Skinny Love escrita por Queen


Capítulo 20
Wings


Notas iniciais do capítulo

Hello! Tá, eu sei que vocês querem me matar, mas eu também quero matar vocês! A fic tem exatos 67 leitores e apenas uns sete comentaram no capitulo passado! Poxa, vocês não imaginam como é dificil se dedicar para um história e algumas pessoas não darem valor! Qual é, vocês bem que poderiam comentar mais, não acham? Fantasma é algo desnecessario.



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Liguei para Reyna avisando que Jason havia acordado e isso fez ela enlouquecer e querer vê-lo mais que tudo. Eu apenas falei que era melhor ela ir no outro dia, já que ele parecia estar um tanto quantos nas nuvens depois da noticia que recebeu. Ela disse que estava tudo bem, porém me deu algumas noticias sobre Leo em relação a mim que não me deixou muito lá entusiasmada.

O medico deu alta três horas depois, chegamos em casa depois do almoço. Mamãe estava animada, contando os mínimos detalhes que podia sobre o que Jason havia feito durante os últimos anos, ele apenas fazia algumas caretas e as vezes sorria, mas era tão remoto, tão automático que chegava a doer. Ele estava sofrendo.

Liguei para Leo e pedi para que ele fosse visitar Jason, ele topou na hora, chegando em casa junto de Piper. Eles se encararam por um tempo, minha mãe já havia dito que ela era uma amiga sua, mas estavam começando a ser mais que isso, porém não namorados. Ela tentou se aproximar com os braços abertos, mas ele se afastou e ficou atrás de mim, como se estivesse com medo dela e eu fosse sua proteção. Piper ficou tão constrangida que foi para a cozinha ajudar a mamãe a fazer um lanche.

Jason, Leo e eu nos sentamos no sofá, começamos a assistir uma maratona especial de domingo de terror.

– Filmes de terror são tão sem graça. – Murmurei, fechando os olhos ao ver o assassino matando mais uma garota, era um filme com mortes bizarras.

– Você está brincando? Esses filmes são incríveis – Leo falou empolgado e eu me lembrei que ele gostava dessas coisas, ele não chegava a ser um psicopata, mas parecia, além de que as vezes do nada ficava agressivo quando seu transtorno de personalidade atacava, mas a maior parte do tempo ele estava divertido. – E, convenhamos, sexta feira treze é um clássico.

– Meu melhor amigo é um louco? – Jason perguntou e Leo o olhou ofendido, mas ignorou, ao se aproximar e Jason se afastar – Ei, fique longe de mim.

– Por que diabos você está cheio de "não me toque"? Nem parece aquele cara que foi para a convenção de animes comigo no começo do ano passado.

– Fomos a uma convenção de animes?

– Sim, você ate comprou uns anéis irados e uma camisa do Naruto, essa que era modelo único e ai você ficou se gabando, andando pelo shopping dizendo "Eu sou o cara."

– Mentira, eu nem ao menos gosto de anime.

– Você gosta – Eu e Leo falamos juntos, Jason nos olhou como se não acreditasse. Então Leo foi no seu quarto e trouxe seu notebook para a sala e mostramos a ele as diversas pastas com animes que ele tinha. Jason arregalou os olhos. – Você gosta de animes, vídeo game, essas musicas idiotas de pop que a Thalia não suporta, é meio nerd, popular, jogador de basquete e... É apaixonado pela garota que está na cozinha.

Jason fechou os olhos com força, fiquei preocupada.

– É informação demais – Ele declarou, levantando-se – Vou dormir.

– Mas Jason...

– Não, Lia, tá tudo bem.

Jason subiu as escadas em direção ao seu quarto. Leo e eu ficamos nos encarando por um tempo, acho que só agora ele havia notado a minha presença. Ele levantou uma sobrancelha e me olhou estranhamente, depois se sentou ao meu lado. Continuamos nos encarando.

–E ai.

– Oi.

– Então, eu acho que o Jason perdeu mesmo a memoria...

– É, tenho até medo de ele se machucar ao longo do tempo quando ele começar a lembrar.

– Ele não vai, nós vamos ajuda-lo – Leo falou acariciando minha mão, apenas assenti. Ele parou de acariciar minha mão e foi subindo para meu braço, parando em meu rosto. Seu polegar fazia pequenos desenhos aleatórios na minha bochecha. Sorri. – Thalia...

– Fala.

– Você tem falado com a Reyna ultimamente?

Ele perguntou de um jeito fofo e desesperado. Segurei-me para não rir, ele sabia que eu sabia que ele estava gostando de mim, e acho que por isso ele estava preocupado. Não creio que eu poderia retribuir esse sentimento, já que meus sentimentos são realmente confusos.

– Sim, e a proposito ela me contou algo bem interessante.

– Contou, foi?

– É, ela me disse algumas coisas sobre você, sabe...

Leo engoliu em seco e tirou a mão do meu rosto, se afastando um pouco do sofá. Ele estava nervoso! Ai que gay!

"Eu não vou sorrir. Eu não vou sorrir. Eu não vou sorrir."– Pensei.

– Você não gosta de mim, não é? – Ele perguntou um pouco estranho, a expressão do seu rosto estava de dar medo. Meu pensamento era que se ele tivesse um surto e me atacasse, eu não teria vez.

– Leo, é complicado....

– Você gosta dele, não é?

– Dele quem?

– Luke.

Eu abri e logo depois fechei a boca, sem saber ao certo que dizer, eu gostava mesmo dele? Além da amizade? Minha cabeça estava confusa, eu não sabia ao certo o que pensar. Leo me encarava curioso esperando que eu falasse algo, mas nada fiz, apenas abaixei os olhos e ele deu um suspiro.

– Se você gosta dele ou não acho bom você ficar sabendo de uma coisa.

– O que é agora?

– Enquanto você estava na clinica Reyna deu outra festinha e nessa Annabeth e Luke se cataram, uma semana depois aquela gatinha da Clara apareceu e ela não sai da casa dele, acho que até comer ela ele já deve ter comido – Ela falou enquanto meu rosto ganhava uma coloração vermelha misturada com roxo, eu estava tremendo – Não me leve a mal, mas ele é um galinha.

Eu poderia ter defendido Luke e ter dado uns bons tapas em Leo, mas tudo o que fiz foi assentir minimamente. Levantei-me um tato quanto tonta e fui até a janela que tinha na sala, eu precisava de ar.

Quando somos crianças temos todas as energias do mundo, somos super heróis, já quando crescemos acabamos por ficar sedentários antes do tempo e o mínimo esforço nos deixa cansado e abatido. Isso estava acontecendo comigo, eu estava começando ficar com sono demais, cansada demais, precisava fazer algo.

De longe pude ver o cabelo de Samantha, ela vinha no colo de Luke e ele estava de mãos dadas com Clara, elas pareciam que estava discutindo sobre alguma coisa, mas ele parecia não se importar. Eu fiquei observando-os por um bom tempo antes de eles entrarem dentro de casa. A forma como as mãos dos dois pareciam que se encaixavam perfeitamente e aí entendi o que as pessoas queriam dizer com casal perfeito.

Senti-me enjoada, com uma imensa vontade de vomitar. Afastei-me da janela e encarei Leo disparadamente, ele perguntou se estava tudo bem e tudo o que eu fazia era negar, o bile estava em minha garganta.

Eu não conseguia respirar.

Puta merda, mal acabo de chegar e já vou ter crise? Merda.

– Ei, calma – Leo disse mais para si mesmo do que para mim e então me ocorreu que ele não tinha a mínima ideia de como me ajudar. Onde estava a porra da Castellan, o único que sabia o que fazer? Com a Heather. – Vem, vamos para a cozinha.

Nós fomos e ele me deu um copo de agua, acabei vomitando na pia. Eu não vomitei por forçar ou por ter algo relacionado a minha alimentação. Eu simplesmente olhei para as mãos dos dois juntas e acabei sentindo um enjoou e tontura, não sei explicar.

– Melhor agora?

Assenti e Leo deu um risinho nervoso. Ele era tão bonito, mas tão chato e egocêntrico ao mesmo tempo, seu estado de bipolaridade às vezes me dava dor de cabeça e juro que já dormi pensando na possibilidade do que o seu lado ruim é capaz de fazer.

– O-obrigada. – Gaguejei. Olhei ao redor e notei que Piper e minha mãe não estavam ali, elas deveriam ter saído a pouco tempo. Olhei novamente para Leo e ele me encarava de forma estranha, fazendo-me ter receio. Afastei-me e ele se aproximou, dessa vez com um sorriso. Eu não sabia se ria de volta ou se corria dali.

Eu deveria ter corrido, eu sei, mas meus pés pareciam gelatina.

Eu realmente deveria ter corrido.

Porque foi muito rápido. Uma hora ele estava se aproximando com um sorriso estranho enquanto eu engolia em seco encurralada entre ele e a bancada da pia e outra estávamos nos beijando. Sei que quando uma pessoa não quer, duas não fazem, mas quando começamos com aquela loucura eu não estava pensando em absolutamente nada, nada mesmo. E eu estava gostando daquilo, daquela coisa toda de saber como é ter sentimentos. Mas, infelizmente, ao subir para o quarto com Leo, apagar as luzes e dormir com ele em vários outros sentidos não me fez sentir absolutamente nada, tudo o que senti foi a droga de um vazio, que me comprava-a que eu tinha feito uma grande merda ao qual não se poderia fugir.

***

Acho engraçado a forma como tudo na minha vida vai de mal a pior. Às vezes tudo está em completa ordem, entende? Tudo bem organizado e alinhado, para que, um simples ato ponha tudo de cabeça para baixo. Acho injusto a forma como tudo é minha culpa, acho bem injusto mesmo, não deveria ser assim.

Eu não deveria ter ficado exatas duas semanas sem falar com Luke.

Para inicio de conversa, eu não deveria ter dormido com o Leo.

Eu não deveria fazer tanta merda na minha vida.

Eu realmente não deveria.

Mas eu fiz.

Quando acordei com Leo dormindo ao meu lado me senti péssima, e logo depois que vi a merda que eu havia feito tudo o que fui capaz de fazer foi respirar fundo e me levantar. Por um momento senti nojo de mim mesma, mas logo depois cheguei a me sentir bem. Fui ao banheiro, escovei os dentes e arrumei os cabelos. Quando voltei para o quarto Leo continuava deitado, era fim da tarde, então me espreguicei e fiz algo que prometi a Dra. Jackson que eu iria fazer quando chegasse: Abri a cortina, a janela e deixar o ar entrar e assim eu o fiz. Mas foi um erro, pois do outro lado dei de cara com Luke.

Ele estava mexendo no celular, os cabelos bagunçado e o rosto avermelhado, também tinha acabado de acordar. Fiquei observando-o por um tempo com um pequeno sorriso no rosto. Ele deu um bocejo e olhou vagorosamente em minha direção depois para o celular, mas rapidamente olhou para mim novamente, dessa vez com os olhos fixos. Sorri e acenei.

– Boa Tarde – Gritei para ele, que riu e gritou "Oi" de volta. Começamos a rir.

"Sinto muito por mais cedo" ele chegou a dizer, e eu apenas devolvi "Não tem problemas. "

"Você estava bonita. " Eu ri e corei, acenando vagarosamente. Eu iria falar que ele também estava bonito, com um grande sorriso no rosto. Mas então Luke fez uma careta, olhando em minha direção e eu fiz uma pior ainda ao constar que Clara estava no seu quarto enrolada em uma toalha. Ele não olhava para mim e sim para algo além, então antes que eu olhasse para trás senti mãos firmes ao redor dos meus ombros e Leo beijou meu pescoço. Olhei para Luke, que estava com o maxilar travado e Clara estava ao seu lado, mexendo no seu cabelo. Arqueei uma sobrancelha, cética de que aquilo estava mesmo acontecendo.

Eu encarava Clara mortificamente e ela encarava com um ar de deboche de vota e Luke estava de punhos fechados com os olhos cerrados fixos em Leo, que o ignorava beijando meu ombro direito, ele estava apenas de cueca box, o que tornava as coisas ainda mais interessante e piores ao mesmo tempo.

Por fim, Luke apenas abaixou o olhar e fez uma careta de desgosto, afastando-se e fechando sua cortina, deixando-me relativamente mal. Suspirei e me afastei, fechando minha cortina também.

– Acho que você precisa ir – Falei baixo para Leo, encarando o relógio em cima da minha escrivaninha. Eu não conseguia olhar para seu rosto – Antes que alguém te veja nesse estado.

– Ok. – Ele disse simplesmente dando as costas para mim, se vestiu, pegou suas coisas e saiu do meu quarto, deixando-me sozinha. Puxei um pouco a cortina e olhei para o outro lado, a janela dele ainda estava fechada.

Fui em direção a minha cama a me joguei com tudo, enterrando meu rosto nos travesseiros.

– Merda. – Murmurei.

Bom, isso explica porque eu estou sentada na minha cadeira de costume enquanto Luke está na primeira cadeira, do outro lado sala, concentrado em tudo o que faz. Ele não olhou para trás uma única vez durante essas duas semanas.

Quando foi na segunda eu achei que, sei lá, ele iria ignorar o que aconteceu, mas quando cheguei na escola ele nem ao menos olhou na minha cara e se sentou bem longe de mim, a tarde e nos horários livres eu não tinha coragem de ir até na casa dele para puxar conversa, porque ele estava me ignorando. Em duas horas eu teria ensaio da banda para que os meninos dissessem se eu iria entrar ou não e isso significava que eu iria ter de ficar cara a cara com ele, já que ele iria ter de dar uma opinião, mas acho que mesmo assim ele iria me ignorar.

– Já tentou falar com ele? – Annabeth perguntou baixinho do meu lado, a professora não estava na sala. Não a respondi, já que eu não estava falando com ela também. – Vai continuar me ignorando sem motivos?

– Sem motivos? Tem certeza? – Perguntei encarando o exercício de química.

– Absoluta.

– Acho que o fato de você ter agarrado o Luke em uma das festas da Reyna é um grande motivo.

– Mas o que isso tem haver?

– Tem haver que, pelo que eu saiba, amigas de verdade não ficam de olho e muito menos atacam os garotos que as suas amigas gostam. Ainda mais se ela for a melhor amiga.

– E você gosta do Luke?

– Gosto? – Perguntei com uma careta, olhando para ele e depois para ela – Quando foi que eu disse isso?

– Agora a pouco.

Eu abri e fechei a boca varias vezes, tentando me lembrar de quando eu falei isso. Não que gostar de Luke fosse algo ruim. Espera, eu estava mesmo falando isso? Ai Deus, eu falei mesmo isso!

– Ai – Gemi escorando-me em minha cadeira e fechando os olhos, engolindo em seco – Não acredito que disse isso. Quero dizer, eu gosto dele? Que estranho, por que, sei lá... Não, acho que não, não é possível.

– Bom, você disse com todas as letras que estava de olho nele e que gostava dele – Annabeth falou com um sorriso no rosto e eu revirei os olhos, com vontade de enforcar seu pescoço. Eu bem que deveria ter continuado ignorando ela – E, bem, sinto muito se estou decepcionando você ou não, mas... Eu não fiquei com o Luke coisíssima nenhuma. A única vez que eu e Luke tivemos algo foi no shopping, no dia do acidente de Jason.

– Mas... O Leo disse que...

– Leo! O Leo estava chapado, Thalia! Ela não sabia nem mesmo quem ele era.

FILHO DA PUTA! – Gritei e todo mundo da sala olhou mim, inclusive Luke, que apenas revirou os olhos e voltou a encarar a lousa. Encolhi-me um pouco e diminui o tom de voz – Eu meio que, hum , achei que o Luke era um galinha por ter ficado com você e a Heather ao mesmo tempo.

– A Heather é uma vaca, não vou com a cara dela, ela fica grudada nele e ele nem sequer olha pra ela, ela não se toca.

– Mas ela está dormindo na casa dele.

– Porque ele é legal, Thalia, você mesma fala que ele é bondoso demais.

Eu apenas assenti e comecei a guardar minhas coisas quando o sinal tocou. Saí da sala sem me despedir de ninguém e fui procurar por Jason, ele havia recuperado pouca coisa de sua memoria, mas se lembrava um pouco de Leo e de algumas coisas do passado. Todos os dias eu mostrava fotografias atuais para ele e as vezes ele conseguia pegar alguma coisa, estava sendo muito difícil, mas eu não iria falhar, não com ele.

– Ei, estou indo para a casa de um colega agora, quer ir? – Perguntei quando o vi, ele estava conversando com alguns caras do time de basquete.

– Não, posso ficar aqui para o treino?

– Jason, você sabe que deve se recuperar primeiro...

– Eu sei, sei muito bem, mas não vou ficar pra jogar e sim assistir.

– Tudo bem.

Então fui para o estacionamento e fiquei mendigando carona por um tempo, mas ninguém estava disposto. Sentei-me em um banco em frente à escola, esperando pela minha mãe – Que, por falar nela, começou a beber mais do que o normal – e no fim eu não tinha nada para fazer do que voltar a observar as coisas ao redor. Enquanto eu encarava as formas das nuvens do céu e aos poucos os carros estacionados iam diminuindo reparei que a caminhonete do pai de Luke estava ali, o que significava que ele não estava a pé. Então, vi ele saindo da escola e tirando as chaves do bolso, encarando o céu, estava começando a ter indícios de chuva.

Levantei-me e na maior cara de pau gritei, para que ele pudesse me ouvir : "Ei, pode me dar uma carona?" mas ele apenas colocou os fones de ouvido e entrou na caminhonete.

Suspirei, derrotada, e comecei a ir a pé, chutando as pedrinhas no asfalto. Eu iria direto para a casa de Percy, onde iria acontecer o ensaio, que ficava bem longe da escola. Eu estava frustrada, minha mochila estava pesada e começou a pingar. Deixei um barulho de choro escapar pela minha garganta e cruzei os braços, sentindo as pequenas gotículas de agua me molharem. Iria ser passageiro, já que na Califórnia, chuva era algo que passava rápido, só que dessa vez as nuvens começavam a ficar ainda vez mais tensas.

Quando eu havia andado seis quarteirões da escola e estava ensopada Luke passou por mim rapidamente e próximo tinha uma poça de água e lama. Você já deve imaginar o resultado, não é? Pois é, e aquele infeliz filho da mãe gostoso do caralho nem ao menos pediu desculpas.

Comecei a xinga-lo e correr atrás da caminhonete, em vão, já estava chovendo de verdade, sorte a minha que eu havia resolvido deixar todas as minhas coisas na escola, porém estava com minha mochila. Quando ele parou no sinal vermelho e não tinha mais ninguém na rua tive a oportunidade perfeita, apertei o passo e corri, passei pela faixa de pedestre e fiquei em frente a caminhonete. Encaramos-nos.

Minhas sobrancelhas estavam arqueadas e ele tinha um bico nos lábios, os olhos azuis límpidos me encarando de cima a baixo. O sinal abriu e ele pisou no acelerador ameaçadoramente, mas continuei parada no mesmo lugar. Se ele passeasse por cima de mim, bem, não sei, acho que eu iria me unir com Michele e vir puxar o pé dele a noite, quem sabe.

Ele acelerou novamente e eu fechei os olhos, com as mãos fechadas, esperando o banque contra o meu corpo... Que não veio.

Abri os olhos e vi que Luke estava com um sorriso torto nos lábios, revirei os olhos e escutei as travas sendo abertas e ele abriu a porta da caminhonete, corri e entrei, sem me importar se estava molhando o banco ou não. Olhei para Luke, que estava olhando para mim, estávamos sozinhos em uma rua deserta em frente ao semáforo. Abri a boca para falar algo mas nada veio em mente, então ele apenas começou a dirigir.

Fomos o caminho inteiro em um completo silencio – Não completo, já que eu havia começado a espirrar, o que significava que eu havia pegado um resfriado – ele não tentou puxar assunto e nem eu, na verdade estávamos fingindo que não nos conhecíamos, o que era estranho se levar em fato de até duas semanas atrás éramos melhores amigos.

Chegamos a casa dos Jackson's, que era incrivelmente grande. Luke estacionou desleixadamente e então descemos, eu o agradeci baixinho enquanto andávamos lado a lado em silencio, e ele apenas assentiu. Antes de entrarmos Luke colocou as mãos e meus ombros, me imobilizando e tirou minha jaqueta encharcada. Tirou a sua e colocou em meus ombros, em completo silêncio, me aquecendo. Depois tirou a camisa regata e secou meu cabelo, o ajeitou e passou rapidamente o polegar em minhas bochechas. Eu poderia dizer que foi uma caricia, mas ele apenas pegou minha jaqueta encharcada e ficou segurando-a, sem se importar com o frio por ele estar apenas de calça e tênis. Apertei a companhia antes que ele, uma empregada abriu a porta nos deixando entrar. Percy e Lee estavam jogando vídeo game, sentei-me no sofá e Luke sumiu em direção a lavanderia, aparecendo logo em seguida vestindo uma blusa vermelha polo.

– Vamos ensaiar ou não? – Luke perguntou irrtado, ele estava de mal humor.

– Calma florzinha – Percy falou sem desviar os olhos da tv, seus dedos movendo-se de lá para cá no controle – Só mais um minutinho e... Ganhei! Vamos lá, Fletcher, cadê meu dinheiro?

Lee tirou cinquenta dólares do bolso e entregou para Percy, que tinha um sorriso sacana. Ele acenou para mim e eu sorri, então o seguimos até o porão onde havia todos os instrumentos. Eles começaram a tocar Slipknot enquanto eu apenas acompanhava o ritmo, depois Percy passou o microfone para mim.

– Canta alguma musica legal – Ele sugeriu – Que seja um pouco feminina e tenha uma batida legal, vamos ver o que você é capaz de fazer.

Eu fiz uma careta, sem saber o que cantar, então Luke falou – Sem olhar para mim, claro – que Samantha é viciada em Birdy, então eu dei de ombros e pedi para que Lee começasse o toque de Wings, então peguei o embalo.

–Sunlight comes creeping in Illuminates our skin We watched the day go by Stories of what we did– Cantei com os olhos fechados, eu estava nervosa, respirei fundo –It made me think of you It made me think of you

Passei minhas mãos pelos meus braços, ainda de olhos fechados. Eu havia começado a sentir frio, então abri os olhos e continuei:

Under a trillion stars We danced on top of cars Took pictures of the stage– Olhei para Lee, enquanto ele me acompanhava na melodia, sua palheta voando. Ele era um mestre na bateria –So far from where we are They made me think of you They made me think of you

Dei um sorriso, nervosa. Cruzei meus dedos, eu esta a com medo de desafinar. Sentia um formigamento no céu da boca e um embrulho no estomago.

Oh lights go down In the moment we're lost and found I just wanna be by your side If these wings could fly– Abri os olhos e encarei Luke, que estava com os olhos fixos em mim. Nossos olhos grudados, ele sabia que eu estava cantando aquela musica quase que para ele, como se a letra tivesse algum significado maior, e realmente tinha Oh damn these walls In the moment we're ten feet tal And how you told me after it all We'd remember tonight For the rest of our lives

Desviamos nossos olhos juntos, apertei o microfone com mais força.

I'm in the foreign state My thoughts they've slipped away My words are leaving me – Cantei novamente de olhos fechados, dando alguns pulinhos, empolgada – They caught an airplane Because I thought of you Just for the thought of you

Oh lights go down In the moment we're lost and found I just wanna be by your side If these wings could fly– Percy acabou cantando junto comigo, sorrimos e então passei a cantar só – Oh damn these walls In the moment we're ten feet tal And how you told me after it all We'd remember tonight For the rest of our lives

–If these wings could fly– Finalizei, com um sorriso débil no rosto. Senti que minhas bochechas estavam coradas. Os meninos deram palmas e Lee veio saltitando em minha direção.

– Você é demais! – Ele falou, eufórico, me abraçando. Afastemos-nos no mesmo instante, já que minha blusa estava molhada. Rimos por causa disso.

– Então... – Percy falou, sem conter a animação na voz – Você está dentro.

Eu dei um pulo, sorrindo, e me esqueci que eu estava sem falar com Luke, pois caminhei em sua direção. Ele estava impassível, encarando-me se expressão, mas não me deixei abalar, mesmo assim o abracei e por incrível que pareça ele retribuiu, apensar de ter sido por poucos segundos. Estávamos magoados, estávamos feridos. Estávamos realmente mal.

– Bom, agora só falta decidir o que você vai fazer... – Lee começou a falar rodando a palheta, concentrado no que fazia – Você canta bem, mas não creio que a sua voz com a do Percy combina.

– Não me levem a mal e eu não estou sendo puxa saco mas... – Parei de falar, fazendo suspense. Então continuei: – O Luke canta melhor que vocês dois juntos.

Os três riram assentindo e Luke ficou vermelho, olhando de soslaio para mim.

– Sabemos disso, madame – Percy falou sentando-se em um pufe, com a voz carregada em sarcasmo – Mas o Luke não é daqueles que canta só, a voz dele fica mais legal quando ele canta com alguém. Ou seja, vocês dois vão fazer duetos. Vamos dividir assim: Você canta Birdy, Luke canta Arctic Monkeys, vocês dois juntos cantam OneRepublic e Imagine Dragons, enquanto eu e Lee cantamos outras, vamos dar um pouco de rock indie para a banda. Quando você e Luke estiverem fazendo dueto eu toco guitarra e o Lee continua na bateria. Você toca algum instrumento?

– Baixo e violão – Declarei e eles arquearam as sobrancelhas, surpresos. Sorri envergonhada.

– Certo, quando você não estiver cantando você fica no baixo, já que a maioria das musicas não precisam de violão.

Assenti, empolgada. Pelo que eu havia entendido todos na banda cantavam e tocavam, e havia musicas, raras, em que todos nós cantávamos. Eu estava me sentindo A menina dos meninos, como se eu fosse uma smurfette. Eles três eram tão unidos, e eu havia entrado naquilo de cabeça e eles me ajudaram, me receberam com carinho e um grande sorri si no rosto.

Depois que ensaiamos por um tempo Percy decidiu que deveríamos comemorar a minha entrada, então o Lee pegou a chave do seu carro e fomos até um pub. Éramos nós três, mas no meio do caminho uma amiga de Lee, Bianca, ligou para ele perguntando onde ele estava e sem mais nem menos ele convidou ela para nos acompanhar. O Percy então percebeu que ficaria um clima estranho e todos nós iriamos ficar de vela, então ele pediu – leia-se obrigou – que eu ligasse para Annabeth, essa ao qual recusou o convite ao ouvir a voz de Percy. Ela nunca mais tinha ao menos olhado para ele, mesmo depois da noticia de que Calipso havia perdido o bebê. Percy ligou novamente, e depois de muito insistir ela acabou aceitando. Luke ligou para Clara, e eu apenas continuei quieta, eu iria ficar segurando vela no meio daquilo tudo.

– Não vai chamar seu namoradinho? – Luke perguntou quando chegamos no pub e nos sentamos, cruzei os braços e revirei os olhos

– Eu não tenho namorado.

Os meninos então vaiaram e eu apenas me estiquei no banco, fazendo o pedido. Quando as meninas chegaram começamos todos a conversar, apesar de eu ficar uma boa parte excluída, já que Annabeth começou a voltar a falar com Percy, Bianca e Lee estavam se agarrando, e Luke e Heather conversavam baixinho e discretamente, fazendo assim om que eu ficasse sozinha em um canto, de braços cruzados.

Cansada daquilo eu me levantei e sentei em outra mesa, uma mais afastada. Ninguém nem ao menos percebeu que eu havia saído, nem mesmo ele, e por isso eu bufei e saí do pub. Fiquei parada na porta, de braços cruzados, mexendo o pé impaciente na calçada. Eu ainda estava molhada e ainda chovia, a jaqueta de Luke estava começando a molhar também. Eu estava cheirando a mofo e se sentindo deslocada, sentei-me na calçada e fiquei brincando como zíper do meu coturno.

Já havia se passado um tempo que eu estava naquela mesma posição, então levantei cabeça e vi Leo atravessando a rua e entrando no pub, ele não havia me visto. Levantei-me, curiosa, e vi que ele estava sentado no bar bebendo algumas cervejas enquanto falava no telefone. Ele estava sozinho, então suspirei e entrei, ignorando os olhares curiosos em cima de mim e caminhando em sua direção, para logo em seguida sentar ao seu lado.

Leo estava bebendo quando me sentei, e assim que ele me notou acabou engasgando. Gargalhei.

– Oi – Falei simplesmente, pondo um pouco de bebida no meu copo e bebendo aos poucos. Não era mais acostumada com aquilo. Eu deveria estar com raiva dele pela mentira deslavada que ele havia me contado, mas deixei quieto.

– Lia – Ele balbuciou, com os olhos vermelhos. Não estavam vermelhos por ele ter fumado, não, estavam vermelhos por causa de lagrimas. Senti um aperta no coração.

– Está tudo bem, Leo? – Perguntei e ele assentiu, piscando os olhos descontroladamente. Acariciei sua mão rapidamente e fiquei de pé. – Eu to com um cheiro horrível, parece que sei lá, eu nao tomo banho a dias e aí ao pegar essa chuva eu fiquei com um cheiro pior ainda. Além se que meu cabelo esta com cheiro de mofo, então vou no banheiro, ok?

Ele assentiu, olhando para a mesa em que meus amigos e colegas estavam, eles olhavam às vezes rapidamente para nós, mas eu ignorava.

Entrei no banheiro e notei um secador próximo ao espelho, então comecei a secar meu cabelo. Depois tirei minha blusa e a sequei do melhor jeito possível, ajeitei os cabelos rapidamente e balancei os braços. Eu não estava mais molhada e muito menos com a roupa úmida, eu estava normal, tirando o fato de que cinco em cinco segundos eu espirrava.

Sai rapidamente do banheiro e notei que Leo não estava mais no bar, ele não estava em lugar nenhum. Fiz uma ronda pelo pub e não encontrei, fui até a mesa onde meus amigos estava, os meninos haviam saido.

– Vocês viram o Leo?

Elas negaram, olhei para Annabeth e ela apenas deu de ombros. Clara Heather tinha um sorriso débil nos lábios, me fazendo engolir em seco. Apenas assenti e dei de costas, não sem antes ouvir ela dizer maldosamente:

Ela é tão vadia que já vai correndo atrás dele, eles se merecem.

Senti meus punhos se fecharem e eu voltei, com os olhos ardendo.

– O que foi que você disse?

– Eu disse que você é uma vadia, uma vadiazinha que corre atrás de qualquer garoto que te da mole.

– Argh.

Eu levantei a mão, mas me contive, eu não deveria me rebaixar a esse ponto. Todas na mesa estavam calados, olhando para nós duas como se estivessem em uma partida de tênis. Annabeth se levantou.

– Olha aqui, sua patricinha de meia tigela, eu não sei quem é você e você não sabe quem eu sou, na verdade você não sabe quem é ninguém aqui, então cale essa boca de merda antes que eu lhe desça a mão. Quem você pensa que é para falar assim da Thalia?

Clara me olhou mortalmente, ainda sentada, e eu continuei de pé Bianca encarava-nos enjoada, como se fosse vomitar.

– Eu não sei o que foi que você fez para encantar todos aqui ao redor, não sei qual foi o feitiço que você usou para fazer o Luke ficar tão frio comigo. Eu apenas digo uma coisa, você com todo essa drama de "Ai não me toque. Ai não fale comigo. Ai eu não gosto de comer. Ai meu papaizinho morreu e eu sou a culpada. Ai eu estou gorda. Ai eu to vendo vultos. Ai, ai, ai, ai" foi algo realmente esperto. Se o Luke te comeu ou não eu ainda não sei, mas está estampado na sua cara um grande "Eu estou caidinha por Luke Castellan" só que, amiga, eu cheguei primeiro. Eu não sou problemática igual você e aquela sem sal da Michele, vocês são iguaizinhas, tão sem graça, tão cheias de frescura. Ela já se foi, agora só falta você.

Eu poderia ter ignorado e dado meu melhor sorriso fingindo que não me importava. Mas a cachorra disse que eu sou cheia de drama, envolveu a minha família no meio, envolveu meus problemas no meio, a Michele e ainda por cima declarou que o Luke era como um objeto que só ela tinha. Se ela queria guerra, então guerra ela teria.

–Que assim seja – Falei, com um grande sorriso – Se é pra sair da vida do Luke, eu saio, nunca mais olho na cara dele e nem falo com ele, além dos ensaios, nunca mais troco uma palavra com ele como antigamente, como amigos. Sem problemas, eu fingirei que ele não existe, mas eu digo uma coisa: Não reclame se ele vir atrás de mim.

O rosto de Heather ficou vermelho e ela apertou fortemente a caixinha de suco que ela estava bebendo, os meninos voltaram e perguntaram o que estava acontecendo, apenas dei de ombros e me sentei ao lado de Bianca, puxando assunto com ela.

Eu sabia que Heather estava imaginando as mil maneiras de me matar. Mas foda-se, eu não ligo.


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Notas finais do capítulo

Tá. Sei que o capitulo tá meio lixoso e vocês queriam mais Thaluke, porém a sorte não está ao nosso favor. Porém, no capitulo 23 eu prometo que terão o capitulo mais Thaluke de todos. Sério, eu juro