Eles escrita por ItS


Capítulo 9
Caçadores


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, quero agradecer à maravilhosa recomendação da minha querida Luana.
Agora, quero desejar a todos um feliz ano novo e, para a tristeza de alguns, o próximos episódio pode demorar um pouco (talvez muito). As férias estão difíceis aqui ;/



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1

Dia: 22 de março de 2047, às 10:26. Casa de Isabelle.

Isabelle estava mexendo em seu computador, o que não era uma surpresa; afinal, a garota passava horas e mais horas mexendo não só em computador, mas em qualquer coisa eletrônica. Ela estava viciada. Explícito, claro. Mas era algo que ela considerava importantíssimo para sua vida. Sem a internet, ela com certeza teria algum surto psicológico. Mas ela não ligava para os discursos de sua mãe que sempre dizia para ela sair do computador e ir conversar com pessoas “reais”. Ela, às vezes, ia para seu quarto e mexia em outro aparelho eletrônico. Ela tinha perdido a audição e, para escutar, usava o típico aparelho.

Isabelle era capaz de montar coisas eletrônicas com muita facilidade. Claro, isso poderia levar algum tempo, se fosse o caso, mas ela entendia absurdamente muito sobre tecnologia. Entre suas maiores “invenções estavam a rede social que todos do mundo passaram a usar logo após do auge do Facebook. O nome era Warrisa; uma mistura entre seu sobrenome Warrior e seu apelido Isa. Não era muito criativo, mas, convenhamos, a garota tinha 10 anos e vivia enfurnada em coisas que, sem dúvidas, não traziam criatividade alguma.

Ainda tinha seu robô, do qual ela considerava seu melhor amigo, visto que não tinha quase nenhum. Conversava com pessoas virtuais pela própria rede social, da qual, se quisesse, tinha acesso a todas informações de dentro dela. Ninguém, como de costume, sabia a identidade do autor daquela maravilha que era a rede social. Hackers tentaram derrubá-la, mas os programas que a garota tinha criado eram muito mais eficazes do que os vírus e as tentativas de burlar os códigos.

Seu robô se chamava Bob, o nome proveniente de Rob, e este de Robô. Era uma máquina ambulante que não tinha muita serventia programaticamente, mas servia para carregar bandejas e entreter Isa – da qual a chama de Cereja – com piadas ridículas tiradas da internet. Ele possui uma voz que Isabelle havia dado a ele e conseguia processar perfeitamente para formar frases com as 10.000 palavras de seu vocabulário nato. Assim como o robô, ela tinha diversos itens. Celulares, jogos, tablets, noteboks, playstations e afins. Claro, isso teria custado caro, mas não para a mestra da tecnologia, que acabava encontrando peças no lixo e concertando-as com seu poder.

Porém, nesse dia, seu poder não seria tão útil quanto o de costume.

Filha, você está me escutando? – perguntou a mãe, compreensiva.

Isabelle tinha mania de desligar seu aparelho para não ter de ouvir coisas chatas, como qualquer coisa que saísse da boca de sua mãe.

Estou, mãe. – mentiu, prestando atenção no que escrevia em seu blog.

Você está sabendo disso? – era uma frase chave que a Sra. Warrior usava para captar a atenção da garota.

Sabendo do quê? – perguntou após ter ligado o aparelho. Ela tinha aprendido a fazer leitura labial para caso precisasse entender algo sem o aparelho.

O governo irá invadir as casa a procura de mutantes.

Isso afetou veementemente a garota. Seu poder não era tão forte quanto os de alguns, mas, sem dúvidas, isso ainda a fazia uma mutante.

O quê? Como? Por quê?

Ela deixou de prestar atenção na mãe e começou a usar os dedos ágeis que sabiam as teclas de cor e salteadas do notebook. Ela pesquisava numa velocidade incrível, mexendo no mouse, colocando diversos links, mudando o cursor de lugar, apertando em informações.

Clic. Clic. Clic.

O barulho do mouse era irritante para os pais da garota. Sempre os faziam lembrar de que a garota era uma viciada que mal saía do quarto para almoçar.

Desliga essa porcaria! – mandou, bradando.

Calma, mãe, eu só tenho que...

A tela do notebook fora abaixada. A mãe olhava para a garota, furiosa; uma rede de rugas formando-se sobre a testa.

Por que você está preocupada? – perguntou a mulher mais velha, sentando-se ao lado da filha.

Mãe, eu nunca te contei, mas eu sou um deles. Eu posso desligar máquinas somente com o pensamento, posso decodificar coisas que seriam impossíveis sem qualquer tipo de máquina.

A revelação surpreendeu a mulher, que logo estava com o pescoço virado na direção das batidas da porta. A mãe, sabendo que a filha corria perigo, pediu que ela se escondesse. Mas ela não teria tempo; os homens já tinham invadido.

Isabelle saiu correndo em direção a seu quarto. Os homens – que deviam ser 5 – já estavam na sua cola. Tinham jogado o pó na mulher, que se manteve com a roupa fosca, sem brilho. Algo que eles acabaram percebendo era que, de uma maneira geral, havia mais jovens “infectados” do que adultos; logo, aquela garota tinha mais chances, fora que a atitude dela fora muito suspicaz. Eles continuaram correndo, seguindo a garota.

Merda, o que eu vou fazer? – entredisse, com medo.

Ela chegou ao seu quarto e ouviu a mãe brigar com os homens, mas, de repente, sua voz cessou. Não tinha mais o eco doce e reconfortante da mãe da garota. O que será que tinha acontecido a ela? Isabelle não quis descobrir. Sua mãe não devia ser uma mutante, logo ela não correria perigo. Mas ela, sim. Portanto, o que deveria fazer era fugir. Fugir pela janela de seu quarto. Mas não sem antes ter pegado uma mochila e abarrotado de itens eletrônicos e úteis para a garota.

Ah, e é claro, com Bob, seu robô de estimação.

2

Dia: 22 de março de 2047, às 10:39. Casa de Julia.

Julia ia mais uma vez para aquele maldito emprego que seu pai havia arranjado. Segundo ele, ela precisava de algo para contribuir com as despesas da casa, agora que ela tinha feito 18 anos. Julia, com toda certeza, já mirava sua casa própria, mas o dinheiro não dava. Ela simplesmente odiava ter que olhar para a cara de um monte de gente mal agradecida que dizia o que iriam querer. Por que eles mesmos não podiam ir lá ao balcão e pedir?

Ela estava com seu uniforme. Passou pelo corredor de sua casa e olhou-se no espelho. Uma garota de madeixas alouradas num tom de asas de corvos que se degringolavam em ondas bem estruturadas através de suas costas, acabando em centímetros de seus glúteos. Seus olhos eram de um tom tempestuoso de azul esverdeado. Sua pele era branca, mas não do tipo translúcida. Era mais algo levemente bronzeada, que dava um aspecto saudável e praiano que Julia adorava.

Reparou em seu corpo. Era muito esguio, pensou ela. Qualquer um ia babar por ela, claro. Ela tinha umas curvas perfeitas que, segundo a garota, eram ótimos para caso ela quisesse tornar-se uma modelo de lingerie. As pernas eram longas e torneadas e ainda tinha seios fartos, assim como os lábios rosados, da mesma cor de suas bochechas. É, ela era mesmo muito bonita. Digna de um emprego digno e não de uma garçonete da qual ganhava olhares furtivos para a saia curta que usava.

Dá-lhe animes ecchi.

Mãe, pai, estou saindo. – avisou, indiferente quanto a reposta de seus pais.

Mas, antes de sair, percebeu que seus pais não estavam em casa, o que não era uma novidade, visto que eles saiam sempre que davam. “Dar uma trepada no motel, enquanto eu fico aqui e tenho que trabalhar.” Ela girou a maçaneta e, antes que pudesse sair com a mochila com o uniforme dentro, fitou o robusto homem que trajava as roupas cinzentas da polícia. O que será que eles queriam? Talvez, se fossem bonzinhos, podiam ceder um posto de delegada para ela.

Eu, Helô, aí sim eu ia adorar.

Claro, ela poderia tentar isso; tinha um ótimo dom de persuasão. Não chegava a ser um poder, mas era uma habilidade genuína na garota, o que certamente era de ótimo grado, pois ela precisava muito disso para que ela tivesse tanto a ascensão almejada. Mas ela não usaria isso agora. Talvez fosse até bom, mas dada as circunstâncias: os homens segurando-a a força e pegando um tipo de frasco do qual, em seu conteúdo, estava um pó brilhante, como se tivesse açafrão misturado com lantejoulas.

O que é isso? – perguntou, esganiçada.

Eles não responderam, esperavam até o efeito aparecer: as roupas da garota começaram a brilhar.

Ela é um deles. Leve-a. – informou um deles.

O quê? Levar para onde?

As perguntas pareciam ter feitas para o vento, jogadas ao léu. Os homens estavam carregando-a. Iam por o bracelete na garota, mas, antes disso, algo os empurrou para longe. Algo como uma força invisível que saía do corpo da garota. Com certeza era o poder dela. Do nada, um dos homens fora golpeado por algo que não era possível enxergar com total nitidez. Parecia ser a distorção de algo, como se observasse uma formiga sob a lente de uma lupa não muito boa.

Os homens continuaram a receber golpes parcialmente invisíveis. A garota movimentava a mão, comandando a energia. Ela era dona, claro. Logo, ela tinha de ser o alvo para que aquilo parasse. Um deles, pensando assim, atirou contra a garota, indiferente à força que o fazia ficar contra a parede. A bala desenhou uma linha até a garota, mas, numa acrobacia que diria ser impossível, a garota desviou.

A energia cinética proveniente do corpo da garota estava exaurindo-a, deixando-a fraca. Ela não tinha costume de fazer isso. Era como correr. A princípio, você só conseguiria alguns poucos quilômetros, mas, se treinasse, alcançaria o dobro, talvez o triplo, do rendimento de quando você tinha começado. Devia ser assim também com os poderes, pensou Julia, ofegante. Mas ela não poderia simplesmente deixá-los que a levassem para sei-lá-aonde. Portanto, seu novo objetivo seria matá-los. Mas isso poderia acarretar coisas mais drásticas.

Não, matar, não. Ela tinha que fugir. Somente isso.

Fugir.

Ela começou a correr, enquanto os cincos homens estavam estuporados no chão. Algo parecia ter atacado-os com força de um elefante.

Energia cinética, pensou um deles, mas pelo menos agora ela está mais fraca. Será fácil pegá-la.

3

Dia: 22 de março de 2047, às 11:42. Casa de Diego.

Diego estava em sua casa. Talvez fosse a definitiva. Pelo menos por um tempo. Ele constantemente se mudava de cidade. Tudo isso devido ao que acontecera no passado. Naquele maldito passado. Ele morava com seu pai e nem tinha conhecido a mãe, que, segundo o militar – seu pai –, era uma prostitua. Ou seja, ele tinha nascido por um ato – erro – sexual que não estava no plano de nenhum deles. Bem, o homem tivera de assumir o filho, pois, no dia seguinte, a mulher tinha desaparecido. Ninguém sabe para onde ela fora, somente que sumira.

Desde pequeno, Diego aprendera a lutar e treinava exaustivamente. Ele acabou indo para a academia militar com uma idade menor do que os comuns, que era dezoito. Ele, por sua vez, entrara com dezesseis, mas não havia uma disparidade grande entre as habilidades de todos dali. Pelo contrário, talvez Diego fosse muito melhor que boa parte ali. O treinamento forçado havia conseguido bons resultados.

A cada patente que ele se encontrava, ele sentia mais raiva do governo. Ele fora obrigado a matar pessoas, lutar, destruir e massacrar sem questionar o porquê dos atos. Essa raiva foi crescendo, principalmente quando ele tivera que a atacar "eles". A essa altura, eu já havia treinado muito meus poderes secretamente e comecei a ajudar àqueles que o meu esquadrão tinha como missão destruir. O tempo foi passando, e ele não conseguiu mais esconder seus poderes nem os meus atos de "traição ao exército". Então ele desertou.

Instantaneamente, ele fora perseguido pelo próprio pai. Ele conseguira roubar várias espadas e algumas armas da força do exército antes de fugir. Acontecer com vinte e três anos. A partir daí, ele se tornara uma espécie de nômade. Nunca ficava na mesma cidade ao mesmo tempo, e, enquanto se mudava, construía varias espadas, arcos e outros estilos de armas. O exército ainda devia estar procurando-o, mas as pistas sobre o garoto eram pouquíssimas, talvez quase inexistentes. Ele simplesmente desapareceu.

Mas agora ele daria as caras. A situação já estava num nível decadente. Em vez de a sociedade progredir, ela fazia o contrário. Regredia de uma maneira avassaladora. As boas ações não conseguiam acompanhar. Não com um monte de gente estuprando, se drogando, torturando, bebendo demasiadamente, matando e fazendo outros tipos de truculências. Uma pena que esse era o novo ambiente no qual Lago das Montanhas se encontrava. Havia passado de cidade calma do interior, para uma das cidades mais violentas do país.

Diego sabia do que estava acontecendo. Sabia que o governo levaria todas as aberrações que encontrassem para uma ilha. Eles queriam ganhar dinheiro em cima disso. Eles virariam um tipo de entretenimento que agradaria todo tipo de público. Diego não queria que isso acontecesse. Odiava essa ideia. Ele não deixaria isso continuar acontecendo. Podia ser frio, calculista, orgulhoso, arrogante, mal humorado, mas ainda tinha seu senso crítico e era bom. Podia não parecer a princípio, visto que sua aparência lembrava muito uma pessoa de alta patente, e, naquele lugar, pessoas de alta patente eram sinônimos de proximidade com o governo e logo... É, você entendeu.

Ele já tinha pensado no que fazer. Poderia ser arriscado e, com certeza, ocorreriam muitas mortes no caminho. Mas isso poderia mudar a sociedade de vez. Ele juntaria os mutantes que tivesse fugido e criaria uma espécie de manifestação. Assim como ocorrera em 2013, lá na capital do Brasil. Isso, de algum modo, teria de trazer consequências.

Sejam elas boas ou ruins.

Bem, Diego torcia para que fossem boas.

Torcer não traz muita segurança.

Não mesmo.

4

Dia: 22 de março de 2047, às 11:13. Ilha.

Alexei já estava com fome. Não sabia que horas eram, mas sabia que ainda não era meio dia, a julgar pelo sol. Ele tinha acordado cedinho e, quando percebera, descobrira que estava numa espécie de floresta. Nesse meio tempo, ele tinha descoberto que tinha outras pessoas e que estas não eram muito amistosas; assim, ele fora obrigado a usar seus poderes contra um homem que podia soltar fogo pela boca, como um dragão. Mas ela morrera pela ação de seu próprio poder.

Na verdade, o que Alexei podia fazer era um pouco estranho. Ele podia tocar num determinado material e assumir a composição dele. Tinha feito isso com o fogo. Claro que, para transformar neste, ele teve de se queimar, mas isso fora o de menos. Ele ainda recebera golpes físicos, mas que, no fim, foram curados pelo seu outro dom, o de regeneração celular espontânea. Era algo limitado, mas servia para cicatrizar aqueles cortes causados por espinhos e coisas um pouco piores, como o corte semi-superficial de uma faca ou espada.

Alexei sabia que tinha um transtorno de bipolaridade. As pessoas que cuidavam dele – foram diversas, visto que ele se mudava frequentemente de orfanato; sua mãe era problemática e não tinha capacidade de cuidar dele – pediram para que ele fosse a um psicólogo, mas sempre isso ia ficando para depois. De certa forma, o rapaz queria que sua cabeça “melhorasse”. Era muito difícil saber que, numa hora, estava de bem com a pessoa e que, no minuto seguinte, poderia estar tentando matá-la. Isso tinha acontecido algumas vezes, mas tivera uma que ocorrera o pior.

Ele estava namorando. Era fácil conseguir arranjar namoradas. Tinha um charme considerável, corpo dotado de músculos, olhos penetrantes de um azul elétrico, cabelos negros e naturalmente bagunçados e cicatrizes espalhadas pelo corpo. E ele estava perdidamente apaixonado pela garota. Ela era bonita, claro. Era uma mulher com o corpaço inigualável. Tinhas cabelos negros, da cor de sua pele, que era lustrosa e reluzente. Porém, como era de se imaginar, a garota recebia muitas paqueras. Até brincadeirinhas. E, numa dessas, feita por um de seus melhores amigos, que tudo ocorreu.

Estavam numa festa. Patrícia, a namorada de Alexei, tinha chegado. O amigo do rapaz notou como a garota estava bonita. Comentou, fazendo uma brincadeirinha do tipo: “Muito gata. Eu pegava fácil.” O amigo de Alexei era um cara zombador, inconsequente, mas não era fura-olho. Alexei sabia disso, mas, durante um surto de bipolaridade, esmurrou o rapaz. Ele caíra de costas sobre uma mesa e, assim, quebrara taças, pratos, copos e se machucara com tudo que estava em cima. Comidas inofensivas tornaram-se adagas quando ele caiu. O corpo do garoto doía muito. Os três estavam sós naquela sala. A festa acontecia no outro saguão e a música acobertava os golpes de Alexei.

Alexei estava nitidamente enfurecido. Não tinha motivo para tanto; mas estava. Com a raiva dominando sua cabeça, ele tocou um garfo e assumiu a composição do item. Tornara-se de aço. Seu punho estava mais potente e mais resistente a dor que causava quando se golpeia algo ou alguém. Nesse caso era ‘alguém’.

E ele continuava lá. Esmurrando, enquanto a sua namorada pedia para que ele parasse. Ele não parou, claro. Quer dizer, parou, sim; mas só depois de ter certeza de que seu amigo estava morto. Quando deu por si, percebeu a atrocidade que cometera e, naquele momento, ouviu sua namorada terminar com ele e sair da sala, chorando. Alexei ainda tivera de esconder o corpo para que a polícia não visse. Mas, entendam, ele não era do mal, ele tem apenas uma mente distorcida e perturbada; comum nos dias atuais.

Nos dias que seguiram, Alexei ficara sabendo que seu amigo estava “desaparecido” e que houve uma busca constante por alguns anos, mas que não encontraram o rapaz. Para a sorte de Alexei, Patrícia, sua ex-namorada, não contara nada para ninguém. Nem sobre os poderes do rapaz e nem sobre seu assassinato. Ela devia estar com muito medo de que ele pudesse fazer algo contra ela. Igual ela estava agora, vendo um cara robusto avançar para cima dela mostrando unhas enormes que mais se pareciam com garras do que com unhas comuns.

5

Dia: 22 de março de 2047, às 21:49. Casa de Isaac e Barbara.

O que Alberto iria fazer poderia ser considerado algo incauto, imprudente; mas não para ele. Não para o glorioso e ‘renomado’ Alberto, o caçador de recompensas. Ele tinha procurado o dia inteiro por Joana. Queria descontar o que ela lhe fizera. Não era machucado físico, mas emocional; ela ferira o orgulho do homem. Maldita. Mas, mesmo com a procura minuciosa feita por ele, Alberto não a achara. Ela podia ter fugido, ou estar na casa de algum parente – o que era difícil nesse dias, visto que a “família” das pessoas se resumiam em pai, mãe, filho e, talvez, irmão ou irmã –, mas o que ele acreditava era que, com sorte, a garota teria sido levada pelo governo, na busca por aberrações. Claro, Alberto sabia que isso estava acontecendo e, por isso, se manteve longe das irrequietas invasões dos policiais.

Ele não havia encontrado a garota, mas Alberto também tinha outro alvo; era uma raiva dupla, afinal. O seu outro alvo era o prefeito da cidade de Lago das Montanhas, Isaac. Isso com certeza seria difícil, entretanto, seu instinto o pedia para fazer isso. Pedia, não. Ordenava. Ordenar parecia ser a palavra correta. E, claramente, ele iria fazer isso. Iria invadir a casa do homem e matá-lo. Ele, segundo as informações adquiridas por Alberto, ficava em casa todo dia a noite, junto de sua esposa, Barbara. Não seria difícil para Alberto matar duas pessoas; ele já tivera de trucidar bem mais que isso. O número máximo fora de 32, numa festa que estava causando barulho demais para os vizinhos. E, azar o deles. Um dos vizinhos não perdoava nada.

As informações que Alberto conseguira eram verdadeiras e ele sabia disso, pois já estava na frente da enorme e pomposa casa, vislumbrando o jantar a dois numa mesa que, a julgar pelo brilho, era cravejada por algum tipo de pedra preciosa.

Agora, meu querido prefeito, aprenda a passar informações corretas. Está vendo como elas fazem tamanha diferença numa missão?


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Notas finais do capítulo

Espero os reviews dos leitores sumidos e até recomendações. Eu mereço, não?
Até,