Pov Rachel

"-Caramba, por que tudo é tão difícil com você?"–A Aposta 2.

Eu mentiria se falasse que Luke parou de ganhar beijos com seu papelão no Centra Park e que finalmente resolveu arranjar um emprego de verdade enquanto voltava aos estudos.

Essa seria a mentira do século.

Ou seja, acontecera exatamente o oposto do que eu dissera. Luke ganhava uma quantia considerável de dólares por dia e ele estava até conhecido. Acreditem ou não: um pequeno jornal local resolveu fazer uma reportagem sobre ele e isso só serviu para suas fotos se espalharem na internet, onde mulheres comentavam nas redes sociais sobre sua beleza ou como iriam falir toda a família se dependessem delas. Essa pequena fama fez a clientela de Luke aumentar consideravelmente, trazendo para casa em média uma centena ou duas de dólares diários.

–Rachel, Rachel! Escuta só isso: “Sucesso do Central Park conquista atenção do público feminino em toda a cidade”.

–Parabéns, Luke. –respondi, sentando-me ao seu lado do sofá.

–Vamos terminar de assistir primeira temporada da série?

–Vai “trabalhar” hoje não?

–Não, moça. Esses lábios precisam de descanso.

–Certo. Liga a TV então, Dean.

✶✵✴

Horas depois, olhamos a TV desligada.

–Precisamos da segunda temporada.

–Sim, precisamos! –concordei. –Mas outra hora. Vai tomar um banho que daqui a pouco todos vão estar aqui.

–Ok, moça.

Luke levantou-se gemendo igual a um velho só para me irritar e caminhou arrastando os pés até o banheiro.

–Está parecendo que você sujou as calças! –gritei da sala e Luke riu do banheiro.

Às vezes, me parecia que ao vermos The O.C, Luke de alguma forma ficava inflexível, pensativo e distante de tal modo a me dar calafrios no fim da espinha.

Mas aquela hora era inapropriada para tais pensamentos. Era um sagrado sábado de jogo dos Giants e Kate correra a manhã toda fazendo aperitivos para a pequena turma que em nosso apartamento se reuniria.

No pequeno sofá, uma sacola gigante se encontrava com as roupas de Luke.

–Três, dois... –murmurei para eu mesma.

–RACHEL!!!!!!!! –Luke gritou do banheiro.

Na mosca.

Revirei a tal sacola que estava tão grande e pesada que parecia mais o saco de brinquedos do Papai Noel e do conteúdo tirei a blusa dos Giants que Luke havia comprado com seu lucro do “trabalho”, um jeans também novo e contra minha vontade uma cueca box cinza. Ok, não tão contra a vontade assim.

Bati na porta do banheiro e Luke colocou o rosto para fora.

–Você é meio retardado ou o que? Sempre esquece as roupas!

–Certo. Sem sermão agora porque estou congelando com essa toalha cor de rosa. Me dá minhas roupas aí, moça.

Entreguei-lhe suas roupas.

–Muito obrigada.

–De nada. Mas da próxima te deixo desfilar pelo apartamento de toalhinha rosa hein?

Era mentira e Luke sabia tão bem disso que gargalhou do lado de dentro do banheiro. Escorei na parede ao lado da porta o esperando sair. Quando ele apareceu, estava com o cabelo castanho molhado e bagunçado em diversos ângulos diferentes, a blusa azul marina dos Giants ficava bem nele e o jeans novo também. Dean castigava a toalha cor de rosa, a passando furiosamente na cabeça.

–Admito que você sabe escolher roupa, Rachel. –ele disse e dei de ombros.

Entrei no banheiro ensopado e revirei os olhos. Teria de limpar isso antes da Kate perceber e falar novamente que Luke tomava banho feito um pato.

Depois que sai do meu quente banho, vesti rapidamente a blusa verde dos Jets com um jeans normal e prendi o cabelo em um rabo de cavalo alto. Logo em seguida tive de limpar o banheiro.

Quando cheguei a sala deparei-me com a seguinte cena: Luke como vocês já sabem, Kate com blusa dos Giants também e shorts, James com uma camisa dos Giants e bermudas, todos sentados no sofá grande de frente para a TV, cada um com uma posse de garrafa de cerveja em mãos e Emily curvada para a tela também, no sofá pequeno e com uma blusa dos Jets.

–Finalmente alguém torce para os Jets a não ser eu! –joguei aos mãos pros altos e me sentei ao lado de Emily.

–Seu time é uma droga. –Luke disse nem tirar os olhos da tela.

–O pior de todos. –completou Kate.

–Uma vergonha para a humanidade! –disse James e lhe olhei com cara feia. –Rachel, você é linda, gostosa e talentosa, mas os Jets são exatamente o oposto disso!

–Cala a boca. Vai começar! –Kate diz animada.

Todos ao meu redor estão inertes na tela da televisão, concentrados, como se estivessem realmente no estágio e o jogo mal começou.

–Touchdawn do Phillip Rivers!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!–grita Kate, levantando-se do sofá e batendo de encontro ao Luke e depois do James.

Nem é viciada. Imagina.

–Falei o que seu time era horrível, loira. –James provoca.

–Não, é? –concorda Kate. –Emily é a ovelha negra da família dela, o pai me ama porque assim como nós, torce para os Giants.

–Homem esperto o seu pai, Emily. –diz Luke levantando sua garrafa de cerveja, como se estivesse brindando o progenitor da morena.

Emily por sua vez revira os olhos, levanta-se e pergunta em minha direção:

–Vou pegar uma Coca. Vai querer algo para beber?

–Suco, por favor.

Ela assente e vai em direção a cozinha.

–Não vai pegar cerveja não, né? –Kate grita.

–Eu falei que vou pegar uma Co-ca, amor! –Emily grita da cozinha.

–Ótimo, pois Jets não ganham cerveja nessa casa. –revida a ruiva e a essa altura do campeonato Emily voltou e estar de braços cruzados encarando a pobre Kate.

–Como é que é? Não podemos tomar cerveja porque não torcemos para o timinho de vocês?

–Timinho? –começa Kate arrumando os óculos no nariz- Timinho é o que vocês têm, que não ganha há mil e trezentos anos.

–Torcedor que torce com o coração vale muito mais que torcedor que torce só pelos troféus.

–Isso é frase de consolo para quem não tem um time que presta.

–Ih, parceiro, eu não deixava. –James comentou com Luke.

–U-hul!! Briga de lésbicas! –e seus olhos castanhos brilharam.

–Olha aqui, consolo é o que você vai ter que ir atrás se não parar de falar bobagem!

–Não to falando bobagem! Estou defendendo meu time, que ao contrário do seu, é bom.

–Acontece que você não tem direito de decidir quem vai tomar ou não cerveja só pelo time que a pessoa torce!

–Veremos então.

Emily vai a passos firmes até a cozinha e volta com duas garrafas e entrega para mim.

–Mas eu pedi suco... –balbuciei.

–Vocês nem bebem cerveja, Emily do céu! –Kate joga as mãos para o alto e bufa, nervosa.

–Não importa, Kate da terra! Eu continuo amando o Jets.

–Ok. E eu vou ver meus Giants. –diz a ruiva e senta-se no sofá, entre Luke e James.

Entrego a garrafa que se encontra em minha mão para o James, mas Emily mantém firme a sua entre suas mãos, mesmo não bebendo.

Ficou uma tensão esquisita no ar e vou até a cozinha, pego meu suco finalmente e a Coca de Emily. Volto para a sala sendo seguida por Fumaça, que pula no colo de Luke e entrego a bebida da morena para ela. Quando finalmente sento no sofá, a campainha toca e levanto-me bruscamente, de saco cheio já.

Abro a porta com força e me deparo com uma mulher bonita, de pele incrivelmente branca, olhos castanhos e cabelos negros como carvão. Ela estava de touca, um mini-short que deve ter roubado da irmã mais nova e a blusa dos Giants folgada em seu busto largo. A olhei de cima a baixo e me perguntei se James havia ligado para a zona no caminho até o apartamento.

–É aqui que o Luke mora?

–Miranda! –ele e James dizem em uníssono e levantam-se para cumprimentar a vampira.

–Quem é a vadia? –Emily pergunta e por um segundo todos ficamos perplexos. –Ela não vai entrar assim não, né?

–Ems, sem ciúmes. –Kate diz e chega mais perto da morena.

–Essa mulher não vai ficar vestida assim perto da minha namorada não. -Emily reflete cruzando os braços.

Acho que sem querer fuzilei Miranda demais com o olhar, mas ela finalmente entra e senta-se no braço do sofá grande, quase com as pernas em cima do colo de Luke.

No fim do segundo tempo, depois de todos os torcedores de Giants se abraçarem e gritarem pela milionésima vez, Miranda faz menção em direção à Fumaça. Eu levando tão rapidamente que sinto até vertigem, pego o pequeno felino do colo de Luke e o levo para o meu quarto.

De qualquer forma, Emily também olhava para a intrusa de cara feia desde que essa chegara. Emily me entenderia, ou quase.

–O que foi isso, Carell? –pergunta Luke, bem atrás de mim.

Giro meu corpo e o encaro. Sua expressão estava divertida e ao mesmo tempo intrigada.

–Não a deixei colocar as mãos no meu gatinho.

Ele sorriu de lado e chegou mais perto, à medida que eu fui me afastando. Minhas costas bateram na parede e Luke aproximou sua boca perigosamente da minha orelha.

–Ciúmes, Rachel? –ele sussurrou.

Respirei fundo, bem fundo, e o encarei.

–Vai sonhando, Roach. –respondi baixo, sorrindo de lado enquanto o empurrava sem muita força.