Pan, the Devil escrita por Lu Falleiros


Capítulo 20
Cap. 19 - Carta para o escuro.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem deste capítulo, ou ao menos o entendam~~
Para quem não me largou! XD
E quer saber o que vai acontecer, boa leitura. Se quiser acompanhar:
https://www.youtube.com/watch?v=QA_CNajQpJY



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A luz do sol ardia em meus olhos, revirava-me na cama, estava de ressaca, com os olhos inchados e dores por todo o corpo. Só queria dormir, no escuro, não há sonho e também não há pesadelos, não há belezas nem feiuras, não há problemas nem alegrias.

– Lucy... – A Rainha me chamou pela décima quinta vez, eu acabei dormindo no Salão.

Olhei para ela. Por que estava me sentindo em um lugar tão fofo de repente? Suspirei. Apertando os olhos. Ela roçava de leve os dedos em meus cabelos, como se quisesse me afagar de forma que eu fosse quebrar se me tocasse de forma menos delicada.

– Ra.... Mãe? – Esforcei-me para dizer mãe. Forçando um sorriso, enquanto as lágrimas se formavam mais uma vez.

– Não se force... – Ela pediu. Concordei com a cabeça, secando as lágrimas com as mãos, que estavam duras. Eu provavelmente dormi forçando-as.

– Eu sei que não quer me falar, mas... Por favor... – Comecei a implorar antes mesmo de pedir. Ela ergueu a mão me impedindo.

– Eu sei... – Suspirou. – Sinto falta do seu pai... – Ela sorriu. – Ele era melhor nessas coisas... – Suspirou mais uma vez me entregando um copo de suco, que pelo visto já estava em repouso na minha cômoda fazia algum tempo.

– Obrigada. - Assenti, tomando alguns goles.

Ela concordou. – Primeiro, - Ajeitei-me na cama para conseguir acompanha-la. – quero agradecê-la. – A Rainha sorriu fracamente, como se seu sorriso pudesse se quebrar caso percebesse que aquilo tudo não passava de um sonho. Abraçou-me. – Desculpa... Talvez eu não possa ajudar como gostaria. – Levei minha mão as suas costas abraçando-a de volta.

– Tudo bem... – Suspirei em seu ouvido. Senti-a chorar em meu ombro. – Eu sei...

– Vou continuar... – Afirmou ela. – Foi graças a você que realmente conseguimos acabar com o governo de Rumpel. Eu prometo que tentarei ao máximo ser a melhor Rainha que der, e quem sabe... Um dia.

Neguei com a cabeça. – Desculpe... – Juntei meus joelhos em meu peito e apoiei meu queixo no mesmo. Eu não queria magoá-la. Mas... Eu não queria governar um reino, e eu sentia falta de minha mãe e meus irmãos. Muita falta. Diana e Daniel, suas trapalhadas, risadas e até mesmo suas vozinhas irritantes.

– Não... – A Rainha sorriu fraco. – Eu sei, você vai voltar... – Ela sorriu mais. Instantaneamente a abracei, eu não queria magoá-la, ela era minha mãe, e era tão... Frágil. – Eu sou Rainha, não sou tão frágil assim... – Ela riu como se lesse meus pensamentos.

– Obrigada.

– Mas me prometa uma coisa? – Pediu batendo de leve no meu nariz.

– Qualquer coisa... – Sorri para ela.

– Vai sempre se lembrar do que houve aqui? – Pediu.

– Como poderia esquecer? – Levantei da cama. Eu só tinha uma dúvida crucial. Como eu ia voltar?!

– Obrigada. – Ela pegou em minha mão colocando um envelope na mesma. – É meio antiquado, mas eu espero que entenda. – Minha mãe riu.

– O que é isso? – Perguntei.

– Ah... Mais uma coisa. – Ela me entregou outro envelope, enquanto o primeiro era simples, branco, com letras fininhas e bem delimitadas escritas de uma forma chique porém, simples, este segundo era enfeitado. Amarelinho e com a caligrafia tão desenhada que era quase ilegível.

– Ok... Posso abrir?

– Só este. – Ela apontou para o envelope mais claro, o simplesinho, e que curiosamente, era o mais pesado.

– Ok... – Disse de novo.

– Eu te amo... – Ela sorriu. Acariciando a minha cabeça, mais uma vez.

Agradeci de novo.

– Vou chamar seus amigos. – Antes mesmo que ela abrisse a porta, Sininho adentrou voando rapidamente o quarto.

– Lucy!!! – Ela tentou me abraçar com os pequeninos braços, ficando grande e sentando no meu colo sem soltar o abraço. – Não se preocupe, você já leu, né? Então sabe que não é nada demais. NÃO CHORE MAIS!!! – Sininho apertou minha bochecha na dela tetando me animar, ela era como uma daquelas melhores amigas que nunca ajudam, mas que está sempre lá.

– Ela não leu! – Gritou a Rainha da porta, saindo logo em seguida.

Os meninos estavam todos lá. Eu sorri para cada um deles. Demócrates tocou meu ombro.

– Lucy, graças a você, eu parei de envelhecer aos 20 anos praticamente. Mas eu fico feliz... Que... Eu possa voltar ao normal... – Ele riu.

Aquilo era triste, mas não deixava de ser verdade.

– Lucy. Obrigado. Temos um lar. – Sorriram os meninos para mim. Só Sininho que não me soltava.

– Nós queremos ouvir também... – Balbuciou D'Artagnan, parecendo vermelho de timidez.

– Tudo bem... – Respondi. – É uma carta, mas eu lerei para todos.

Eles concordaram sentando a minha frente, no chão, enquanto eu continuava na cama. Agora de pernas cruzadas.

– Sabe... Aramis... – Balbuciou Demócrates, não sabendo se poderia mesmo me interromper, ele parecia um tanto acanhado. – Ele escreveu e reescreveu esta carta ao menos cento e oitenta vezes. – Ele sorriu, olhando para baixo. – No seu aniversário... Ontem... Durante todos os dez anos, ele verdadeiramente pegava e reescrevia...

Fiquei um tanto em dúvida do que haveria ali, mas estava também curiosa. Abri a carta. O papel, simples, estava amassado e as palavras haviam sido escritas várias vezes, ele havia apagado várias palavras, várias vezes. O papel em certas partes estava amassado e havia até mesmo tinta espirrada em alguns cantos das folhas.

A letra, apesar de bonita e bem escrita, dava uma sensação estranha, e isso fazia com que eu balbuciasse em algumas palavras:

'Por que tem que ser tão boa?' - A pergunta estava na primeira linha, ocupando ela por completo. Eu ri ao terminar de lê-la, mas o que vinha a seguir seria muito mais engraçado.

'Eu comecei este assunto de uma forma um tanto estranha, não é mesmo? Mas, se está lendo isso, é porque nunca mais verá meu cabelo negro ou meu não sorriso em sua frente. Em resumo, eu morri.'

Os meninos pareciam sérios, mas eu ria de nervoso, ao mesmo tempo em que lia, como ele conseguia escrever aquilo e parecer ao mesmo tempo tão engraçado e presente.

'Bom, eu queria dizer obrigado por salvar nosso mundo, de verdade. Também quero lhe dizer que não se preocupe, eu estou em Neverland. Pois morri, jovem, graças a você. E eu não acredito que gostei de você apesar de ser um cara de quase trinta anos. Eu realmente tenho problemas mentais. Eu sei.'

Agora sim, todos os meninos riam, além de mim, é claro.

'Eu te amo. E espero que sempre se lembre de mim. Continue rindo como eu sei que está agora. Sorria, viva sua vida, lá em Londres, e por favor, seja essa luz que eu sei que é.'

Sorri para a carta antes de terminar:

'Este ramo é de Heliotropium Arborescens, ela deve estar quase seca, está pronta para usar. Quando a cor roxa está mais forte do que sempre. Se comer um pedaço, irá voltar para Londres, e se lembrará daqui, espero que como um sonho bom.

PS: Tem algo aí dentro que você deixara comigo, lembra-se?'

Olhei para o envelope e o peso que antes se encontrava em minha mão fez com que eu me alegrasse de repente. O pingente branco com uma pequena flor desenhada. A flor de palma desenhada, seu comum significado é de grande amizade, de algo que durará para sempre. Eu sei que isso é verdade... Ele também sabia. Apertei o pingente no peito, vestindo-o logo depois.

– Obrigada rapazes... – Assenti, graças a eles eu não estava a chorar pela carta que acabara de receber.

– Como era possível? – Perguntou Philos.

– Eu também não acredito... – Demócrates respondeu como se todos estivessem trocando sinapses cerebrais

– Ele pensa muito mais do que fala... – Riram todos quando Sininho falou. Ela era mesmo muito cara de pau.

Ela estava certa. Estava na hora de eu voltar? Olhei para todos, muito preocupada. Mas seus olhos estavam tranquilos, como se soubessem que era mesmo a minha hora, eu deveria voltar. Não para esquecer, mas para viver. Eu agora poderia sonhar?

Abracei cada um deles uma última vez, um tanto quanto aflita, eu sentiria tanta falta deles.

– Viva sua vida... – Eles disseram.

– Vocês também...

– Finalmente. – Respondeu Argeu , ou melhor, tentou. Ele estava certo, eles estavam finalmente livres, deveriam viver suas vidas.

Sininho segurou em minhas blusa.

– Vou sentir sua falta... – Ela balbuciou.

– Eu também, você é minha melhor amiga.

– Sempre? – Perguntou.

Concordei com a cabeça. E automaticamente lembrei do que Pan disse: 'Nada dura para sempre.'. Mais uma vez, eu iria sim, provar que ele estava errado.

Coloquei a flor no meu lábio. Era azeda, mas nada tão desagradável que eu achasse insuportável. Aos poucos os meninos, Sininho, e a Rainha agora que estava novamente em meu quarto, a distância.

Antes que eu pudesse realmente querer, tudo se tornara escuro, e eu estava... Mais uma vez... Em meus sonhos.

Sonhos?

Espero que gostem deste capítulo, ou ao menos o entendam~~
Para quem não me largou! XD
E quer saber o que vai acontecer, boa leitura. Se quiser acompanhar:
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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Eu não terei como postar o próximo hoje... Sinto muito.
Mas espero que estejam ansiosas, ainda há surpresas, realmente importantes por vir.
O que vocês acham que é? :3
Espero que estejam certas... Ou talvez não! O.o
Vamos ver~ O que acham?
Até amanhã... Ou semana que vem, quem sabe. ^^