Affectum Serpentis escrita por Lady Holmes


Capítulo 20
Carry on


Notas iniciais do capítulo

Entre a grande restauração do site e a grande restauração da minha criatividade e do caminho que eu gostaria de levar essa estória, não sei a qual demorou mais. Porém saiu esse capítulo que serve mais para fazer uma ligação dos acontecimentos e explicar o que vem agora. Espero que ainda desejem descobrir o que vai acontecer com Amy, Tom e o resto do grupo. E que ainda gostem da escrita e que ainda me amem o suficiente para mais uma recomendação >< XO



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O final das férias passou voando e, quando perceberam, todos estavam de volta ao Expresso Hogwarts, retornando ao castelo.

Amy estava silenciosa desde que conversou com Dumbledore na manhã de Natal. Tom não conseguira roubar-lhe nenhuma informação que fosse útil em descobrir o que havia acontecido e isso o deixava totalmente frustrado.

Marcus havia ganhado uma posição e agora dividia as aulas de Feitiços com Flitwick. Black estava no vagão dos professores, contudo Amelia sentia que precisava conversar com ele antes de todos. Quando colocasse os pés no castelo e tudo voltasse a ser real, toda a ameaça tornará iminente, Marcus era quem ela deveria falar primeiro. Ela lhe devia pelo menos isso. Por ele tê-la seguido até o futuro e abandonado toda e qualquer chance de rever a filha. E por ter trazido Tom com ele. Isso não apenas mudava o futuro, fazendo com que Tom nunca tivesse se tornado Voldemort. Isso lhe fazia bem. Ela se sentia segura quando estava com ele. Mesmo agora.

– Amy? - Harry a chamou e então ela o encarou.

E era como se ela o visse pela primeira vez. Agora ela entendia o peso que ele carregou. Ser o escolhido, ser aquele que deveria salvar todo o mundo bruxo. E ao mesmo tempo em que ela reconhecia aquela marca que agora ela também carregava, Harry percebia que havia algo estranho com a prima. Havia preocupação dentro de seus olhos. E reconhecimento. Potter sabia que Dumbledore havia dito algo preocupante para a loira, porém era a primeira vez que conseguia perceber o quão preocupante era.

– Sim? - Foi o que Amy respondeu.

– Você não falou nada a viagem toda. E estamos quase chegando. Aconteceu alguma coisa?

– Não Harry... - ela sentiu o olhar de Tom queimar ao seu lado - eu só tenho muita coisa na cabeça.

Era mentira. Ela tinha apenas uma coisa na cabeça: magias de sangue e como ela iria realizar o feitiço que Dumbledore achava que ela era capaz.

*

Era hora de voltar aos dormitórios e Amy não tinha nenhum sono. Mesmo assim, despediu-se de Tom com um beijo rápido na frente do Grande Salão e tomou o rumo para o sétimo andar, enquanto ele andou para as masmorras. Até ali, Riddle vinha se adaptando muito bem, porém ela sabia que nenhum Sonserino levaria a ideia de um deles namorar uma leoa na boa. Ele iria sofrer. E Amy tinha medo que talvez Grifinória não fosse tão liberal como era no passado.

Hermione, Ron e Ginny caminhavam na frente enquanto Gillian ficou um pouco para trás. Foi quando ela sentiu Harry ao seu lado e ele sentiu que ela ficou tensa ao lado dele.

– O que Dumbledore lhe falou Amelia? O que pode se tão terrível que você não consegue parar de pensar nisso?

– Harry a melhor coisa que você pode fazer é não pensar nisso. Veja como eu estou. Você não quer saber o que eu sei.

Ele a puxou para o lado, indo em direção a torre de astronomia. Ela não disse nada, mas tentou se desvencilhar das mãos do primo. Infelizmente não conseguiu.

– Ele lhe deu uma tarefa não foi? Alguma coisa extremamente perigosa que provavelmente vai dar errado no final? E ele quer que você faça.

Amy não conseguiu manter o olhar reprovador de Harry. Não conseguia mentir sobre isso. Sobre sua tarefa especial. A tarefa que ninguém além dela poderia fazer, que ele achava, salvaria a vida de muitos, incluindo Harry.

– Por favor, não me faça falar sobre isso Harry. Eu não posso. - Amy passou as mãos e abraçou o próprio corpo, virando-se para vista maravilhosa que nunca mudava da torre.

– Ele disse que você deveria manter segredo?

– Não. Eu quero manter isso em segredo, por hora. Porque sei que vocês tentarão me convencer de não fazer. Vocês estão certos, mas não quer dizer que eu não deva fazer.

Amy deixou algumas lágrimas escorrerem e lembrou-se do que Minerva lhe disse: “Negue, diga que não pode! Ele não é seu chefe, ele espera que você faça isso por ele. Não quer dizer que você precisa!” Mas Minne estava errada. Ela precisava se quisesse ter uma chance de continuar viva. E de ter Potter, Riddle e os outros ao seu lado no final.

– Amelia Jessica Gillian! Quando você vai aprender que você não está sozinha?

A loira soltou uma risada involuntária e se virou para olhar o moreno. Tinha os olhos claros cheios de lágrimas e não conseguia focar o olhar por muito tempo sem mais lágrimas escaparem.

– Magia de sangue, já ouviu falar? Muito poderosa, muito perigosa e quase cem por cento mortal. Capaz de transformar Callidora no que ela merece e, ao mesmo tempo, evitando que você tenha que matá-la. Mantendo sua alma inteira.

– Ele deseja que você a impeça? É meu destino! Ele não tem o direito de...

– Era seu destino Harry, antes de tudo. Antes do vira tempo, de 43, antes de Tom. Agora é meu. Ou é o que Dumbledore acha.

– Não mesmo. - ele disse furioso - ELE NÃO TEM ESSE DIREITO! Você não precisa se preocupar com Voldemort, isso é algo que eu preciso. Já me acostumei.

– Harry, se eu aceitar a tarefa, ela não vai morrer. Ninguém vai partir a alma em dois por causa dela. Com a magia de sangue que ele comentou... Eu vou sugar os poderes do corpo dela e deixá-los em um colar. Simples assim, rápido e fácil. Ela se transformará em uma trouxa e o Ministério poderá prender seus seguidores. Mas...

Amy parou. Parecia ser capaz de ver o olhar de pena de Dumbledore ali mesmo. As palavras, elas machucam. Aquelas lhe cortaram o coração em milhares de pedaços.

– Mas? É um ótimo plano! Eu posso fazer a magia. Eu sei que posso. E isso volta para as minhas mãos e não suas.

– Mas o feitiço é perigoso e letal. Para quem está usando a magia, ou seja, eu. Porque não há ninguém como eu Harry. Ninguém que tenha sido responsável por um paradoxo, por um universo alternativo. Eu tenho magia antiga correndo em minhas veias Harry. Eu tenho a mágica do tempo. E é por isso que magias de sangues não são usadas. Todos acreditam que é pelo fato que são poderosas, quase impossíveis de conseguir realizar com perfeição. Contudo, é porque ninguém tem o que é preciso. Só eu tenho.

Harry digeriu as ultimas palavras de Amelia. Mortal, para quem lança. Amy não podia simplesmente cogitar essa ideia. Ele repartiria a alma em dezenas de pedaços se fosse preciso, mas não a deixaria morrer. Sabia que qualquer um faria isso por ela. Mesmo assim... Ela entendia. Podia ver a beleza do plano. Era um plano inteligente e limpo, sem morte e sangue. A não ser o de Gillian.

Amy se voltou para o céu mais uma vez. Contar para Harry não foi fácil, isso significava que contar para Tom e Marcus seria impossível. Ela já podia ver o rosto de Tom mudando, dizendo que não a deixaria fazer aquilo. Que preferia matar Calli a ver Amy morta. O problema era que não era uma escolha deles. Era dela. E ela estava inclinada a dizer sim.

– Você já contou para Tom e Marcus?

– Não. Não consegui. Eles vieram até mim. Deixaram suas vidas, sua época, por minha causa. E eu decido correr para abraçar a morte. Não sei como contar para eles. Não é justo com eles.

Houve silêncio então. Por alguns minutos Harry se colocou ao lado de Amelia e a deixou chorar em paz, dando-lhe o ombro de apoio. Então, quando o silêncio já era insustentável, Harry perguntou:

– Você vai fazer?

Amy ergueu o rosto do ombro do primo para olhar diretamente nos olhos verdes que conhecia.

– Eu não sei. E é disso que tenho mais medo.

Ninguém disse mais nada, Harry apenas abraçou a loira, tentando dizer que, se ela escolhesse fazer, ele estaria do lado dela. Se ela escolhesse negar, ele também estaria.

A dupla voltou para a torre da Grifinória depois de tudo aquilo. Finalmente o sono havia chegado para a garota e ela só conseguia agradecer. E pedir para uma noite sem sonhos ou pesadelos. Ela apenas precisava descansar.

*

Naquela primeira semana de volta as aulas, tudo correu perfeitamente. Amelia conseguiu, durante o dia, retirar o plano de Dumbledore da cabeça. Parecia que agora que Harry sabia tudo iria ficar bem. A noite era outra coisa. A loira vinha tento terríveis pesadelos. Sonhos horrendos que a deixavam a cordada durante a noite, vagando pelos corredores do castelo em busca de uma resposta que ela não parecia encontrar. Ela não tinha muito tempo até o próximo ataque de Callidora, não quando a bruxa descobrisse que ela ainda estava viva. E ela precisava estar preparada, fosse apenas para fugir, fosse para salvar todo o mundo bruxo das garras de Voldemort.

Era sábado à tarde quando Harry veio até a loira lhe dizendo que Tom estava a procurando. Riddle havia ficado boa parte da semana trancado na biblioteca, aprendendo coisas novas sobre o futuro que agora chamava de lar. Amy se levantou da poltrona que se encontrava no salão comunal e foi em direção do moreno que parecia não cansar de remexer em livros velhos e empoeirados.

– Mandou me chamar, milord? - Ela disse, entrando sorrateiramente e dando um selinho no namorado.

Tom sorriu, puxando a garota para que ela senta-se em seu coloco.

– Finalmente vai largar um pouco os livros? Merlin, já estava demorando! - Amelia empurrou o livro pesado para lado, deitando-se sobre a mesa e puxando-o para si.

– Não é exatamente o melhor lugar para fazermos isso Gillian.

– Cala boca Riddle. - Ela disse com o sorriso maroto. - E me beija.

Não foi preciso pedir duas vezes. Tom se colocou sob a loira, beijando-a como se fosse a primeira vez que se encontravam. Desceu os lábios para o pescoço e sentiu a namorada abrir um sorriso de prazer. Ele conhecia cada ponto fraco da loira e iria usá-los em sua vantagem.

– Arranjem um quarto! - Uma voz soou atrás do casal. Quando Amelia e Tom se viraram para olhar, a cabeleira loira dos Malfoy foi mais do que precisavam para saber que estava na hora de mudar para um lugar mais... Reservado.

– Arranje uma vida Malfoy. - Amelia respondeu, arrumando a camisa que já estava quase deixando os seios à mostra.

– Eu não senti falta dessa sua atitude, sangue-ruim.

A menção de tal nome deixou Tom furioso, porém, Amelia o segurou. Não valeria a pena uma detenção. E ela tinha planos para aquela noite.

– E você, seu traidor de sangue, deveria ter sido colocado na Grifinória que é o seu lugar. Ao que parece você não consegue ficar longe das pernas de uma.

– Draco, eu diria que você está com ciúmes, se não lhe conhecesse há tanto tempo. Ache um novato e vá o incomodar e nos deixe em paz. - Amy puxou Tom para longe do Sonserino, em direção a sala precisa.

– Vamos, - ela disse quando já estavam no corredor, - vamos terminar o que começamos na sala precisa.

Ele sorriu, contudo parou no meio do caminho. Ele sentia falta dela da mesma maneira que ela sentia dele. Mas seria a primeira noite deles juntos nesse novo tempo. E ele gostaria de fazer isso do jeito apropriado.

– Tenho alguns problemas para resolver. Encontre-me na sala precisa, onze da noite em ponto.

– Aonde... - Amy ia perguntar o que, pelas cuecas de Merlin, poderia ser mais importante, mas Tom já estava quase dobrando o corredor.

*

Era cinco para as onze quando Amelia saiu da Torre da Grifinória naquela noite fria de sábado. Caminhou lentamente pelos corredores até chegar à entrada da sala precisa, onde um maravilhoso Tom Riddle lhe esperava com uma rosa vermelha em mãos.

Amy não conteve um sorriso que surgiu em seu rosto, agradecida por perceber que ele afastava os pensamentos terríveis que vinham lhe afligindo durante a noite.

– Pronta? - Ele perguntou.

Amy confirmou e deixou que o namorado pensasse exatamente o que ele queria que a sala se transformasse. Quando a porta surgiu e ela a abriu, o sorriso que já era gigantesco em seus lábios multiplicou.

O quarto tinha pétalas de rosas espalhadas por todo o lugar. A iluminação era por conta de velas e castiçais. Não havia muito mais no local, apenas uma cama, um sofá e um tapete, espalhados estrategicamente. Tom fechou a porta e quase que instantaneamente puxou a namorada para um beijo apaixonado. Era como nas primeiras vezes, aquele sentimento tão grande florescesse dentro deles e não conseguisse ser contido. E apenas o outro compreenderia.

Quando Tom a deitou na cama, delicadamente, Amy não conteve mais as palavras e sussurrou a frase com se fosse o maior dos segredos, palavras proibidas e que eram apenas para Tom escutá-las.

– Eu te amo Riddle.

Tom sorriu, deitou mais sobre a loira, deixando as duas bocas milímetros de se encostarem.

– Eu te amo Gillian.

E em algum momento as roupas do casal estavam no chão da sala precisa, e dois corpos se encontravam em uma dança única a qual a grande mágica era como eles eram perfeitos um para o outro.

*

Tom e Amelia já estavam dormindo a algumas horas quando os sonhos finalmente chegaram à mente da loira. Era o mesmo de sempre, algo que misturava sangue, um grande colar e Callidora. E, claro, a morte da loira.

Mais uma vez, como nas outras noites, o sono de Gillian ficou inquieto, ela começou a balbuciar palavras sem sentindo e se mexer incansavelmente na cama. Tom acordou junto de Amelia, quando a mesma soltou um grito horroroso ao ver Tom morto dentro de seu sonho.

– Amy! O que está acontecendo? Você está bem? Amelia!

A loira não disse nada, apenas começou a chorar sem conseguir dizer uma palavra se quer. Tom a puxou para um abraço, esperando acalmá-la.

– Foi apenas um sonho. Vai ficar tudo bem. Eu estou aqui com você.

Mas Amy sabia que não ficaria tudo bem até que ela decidisse. E ela sabia que se ela dissesse não a Dumbledore ele tentaria convencê-la. E iria conseguir.

– Tom. - Ela conseguiu falar meia hora depois. - Eu preciso lhe contar uma coisa.

E ela começou. Contou tudo que Dumbledore havia lhe dito o que Harry havia dito e o que ela mesma pensava sobre o assunto. Foi o mais verdadeira que pode, com a única pessoa que não a julgaria por dizer não à missão. E quando finalmente terminou, já sem lágrimas nos olhos, mas com um olhar triste, Tom abriu um pequeno sorriso e lhe disse:

– Amelia, eu não vou deixar você escapar de mim tão facilmente. Dumbledore acha que pode pedir algo assim para você e apenas esperar que você faça como um bom soldado? Ele está enganado. Eu vejo a beleza do plano, mas também vejo o perigo. Não irei colocá-la nesse perigo a toa. Você não quer fazer a missão? Tudo bem. É uma escolha que apenas depende de você.

– Mas Tom, Dumbledore nunca vai me deixar dizer não à missão. Ele vai falar e convencer. Sabemos como aquela cabeça age. Olha o que ele fez comigo apenas para transformar você!

– Se esse é o problema, eu tenho uma ideia. Porém... Não sei se você vai gostar muito.

– Qualquer coisa que finalmente tire esse peso das minhas costas. Chame-me de covarde, o que seja, eu não vou arriscar minha vida dentro dessa guerra. Não vou arriscar o sacrifício que você e Marcus fizeram. Não por um plano de Dumbledore.

– Pois bem então... Arrume as malas Amy, pois nós vamos fugir de Hogwarts.

*

A mulher estava sentada a mesa com uma taça de vinho. Bebericava a doce bebida com um olhar mortal. Não havia recebido mais nenhuma atualização sobre a situação Amelia desde que havia a deixado para morrer na casa dos traidores de sangue. Porém uma coruja havia chegado naquela tarde. Era de um Malfoy. Um garoto estúpido que tentava seguir os passos do pai, sem muito sucesso. O bilhete era curto, contudo trazia uma informação vital sobre os planos da morena. Amelia Jessica Gillian ainda estava viva, respirando e dando amassos na biblioteca com o seu Tom. A loira era mais dura na queda do que a bruxa havia assumido. Com o ego machucado, dessa vez, ela teria que ser mais mortal do que nunca, nem que isso necessitasse que ela arriscasse o bem estar de Riddle. Afinal de contas, ele teve sua chance de escolher o lado, a culpa era exclusivamente dele por escolher o lado perdedor. Na próxima vez que se encontrasse com Gillian, seria a última vez que a loira abriria um dos seus sorrisos sarcásticos.

– Milady, mandou-me chamar? - A voz infantil de Bellatrix era irritante aos ouvidos da Black, mas era preciso utilizar uma de suas seguidoras mais fiéis para que o plano desse certo.

– Sim Bella, eu tenho um pedido. E eu tenho certeza que você vai a-do-rar fazê-lo.

Callidora abriu um sorriso e virou todo o conteúdo da taça de uma vez, começando a falar a missão de Bellatrix. E Calli estava certa, Bella amou sua missão. Faria com o maior prazer do mundo. Pois se tinha uma coisa que gostava era de trazer medo e destruição a famílias que haviam virado as costas para o próprio sangue.

Depois que a seguidora já havia se retirado, a lady das trevas só conseguia pensar em uma coisa: que não havia meios de Amelia escapar dessa vez. E que a guerra que começará tantos anos atrás iria acabar. E quem estaria no chão não seria ela.

– Afinal de contas, uma sangue-ruim não tem chances contra mim. Não importa quantas vezes ela tente.


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