Pan, the Devil escrita por Lu Falleiros


Capítulo 15
Cap. 14 - A verdade, finalmente, verdadeira.


Notas iniciais do capítulo

Título pleonástico... Hahhaa...
Eu espero que gostem, como já enformei, estamos caminhando para o fim da história, apesar disso, eu espero que acompanhem... ^^
E que gostem do capítulo... XD



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POV – Rainha

– Vocês são todos uns imprestáveis. – Aquela dor chata de cabeça me perseguia novamente. Não é possível. Devo estar com algum tipo de aneurisma, quem dera eu tivesse um ataque e morria logo...

Respirei fundo, controlando-me, ou ao menos tentando, para ouvir a resposta de Branca e Chapéuzinho.

– Sentimos muito. Ela está com Pan. – Gaguejou Chapéuzinho ainda com uma dor no lábio por ter configurado um belo hematoma na região.

– O quê?! – Esbravejei mais uma vez.

Como elas permitiram que aquilo acontecesse? Não percebem que se ela for a menina errada haverá mais mortes?! A única solução de Pan é o exílio e os paladinos.

– Mas qual o problema?! – Branca, que como sempre não acompanhava nada não entendera o que estava havendo.

– Mais mortes, como todos os anos, quando as quatro luas ficam minguantes... Isso não pode acontecer... Não pode. – Acabei balbuciando em voz alta.

Uma risadinha irritante impediu que qualquer outra pessoa pronunciasse palavra que fosse no recinto.

– Rumpel... O que lhe devo sua honorável presença? – Chapéuzinho ironizou.

Ri de leve contra minha mão que agora tapava minha boca.

– Não se preocupe com a garota... – Sorriu ele para mim.

– Como é? – Perguntei.

Rumpel estalou os dedos juntamente com sua língua em estalos irritantes de ‘tsc’ descompassados.

– Veja você mesma... – Um portal se abriu para uma masmorra, ou algum tipo de porão, eu não sabia dizer ao certo. Nela surgiu uma garota de cabelos castanhos e olhos um poucos mais escuros que esbravejava em voz alta com alguém.

– Esses olhos... – Apertei minha mão contra a cadeira um pouco antes de me por de pé e me aproximar.

– São os olhos do seu marido? – Perguntou Rumpel.

Pela primeira vez eu estava sem palavras para responde-lo. Com os lábios entreabertos e os olhos estalados eu apenas concordei com a cabeça.

– Com quem ela tanto grita? – Perguntou Chapéuzinho.

– Opppsss... – Rumpel riu um pouco mais, forçando tanto o esganiço de sua voz que retirou-me do devaneio. – Vejam vocês...

Agora na imagem estava também Pan, não em seu melhor estado devo dizer... Mas ainda sim, estava... quase... inteiro.

– Por que deixou ela com ele?!? – Corri para junto de Rumpel dando um soco em sua barriga. Claro que ele não sentiu quase nada.

– Ora... Ora... Deve ser mesmo sua filha, ela também não controla a paciência e é muito violenta. – Ele me observou, eu começara a ficar desesperada. – Vamos fazer o seguinte, eu, de graça, lhe entregarei algo que irá trazer a garota até aqui...

– E... – Perguntei com os olhos desafiantes.

– E ela vai pensar que isso tudo é culpa sua.... – Riu ele.

– Tá. Tudo bem... – Forcei-me a dizer, não era como se eu desejasse dizer aquilo, mas eu sabia que no fundo, no fundo, ela jamais seria mesmo minha filha... Prestes a completar 17 anos, ela não trocaria sua mãe, nem sua família, por mim.

Rumpel ainda contente e saltitante como todo bom bobo-da-corte, ou quase, já dizia o ditado ‘verdadeiros bobos são os reis’, não sei explicar, mas acredito que isto se encaixa perfeitamente na minha situação.

Rumpel, agora de costas para todos da sala estalou o dedo, e de uma altura de um metro e meio, mais ou menos, caiu ao chão o corpo de um garoto, seus cabelos iam até os ombros e ele possuía marcas, rasgos, hematomas e sangue por todo o seu corpo, ele estava muito fraco.

– Aramis? – Gritei correndo para perto do pobre garoto. Quase desacordado ele nem me impediu, apesar de ter muitos motivos para isso.

– Rainha? – Aramis entreabriu os olhos, um tanto em dúvida. O coitado nunca falara tanto comigo, ele estava realmente mal.

– Tá tudo bem. O que houve com os outros? – Perguntei sem dar atenção ao demônio que ainda se locava na nossa frente.

– Ela vai saber fazer isso... Eu sei.... – O garoto apertou a mão contra meu antebraço, dando-me um pouco de fé.

– É ela mesma? – Perguntei para ele.

Ele se aproximou para sussurrar essas poucas palavras. - Eu espero que sim...

Apertei o lábio, como reação natural ao ouvir suas palavras, rezando para que ele estivesse certo, fiquei a segurá-lo em meu colo como a um bebê, fazendo com que ao menos se sentisse um pouco mais aconchegado.

Rumpel riu da desgraça em sua frente, não havia ser mais sádico.

– O que quer agora?

– Nada. Ele é todo seu... – Rumpel desapareceu.

Branca e Chapéuzinho correram para perto de mim, tentando me separar do pobre garoto.

– Parem! Suas idiotas! – Gritei sentindo lágrimas se formando em meus olhos. O garoto estava em coma, não se mexia mais e sua respiração era tão fina e transparente quanto uma teia de aranha. Seus olhos negros e fortes estavam tampados por suas pálpebras. Ele tinha que viver. – Se querem ajudar tragam água. – Meu grito fez com que o garoto respirasse um pouco mais fote, ainda um tanto engasgado.

– Bo...

– Bo... O quê? – Perguntei tentando não chacoalha-lo muito.

– Esquerdo... – Ele disse com os lábios quase cerrados, como se não tivesse certeza do que estava dizendo...

– Bo... esquerdo? Bolso esquerdo? – Perguntei agitada, correndo a mão para onde estava, em sua cintura, seu kit de poções. Agarrei um tubo alaranjado. – Será que é para ele beber? - Perguntei para mim mesma tirando a rolha do tubinho, um cheiro adocicado e muito forte subiu até minhas narinas, fechei-as com a outra mão por precaução.

O jovem não me respondeu, decidi então arriscar-me, joguei o líquido em sua boca e fiquei olhando para seus olhos cerrados esperando que se abrissem.

POV - Lucy

Finalmente estávamos sozinhos e ele ia, esperava eu, me explicar o que estava acontecendo. Eu não esperava mais voltar para casa, e muito menos, rever meus irmãos e minha... mãe. Ao menos, não por enquanto.

Olhei para seus olhos e cabelos negros como a noite sem luar, ele estava machucado, muito mais do que eu, ao que percebi.

– Pan? – Chamei, tentando ficar um pouco mais calma.

– O que foi Lucy Green! - El esbravejou.

– Peter Pan! Controle-se! - Ordenei.

– Eu sei... - Ele olhou para baixo. Eu vou te contar. Então, cala a boca. – Ele olhava para os pés, que, na realidade, estavam presos por duras correntes de aço.

Engoli a seco, observando também aos meus pés. E Aramis? Fiquei a pensar, tentando entender o que Sininho, que precisava do sol para se sentir melhor, queria dizer... Ajudar os dois? Como eu posso ajudar aos dois?

– Lucy.... – Pan respirou, senti meu coração tremular, gerando arrepios na minha nuca com suas palavras.

– Hum... – Respondi sem abrir a boca, o eco, porém, fazia meu grunhido parecer muito mais alto.

– Por onde eu começo? – Ele se debateu tentando coçar os cabelos, o que não conseguiu. Apenas o tilintar das algemas era audível. – Aquele ser, Rumpelstiltskin Gold. Ou Gold, ele quem me criou...

– Tá falando que ele é seu pai? – Fiquei com dó de Pan, se o caso era esse, eu tinha muita sorte, até onde entendi, tive duas mães e um pai.

– Não... – Ele negou várias vezes bagunçando seus cabelos negros com o movimento. – Eu não tenho pais.

Não sabia como responder àquilo, era mais triste do que eu poderia considerar. Quero dizer, ele fora... feito? Como um boneco? Se eu conseguisse, iria abraça-lo. Eu queria abraça-lo... Apertei os olhos tentando impedir às lágrimas. Ninguém merece não ter pais, nem mesmo ele.

– Mas... – Balbuciei, apesar de querer muito mais abraça-lo que falar qualquer coisa. – Você tem amigos... – Forcei-me a dizer, os Meninos eram sua família.

– Talvez, mas eles, ao menos no começo, eram forçado a ficar comigo. – Disse.

– Como é? – Perguntei.

– Os Meninos disseram que você viveu em Neverland. Não é? – Perguntou ele. Concordei. – Pois bem, você e seu pai foram raptados por Gold, e eu, estava lá para lhe matar... – Pan sussurrou a última palavra.

É claro que eu não lembrava daquilo, eu era um bebê, mas como ele poderia fazer isso... Como?

– Tá. – Tentei parecer apática. – E os Meninos?

– A Rainha conseguiu descobrir aonde você estava, pois, seu pai, carregava com ele uma pequena caixinha de música... – Pan cantarolou. Aquela música. Ele já a havia cantado antes, eu sabia! Eu sabia que eu conhecia!! Eu conhecia mesmo!

– Era uma caixinha de pinho... Com uma fadinha dentro.

– Você lembrou... – Pan suspirou, parecendo aliviado. – Essa caixinha ainda está em Neverland, se conseguirmos voltar para lá, ou você... pode leva-la... – Pan forçou um sorriso triste. Agora as lágrimas irromperam de meus olhos e eu não evitei gritar.

– PAN! SEU INÚTIL! IMBECIL! IDIOTA! VOCÊ NÃO VAI MORRER!!! ME ENTENDEU?! NÃO VAI! PORRA! NÃO PENSE ASSIM DE VOCÊ MESMO! – Agitei os braços que estavam colados contra a parede.

– Obrigado. – Pan sorriu um pouco mais sincero. – Eu vou terminar... E assim você irá entender.

Concordei, as lágrimas agora pingavam de meu queixo para a minha blusa, algumas no chão, eu não conseguia me controlar.

– Bom, sua mãe, graças a essa música, conseguiu descobrir aonde você estava, até então, Neverland, não tinha nome. Mas sua mãe disse: 'ela nunca ficará nesta terra'; 'nunca deixarei que ela se perca'... Ela repetia nunca quase sempre, então ficou... Neverland, e a magia tomou conta do lugar. Todos que lá vivessem, jamais envelheceriam. Era a Terra do Nunca, onde Nunca nada muda. – Pan apertou o lábio. Seus olhos estavam estranhamente brilhantes. – Como disse antes... – Ele apertou os olhos agora, fitando-me. – Os meninos foram pedidos da Rainha, ela enviou soldados, os mais jovens, para lá, para ajudar a me vencer. Mas eles, no final, acabaram sendo exilados naquele lugar, comigo, eles não tinham como me matar, nem mesmo Gold consegue, e sem cumprir sua missão, não poderiam retornar.

– E como você sabe? – Perguntei, será que isso não era apenas paranoia dele? Os meninos não lhe contariam isso, contariam?

– Todo ano, as quatro luas mágicas ficam minguantes juntas, apenas uma vez. É neste dia que eu fico mais vulnerável, onde nada ilumina. Neste dia, eu estou mais fraco. Normalmente, quando apenas uma lua se torna minguante, por ela ser única, ela me dá força... – Ele sorriu. Única como ele... Pensei. – Neste dia, todo ano, os meninos tentam me atacar de algum jeito, e eu, acabo machucando-os.

Aquilo era brutalmente triste. Como aquilo poderia ser real? Mas era, por mais louco que parecesse. Os amigos que se apunhalam pelas costas, no final, não é tão louco assim.

– Mas você faz isso de propósito? – Perguntei apertando os olhos.

Pan negou. – Essa é a minha maldição... – Ele suspirou.

– E que dia é esse? – Perguntei.

– Amanhã... – Pan reclamou.

– Mas amanhã... - Neguei com a cabeça tentando ter certeza de que eu não estava errada.

– Sim... Amanhã é o dia do seu aniversário. – Pan concluiu o que estava em minha mente.

– E o que isso quer dizer? – Perguntei.

– A expressão do amor verdadeiro é um sentimento que ninguém consegue explicar... – Pan indicou. – É uma coisa tão poderosa que extermina as trevas. – Recitou ele. – Neste dia, o amor que você tiver, se for por mim, e o mesmo for expressado, você matará as trevas. E não só Gold morrerá, todas as trevas que ele criou, também...

– Quer dizer que... – Olhei para baixo, meu coração antes acelerado agora parou, congelado.

– Sim. Eu vou morrer. – Disse ele, instaurando o reinado de um silêncio inquebrável para nós dois. Ninguém falaria, não um de nós.


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Notas finais do capítulo

Quero agradecer à todos os meus leitores e leitoras lindas do meu