Connected Spirits escrita por MidnightDreamer


Capítulo 25
No sótão da casa


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora, sabe como é o carnaval...



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— Olá, quem são vocês?

Nossa. A mulher que nos atende é extremamente linda. Seu cabelo é loiro e curto, sua pele é tão alva que chega a assustar e seus olhos são de um verde tão vivo quanto o de uma floresta em dia ensolarado. Olho para Elliot, que está boquiaberto.

— Nós somos Vanessa Miller, - Digo, tentando quebrar o clima estático que havia se formado. - E Elliot White. Viemos aqui para falar com...

Julia. Jaden sussurra para mim.

— Julia Audreys. Ela está? - Pergunto.

A mulher, talvez uns três anos mais velha que eu, sorri.

— É minha mãe. - Ela responde. - Entrem, por favor.

Você não tem noção do quanto meus olhos estão arregalados, Bem, os meus e os de Elliot. Ouço uma risadinha de Jaden.

Helen tinha cinco anos quando eu morri. Minha meia-irmã... Eu não pensei que ela estaria tão grande.

— Mas ela é tão nova... - Sussurro, enquanto ela some de nossas vistas.

Ela só aparenta. Tem... 28 anos.

E meus olhos se arregalam mais, e minha boca os acompanham. Elliot olha pra mim e sorri, abraçando-me. Olho para as escadas e vemos uma senhora idosa descendo cuidadosamente as escadas com a ajuda de pelo visto, Helen, a meia-irmã de Jaden. Como ele nunca havia me dito que tinha uma irmã?

— Mamãe, estes são Vanessa Miller e Elliot White. - Ela se aproxima de nós novamente. - A propósito, eu sou Helen.

— Helen, você é tão ingênua... Não devia deixar estranhos estrar em casa. - A senhora, Julia, sorri para ela. - Mas algo me diz que esses jovens são pessoas boas.

Julia se senta na poltrona a nossa frente.

— Querem alguma coisa? Água, chá? - Helen indaga.

— Água. - Eu e Elliot falamos ao mesmo tempo.

E então ela se retira, indo para a cozinha. Julia nos fita, sorrindo. Ela está com os cabelos longos e grisalhos presos em um coque muito bem feito, e seus olhos azuis observam cada movimento que nós fazemos.

— E então? - Ela suspira. - O que vocês, desconhecidos, fazem em minha humilde casa?

— Bem, eu eu Vanessa... - Elliot começa.

Sei que o que virá a seguir são mais mentiras, e... Sinceramente? Estou farta de tudo isso.

— Não. - Interrompo-o. - Nós não podemos mentir pra ela, Elliot.

Ele olha confuso pra mim, mas assente. Eu suspiro, e Helen volta pra sala com nossa água.

— Obrigada. - Agradeço, e ela se senta na outra poltrona ao lado da mãe.

— Bem, eu sei que tudo que eu vou falar agora é muito estranho, talvez até inacreditável, mas... - Elliot me abraça. - Julia, você tinha um filho chamado Matthew, não tinha?

Ela olha para nós dois um pouco assustada, e Helen encara o chão.

— Sim. Matthew é meu primogênito. - Ela sorri, pegando um porta-retratos da mesinha de centro. - Por quê?

— Se eu lhe disser que... Eu consigo me comunicar com ele?

Ela franze o cenho. Helen pega os copos vazios de nossas mãos e volta para a cozinha muito rápido. Oh, Deus... Eu não podia ter entrado nesse assunto assim desse modo! Umas lágrimas descem por seus olhos.

— Eu realmente espero que isso não seja uma brincadeira de mal gosto. - Ela olha diretamente nos meus olhos. - Continue. Explique-me tudo.

— Desde criança eu escuto esse homem falando comigo. Meus pais chegaram a me levar a psiquiatras e a vários psicólogos. Quando a minha mãe faleceu, esse fantasma que falava comigo nunca mais se manifestou, e só voltou a se apresentar a algumas semanas atrás. - Faço uma pausa, engolindo em seco. - Ele se denominava Jaden, mas depois me falou que o nome que ele tinha quando vivo era Matthew Audreys.

— Jaden... Esse era o nome do meu avô. Ele sempre gostou desse nome.

— Sim. - Sorrio. - Agora eu preciso explicar o porquê dele falar comigo.

E é isso que eu faço. Ao contrário do que eu estava pensando, ela escuta calmamente tudo o que falo, até mesmo quando menciono minhas visões. Helen acaba voltando para a sala, e percebo que seus olhos estão cheios de lágrimas. Eu termino, e ela suspira profundamente e olha nos olhos de Helen.

— Como eu posso acreditar em você? - Ela pergunta.

Suspiro.

— A cor favorita dele é verde. Tocava piano, Alice que o ensinou. - Eu começo a falar tudo que eu sei sobre ele. - Ele conheceu Alice ainda na escola, mas só teve coragem de falar com ela depois do ensino médio. A meia-irmã dele, - Olho para Helen. - Tinha cinco anos quando ele faleceu. Bebia demais. Costumava tomar chá todo dia quando acordava, e sempre chá...

— Verde. Só chá verde. - Os olhos dela estão extremamente inchados. - Oh, meu Deus...

— Eu ainda posso pedir algo para ele fazer agora.

— Ele está aqui? - As duas perguntam em uníssono.

Assinto com a cabeça. Por que estou chorando tanto?

— Jaden - O chamo. - Você pode fazer algo para provar que está aqui?

Elliot pega o papel com o endereço da casa escrito e coloca na mesa de centro.

— Jaden, você pode dobrar esse papel ao meio duas vezes? - Elliot pergunta, sendo mais preciso.

E então Jaden faz o que ele pede. E os olhos delas derramam mais lágrimas, e meu coração se esmigalha. Acho que até Elliot está chorando também. Pela primeira vez eles estão tendo um contato desse tipo, e pensar que principalmente Julia sofreu com a perda dele faz com que eu também desabe em choro.

Por que eu não tive uma mãe que me amasse do mesmo jeito que ela o ama.

— Oh, meu Deus...

— Ele precisa da minha ajuda. - Suspiro. - Da nossa ajuda.

Ela seca o rosto, e Helen a abraça forte sussurrando palavras doces para ela.

— O que eu posso fazer? - Ela pergunta.

— Jaden, ou melhor, Matthew disse que quando ele estava brigado com Alice, escreveu várias cartas para ela pedindo perdão. Ele me disse que estão todas aqui, no sótão ou porão, não lembro bem.

— Sim, no sótão. - Helen se pronuncia. - Mamãe guardou todas as coisas dele lá. Venham, eu mostro pra vocês.

Julia continua sentada na poltrona, e algo me diz que nem mesmo tudo isso que está acontecendo vai fazer com que ela suba conosco. Relembrar tudo isso deve estar deixando ela triste. Eu e Elliot nos levantamos e seguimos Helen.

— Você se lembra de alguma coisa dele, Helen? - Pergunto, adentrando a biblioteca delas.

— Não. Eu era muito nova, sem falar que ele ficava mais tempo na casa do pai dele, antes de ir morar com Alice... Na verdade, a única coisa que lembro do meu meio-irmão é o abraço dele, por que era o mais apertado que alguém já havia me dado. Acho que ele sempre tentava me proteger, já que desde recém-nascida corri riscos.

— Como assim? - Questiono, enquanto ela abre a portinha no teto da biblioteca.

— Mamãe me teve com 41. Gravidez de altíssimo risco para nós duas...

— Nossa. - Murmuro, subindo as escadas retráteis.

E então chegamos ao sótão. Está bem empoeirado, com teias de aranha e tudo mais, mas a única coisa que me chama a atenção é um enorme baú amarelo.

— É lá onde estão as coisas dele. - Helen nos dá passagem.

Elliot vai na minha frente, e eu seguro em sua mão como quem segura a própria vida. Eu preciso de toda a ajuda do mundo agora... Mas tenho um bom pressentimento em minha mente. Algo me diz que assim que puser as mãos nessas cartas, saberei como encontrar a Alice de verdade.

E então Elliot abre o baú. Dentro dele há uma caixa cinza.

— Aí estão as cartas. Eu nunca as li.

— Podemos levar para casa? - Pergunto.

— Acho que vocês deviam perguntar a mamãe.

Nós descemos com a caixa, e perguntamos para Julia.

— Sim, desde que me devolvam. - Ela sorri, me abraçando e abraçando Elliot também.

— Muito obrigada mesmo, senhora Audreys.

Ela dá um leve sorriso, quase irônico.

— Eu que agradeço, Vanessa. - Ela ajeita meu cabelo. - Eu que agradeço tudo o que você está fazendo por meu filho.


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Notas finais do capítulo

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