The Fallen Angel escrita por Beta23


Capítulo 3
Caso complicado


Notas iniciais do capítulo

Foi mal gente, devia ter postado esse no dia 31/11, mas eu acabei dormindo por cima do meu teclado, não deu.
De qualquer forma, aí está.



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- Blair, você foi muito bem ontem – disse Samuel.

Assenti, remexendo minha papa angelical com a colher. Papa angelical é como um cereal para os humanos, reestabelece nossas forças, e deixa nossas asas fortes.

- vou lhe conceder um caso bom hoje – falou – é o famoso dia das bruxas para os mortais, infelizmente, alguns acabam cultuando demais as forças obscuras.

- dê o caso aos anjos guerreiros – resmunguei

- mortes vão acontecer – reclamou – é seu trabalho.

Assenti novamente, engoli o restante da minha papa e empurrei o prato. Samuel me estudou com os olhos, fitei o chão de mármore branco.

- está distraída hoje – reparou – ainda mais do que sempre.

Dei de ombros, sentia-me muito mal no dia das bruxas.

- humanos são um pouco irracionais ás vezes – resmunguei

- vou deixar isso passar – cortou-me – vá á rua hoje, depois eu lhe informo sobre aonde deve ir.

- claro senhor – resmunguei outra vez.

Levantei-me e alcei voo, não queria mais ficar ali com Samuel.

***

Encarei as ondas que quebravam nas rochas abaixo de mim, fitei o céu azul intenso e bonito, respire fundo o ar do mar e fechei os olhos, sentindo a brisa com cheiro de sal bater em meu rosto.

Não conseguia tirar aqueles olhos escuros da cabeça, ou a forma como ele não reagiu aos meus comandos.

Eu perguntei á Lidia, a responsável pelos ensinamentos dos nossos pequenos, se ela sabia algo sobre isso. Lidia apenas sacudiu as asas e mandou-me esquecer desse humano, não me faria bem pensar tanto nisso. Concordei com ela, embora, quisesse as respostas.

Abri os olhos por sentir um pequeno peso em meu braço, uma pequena cotovia pousara nela, descansando após horas lançada ao céu.

- olá bela amiga – falei com calma

A cotovia encostou o bico em minha mão, uma saudação.

- cuidado por ai, tudo bem? – falei

Ela assobiou e lançou-se ao céu outra vez, observei-a voar livremente, como eu sonhava em fazer um dia.

Senti algo me abalar, um frio no estomago. Pressagio de morte, trabalho.

Levantei e lancei um ultimo olhar ao mar antes de voar em direção á alma que me aguardava.

***

O carro surgiu da esquina, batendo no rapaz que atravessava a rua, passando por cima de sua cabeça com um das rodas. Aproximei-me dele, olhei bem no fundo de seus olhos castanhos, pousei a mão em sua testa e apareci para ele.

- venha para mim, estou contigo – sussurrei em sua orelha.

Seus olhos escancararam-se, mostrei-lhe os caminhos, para que pudesse ir em paz. Peguei a bolinha levemente azulada, uma alma nobre e boa.

- mais uma alma nobre se vai, como o dia que se encerra – sussurrei – esse terá seu lugar á guarda do senhor, seja bem vindo, meu anjo guerreiro.

Soltei a alma, que voou livre pelos céus, dando-me um motivo, ainda que trágico, para sorrir.

- ei você! – chamou alguém

Virei, o rapaz do beco estava parado perto de mim, olhava alarmado o rapaz atropelado, morto. Agitei minhas asas, sibilando de medo, como um pássaro prestes á fugir. Alcei voo, deixando o humano parado, encarando os céus, seguindo-me com o olhar.

- quem é você, humano? – sussurrei ao vento.

Ousei pousar no alto de um prédio, secando as lagrimas que saíram. Por que ele me viu outra vez? Será que não tive poder suficiente para lança-lo ao esquecimento? O que estava acontecendo?

- humano cruel, não sabes nada – chorei, ouvindo-o chamar-me de demônio.

- humanos são muito estranhos – concordou alguém á minha direita.

Virei o rosto para o lado, era Spencer, outro anjo ceifeiro.

- sabe, quando ceifei sua vida, não achei que a veria chorar outra vez – contou – ainda mais, por um humano.

Sequei o rosto outra vez, livrando-o das lagrimas brancas como o leite.

- por que ele acha que sou um demônio? – perguntei

Spencer suspirou, sentando ao meu lado.

- humanos tem modos diferentes de encarar a morte – comentou – alguns a veem como algo irreversível, outros, como um mal irremediável. Ambos estão certos, por isso existimos. Somos anjos ceifeiros, ambos ao mesmo tempo.

- mas, Spencer – funguei – eu não sou um demônio.

Ele me fitou, os olhos dourados me encarando.

- não é, Blair – respondeu – mas, o humano não sabe disso.

Desviei o olhar para o transito abaixo de nós, Nova York era muito caótica, cheia de almas para conduzir.

- Spencer, eu vivi aqui? – perguntei

Ele fez silencio, olhei em seus olhos.

- sabe que eu não posso dizer isso Blair – respondeu – sem memórias das vidas anteriores, é a regra.

- eu sei – confessei – mas, acho que tem algo faltando.

- algo? – induziu

Suspirei, olhando as pequenas pessoas transitarem abaixo de nós.

- algo profundo – respondi.

Spencer suspirou, ouvi o farfalhar de suas asas indo embora, deixando-me sozinha, como sempre.

***

O volume alto da musica eletrônica me deixava atordoada, eu quis voar para longe dali, mas teria que esperar pela morte que ocorreria naquele lugar.

Recostei-me em uma mesa afastada, observando o qual grande era a diversão humana. Eu estava invisível á ele, podia ficar quieta no meu canto, ninguém me veria. Duas garotas, uma vestida de coelho, e outra de gato, subiram no balcão, dançando e se exibindo para os garotos, que gritavam elogios pouco comportados.

- vai Andy! – gritou um dos garotos, esse estava de vampiro.

- rebola Annie - pediu outro garoto, o lobisomem.

As duas riram e fizeram o que eles pediram, fiquei observando a cena, levemente nervosa por presenciar aquilo. Casais se beijavam vorazmente, fantasiados de diferentes coisas. Um diabo passou por mim, sua fantasia não era nem um pouco realista, rabo e chifres? Lúcifer não se veste assim.

- agita isso aí! – mandou o DJ.

A galera gritou e dançou muito, tapei os ouvidos com as mãos, a balburdia era ensurdecedora.

- é isso aí! – gritou uma garota vestida de bruxa, quando o DJ mudou a música.

Outros garotos chegaram, juntos, como um grupo. As fantasias variavam de múmias á índios, o de medico estava simplesmente ridículo. Abafei minhas risadas quando uma garota vestida de policial caiu no chão, seus colegas derramaram cerveja em seus cabelos. Ofeguei, levantaram-na com um puxão, um dos garotos encostou-a no balcão de bebidas, acho que ele estava tentando devorar os lábios dela.

- argh – resmunguei – estou quase desejando a morte.

Um rapaz vestido de caçador veio até mim, tentei não reagir, já que ninguém me via. O estranho continuou avançando até mim, minhas asas agitaram-se de medo, emiti um ruidinho do fundo da garganta e subi as escadas atrás de mim, indo parar no segundo andar da casa.

- viu aquela garota? – ouvi uma voz perguntar.

- que garota? – responderam

- aquela vestida de anjo – explicou a primeira voz.

Entrei em um quarto, encostei minha orelha na porta, ouvindo.

- não tem ninguém aqui vestido de anjo – disse a segunda voz – você está bem Jensen?

Jensen, era esse o seu nome. Um calafrio me atingiu, a morte estava prestes á acontecer. Abri a porta e saí, dei de cara com aquele humano, ele devia ter deduzido minha localização. Engoli em seco, ele me esquadrilhou com os olhos. Recuei dois passos em direção ás escadas, ele me encarou, virei de costas e corri escada abaixo.

- ei! – chamou-me – volte aqui.

Refreei um soluço, olhei em volta, procurando minha alma para poder ir embora logo dali.

- Cindy! – chorou uma garota.

Uma moça vestida de enfermeira estava caída no chão, sua boca espumava, overdose. Suspirei de alivio e pena ao mesmo tempo, agachei-me junto ao corpo e peguei sua alma, levemente amarelada.

- uma alma que seguiu maus caminhos por influencias, não teve culpa – sussurrei – purgatório, é o que digo. Que sua sentença seja dada, e mais nenhum crime cometa.

A alma tremulou e voou pela janela, fechei os olhos da garota com pesar.

- ei você! – chamou alguém – o que está fazendo?

Olhei para cima, aquele mesmo rapaz me olhava.

- esqueça humano – falei

Abri minhas asas, foi em vão. O humano agarrou meu braço, apertando minha pele com força.

- o que você é? – perguntou

- me solte – guinchei

Toquei sua mão, o pequeno choque que dei foi o suficiente para fazê-lo largar-me. Abri minhas asas e voei para longe dali o mais rápido possível, precisava ter uma conversa com Samuel.


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Notas finais do capítulo

Pronto, espero que tenham gostado. A história tá meio paradinha, mas vai melhorar, esse dias eu tenho andado meio sonolenta demais, foi mal.



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