Skinny Love escrita por Queen


Capítulo 35
Skinny Love.


Notas iniciais do capítulo

Desculpe-me pela demora, sério.
Minha vontade era de ter postado o capitulo na terça feira passada, dia dezoito, porém ocorreram tantas coisas sinistras que não pude postar. Eu to postando logo hoje porque amanhã provavelmente estarei de castigo, e se eu não postar em Arabella ou CPH dia 28, é porque eu realmente estou de castigo, sério.
Escrever esse capitulo foi doloroso, enquanto escrevia, a todo momento, eu sussurrava "Poxa, é o ultimo" e eu sentia vontande de chorar feito um bebezinho.
Escrever esse capitulo foi uma experiencia meio louca, pois eu nunca havia me entregado para uma historia como eu havia me entregado para Skinny Love.
Eu espero realmente que vocês gostem e em instantes eu postarei o epilogo!
Tenham uma boa leitura, leiam ouvindo, do "***" para frente, a música Skinny Love da Birdy.



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Samantha apertou meu pulso e me olhou animada. Eu estava concentrada no aglomerado de pessoas que estavam ao redor de Luke, ainda não havia realmente visto seu rosto, apenas seu perfil. Sam me arrastou por todo o salão e visitamos todos os estantes de livros, ela disse que iriamos até Luke apenas quando o movimento diminuísse, ou seja, faltando pouco para a feira acabar. Eu estava tão nervosa e ela me acalmava com coisas bobas, cantando musicas animadas e me obrigando a comer sorvete de morango. Ela havia se tornado uma garota um tanto quanto mandona, daquele tipo que você não pode contradiar e nem dizer “não” ou “mas” como resposta.

Estávamos sentadas em um banco próximo a uma sala que Luke iria ficar para fazer entrevistas, seria nesse momento que eu o abordaria, quando um grupo de adolescentes eufóricas correram em nossa direção e pediram para tirar foto com Samantha. Ela não gostou nada disso, porém deu um sorriso forçado e fez pose para algumas fotos.

– Eu adoro seus vídeos! – Uma delas disse e Samantha agradeceu animada. Essa mesma olhou para mim e tirou uma foto minha sem permissão, nem ao menos pude fazer uma pose para a foto. – Para guardar de lembrança!

Elas saíram animadas, então Sam e eu caímos na gargalhada. A todo o momento olhava para o meu relógio de pulso e apertava o livro contra o meu peito, tentando em vão acalmar meus nervos. Perto das nove e meia, poucas famílias ainda se encontravam ali, algumas crianças e jovens, fui ao banheiro e Samantha continuou no banco lendo um dos livros que ela havia comprado. O problema, é que para ir para o banheiro, eu tinha de passar em frente ao estante onde a mesa em que Luke se encontrava estava. Passei correndo por ali, com minhas pernas bambas, ainda segurando o livro e ousei olhar em sua direção. Esse foi o erro, já que automaticamente minhas pernas mudaram o percurso e em um piscar de olhos, eu estava atrás de três pessoas na fila de espera para a assinatura de Skinny Love.

Engoli em seco quando restava apenas um rapaz na minha frente e ninguém atrás de mim. Tentei espiar por cima do ombro do cara, porém ele era muito alto e quando saiu eu estaquei no meu lugar, olhando para o enorme pôster de divulgação atrás de Luke. O pequeno clic da caneta fez com que eu saísse do meu transe e obrigasse minhas pernas a irem para frente.

Estendi o livro, ele olhava para a mesa. Devia estar nessa posição curvada a um bom tempo.

– Com amor, Muñoz, para... – Sua voz fez com que cada poro do meu corpo se arrepiasse. Estava rouca, baixa e incrivelmente sexy. Por Deus, quase entrei em combustão. – Qual o seu nome?

– Hum... – O que eu falo? Thalia? Lia? Grace? Alguém me socorre. – Punk nerd do satã.

– Punk nerd do... O QUÊ? – Levantou o rosto e nós esbugalhamos os olhos no mesmo momento. Fiquei perdida na imensidão dos seus olhos azuis, percebendo que não havia mudado absolutamente nada. Estavam mais intensos, de fato, porém ainda continuavam lindos, límpidos, fazendo-me sentir como se estivesse olhando para o céu em um dia ensolarado. Ele estava lindo! Claro que alguns traços em seu rosto haviam sofrido certas modificações com o passar dos anos, mas ele ainda continuava sendo o Luke, o meu Luke, com covinhas e um sorriso caloroso. Havia uma cicatriz grossa branca que corria desde logo abaixo do olho direito até o queixo, isso me deixou indignada, onde ele poderia ter conseguido aquilo? Uma briga, talvez? Mas a questão não era essa, a questão era que ele não ficava feio com esse defeitinho no rosto, na verdade, o deixava ainda mais real. Ele me encarava de forma tão surpresa que eu comecei a ficar vermelha e me aproximei mais. Luke automaticamente se levantou e veio em minha direção, meio hesitante. – Não pode ser.

Agora estávamos frente a frente. Mesmo sem pedir permissão, peguei suas mãos e apertei, ele apertou de volta, olhando-me nos olhos. Um sorriso enorme estava quase para saltar do seu rosto, enquanto eu permaneci quieta, meus olhos começando a ficar meio úmidos. Ele se aproximou mais e me abraçou com uma força tremenda. Minhas pernas ficaram bambas e eu retribui, sentindo seu coração palpitar contra o meu rosto, já que eu ainda continuava mais baixa que ele, nossas respirações estavam em uma perfeita sincronia. Eu chorava feito um bebê e sabia que ele também, já que seus ombros estavam subindo e descendo constantemente. Eu não queria me afastar, mas foi preciso, e quando fizemos isso ele beijou a minha testa e eu fechei os olhos, gravando aquele momento no lado mais profundo dos meus pensamentos.

– Eu esperei tanto por isso que agora nem mesmo sei o que falar. – Confessei envergonhada e Luke riu. Sura risada foi como uma melodia para meus ouvidos, fazendo meu estomago se revirar de uma forma agradável. O abracei novamente, ainda sem saber se aquilo era real ou não. – Eu... eu... me desculpe, eu... ai.

– Shiiii. – Me apertou com força, e acariciou meus cabelos. – Você fala demais, não se esqueça de que o silêncio é agradável. Palavras suas, não minhas.

Sabia que ele estava sendo irônico e fazendo piada para aliviar o clima. Eu fiquei constrangida quando nos separemos e fiquemos nos encarando por um indeterminado tempo. Luke me convidou para sentar ao seu lado, e assim eu o fiz, nós ficamos nos encarando mais uma vez, sorrindo feito dois idiotas.

– Mas então...? – Ele começou, olhando-me dessa vez por inteira, sem focar diretamente no meu rosto. – Como você tá?

Chegava a ser irônico a forma como nós dois estávamos conversando, como se nada tivesse acontecido, como se fossemos apenas dois conhecidos que havia se esbarrado no supermercado. Mas eu sabia que não era isso, eu sabia que era apenas questão de tempo até que as coisas se aprofundassem e estivéssemos conversando sobre coisas sérias, sobre o passado, sobre as promessas.

– Ah, estou bem, eu acho. E você?

– Hum, tirando o fato de que estou com o coração na boca e uma vontade louca de ficar abraçado com você pelo resto da noite, está tudo ótimo.

– Continua o mesmo romântico cafona de sempre, Castellan?

– Eu sou um romântico cafona? – Fingiu estar ofendido, fazendo-me sorrir e dar um tapa de leve em seu braço, como nos velhos tempos. – Ora essa, você nunca reclamou antes.

– Porque achava fofo, ué.

Ué.

– Qual o problema de falar ué?

Ué. Que horror, tão caipira.

– Nossa, só porque virou o escritor rei não significa que deva corrigir até isso, Lukito.

– Não sou escritor rei. Willian Shakespeare que foi e sempre será. – Me olhou desafiador, esperando eu rebater, mas deu-se por vencido quando eu apenas dei de ombros. – Você está diferente.

– Você também. Sabe, teu corte de cabelo tá legal e...

– Não. Não estou dizendo na aparência, Grace, você realmente está diferente. Mais... Madura.

– Uma hora temos que crescer, não é?

– É.

E a conversa morreu ali, já que voltamos apenas a nos encarar. Poucas pessoas vieram até ele pedir autógrafos e eu estava esperando o momento certo para falar sobre o livro. Por hora, era bom apenas encara-lo. Samantha apareceu logo depois, gravando tudo e dando risos e gritos escandalosos por onde passava. Ficou nos enchendo por um bom tempo, perguntando quando é que iriamos finalmente deixar a timidez de lado e nos beijar. Não era questão de timidez, era questão de que ainda haviam coisas para serem resolvidas.

– Vamos para outro lugar? – Luke perguntou, visivelmente irritado pela atitude infantil que Samantha estava tendo. Eu assenti e ela voltou a gravar, apontando para nós e dizendo “Para onde será que nosso casal preferido vão? Pessoal, thaluke é real! Será que vão ter uma seção de agarros ou um pedido de casamento? Não sei, nos vemos depois, com mais noticiais! Beijinhos iluminados da Sammy.” – As vezes ela extrapola.

Nós andamos lado a lado para saída. Meu livro havia ficado com Samantha e eu estava mais concentrada em me manter estável ao lado de Luke do que em qualquer outra coisa. Estava frio do lado de fora e nós não dissemos nenhuma palavra durante o percurso até uma lanchonete à duas quadras. Eu chutava pedrinhas e Luke assobiava olhando para o céu. Claro que em nenhum momento esperei que ele simplesmente fosse me agarrar e nós viveríamos felizes para sempre, não, claro que não, tínhamos ainda barreiras para enfrentar e pautas para discutir. A vida não é um conto de fadas, você não pode simplesmente desejar algo e em um passe de mágica tudo acontecer. Não.

Sentamos em uma mesa mais afastada das outras e eu pedi chá de camomila e Luke um café. Estávamos frente a frente e eu encarava a sua mão direita, onde um anel – ou melhor, aliança – estava no seu dedo anelar. Senti um frio no estomago e uma imensa vontade de chorar.

– Vejo que não cumpriu sua promessa. – Falei ácida olhando para o anel de noivado. Luke ficou ereto em sua cadeira, apenas me encarando, não consegui o encarar de volta.

– Você também não cumpriu a sua.

– Mas eu ia voltar.

– Quando? Daqui a um ano? Dois? Ou quem sabe quando você já estivesse farta daqui e farta de fugir de mim, de nós, da nossa história? – Não falei que seria apenas questão de tempo para o real realite show acontecer? Relembrar o passado sempre acaba em tragédia. Suas palavras me machucaram de uma forma ao qual não sei explicar. – Isso é tão irônico, nós dois estarmos aqui, nessa droga de país, com você tão igual e diferente ao mesmo tempo. E nós dois estarmos discutindo por algo bobo.

– Não é bobo. Se fosse, não causaria tal efeito em nós dois. – Esbravejei e Luke endureceu a expressão, desviando o olhar para o guardanapo. – E aí, quem é a noiva?

Ele respirou fundo antes de me encarar novamente.

– Clara. Clara Heather.

Meu primeiro pensamento foi: Puta merda. E o segundo: Eu vou matar esse babaca e essa vadia.

– Você não pode estar falando sério. Por que logo... ela?

– Não estamos mais noivos. Faz dois meses que terminamos. Quero dizer, nosso namoro durou cinco dias e eu a pedi em casamento, duas semanas depois terminamos. Ao se passar um mês e você não aparecer, eu perdi as esperanças. Você tem que entender, eu simplesmente não poderia esperar para sempre. E aí a Clara apareceu, e ela não aprecia a mesma garota infantil que era e eu resolvi tentar, pode até parecer loucura meu desespero, mas eu achava que ao se casar com ela, eu poderia esquecer você, eu poderia suportar. Mas não deu certo, ela ficou irada quando eu publiquei o livro e me inspirei em você para fazer Aisha, quando pus parte da nossa história em Skinny Love, nunca poderia ter dado certo, só pelos simples fato de ela não ser você.

Abaixei o olhar e engoli o nó que havia se formado em minha garganta. Ele estava certo, não poderia ter simplesmente esperado para sempre. Eu o privei de muitas coisas, sete anos não são sete dias, é como uma vida. E agora estávamos ali, em uma lanchonete 24 horas pouco movimentada e eu queria gritar para todos ouvirem o quanto eu o amava e quanto sentia sua falta, ainda mais depois das suas últimas palavras “Nunca poderia ter dado certo, só pelo simples fato de ela não ser você.”

– Desculpa. – Sussurrei e ele segurou minhas mãos, um calafrio se alastrou por todo o meu corpo, não consegui encara-lo quando comecei a falar: – Ao terminar meu curso na faculdade, eu consegui me alistar em um hospital. A oportunidade de ficar foi muito tentadora, e eu acabei cedendo. Além de quê, Jason pretende continuar aqui, ele e Piper irão se casar em breve. Eu comecei a criar expectativas e fiquei deixando San Diego para segundo plano, mais uma vez, e esse foi um grande erro. Mas vejamos: Eu nunca mais havia recebido nenhum sinal de vida vindo da sua parte, ninguém nunca queria tocar no seu nome, aos poucos eu fui me acostumando a ficar só novamente.

– Eu tive que me afastar, me afastar de todos de San Diego para tornar as coisas mais suportáveis. – Desabafou e acariciou meu braço, agora olhando-me no fundo dos olhos. – Você sabe, não sabe? Que não importa quantos anos se passem, quantas pessoas cruzem nossos caminhos, nós estaremos sempre ligados.

Assenti e ele beijou meus dedos finos. Sentir seus lábios contra minha pele deixou-me em um transe ao qual só foi quebrado quando a atendente apareceu com nossos pedidos. Ela deixou-os em cima da mesa e nos exibiu um sorriso caloroso. Retribuímos.

Bebemos em silêncio. Ora ou outra nos encarávamos, mas nada dizíamos. O silêncio estava sendo mais aceitável naquele momento e estava sendo gostoso a sensação de sentir nossas pernas se cruzando por debaixo da mesa, em uma brincadeira infantil. Quando minha tornozeleira enganchou na sua calça social, nós dois sorrimos ao mesmo tempo e ficamos assim, com minha perna direita grudada na sua esquerda.

– Está vendo, eu prevejo o futuro, nosso destino está entrelaçado, assim como nossas pernas.

Eu gargalhei e revirei os olhos. Aos poucos, estávamos nos aproximando e rolava leves toques aqui e ali, como sua mão sobre a minha, ou meus dedos percorrendo seu braço ou seu polegar em meu rosto. Era como se tudo estivesse acontecendo em câmera lenta e pela primeira vez.

– Então, me fala, como é que foi os últimos anos na Califórnia?

Ele suspirou antes de se aproximar mais um pouco e responder:

– Eu decidi fazer faculdade em São Francisco, lá as oportunidades são maiores. Uns dias depois, Percy veio com uns papos meio estranhos e enrolou até o momento em que pediu que eu ficasse subsistindo o seu lugar no grupo do apoio e como ele é meu melhor amigo, acabei aceitando. Foi bem legal, eu tive que estudar um pouco sobre psicanálise e todas as essas coisas para ajudar o pessoal, tínhamos uma espécie de cronograma e em toda reunião havia algo ou alguém novo. As pessoas foram melhorando aos poucos, depois de Reyna, houve outro suicídio. Foi um rapaz, novo demais para tal ato. Foi estranho, porque ninguém ali era realmente próximo dele e mesmo assim fizemos algo para ele e comparecemos em seu funeral. Fraternidade é, sem duvidas, a melhor coisa da faculdade. Uhu, bons tempos. – Falando assim, eu comecei a rir e ele também. – As coisas se complicaram um pouco no início de tudo, mas se bem que eu levei uma lição básica para casa, afinal, quando o mundo simplesmente decidi virar as costas para você, é bem mais fácil virar as costas para ele também.

– O que você quer dizer com isso?

– Meu pai, ele queria que eu me formasse em direito e ao chegar no primeiro semestre com a noticia de que estava fazendo jornalismo ele não aceitou bem a ideia. Ele ficou irado, na verdade. E não me apoiou. Nem um segundo. Ele virou as costas para mim e ele era como um ícone para mim, Lia, meu mundo. Foi difícil para que eu pudesse aceitar ao fato de que nada faria ele mudar o ponto de vista, acabou então que eu virei as costas para ele também. Pouco tempo antes de terminar a faculdade de letras, reencontrei a Clara. Ela estava diferente. A gente voltou a sair, conversar e tudo mais, então eu pedi a ela em casamento. Eu não tinha nada em mente, eu não a amava, só estava cansado de ficar sozinho. E você nunca mais havia aparecido, eu estava desesperado, ela aceitou, a gente começou a brigar por conta da publicação do livro, então terminamos. Trágico. Nunca poderia ter dado certo. Continuo usando o anel porque gosto dele, ele me lembra o anel de castidade que eu usei até os dezessete anos. Uh, beleza. Eu voltei para San Diego depois disso, o grupo se expandia cada vez mais e aí virou uma ong, por incrível que pareça, quem cuida das coisas lá agora, além de mim, é o Valdez, foi uma forma que ele achou de se redimir com a Dra. Jackson. Estou morando na sua antiga casa, já que a sua tia iria aluga-la para um casal de ciganos drogados. O livro fez um sucesso maior do que eu imaginava e agora estou aqui. Simples assim.

Nós nos encaramos. Eu tinha tanta coisa para perguntar e sabia que ele também, mas eu preferia ficar encarando-o de uma forma intensa, sentindo minha cabeça martelar ao me lembrar da primeira vez que tivemos um contato físico, quando ele colocou seu braço sobre meu ombro de um jeito sacana no pub, oferecendo um acordo. Um acordo que deu início a uma bela mudança em minha vida. Olhando diretamente em seus olhos me dei conta da saudade imensa que sentia daquelas sensações, a sensação de calor semelhante a que sentia no momento, dos seus dedos acariciando a palma da minha mão. Estávamos ficando cada vez mais próximos, na verdade, lado a lado.

Abaixei o olhar quando ele voltou a falar.

– Vejo que continua observadora como sempre. Tem o mesmo olhar demoníaco, que causa um frio enorme na espinha de qualquer pessoa. Está mais forte, mais destemia, mais e mais. Porém, até agora, o que mais me surpreendeu foi a comprimento dos seus cabelos.

– Ah, isso. Isso não é nada, a cada três anos eu corto e decido doar para uma instituição de câncer. Em três meses vou doar novamente. Cabelo cresce rápido e a Piper costuma dizer que eu fico bonita de qualquer jeito.

– Concordo com ela.

Corei e levantei o olhar, mas não para encara-lo e sim para olhar as coisas ao redor, minha horripilante mania que provavelmente nunca seria reparada.

– Acha que nós podemos tentar? – Ele perguntou depois de um bom tempo em silencio

– Tentar o que?

– Tentar tudo novamente. Recomeçar, ou melhor, continuar de onde paramos. Pulando a parte de todo o drama quando você veio para cá.

Fiquei em silencio batucando distraidamente na mesa. Meus pensamentos indo e voltando. Entre San Diego e Oxford. Eu parecia estar no meio de uma ponte que estava se rompendo aos poucos e eu precisava escolher para qual lado seguir, ir para frente me daria a capacidade de continuar com a minha vida, ser bem sucedida no hospital, permanecer ao lado dos meus amigos e família, presenciar casamentos, como o de Jason e Piper, ou quem sabe Katie e Travis, seguir em frente no mesmo percurso. Ou eu poderia voltar, voltar para o passado. Para a minha primeira vida, para a minha cidade, meus antigos amigos. Voltar para aquele garoto idiota, um tremendo skatista sentimental do caralho e viver com ele, construir uma família. Se eu não escolhesse logo, a ponte poderia se romper de vez e eu iria cair, cair para a escuridão, cair para algo que não estava planejado, algo que não estava nem no meu passado, nem no meu futuro. Eu só iria cair. Cair para sempre.

Há sete anos, eu estava em uma ponte semelhante a essa. De um lado, estava o garoto que eu amava e do outro a faculdade dos sonhos. Eu escolhi seguir em frente em vez de voltar, escolhi a faculdade, excluir ir para outro país e apagar parcialmente o meu passado. Só que, ao atravessar a ponte seguindo em frente, eu não notei que quando ela se rompeu, havia um desvio abaixo dela. Pequeno, fino, quase imperceptível, mas que continuava ali e que serviria muito bem para atravessar para o outro lado.

Agora, observando esse pensamento, percebi que o desvio abaixo da ponte era a promessa que eu havia feito antes de seguir em frente. A promessa de que eu voltaria algum dia a atravessar a ponte, voltar ao passado.

A ponte atual estava se rompendo, e, infelizmente, não havia nenhum desvio.

***

Eu não respondi. Na verdade, não tive a oportunidade de responder, já que no mesmo segundo o celular de Luke tocou e seu agente anunciou que estava na hora de sua esperada entrevista. Eu o acompanhei de volta ao salão de festas, a feira já havia sido encerrada e apenas jornalistas continuavam ali, entrevistando os escritores que continuavam presentes. Fui ao encontro de Samantha, que me encheu de perguntas, mas não respondi nenhuma. Estava focada procurando o desvio abaixo da ponte, tentando criar esperanças de que se eu pudesse continuar onde estava quando a ponte se rompesse, eu não cairia. Porém era ilusão, eu deveria me decidir. Tinha pouco tempo, muito menos de vinte e quatro horas. Eram onze e quarenta, Luke iria pegar o voo de volta às sete e meia da manha. Pouquíssimo tempo. Decisão fácil para alguns, impossível para mim.

Luke trouxe-me de volta para casa. Não conversamos nada durante o percurso de volta, ouvia-se apenas a voz de Sam fazendo mais um dos seus casuais vídeos, ela tinha algo parecido com um vlog e milhões de seguidores, a família Castellan parecida que havia sido feita para ser famosa.

Ao estacionar em frente ao meu apartamento, Luke suspirou e eu mordi o lábio inferior. Ele tirou o cinto de segurança rapidamente e se aproximou, minha respiração falhou quando achei que ele me daria um beijo nos lábios, mas ao contrario do que eu imaginava, ele deu um beijo estalado em minha bochecha e outro delicado e minha testa. Ao se afastar, nos encaramos e eu sussurrei baixinho "Eu te amo", ele não entendeu e em vez de repetir, simplesmente saí correndo do carro, sem olhar para trás. As lagrimas que havia segurado por tanto tempo estavam transbordando em meu rosto e eu corria, corria pelas escadas, porque o elevador demoraria tempo demais e talvez ele pudesse vir atrás de mim. Quando abri a porta do meu quarto e me joguei de forma desastrosa na cama, Katie e Jason vieram até mim tentando me consolar. Eu chorava feito uma idiota, Katie cantarolava baixinho e Jason acariciava meu cabelo. Chorei, chorei por um tempo indeterminado. Quando me recuperei um pouco, Jason declarou que o carro de Luke continuou estacionado na frente do prédio em que morávamos por quase meia hora, fazendo-me voltar a chorar. Meu celular não parava de tocar, minha cabeça martelava e meu peito estava sufocado, eu estava ficando sem ar diante disso tudo.

Katie passou sua madrugada fazendo chá de camomila e limpando minhas lagrimas, enquanto eu balbuciava coisas sem sentindo, lembrando-me do quão fui idiota indo me reencontrar com ele, já que provavelmente no fim ficaria no mesmo estado.

Ás cinco e vinte e sete, o clima estava terrivelmente frio. Jason estava dormido no canto da minha cama, eu estava encolhida e Katie falava sobre assuntos variados, tentando acalmar minhas reações. Eles eram, sem duvidas, as melhores pessoas do mundo, estavam provando sua fidelidade para mim naquele momento, ao ficarem ao meu lado. Aos poucos, parei de chorar e comecei a conversar com Katie, cintando detalhadamente todo o ocorrido, e antes de terminar a companhia tocou.

– Por favor, que não seja ele. – Gemi, já imaginando a reação que Luke teria ao me ver naquele estado.

– O que ele iria fazer aqui há essa hora? É o Travis, ele sempre sai de casa nesse horário, bebe um pouco de café, a gente conversa um pouco e aí seis e meia ele vai pro turno dele.

Ela se levantou da cama e foi abrir a porta. Eu soube que não era Travis ao ouvir uma discussão na sala, então a porta do meu quarto foi aberta e uma Samatha nada feliz, ao lado de uma Rachel com o rosto marcado pelo sono, entraram de uma forma triunfante.

Epa epa epa! Nada de chororô. Lagrimas lavam a alma, é verdade, mas convenhamos que, segundo as minhas seguidoras, gera rugas e tudo mais. Sou uma pré-adolescente, ou adolescente, não sei, que me preocupo um pouco com isso, então, meu amor, não chore. – Sam disse limpando as lagrimas que ainda escorriam pelo meu rosto. Ela vestia uma jaqueta preta e uma calça jeans justa, seu all star estava sujo de lama e deixava marca sobre a cerâmica por onde ela pisava. – Você está um horror, vamos ouvir um pouco de Nirvana e balançar esse esqueleto, é o melhor remédio para aliviar os ânimos.

– Sam, pelo amor de Deus, é quase seis horas da manhã. – Reclamei com a voz fina. Eu parecia que havia pegado uma virose ou algo do tipo.

– Exatamente. Isso me faz lembrar o fato que eu tive de implorar para a Rach me trazer até aqui para te ajudar a preparar suas malas e embalar suas coisas. Eu já comprei a sua passagem, cadeira ao lado do Luke, super romântico. Pena que não vou estar lá para gravar.

– De que merda você está falando?

– Thalia – Rachel pronunciou meu nome ainda meio sonolenta, ela estava quase cochilando em cima de Jason. – Não tente enganar ninguém, você quer voltar, você tem que voltar.

– Vocês não entendem. Eu construí uma vida aqui, tem a Katie aqui ainda, o meu irmão, eu me alistei em um hospital, eu...

Mana, para de criar desculpas. – Eu me assustei ao ouvir a voz de Jason, ele ainda tinha os olhos fechados, mas um sorriso brotava de seus lábios – Você sabe que quando eu me casar com a Piper, ou seja, em breve, eu vou me mudar daqui para ter minha própria casa ao lado da minha esposa. A Katie já não é mais nenhuma criança e o Travis está quase que se hospedando aqui também. Esse apartamento não é seu, Tia Ártemis deixou claro, ele é nosso. E nós temos uma boa condição de ter nossa própria casa, afinal, a herança deixada pelo papai foi enorme. Você pode muito bem ir para a Califórnia, encontrar um emprego rápido, pois pediatria é algo valorizado. Pare de tentar mudar as coisas, por favor, vá em busca da sua felicidade.

– Ele tá certo, Lia. Você ama o meu irmão e ele também te ama, vocês foram feitos um para o outei, você sabe disso. Quando você saiu correndo do carro, Luke ficou abalado. Ele chorou durante o percurso ate o hotel em que ele está hospedado, nem reclamou quando eu disse que dormiria com a Rachel. Acredite, no momento ele está tão pior quanto você.

Ao dizer isso, eu comecei a chorar ainda mais imaginando o estado que Luke poderia estar. Eles estavam certo, afinal de contas. Antes que eu pudesse falar alguma coisa, Katie já estava ajeitando a minha mala, Rachel e Sam me arrastaram ate o banheiro, e ao sair de lá, elas me apresentaram minha melhor roupa: Uma blusa listrada preta e branca de mangas compridas e uma calça skinny com cortes no joelho e na coxa, eu ficava sempre meio juvenil usando aquela roupa. Prendi meu cabelo em um rabo se cavalo e depois de muito enrolar, eu estava pronta.

Meu estomago embrulhava a cada passo que eu dava no aeroporto. Era sete e quinze. Sam, Rachel, Tony, Katie, Jason, Will, Travis, Piper e toda a tropa vinha ao meu alcance. As chamadas para o voo começaria em instantes e eu caminhava cada vez mais rápido arrastando minhas malas em uma mudança completa. Foi uma loucura arrumar tudo, mas Katie e Samantha se mostraram realmente dispostas todo o tempo.

Meu coração palpitou quando avistei Luke parado na fila de desembarque. Eu me virei para trás e dei um abraço forte em todos, e sem nem a menos perceber já estava correndo na direção de Luke. Ao chegar ao seu alcance, fiquei na sua frente com um sorriso de orelha a orelha, ele estava com os olhos inchados. Sam estava certa, ele havia mesmo chorado.

– Oi!

– Hum... Oi? – Olhou para os lados confusos, talvez se perguntando o que eu estava fazendo ali.

– Antes de tudo, eu queria pedir desculpas. Desculpas por não ter voltado, desculpas por ter feito você sofrer e te magoar tanto. Sei que provavelmente você não é o mesmo cara, todos nós mudamos, eu estou mais feliz e você mais triste, você tá meio que... Frio. Desculpa por isso. Sério. Eu sinto muito. E eu queria dizer também, que eu sinto saudades. Sinto saudade dos duetos que nós fazíamos juntos. Sinto saudade daquela sensação gostosa de ficar esperando você prestar o vestibular, toda encabulada, esperando o resultado sair. Sinto saudades das nossas idas a parques e a pista de skate. Sinto saudade de quando você tentava em vão me ensinar a dirigir. Sinto saudades das covinhas em seu rosto, toda vez que você sorria quando eu falava algo bobo demais. Sinto saudade de quando demos nosso primeiro beijo, aquele beijo rápido na porta da sua casa, como despedida para minha ida a clinica. Sinto saudade do segundo beijo, naquele parque de diversões. Sinto saudades de ficar na sua casa no domingo, sem ter absolutamente nada pra fazer. Sinto saudades de ir para asilo contigo, ficar vendo você brincar de xadrez com um senhor bem mais velho, o sorriso estampado em seu rosto ao perceber que os idosos estavam se divertindo. Sinto saudades de ter seu corpo sobre o meu, sua pele sobre a minha, sua boca, sinto saudade do seu abraço, da maneira que você ficava quando eu mordia seu pescoço, que é seu ponto fraco. Sinto saudade de ser a musa das suas fotos. Sinto saudade de ouvir Arctic Monkeys na sua companhia. Sinto saudade da sensação calorosa que senti quando você disse que não queria ser só meu amigo. Sinto saudade de acordar ao seu lado, ver o sol batendo contra você, iluminando a sua pele branca e o arder das minhas bochechas coradas quando você percebia que eu estava te observando. Eu sinto saudade. Eu vivo sentindo saudade de tudo, principalmente de nós. E eu te amo tanto e não consigo parar de me perguntar como consegui ficar tanto tempo longe de você. Eu quero tentar novamente, dar continuidade a nossa historia. Dar uma nova chance a nós. Porque somos eu e você, sempre e para sempre.

Luke sorriu. Um sorriso lindo, daqueles de faltar o folego. Um sorriso semelhante ao que ele me deu quando eu o encarava pela janela do meu quarto, o sorriso discreto, porém marcante, acompanhado de um aceno. O sorriso que eu tanto sentia falta. Aquele sorriso. Ele se aproximou, acariciou meu rosto delicadamente e então me beijou. Sentir o gosto dos seus lábios macios novamente me fez ofegar, ainda mais quando ele passou um braço sobre minha cintura e me trouxe para perto. Ouvimos palmas, talvez da plateia que assistia tudo, mas não nos separamos. E quando o ar foi necessário, ele se afastou o suficiente apenas para sussurrar:

– Eu te amo. Sempre e para sempre, e eu acho que...

Antes que ele terminasse de concluir, eu agarrei sua camisa e o puxei para outro beijo. Seus olhos se arregalaram, depois se fecharam, os seus braços envolveram meus quadris para me levar a sua altura. Apertando-me de forma intensa, como se nossos corpos fossem um só.

Sorri sobre seus lábios. Evolvi meus braços em seu pescoço e o puxei para mais perto. Desta vez, eu que o beijei ferozmente, abrindo seus lábios e descobrindo sua língua. Luke gemeu, levantou-me para cima e colocou minhas pernas em sua cintura, para então me abraçar com mais força.

– Tem varias pessoas nos encarando agora. Mas eu juro que não me importo. O que importa é isso aqui, você em meus braços, mais uma vez.

Ele sorriu e depois me deu um beijo que eu tenho absoluta certeza que jamais irei esquecer, um beijo que provavelmente serviu para compensar tantos outros jamais dados durante esses sete anos.

A ponte se rompeu. Eu decidi voltar para o passado. E juro, eu não me arrependo nem um pouco. Porque somos eu e ele. Sempre e para sempre.

Nunca fui uma pessoa muito conhecida. Eu tinha rotinas, tinha manias, paixões, sentimentos, reações. Era como qualquer outra pessoa. Sem uma idade definida, já que sempre mudei constantemente de humor. Sofri pra caralho, presenciei muita morte e tudo de ruim que você pode imaginar. Mas passou. Porque, tudo passa. E nesse instante, eu juro, sou a pessoa mais feliz do mundo.

Não preciso de um "felizes para sempre" em minha vida. Preciso apenas de amor, e isso, meu caro leitor, eu tenho de sobra.


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Notas finais do capítulo

Eu não vou chorar. Eu não vou chorar. Euuuu não vou chorar.
Droga, tem uma cachoeira descendo pelos meus olhos.
Para quem assistiu o vídeo que eu fiz respondendo perguntas sobre skinny love, percebe que algumas coisas mudaram, mas acontece que ao decorrer da história muitas coisas foram surgindo.
Curiosidades: -Clara Heather não existia, sério, ela foi questão de "EU TENHO QUE BOTAR UMA CRIATURA ASSIM NA FIC"
Thalia iria morrer, mas com o decorrer do tempo, isso séria impossivel.
—A fanfic, de inicio, ERA THALICO. Sim, amigos, até o capitulo quatro eu escrevi a fanfic com o Luke sendo o Nico, porém, eu nunca shippei Thalico, eu lia e escrevia, certo, mas não shippava, e aí decidi fazer sobre um shippe que eu realmente gosto, ou sejo, editei toda a fic e ela virou Thaluke.
— Thalia e Leo teriam algo bem intenso, porém odeio triangulo amoroso, pser.
— Sonhei diversas vezes com Skinny Love, e depois dos sonhos, eu ia lá e pá, escrevia.
— Minha mãe me deu um super apoio no começo, mas depois desanimou, assim como na epoca os comentarios também diminuiram, aí flopou tudo e eu só voltei a escrever porque Julyanne me ameaçava.
— Já cogitei três vezes em excluir a fic, antes.
— Eu amo vocês.

Táááá, a nota tá ficando grande, e a real despedida vai ser no proximo capitulo, o epilogo! Nos vemos lá.

Se quiser, aidna pode mandar sua plaquinha benhe: #1YearSkinnyLove, manda no meu e-mail: queen.campbell18@gmail.com

BEIJO NEGADA. COMENTEM.

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~queen



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