons de laranja, predominando o tom da cor do pôr do sol, o predileto de Peeta. Em uma das paredes há o desenho de mapa mundi.

Observo cada parte do quarto. Ele parece tão arrumado, limpo e organizado que eu juraria que uma pessoa ainda dorme nele.

― Minha mãe gosta de conservar nossos quartos ― explica Peeta. ― Mesmo que nenhum nós more mais aqui, ela ainda faz questão de manter esta casa como era antigamente ― ele pega em um dos robôs feito de lego. ― E meu pai ama a história, diz que precisamos conservá-la ― ri. ― Os dois realmente combinam.

― Seu quarto é muito bonito, você deve ter adorado ter um quarto assim.

― Na verdade, eu não vivi muito aqui, depois dos dez anos de idade, quando eu me tornei um ator. Estava sempre viajando, gravando, em outra cidade... Acho que herdei esta dedicação ao trabalho de meus pais, eles amam suas profissões, se dedicam integralmente a elas, assim como eu me dedico a atuar.

Olho para ele.

― Minha infância não foi nenhum um pouco comum, não fui a escola como as outras crianças foram, sempre tive professores particulares. Na verdade, só frequentei a escola até os nove anos. Mas, eu não estou reclamando ― sorri para mim. ― Afinal, eu amo o que eu faço.

― Para se tornar o príncipe da nação é preciso fazer sacrifícios, não? ― falo em um tom divertido.

― Alguns ― ri.

Ele olha para mim.

― Mas existem coisas muito mais importantes para mim do que ser o príncipe da nação.

Começo a folhear ao acaso um livro que encontrei. É um livro de colorir.

― Você não perdeu muita coisa não indo à escola. Tudo é tão repetitivo, os mesmos colegas, os mesmos grupinhos...

― Isso porque você era a melhor aluna da classe ― me olha de maneira brincalhona.

― Ah, eu não era a melhor aluna da classe...

― Sei...

― Só uma das melhores... ― acabo admitindo. A verdade é que eu sempre estava entre os melhores alunos da classe. Porém, isso nunca me trouxe muita simpatia. Os alunos com melhores notas, quase nunca, são os mais amados pelos outros alunos.

Peeta ri e me puxa para ele.

― Peeta! ― a voz da senhora Mellark chega até nós.

― Sim, mãe.

Ela aparece na porta. Imediatamente me afasto de Peeta. É embaraçoso para mim, ficar abraçada com Peeta em sua presença.

― Preciso de sua ajuda.

― Ok. Katniss, já volto ― fala me dando um beijo na bochecha do qual não consigo esquivar.

Ainda estou um pouco desconfortável em estar nesta casa. É claro que o nervosismo inicial, que me fez querer voltar imediatamente, já passou. Porém, ainda me sinto estranha.

Vou até a janela do quarto de Peeta. Ela se abre para uma sacada, de onde posso apreciar todo o jardim da casa.

― Este jardim é muito bonito, não? ― meu coração quase sai pela boca, quando percebo que o pai de Peeta está ao meu lado na sacada. ― Desculpa, por te assustar ― pede.

― Não foi nada.

― Peeta sempre adorou esta vista. Ele nunca quis trocar este quarto por nada.

O senhor Mellark olha para a paisagem que temos em nossa frente com uma expressão nostálgica.

― Às vezes, penso que Peeta teve uma infância muito solitária. Nada de amigos de sua idade, seu irmão era dez anos mais velho do que ele... Mas, ele amava o irmão.

Olho para o pai de Peeta, que continua olhando para o jardim.

― Acredito que Gale tem grande influência na decisão de Peeta seguir a carreira artística... A mãe de Gale, Hazelle, era uma atriz. Gale adorava ver a mãe ensaiando. Quando ele era pequeno, ele dormia com Hazelle recitando falas de peças teatrais. Hazelle morreu quando Gale era ainda muito pequeno. Mas seu amor pela atuação permaneceu. Ele sempre gostava de assistir filmes, ver e ler peças. Quando Peeta nasceu, ele recitava toda noite falas de peças, de filmes, levava Peeta para assistir filmes... Peeta cresceu com Gale ensaiando com ele peças teatrais. Ainda me lembro dos dois montando pequenas peças para nos mostrar. E Peeta amava aquilo. Não foi nenhuma surpresa para nós, quando ele decidiu seguir a carreira artística. Gale tornou-se seu empresário.

Eu não sabia que Gale influenciou tanto assim na escolha de Peeta. Sei que a relação deles não é das melhores. Nos últimos tempos, até que os dois tem se dado bem, não discutem (pelo menos não muito). Lembro que Peeta me disse que não gostava de ter sua vida controlada por Gale. Isso sempre gerou um grande desentendimento entre eles, foi a causa de inúmeras brigas. Talvez, uma das maiores, foi quando, devido a Gale, Peeta terminou seu namoro com Annie.

― Peeta e Gale eram muito próximos? ― pergunto.

― Eram inseparáveis. Peeta adorava o irmão. Na verdade, para Peeta, Gale era seu ídolo. Eles tinham uma relação fraternal invejável. Sabe que Peeta praticamente implorou para Gale ser seu empresário.

― Ele fez isso? ― indago surpresa.

― Quando ele resolveu ser ator, Gale já havia começado a sua carreira como empresário. Gale achou a decisão de Peeta um pouco precipitada. Ele sabia como era este mundo, e o que Peeta teria de abdicar para ser um ator. Mas Peeta não deixou sua decisão de lado. E fez de tudo para convencer Gale. Ele mandou até cartas para Gale ― ri. ―No final, ele conseguiu o que queria, Gale tornou-se seu empresário.

Eu nunca imaginei que Peeta havia pedido para Gale ser seu empresário. Ele sempre detestou tanto o fato de Gale controlar sua vida. Também nunca pensei que um dia Gale foi o ídolo de Peeta.

― Pai, a mãe está te chamando ― Peeta interrompe o senhor Mellark.

― Obrigado, Peeta ― fala dando um tapinha em suas costas.

O senhor Mellark sai da sacada. Peeta me olha.

― Meu pai estava contando coisa sobre meu passado obscuro? ― pergunta em um tom brincalhão.

― Talvez...― respondo no mesmo tom.

― Ah, este velho! ― fala, fingindo zanga.

Rio, porém, minha expressão fica séria aos poucos.

― O quê foi?

― Nada... ― hesito.

― Mesmo? ― insiste.

― Não sabia que você era tão próximo de Gale quando era uma criança ― digo após um momento.

Peeta me olha e suspira, ele tenta sorrir, porém vejo em sua expressão uma ponta de tristeza, que seu sorriso não consegue apagar.

― Quando crescemos aprendemos que os ídolos também são humanos, não super heróis... essa é uma das piores partes de crescer.

Ele olha para o jardim e solta um pequeno suspiro.

― Vamos almoçar! ― sua voz é animada novamente. ― Sei que você está louca para comer!

Rio. Decido que é melhor não falar sobre isso. Seja lá o que aconteceu entre Peeta e Gale, isso parece ser doloroso demais para Peeta falar agora. Há coisas que preferimos não falar nem para nós mesmos.

― Essa parte é a mais importante! ― falo.

Peeta entrelaça sua mão na minha.

Os pais de Peeta nos esperam na sala de jantar.

― Espero que goste, Katniss ― diz o senhor Mellark. ― Fui eu mesmo que preparei tudo.

― Você também cozinha? ― pergunto.

― É claro, de quem você acha que Peeta herdou seus dotes culinários? Eu poderia ser um chef se eu quisesse! ― diz rindo.

― Ele tem razão ― fala a senhora Mellark. ― Ainda bem que temos um cozinheiro nesta família...

― Se dependesse de certa pessoa... ― fala o senhor Mellark olhando para a senhora Mellark.

Ela começa a comer como se não fosse com ela.

Solto um sorriso discreto.

― Peeta já fez para você o nosso prato tradicional, ensopado de carneiro com ameixas secas? ― pergunta o senhor Mellark.

― Sim... foi você que ensinou a ele?

― É claro, esta receita está em nossa família há séculos... Os homens da família Mellark sabem que para conquistar uma mulher não há nada melhor do que ensopado de carneiro.

Olho para Peeta.

― Pai! ― se apressa em mudar o rumo da conversa. ― Como vai seu novo livro?

― Bem, estou terminando quase, ainda quero publicar até o final do ano.

― Ainda pesquisando sobre os castelos medievais?

― Não, agora estou me detendo nas catedrais.

O pai de Peeta começa a falar sobre seu novo livro. Ele fala sobre ele quase o almoço inteiro. A senhora Mellark também fala sobre seu novo trabalho, o desenvolvimento de um avião super rápido. Peeta tem razão, seus pais realmente amam o que fazem.

Após o almoço, Peeta me leva até o jardim. Nos sentamos perto de uma pequena fonte. Encosto minha cabeça em seu ombro, enquanto ele brinca com uma mecha de meu cabelo.

― Que história é essa de que os homens da família Mellark conquistam as mulheres com ensopado de carneiro? ― pergunto.

Peeta começa a rir.

― Então, quando você fez o ensopado de carneiro pela primeira vez, você já estava pensando em me conquistar? ― ele apenas continua rindo. ― Hein?

― Cada um usa as armas que têm... ― diz de maneira enigmática, roubando um beijo de mim.

― Ora seu... ― não prossigo com minha fala, já que mais uma vez tenho meus lábios capturados por Peeta.

Suas mãos passeiam por várias partes do meu corpo, me fazendo desejar seu toque em cada parte de mim.

Katniss, controle-se! Você esta na casa dos pais dele. E se eles encontrarem vocês nesta situação, hein? Isso não seria nada bom.

Com muito esforço me separo de Peeta.

― Tem uma coisa que sempre me perguntei...

― O quê? ― pergunta, acariciando minha mão com o polegar.

― Quando você se deu conta que estava apaixonado por mim?

― Exatamente... eu não sei... Acho que foi mais um processo, só eu não tinha me dado conta... Comecei a sentir falta de você, quando eu acordava e você não estava perto de mim. E quando ia dormir, adorava sentir seu cheiro que ficava na minha cama... Me vi inventando mil desculpas, como revisar o roteiro, só para te ligar, porque queria ouvir sua voz. E quando você não estava perto, cada coisa me lembrava de você, uma blusa esquecida em algum canto do meu quarto, a comida que muitas vezes eu preparava, me lembrava do quanto você ama comer. E toda vez que me lembrava de você me via com um sorriso bobo em meus lábios. Depois de um tempo sentindo estas coisas, era óbvio demais que estava totalmente apaixonado por você. Eu não tinha mais salvação ― ri.

Ele me abraça.

― E pela primeira vez fiquei com medo de não ter meus sentimentos correspondidos. Naquele tempo eu tive muito medo. Temi que você nunca me desse uma chance, que nunca iria abrir seu coração para mim ― sua mão acaricia minha cabeça lentamente. Ele me aperta ainda mais forte contra ele. ― Katniss, você é a pessoa mais importante para mim ― sussurra.

― Ops! ― a voz do senhor Mellark chega até nós. Imediatamente, me afasto dos braços de Peeta. ― Desculpa pela interrupção...

Peeta o olha fingindo zanga.

Acabo ficando ruborizada com esta situação. Ela é totalmente constrangedora.

― O que foi? ― pergunta Peeta.

― Achei isso ― fala, apontando para o tablet que tem nas mãos. ― Acho que está na hora da Katniss conhecer seu passado negro!

― Ah, não, pai! ― exclama como um garotinho emburrado.

O senhor Mellark ri.

― Então, vocês estão aí! ― fala a senhora Mellark se aproximando de nós. ― O que estão fazendo?

― Vim mostrar a Katniss o passado negro de nosso filho!

― Mãe! Faz alguma coisa!

A senhora Mellark ri.

― Eu não, sou totalmente a favor de seu pai! Se Katniss vai entrar para a família ela precisa conhecer seu passado obscuro!

Olho para eles curiosa. Que passado negro é este de que todos falam?

O pai de Peeta se aproxima de mim, enquanto Peeta o olha desesperado com as mãos na cabeça.

― Aqui, Katniss! Este é o primeiro trabalho de Peeta! O primeiro comercial que ele gravou ― diz me entregando o tablet.

―Não! ― grita apavorado.

Sorrio sem piedade para Peeta e dou play no vídeo.

Na tela surge uma espécie horta e várias crianças vestidas com fantasias de verduras. Entre estas crianças, um garotinho louro se destaca. Ele está vestido de repolho. Sua fantasia é toda verde, e o material da fantasia não é das melhores, só sei que é um repolho, porque tem uma plaquinha escrita. Aperto meus lábios para não soltar uma risada. Uma musiquinha começa a tocar:

Vamos comer as verduras.

Verduras são boas.

Verduras são nutritivas.

Mais uma vez tenho que apertar meus lábios ainda mais forte. A musiquinha é tão ruim, que por este motivo é simplesmente hilária. As crianças dançam. E certo lourinho, ou melhor, repolho, não consegue acompanhar o ritmo da música. Ele se perde várias vezes no passo da dança. E a dança é a melhor parte do vídeo, as crianças fazem movimentos engraçados. Elas batem palmas e pulam, colocam a mão na cintura dão um giro e voltam a bater palmas. Em certo momento, o garotinho louro quase cai, já que gira do lado errado. Ele tenta disfarçar, fazendo cara de paisagem.

Neste momento não consigo conter meu riso, e dou uma bela gargalhada.

―Satisfeitos? ― fala olhando para os pais. ― Agora a Katniss vai pensar o que de mim?

― Nós somos muito bons em estragar a imagem de nosso filho ― fala o senhor Mellark olhando para a senhora Mellark e ignorando Peeta.

― É claro que somos. Adoramos destruir a imagem do príncipe da nação ― afirma a senhora Mellark.

Tento dar a play novamente no vídeo. Mas sou impedida por Peeta, que pega o tablet da minha mão.

― Uma vez já é suficiente ― fala aborrecido.

― Ah, mas você estava tão bonitinho! Como é mesmo a música? Vamos comer as verduras. Verduras são boas. Verduras são nutritivas? ― repito a letra da musiquinha.

― Você também! Vocês dois! ― fala olhando para os pais. ― Eu ainda vou queimar este vídeo!

― Queime, temos várias cópias reservas em nosso cofre! ― diz o senhor Mellark piscando para a senhora Mellark.

Não consigo parar de rir, a zanga de Peeta, a zoação que os pais de Peeta fazem de seu filho, tudo isso é simplesmente impagável.

― Acho que foi este comercial que fez Gale aceitar ser o empresário de Peeta. Gale não podia deixar seu irmãozinho sofrer esta humilhação...

― Ou ele ficou com vergonha de falar para todos que seu irmãozinho era o menino repolho neste comercial, por isso decidiu ser o empresário de Peeta, para não passar mais vergonha ― sugere a senhora Mellark.

― Katniss, você quer ouvir mais algumas coisas sobre nosso filho? ― indaga o senhor Mellark.

E eles ainda perguntam!

― É claro ― respondo.

― Quando Peeta tinha cinco anos ele ganhou um ursinho, Peeta não se separou mais deste ursinho... ― conta o senhor Mellark.

Olho para Peeta, que está emburrado.

― Ele só conseguia dormir com este ursinho. Como se chamava o ursinho? ― diz a mãe de Peeta.

― Floquinho Benardo. Sim, era este mesmo o nome Floquinho Benardo! ― fala o pai de Peeta. ― Porque nosso vizinho se chamava Bernardo, mas Peeta o chamava de Benardo.

― E lembra, que o Floquinho Benardo ficou todo esfarrapado, porque o Peeta o levava para todos os lugares? Também, Peeta só deixou de dormir com o Floquinho Benardo quando tinha quatorze anos.

― Mãe! ― bufa Peeta como um garotinho.

― E tem mais, Katniss! ― continua a senhora Mellark.

A cara de Peeta é todo um poema, de tão engraçada que é. Ouvir os podres do passado de Peeta não tem preço.

Passamos a tarde com os pais de Peeta contando sobre o passado de Peeta, me mostrando até fotos, no mínimo, constrangedora. Como uma foto de Peeta todo descabelado, ao acordar, aos treze anos (até o príncipe da nação tem seus momentos ruins).

Depois jantamos e ficamos na sala, com os pais de Peeta o provocando sobre fazer ainda mais revelações. É claro que Peeta quase tem que ameaçá-los para eles deixarem de espalhar seus podres.

― Katniss, você prefere ficar no quarto de hospedes ou no quarto de Peeta? ― indaga a senhora Mellark de supetão.

Quase tenho um ataque cardíaco ao ouvir estas palavras. O que devo responder? Eu nunca passei por isso antes. É extremamente estranho, responder que vou passar a noite no quarto de Peeta para os pais dele, que acabei de conhecer.

― No quarto de hospedes ― respondo rapidamente.

Peeta me olha, noto que ele vai falar alguma coisa, por isso aperto sua mão com força. Ele sorri e se cala.

― Vou mandar então preparar o quarto de hospedes ― diz a senhora Mellark saindo da sala.

Depois de alguns minutos, ela reaparece anunciando que o quarto está pronto. Me despeço dos pais de Peeta e vou para o quarto.

― Não sabia que preferia ficar em um quarto solitário do que desfrutar da minha companhia ― diz Peeta.

― Peeta! Mas como? ― digo surpresa, já que acabei de deixa-lo na sala. Como ele pode ser tão rápido e chegar primeiro que eu no quarto.

Peeta ri. Ele está sentado na cama. Dá tapinhas ao seu lado, indicando para que eu me sente.

Me sento ao seu lado.

― Você queria que eu respondesse o quê? Sua mãe é uma pessoa legal, mas não vou negar que ela, às vezes, me causa certo medo...

Ele ri e pega em minha mão, levando-a até seus lábios.

― O que achou dos meus pais?

― Gostei deles... No inicio, eles me pareceram pessoas tão diferentes... Como se fossem de outro planeta, mas agora... já não penso assim. Eles são legais.

Peeta me abraça.

― Só estava com medo de não saber muito bem como lidar com eles. Eu não sou uma pessoa muito... família. Meus pais morreram quando eu era uma garotinha, meus tios nunca foram uma família de fato para mim. E as pessoas que mais se aproximaram de ser uma família para mim, foi a família de Finnick. Definitivamente, para mim, é difícil enfrentar esta situação.

― Desculpa, Katniss. Não queria forçar nada. Mas é que eu realmente, queria apresentar você a meus pais ― acaricia meus cabelos. ― Você deve ter passado por um momento difícil por minha causa.

― Não, está tudo bem ― digo lhe dando um pequeno beijo na bochecha. ― No final, foi bom conhecê-los. Além disso, adorei conhecer seus podres Peeta Mellark.

― Ah, é? ― diz fingindo indignação. ― Quer dizer que a senhorita estava interessada apenas em meu passado?

Rio.

― Katniss, a quantidade amor que é uma pessoa recebe é igual para todos. As pessoas estão destinadas a receber a mesma quantidade de amor ao longo de sua vida. Se você não for amado por muitas pessoas, então você vai ser muito amado por uma só pessoa. Se você não foi amado como uma criança, você será mais amado como adulto. Isso é justo, não? Katniss, você não foi amada quando era uma criança, mas eu vou te amar ainda mais para compensar isso.

Sorrio para Peeta.

Ele deita-se na cama e me leva consigo, colocando minha cabeça em seu peito.

― Você vai dormir aqui? ― pergunto.

― Vou ― ele me olha. ― Por quê?

Lanço meu olhar para Peeta: o que você pensa que está fazendo?

― Ei, eu só vou dormir... ― ele sorri maliciosamente. ― Já percebi que alguém estava tendo pensamento pervertidos... ― Se você não quiser apenas dormir... ― diz de maneira bem sugestiva.

Sem querer acabo rindo. Me aninho em seu peito. Enquanto, ele me aperta delicadamente contra si.

Me sinto tão segura quando estou ao lado de Peeta. Fecho os olhos.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Querem mais capítulos especiais?
Alguns leitores vem me pedindo um capítulo POV Peeta. Eu pensei muito sobre isso, muito mesmo. Sabe, eu adoro escrever com apenas um narrador, afinal, nós sempre só teremos um ponto de vista em nossa vida, o nosso próprio. Seria tudo tão mais fácil se pudéssemos saber o que o outro pensa (ok, vou parar de filosofar aqui). Mas, sei que alguns de vocês querem saber o que se passa na cabecinha de nosso louro gostosão. Vamos fazer um trato se a fic chegar aos 1500 reviews eu faço um capítulo com o Peeta narrando tudo o que se passou para ele largar a Katniss, como ele se sentiu ao vê-la novamente, enfim tudo o que vocês estão louquinhos para saber. Trato feito?